quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Três temas controversos – proclamação da República, mensalão e terras indígenas



Gelio Fregapani
Há uma entranhada aversão à necessária revolução de 64, enquanto só se ouvem loas ao traiçoeiro evento de 1889 que comemoraremos no próximo dia 15, como sendo a “Proclamação da República”. Se ainda estivesse vivo na ocasião, seguramente Caxias não deixaria que tivéssemos a nossa maior e mais indigna quartelada. Com ela expulsamos do cenário o nosso melhor dirigente, Pedro II e com ele, ao que parece, se foi a dignidade dos Governos.
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SUPREMO
Não há dúvida de que o mensalão existiu e nem que deputados foram comprados para integrar a base do governo, Desta vez o STF está agindo do lado da decência, coisa que não houve em casos anteriores engavetadas na época de FHC.
É certo que agora o STF está agindo no interesse da sociedade. Se seu histórico não foi edificante no caso da Raposa-Serra do Sol ou mesmo quando esteve em causa algo de interesse de laranjas de bancos estrangeiros, como Daniel Dantas e Cacciola, agora parece que mudou e merece nosso aplauso.  Que continue assim é o que esperamos.
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NAÇÃO GUARANI
Em sua percepção do mundo, os religiosos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), no Centro Oeste, alimentam a cabeça dos índios com a idéia de que devem unir-se contra os brancos em uma grande “nação guarani”, cujo território coincidiria com a zona mais produtiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul. Orientam os índios a invadir propriedades e a Funai os apóia.
Nenhuma dessas entidades quer ajudar aos índios. Recusam qualquer oportunidade de integração. Realmente procuram dividir o nosso País em inviáveis nações étnicas, o que só traria vantagens ao estrangeiro, na concorrência das commodities agrícolas. Isto na verdade se chama traição.
Bem, e quanto aos índios? E quanto a cultura deles? – Uma cultura evolui em contato com as outras. Nós aprendemos e assimilamos aspectos da cultura indígena e será natural que os índios aprendam algo com a nossa. Aliás, a cultura indígena original não existe mais. Agora em vez de tacapes querem é lap tops, caminhonetes e viajar de avião, como todo o mundo.
Claro que os índios merecem todo apoio, desde que se integrem na sociedade nacional, e fatalmente na vida moderna. Enquanto os índios tiverem a vida manipulada pelos traidores do Cimi, pelos ideólogos da Funai e pelas ONGs de orientação estrangeira, seu destino será de sofrimento e penúria.

CRÔNICA Cartas de Berlim: Merkel é persona non grata em Portugal



Portugal recebeu nesta segunda-feira a chanceler Alemã, Angela Merkel.
A visita simbólica a Lisboa foi recebida como em Atenas há mais ou menos um mês, com muitos protestos e muito cordão de segurança. Na agenda, encontro com o presidente Cavaco Silva, o primeiro ministro Pedro Passos Coelho e reuniões com empresários.
Apesar da revolta do povo, a chanceler defendeu as medidas de austeridade impostas pelo Banco Central Europeu (BCE), Comissão Européia e o FMI, trinca alcunhada de “Troika”, mas parabenizou o país por estar obedecendo às medidas. Em 2011 Portugal recebeu da “Troika” 78 bilhões de Euros.
O protesto começou a ser organizado remotamente pelo Facebook, onde quase 3000 usuários confirmaram “presença” no evento público “Que Se Lixe a Troika! A Merkel Não Manda Aqui!”.
Eram compartilhadas montagens com a imagem de Merkel e associações a Hitler e Nazistas, o que eu particularmente acho meio além da conta. Mas paciência.


Portugal enfrenta, como todos sabem, uma grave recessão, com uma taxa de desemprego de 15,6%. Uma personagem dessa realidade é Maria do Carmo, portuguesa entrevistada pelo jornal Die Zeit. Ela tem um salão de beleza e faturava há um ano pouco mais de 2000 Euros. Também trabalhava como professora de música em uma escola para completar a renda.
Com a crise, Maria tira hoje apenas 400 Euros com os poucos clientes que ainda frequentam o salão, e a escola fechou. O aluguel é pago com a aposentadoria da mãe, 300 Euros, que outrora havia de sustentar, junto a mais 4 filhos. “As pessoas começaram a comprar tintura e fazer tudo em casa”, contou.
Angela, que em alemão se pronuncia “Anguêla”, como sempre foi muito diplomática e não disse nada de novo.
Porém, estava vendo a entrevista que ela deu ao canal português RTP, e logo no início ela dá uma resposta incrivelmente honesta sobre o empréstimo da Troika, a qual vou reproduzir resumidamente aqui: “Sinceramente, não entendo o porquê dos protestos. Não fui eu quem assinei o contrato”.
Esse é exatamente o tipo de sinceridade mais característico dos alemães. E também, o mais difícil de se acostumar.

Tamine Maklouf é jornalista e ilustradora nas horas vagas. Mora na Alemanha desde agosto de 2009, onde se encontra na “ponte terrestre” Dresden-Berlim. De lá, mantém o blog www.diekarambolage.wordpress.com

A CASA DO JOALHEIRO ANTONIO BERNARDO



ARQUITETURA     POR CVONLINE - 04/09/2011

Coincidências marcam a história da casa de campo da família do designer de joias carioca Antonio Bernardo Herrmann em Itaipava, na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. A construção fica no Vale da Boa Esperança ? e Boa Esperança era o nome de uma das fazendas da família de sua mãe, Lydia Gonçalves Herrmann, 97 anos. A propriedade é cortada por um rio chamado Jacó. Este era o nome do bisavô de Lydia. Erguida nos anos 1970 pelo mestre da madeira Zanine Caldas (1919-2001), a casa é o símbolo da reverência de uma família à natureza e do resgate da vivência de um casal.
?Para mim, a casa representa o meu pai e minha mãe?, diz Antonio Bernardo, que, com as irmãs Hanny e Bianca, empresárias, e Vera, economista, divide os negócios ? a rede de 17 joalherias Antonio Bernardo espalhadas pelo país ? e os momentos de relaxamento em fins de semana e feriados neste refúgio serrano. ?Esta casa foi comprada num momento muito feliz da família, por isso traz algo de bom, de positivo.?
A casa foi adquirida da paisagista carioca Maria Haydée Pinto Guimarães. Tem um paisagismo rico e bem-cuidado, mantido como na época da compra. Às pedras originais reunidas no local, somam-se áreas de interesse criadas por Maria Haydée, como a alameda dos pinheiros e outros recantos. Essa configuração deu ao jardim ares orientais. Ali, veem-se ipês-brancos, quaresmeiras, buganvílias, bromélias, estrelítzias e costelas-de-adão, entre outras espécies.
(Clique em qualquer umas das fotos para vê-las em galeria)
Assentada sobre rochas, a casa está em um terreno que não sofreu nenhuma intervenção ? uma das preocupações do arquiteto Zanine, que absorvia respeitosa e magistralmente a natureza em seus projetos. Madeira, pedra e vidro formam a construção de linhas simples, com pouca alvenaria de tijolos. Frente e fundos são envidraçados, o que permite a entrada de luz e a visão do verde. A sala com chão de tábuas corridas tem, numa extremidade, a porta de entrada de madeira de demolição, vinda de uma antiga igreja e, na outra, dois dormitórios, com armários de pinho-de-riga, que se abrem para a paisagem. Ainda no estar, ficam a varanda e o jardim de inverno. Uma escada leva ao piso inferior, onde estão a cozinha e a sala de jantar.
?Compramos a casa de porteira fechada, com todos os móveis dentro?, afirma o designer. Também pudera: a mobília é quase toda assinada por Sergio Rodrigues, com sofá e poltronas Mole e Kilin. Uma Thonet de balanço e móveis mineiros casam perfeitamente com o piso de madeira ou pedras de demolição. ?Não havia guarda-corpo nas escadas para os quartos nem para a sala de jantar?, conta Antonio Bernardo. Os guarda-corpos chegaram dois anos mais tarde, em uma iniciativa que englobou a construção de uma casa de hóspedes de 150 m², com dois andares e três dormitórios, e de uma churrasqueira, na área externa, pela equipe do escritório de Zanine. Um reforço para assegurar o conforto dos irmãos Herrmann, já com muitos filhos e netos.
Há outros atrativos no jardim, como o poço natural formado pelo rio Jacó e o orquidário que abastece o jardim de inverno. O designer que explora o movimento e a gênese em suas joias é um aficionado das orquídeas. ?Gosto de produzir coisas, de ver a transformação delas?, observa. De 1 x 1 m, o orquidário que nasceu com uma só espécie passou a 3 x 3 m. Hoje, são 30 m² e cerca de 300 tipos. A paixão estendeu-se a outros domínios. Faz dez anos que a empresa Antonio Bernardo é mantenedora do Orquidário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, com uma coleção de 800 espécies.
A transformação faz parte da trajetória do designer. Aos 4 anos, na oficina do colégio que frequentou na Suíça, ele pegou pedaços de madeira e criou um barco. Sua primeira joia é dos anos 1970. A partir dela, imaginou a segunda ? e chegou a fazer, recentemente, uma grande luminária-brinco para a Lumini. Ele nem imaginava o quanto o trabalho do seu pai o influenciava. Rudolf era dono da Cronômetro Federal, aberta em 1948 no número 48 da rua Senhor dos Passos, centro do Rio. Essa loja importava e revendia fornituras e ferramentas para ourives e relojoeiros, um mundo que levou Antonio Bernardo a ser o que é hoje. São mais coincidências na vida do designer que, em sua cobertura, no Leblon, imprimiu um pouco do espírito da casa de Itaipava: ?Lá, também tenho um jardim lindo?. (ARTUR DE ANDRADE)
* Matéria publicada em Casa Vogue #313

CONTINUA A POLÊMICA DO FÓRUM PALESTINO DE TARSO GENRO REINALDO AZEVEDO RECEBE RESPOSTA E PUBLICA NO BLOG DA VEJA.COM



14/11/2012
às 7:11

Tarso Genro, que financia ação anti-Israel, tenta responder a texto publicado neste blog com novas tolices e mistificações! Que responda legalmente por seu ato!

Pois é… O governador Tarso Genro (PT), do Rio Grande do Sul, decidiu apoiar oficialmente um troço chamado “Fórum Social Mundial Palestina Livre”. Escrevi a respeito. A coisa pegou fogo na Internet. Há um documento oficial sobre o evento. Ele deixa claro que se trata de um acontecimento contra o estado de Israel e que, na prática, justifica as ações terroristas. De tal sorte o governo do estado se envolveu com a coisa que o endereço para inscrição traz a marca “rs.gov”. Tarso tem origem judaica — sua mãe era judia. Isso não o protege necessariamente de tentações antissemitas. Não peço licença a judeus ou a não judeus para defender a existência daquele estado — ou outra ideia qualquer. Sustento que o governador está financiando uma atividade que fere o que está disposto na Constituição brasileira.
Muito bem. Publiquei ontem o post, e o governador resolveu reagir com uma nota oficial “de esclarecimento”. Eu a reproduzo em vermelho e comento em azul. “Democratas” como Tarso Genro sempre testam os meus melhores instintos.
Nota de esclarecimento
Nesta terça-feira (13), o governador Tarso Genro conversou, longamente, com o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, sobre o Fórum Social Palestina Livre, que será realizado em Porto Alegre no final deste mês. 

Tarso Genro assegurou que eventuais posições que possam ser manifestadas neste evento só serão apoiadas pelo Governo do Rio Grande do Sul se estiverem norteadas pela posição do Governo Brasileiro sobre o conflito entre israelenses e palestinos no Oriente Médio.
Lottenberg fala em nome de um grupo com ligações específicas com o tema do debate, e compreendo que possa ser, assim, moderado… Como não sou judeu, não po de pesar sobre mim a suspeita de parcialidade. Estou mais livre para sustentar: a pauta do fórum é anti-Israel; os palestrantes são anti-Israel; as reivindicações, entendidas como consenso do povo palestino (o que é mentira!), são anti-Israel. Logo, o evento é contra um país e contra um povo.
Tarso quer enganar a quem? Não sei se Lottenberg, sendo judeu, ficou satisfeito com o “esclarecimento”. Eu, que não sou, não fiquei. O tal fórum tem um documento de referência. Na prática, justifica o terrorismo. Ora, ninguém dá apoio oficial a um fórum como esse, com essa pauta, para afirmar que não se compromete com eventuais “posições” ali defendidas. Então Tarso Genro financia um evento que prega o boicote internacional a Israel e depois diz que a sua posição é a do governo brasileiro?
Ao presidente da Conib, Tarso esclareceu, ainda, que o apoio ao evento foi aprovado por se tratar de uma atividade vinculada ao Fórum Social Mundial, sem compromisso com as posições políticas que ali serão sustentadas pelos diversos integrantes do fórum.Isso é conversa para boi dormir. O Fórum, como deixa evidente a sua pauta, não se limita a defender a existência do estado palestino. Vai muito além disso. Por que Tarso Genro não financia, só a título de debate, um seminário que pregue, deixe-me ver…, o fim dos petistas? O que lhes parece? Ele daria o dinheiro e as condições materiais para o encontro, mas sem se comprometer com as conclusões do seminário… Trata-se d e uma justificativa covarde para uma ação covarde.
As posições do Governo do Rio Grande do Sul, que serão reafirmadas durante o evento, estão baseadas nos seguintes princípios: 
- Apreço às comunidades israelense e palestina, que convivem em harmonia no Rio Grande do Sul, e colaboração no debate para promover uma paz negociada e justa na região, com cessação completa das hostilidades;
Eis o humorista Tarso Genro. Insisto: a pauta do evento deixa claro que não se vai discutir a harmonia ou desarmonia das comunidades “israelense” e “palestina” do Rio Grande do Sul. Aliás, eu ignorava, até a existência dessa nota, que houvesse “israelenses e palestinos” no estado em número tão con siderável. Talvez a nota tente se referir a judeus e árabes…
- Reconhecimento do direito do povo palestino de estruturar seu Estado soberano e reconhecimento do direito à existência do Estado de Israel;Um dos itens da pauta é a chamada “volta dos refugiados”… Na forma como vem a reivindicação, isso significa, por si, negar “o direito à existência do Estado de Israel”.
- Aplicação dos acordos de Oslo e apoio às decisões das Nações Unidas sobre o conflito.As Nações Unidas rejeitam as ações terroristas, que são incorporadas pelo “documento de referência” do encontro.
Na conversa entre o governador e o presidente da Conib, ficou claro que qualquer manifestação que desconsidere os princípios acima citados não será endossada pelo Governo do Rio Grande do Sul. As posições expostas por Tarso Genro são as mesmas do Governo Federal. Ele propôs que as comunidades gaúchas de palestinos e israelenses reúnam-se com o governador no Palácio Piratini, como já ocorrera quando este era prefeito de Porto Alegre, num evento marcante de amizade, respeito e solidariedade entre os povos.É patético! Reitero que ignorava a existência de “gaúchos” pertencentes às comunidades “israelense” e “palestina”… Refere-se especificamente a imigrantes? O próprio Lottenberg, que e u saiba, é um brasileiro… judeu! De toda sorte, os conflitos relevantes entre judeus israelenses e árabes palestinos não se dão no Rio Grande do Sul, mas em Israel. Nos países árabes, diga-se, os judeus costumam encontrar poucas dificuldades porque quase não há judeus em países árabes. Não sei se fui muito sutil…
Tarso, então, financia um encontro escancaradamente contra Israel e depois chama todo mundo para um bate-papo? Oferece recursos para que se defendam as ações do Hamas — é o que está na pauta — e depois convida os dois lados para dividir latkes com kafta no Palácio Piratini?
Eu não preciso fazer média com o senhor Tarso Genro e não preciso comparecer à sua festinha, que encobre uma pauta sangrenta. As palavras fazem sentido. E eu prezo o sentido das palavras. O senhor Tarso Genro, ao financiar o fórum anti-Israel, está desrespeitando a Constituição da República Federativa do Brasil. E deveria ser levado à barra dos tribunais por isso.
Por Reinaldo Azevedo

O FBI e os lençóis de Washington, por Elio Gaspari



Elio Gaspari, O Globo
Num país que teve um presidente testicocéfalo (John Kennedy), outro apanhado fornicando no Salão Oval (Lyndon Johnson) e um terceiro, na sala do lado (Bill Clinton), o que aconteceu ao general David Petraeus, obrigado a renunciar à direção da Central Intelligence Agency, é o improvável início de uma nova era moralista ou mais um episódio na série de crises fabricadas pela usina de mexericos do Federal Bureau of Investigation.
Petraeus teve um caso com sua biógrafa. Até agora não apareceu prova de que essa ligação tenha afetado a segurança dos Estados Unidos.
Se alguém dissesse que Allen Dulles, o fundador da CIA, tinha uma namorada fora do casamento, seria considerado pessoa mal informada. Ele teve umas cem. Um dia, levou a rainha Frederika da Grécia (mãe de Sofia da Espanha) para um closet, ficaram trancados e ele precisou chamar um assessor para libertá-los. Coisa velha?
O colunista Jeff Stein revelou que uma operadora da CIA dormiu com seus agentes brasileiros para melhorar a coleta de informações sobre os programas espacial e nuclear de Pindorama. Fronhas do ofício?
De 1935 a 1977, enquanto J. Edgar Hoover dirigiu o FBI, seu capital político ficava no cofre onde guardava a crônica dos lençóis de Washington. Ia de Marilyn Monroe com os irmãos Kennedy às orgias de Martin Luther King.
Ele era o guardião de uma moralidade que a elite americana cultiva, mas raramente pratica.
O Pentágono faz mais mal ao país encobrindo casos de estupro (de mulheres e homens alistados) do que com a infidelidade de seus generais.
Faz pouco tempo que deixou de ser falta de educação lembrar que Thomas Jefferson, um dos pais da pátria, teve filhos com sua escrava Sally. Strom Thurmond, um dos líderes da bancada segregacionista no Congresso, tivera uma filha com sua empregada negra, mas o fato só foi revelado em 2003, depois de sua morte.
David Petraeus foi detonado pelo FBI durante a presidência de um casal apaixonado.
Às vezes o FBI trabalha em silêncio, procurando informar ao governo com minúcias que levam anos para serem reveladas. Acaba de sair nos Estados Unidos uma biografia do juiz William Rehnquist, que ficou na Suprema Corte de 1972 a 2005, presidindo-a durante 19 anos. (Chama-se “Partisan” e está na rede por US$ 14,99.)
Era um asceta e não falava de sua impecável vida pessoal. Sabia-se que padecia de males da coluna e passara por duas cirurgias. A Corte escondia suas ausências, mas algumas gravações mostram que arrastava a fala durante seus votos. O FBI foi atrás e descobriu que ele não conseguia dormir e tomava oito medicamentos, triplicando a dose máxima de um deles, o Placidyl.
Em 1982, o juiz internara-se secretamente para um tratamento de desintoxicação. Sem as drogas, delirou, ouviu vozes de conspiradores da CIA para matá-lo e, quando viu que as cortinas do quarto mudavam de desenho, fugiu. Foi achado no saguão, de pijama.
O doutor pirara, “mas a extensão da loucura só foi conhecida depois de sua morte, quando o FBI liberou os documentos da investigação de seus agentes”.
O papelório foi mandado à Casa Branca quando Ronald Reagan quis elevá-lo à chefia (vitalícia) da Corte. O presidente manteve sua escolha e até 2005, quando foi fulminado por um caso raro de câncer da tireoide, Rehnquist ocupou o cargo sem transtornos.

A Charge do Amarildo




De virgens e prostitutas



Jacques Gruman
“Película dérmica presente na entrada da vagina. Impermeável, normalmente possui uma abertura anelar, por onde são eliminadas secreções e a menstruação. Em certos casos, a abertura é muito estreita ou pode não existir, requerendo intervenção cirúrgica para Carlos Zéfiro evitar a retenção de líquidos”. Eis aí, com rigor acadêmico, a descrição do hímen. Tão excitante quanto as ilustrações de um livro que matou a curiosidade sexual de muitos adolescentes da minha geração: Nossa vida sexual, de Fritz Kahn. Eram uns desenhos grosseiros, moralistas, tão eróticos quanto as entranhas dos ratos de laboratório.
 Catarina Migliorini custou 1,5 milhão
À falta dos manuais do Carlos Zéfiro, o Magnífico, aos quais só uns poucos privilegiados tinham acesso (eram, principalmente, os amigos dos jornaleiros; doce clandestinidade), íamos de Kahn. Mas não só dele. Existiam, de fato, currais de iniciação sexual. Prostitutas e empregadas domésticas cumpriam a função sócio-sexual de aliviar o dilúvio hormonal que inundava sonhos e delírios de adolescentes. No Peru (sem duplo sentido), acompanhada de altas doses de preconceito e brutalidade, a meninada de classe média usava uma expressão para declarar vitória no quarto dos fundos: “Tirarse a la chola” (em bom português: traçar a empregada). Pouca informação na família e hipocrisia completavam o quadro.
O hímen atravessou a história como instrumento de poder. Sua ruptura foi, não raro, um símbolo de status. O jus primae noctis, o Direito à Primeira Noite, dava ao senhor feudal o direito de violentar as noivas dos servos na noite de núpcias. Era um recado: neste terreiro, o galo sou eu. Segundo alguns historiadores, esta instituição medieval durou até o século XIX em certas áreas do sul da Itália. Mesmo que não consagrado em textos legais, existem fortes evidências de que os senhores de engenho do Brasil faziam o mesmo com as escravas. Claro que, em numerosos casos, nem esperavam o casamento para consumar a violência.
Ainda na Itália, havia lugares onde uma espécie de código de honra exigia que se pendurasse na janela o lençol manchado de sangue logo após a noite de núpcias. Mais importante do que destacar esses fatos é a pergunta: por que a virgindade sempre foi tão valorizada ? Sem pretensão de avançar numa psicologia de botequim, completo: por que o prazer foi tão dura e longamente censurado ?
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VIRGEM LEILOADA
Essas reflexões vadias surgem na esteira de uma notícia intensamente circulada nas redes virtuais de comunicação. Mereceu matérias em jornais, suscitou debates na televisão, bombou nas redes sociais. Uma jovem catarinense de 20 anos colocou em leilão sua “película dérmica”. Depois de uma disputa acirrada, um japonês arrematou o minifúndio de poucos milímetros quadrados por R$ 1,5 milhão. As regras para consumação do negócio parecem roteiro de uma cirurgia: uma hora de duração, intimidade limitada (beijo, nem pensar), pagamento combinado com antecedência. A mocinha, que se diz leitora de Shakespeare (como as misses de antigamente diziam, invariavelmente, que liam O Pequeno Príncipe e apreciavam Somerseth Maugham …), planejou fazer no ar o que outras prostitutas, a preços mais acessíveis, fazem há séculos em terra.
Depois de receber o michê milionário, talvez descole um convite da Playboy ou se candidate ao próximo BBB. Está tendo seus minutinhos de fama, na gloriosa companhia de popozudas desfrutáveis. Se quiser aumentar o lucro, pode fazer uma cirurgia de reconstrução do hímen, vendendo depois uma nova intimidade biônica.
É curioso que isso aconteça em plena era da socialização dos métodos contraceptivos e da liberalização dos costumes. É comum namorados dormirem nas casas dos pais. A descoberta do sexo saiu da clandestinidade. Carlos Zéfiro ficou démodé, atropelado por sites de sexo explícito. Talvez tenha sobrado a velha curiosidade pelo mistério das profissionais. Que tipo de talento erótico, qual habilidade rara teriam as prostitutas ? Será possível transformar uma relação comercial num encontro amoroso ? A verdade é que houve uma sofisticação do negócio e os bordéis cercados por tapumes entraram em declínio.
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PROSTITUIÇÃO
Não é de hoje que a prostituição, condenada pelos eternos “defensores da família”, é tolerada. A Igreja Católica, por exemplo, a considerava, segundo Nickie Roberts (As prostitutas na História, editora Rosa dos Tempos), “uma espécie de dreno, existindo para eliminar o efluente sexual que impedia os homens de elevar-se ao patamar do seu Deus”. Aprendemos, dolorosamente, que os religiosos tinham seus próprios métodos para “drenar” o desejo e as fantasias que nem a autoflagelação conseguia eliminar. Voyeurismo, pedofilia, amores secretos, famílias não assumidas.
São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, abriga a maior população indígena do Brasil, com 22 etnias. Lá, é possível comprar a virgindade de uma indiazinha de 10, 12 anos por uma caixa de bombons, um celular velho ou uma nota de R$ 20. Entre os acusados por esse comércio abjeto, há comerciantes locais, um ex-vereador, dois militares do Exército e um motorista, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Todos brancos, parte da elite daquela região miserável. Praticamente não há investigação policial e as meninas não têm qualquer tipo de apoio médico ou psicológico.
Depois de ouvir dez meninas, a promotora local disse que “é uma coisa animalesca e triste”. As vítimas são ameaçadas de morte se denunciarem os criminosos. Coisas do Brasil profundo. Como nas aldeias ninguém tem biotipo europeu, acesso à internet ou valor de mercado, o assunto não vai invadir redes sociais, nem criar a expectativa da ruptura do hímen da jovem prostituta catarinense. Pobreza não vende.

Governador e cônsul de Israel falam sobre parcerias tecnológicas



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Da Redação
Agência Pará de Notícias
Eliseu Dias/Ag. Pará
O cônsul da Missão Econômica da baixada de Israel, Roy Nir, foi recebido em audiência pelo governador Simão Jatene e apresentou propostas de cooperação
Eliseu Dias/Ag. Pará
O cônsul de Israel, Roy Nir (e), veio ao Estado com objetivo de propor parceiras tecnológicas em diversos setores econômicos e no âmbito social
O governador Simão Jatene recebeu nesta quinta-feira (8) visita do cônsul da Missão Econômica da Baixada de Israel, Roy Nir, que veio ao Estado com objetivo de propor parceiras tecnológicas em diversos setores econômicos e nos âmbitos institucional e social. O encontro, no Comando Geral da Polícia Militar, teve também a presença do secretário de Estado de Indústria, Comércio e Mineração, David Leal.
“Israel está muito interessado em estreitar lanços com outros Estados do Brasil fora do eixo Rio-São Paulo. O Pará é um dos mais importantes, pela importância e pela significância que o Estado tem na região. Estamos vendo que aqui existem muitos potenciais e muitas oportunidades de cooperação em vários setores”, explicou Roy Nir, que pela primeira vez veio ao Pará.
O cônsul destacou os setores em que a cooperação pode ser imediata e render bons resultados, como a segurança pública, área na qual Israel pode oferecer tecnologias avançadas de monitoramento e vigilância. Outros setores são os de telecomunicações, atualmente em expansão no Pará, e agricultura, principalmente no desenvolvimento de sistemas de irrigação e hidrotecnologias.
“Israel tem um terço do seu território formado por desertos, então, durante 60 anos desenvolvemos tecnologias avançadas para distribuição, uso reciclado e cuidados, entre outros serviços com a água. Podemos fazer parcerias para o desenvolvimento da agricultura com o uso de tecnologias eficientes de irrigação. Para ser ter uma ideia, Israel reutiliza na agricultura cerca de 80% de toda água que vai para o esgoto”, informou Roy Nir.
Simão Jatene apresentou durante o encontro algumas demandas do Estado, entre elas investimentos na indústria farmacêutica, para que se possa pesquisar e usar os recursos naturais encontrados na Amazônia. O governador lembrou que é preciso conhecer mais esses recursos para poder entendê-los, e é necessário usar os recursos naturais já pesquisados para depois avançar na descoberta de novos.
“A biodiversidade da Amazônia é extensa, mas não temos tecnologias e conhecimento suficientes para usá-la como um todo”, observou Simão Jatene, que destacou também o uso desses recursos na produção de cosméticos. O governador falou ainda sobre o desenvolvimento de tecnologias a partir das várias matérias-primas encontradas no Pará, como o miriti – que é usado no artesanato, mas tem propriedade isoladora térmica e acústica –, e o curauá, fibra leve bastante resistente.
“Precisamos de pesquisas e tecnologias para avançar no desenvolvimento de materiais e ferramentas, a meu ver, extremante necessárias nos dias de hoje”, asseverou o governador, destacando a importância da aproximação com as universidades do Estado (Uepa) e Federal Pará (UFPA) para o desenvolvimento dessas pesquisas.
O cônsul adiantou que vai produzir um plano de ação com todas as demandas do Estado. Ele também solicitou a visita de uma comitiva formada por empresários paraenses a Israel, liderada pelo governador Simão Jatene.

O senador Paulo Paim quer aprovar a extinção dos mulatos (e das mulatas, também)


Janer Cristaldo 

Se um dia fizerem uma pesquisa para determinar qual parlamentar mais desserviços prestou ao Brasil, o senador petista Paulo Paim vence folgado. Em julho de 2006, escrevi artigo intitulado “Nazismo negro e guilda branca”, no qual comentava a nuvem de estupidez que pairava sobre o Congresso nacional naqueles dias. Não que sobre o Congresso costumassem pairar nuvens de inteligência. Mas naqueles dias a estupidez concentrou-se e ameaçava cair como chuva sobre o país todo.

O projeto de lei n° 3.198/2000, também chamado de Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador, decretava a extinção do mulato. Mais ainda, previa a identificação racial dos negros em documentos de identidade. Segundo o Estatuto, os negros passariam a ter carteirinha de negro. De lambuja, Paulo Paim exterminava legalmente os mulatos do território pátrio: “Para efeito deste Estatuto, consideram-se afro-brasileiros as pessoas que se classificam como tais e/ou como negros, pretos, pardos ou definição análoga”.
Demorou mas chegou até nós. Está sendo introduzida legalmente no Brasil a classificação ianque, que só consegue ver pretos e brancos em sua sociedade e nega a miscigenização. Curioso observar que nas décadas passadas os movimentos negros haviam concluído que raça não existia. Agora passou a existir e deve constar em documento. Como o branqueamento é bastante generalizado no Brasil, talvez fosse melhor uma tatuagem ou adereço bem visível, como Hitler instituiu na Alemanha para judeus e homossexuais.
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APARTHEID
No dia 14 de outubro passado, a escalada do apartheid deu um passo importante. Coube à presidente da República dar um nó de tope no projeto do senador Paim, quando o Palácio do Planalto anunciou para este mês de novembro um amplo pacote de ações afirmativas, que inclui a adoção de cotas para negros no funcionalismo federal. A medida, defendida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff, atingiria tanto os cargos comissionados quanto os concursados.
A cota no funcionalismo público federal propõe piso de 30% para negros nas vagas criadas a partir da aprovação da legislação. Hoje, o Executivo tem cerca de 574 mil funcionários civis.
Existe também a idéia de criar incentivos fiscais para a iniciativa privada fixar metas de preenchimento de vagas de trabalho por negros. Ou seja, o empresário não ficaria obrigado a contratar ninguém, mas seria financeiramente recompensado se optasse por seguir a política racial do governo federal. Mérito ou capacitação profissional não mais interessam. O que interessa, definitivamente, é a cor da pele.

Não entra mosca



14 de novembro de 2012 | 2h 05
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
Geralmente o ex-presidente Lula posiciona-se melhor calado. Não por acaso preferiu o silêncio em momentos realmente cruciais quando no exercício do poder de fato e de direito.
Não comentou de imediato nenhum dos escândalos ocorridos em seu governo, bem como se manteve silente durante longo tempo por ocasião do caos aéreo iniciado em 2006.
Lula é loquaz, mas se contém quando interessa e os companheiros compreendem mesmo ao custo de sapos indigestos.
Sob a perspectiva estratégica é que deve ser entendida a discrição do ex-presidente diante da restrição de liberdade imposta pelo Supremo Tribunal Federal a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
Quando os adversários cobram dele "firmeza de caráter" na prestação de solidariedade aos condenados fazem apenas jogo de cena. Seriam os primeiros a criticá-lo se resolvesse oferecer de público o ombro amigo.
Diriam que afronta a Justiça, que desrespeita as instituições, que se associa a malfeitorias e assim por diante.
É verdade que na Presidência Lula por diversas vezes fez declarações memoráveis em prol de gente envolvida em escândalos, assim como defendeu abrandamento de instrumentos de fiscalização ao setor público e ignorou a Constituição.
Ocorre, contudo, que a hora não é propícia ao falatório. Não mudará as sentenças, não alterará a adversa circunstância e ainda pode prejudicar a virada da página de que o PT tanto necessita para seguir adiante com a vida.
Se Lula e Dilma são populares o Supremo Tribunal Federal e seu futuro presidente Joaquim Barbosa também passaram a ser. Afora as regulares manifestações de desagrado, não seria oportuno ao PT dedicar-se ao mau combate investindo com agressividade contra a Corte.
O esforço do partido nesse momento é o de dissociar-se das sentenças, mostrar ao público que a condenação dos petistas não pode ser estendida ao PT.
Daí Lula recorrer mais uma vez à sua desassombrada incoerência para responder "não vi" à indagação sobre a sessão em que se deu a definição das penas.
Não viu tanto quanto nada ouviria sobre o julgamento - "tenho mais o que fazer", disse no dia 3 de agosto - a respeito do qual trataria em reuniões de avaliação sobre a perspectiva de condenações e possibilidades de penas mais brandas e, ao menos uma vez, levaria ao palanque da eleição municipal.
Pouco antes do primeiro turno, em 27 de setembro, disse que o processo do mensalão "não é vergonha" porque "no nosso governo as pessoas são julgadas e tudo é apurado". Esta foi uma das duas vezes em que se manifestou publicamente sobre o assunto.
A segunda ocorreu em entrevista ao jornal argentino La Nación, publicada em 18 de outubro, para considerar-se devidamente "julgado pelas urnas". Pouco antes, em 10 de outubro, classificara de "hipocrisia" a condenação do núcleo político em conversas com correligionários.
Referências sempre oblíquas de modo a não se comprometer nem corroborar a promessa que fizera ao deixar a Presidência de dedicar cada um de seus dias a provar que o mensalão não existiu.
Há outras formas de Lula ser solidário sem fazer barulho. Mal comparando, é como disse Delúbio Soares no auge do prestígio para derrubar proposta de o PT abrir as contas de campanha na internet: "Transparência assim é burrice".
No caso presente, a estridência também.
Vencido. José Dirceu anuncia que não se calará diante da "injusta sentença" a ele imposta. O inconformismo, no entanto, não basta.
Quando deixou a Casa Civil em junho de 2006 anunciou que reassumiria o mandato de deputado para comandar a defesa e o ataque do governo no Congresso Nacional.
Não conseguiu concluir o discurso de posse, bombardeado por apartes de seus pares que seis meses depois lhe cassariam o mandato.

Este é o rio mais bonito do mundo - Blog do Ricardo Setti



Parece incrível, mas existe — é o rio mais bonito do mundo
Rita de Sousa
Esta maravilha geográfica se esconde no Parque Nacional Natural da Macarena, na Serra da Macarena, na Colômbia. É o fabuloso Caño Cristales, também chamado de “rio das cinco cores”, “rio que vem do paraíso” e, com boa dose de razão, “o mais belo rio do mundo”.
É longo, com 100 quilômetros de extensão, e, com seus apenas 20 metros de largura, fica multicolorido durante cinco meses.
No restante do ano, o Caño Cristales é igual a um rio comum, com um leito de rochas coberta por musgos verdes e uma corrente azulada, mas entre as estações de chuva, entre dezembro e fevereiro, e seca, que começa em julho, fica lindo como um jardim, com mil cores sob as águas.

 

Declarado Patrimônio Biológico da Humanidade, oferece uma gama surpreendente de cores devido à presença de uma enormidade de plantas aquáticas e algas que se desenvolvem com a luz do sol, em cores que variam entre vermelho, preto, amarelo, azul e verde.
A turbulência da água provoca redemoinhos que desgastam as rochas, criando pequenos lagos circulares. Desde 2009 está aberto a visitas guiadas, mas a maior parte do caminho só pode ser feita a pé.














A Charge de Néo Correia




Dirceu é condenado à prisão por chefiar mensalão



O estranho caso dos anúncios que o Planalto pagou em cinco jornais de São Paulo que não existem.



Carlos Newton
Interessantes as denúncias da Folha de S. Paulo sobre o pagamento de propaganda em publicações fictícias, vinculadas à Laujar Empresa Jornalística S/C Ltda, com sede registrada num imóvel fechado e vazio, em São Bernardo do Campo (SP).
Essa empresa aparece em 11º lugar num ranking de 1.132 firmas que, desde o início do governo Dilma, receberam recursos públicos para veicular propaganda do governo em diários impressos.
Embora esteja à frente de empresas responsáveis por publicações de ampla circulação no país, como o gaúcho “Zero Hora” e o carioca “O Dia”, a Laujar não publica nenhum jornal. Os títulos da companhia beneficiados pela Presidência inexistem em bancas do ABC Paulista, onde supostamente são editados, não estão cadastrados em nenhum órgão e não aparecem em cadastros municipais de jornais aptos a fazer publicidade de prefeituras.
Além disso, exemplares enviados à Presidência como provas da existência das publicações foram forjados. A Laujar mandou as supostas edições do dia 15 de março de 2011 do “Jornal do ABC Paulista”, “O Dia de Guarulhos”, “Gazeta de Osasco”, “Diário de Cubatão” e “O Paulistano”. Todas elas têm os mesmos textos, sendo que uma das “reportagens” contém declarações do então ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dadas no próprio dia 15, o que torna impossível a impressão ter ocorrido na data informada nos jornais.
Também há registros de pagamentos efetuados pela Caixa Econômica à empresa, vejam só como é fácil tirar dinheiro do governo, quando se sabe o caminho das pedras…
O mais interessante da matéria, porém, foi o dono da Laujar, Wilson Nascimento, dizer que o dinheiro que recebeu é menor do que o informado pelo governo. Portanto, faltou denunciar o cúmplice no esquema do Planalto, que ficaria com a diferença.

Fator PCC, desinformação e hipocrisia oficial, por Bruno Lima Rocha


Mais de 90 policiais mortos este ano somados com centenas de civis assassinados mês a mês em São Paulo e região. De uma hora para outra, o fantasma do PCC, Primeiro Comando da Capital ou Partido do Crime, volta à tona.
Seis anos atrás ocorreu o mesmo fenômeno, inaugurado no início deste século nas rebeliões coordenadas em presídios estaduais paulistas.
Não surpreende a tragédia das redes de quadrilha de São Paulo, mas sim a hipocrisia através da qual o tema fora tratado após o Salve Geral de 2006.
Recordo que em agosto de 2008, durante o 6º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) em Campinas, questionei um notório professor da USP a respeito de seus elogios para a política prisional do estado.
Dizia o colega que o índice de homicídios caíra drasticamente devido ao “sucesso” da abertura de novas prisões e o aumento da massa carcerária.
Perguntei-lhe quanto ao chamado “fator PCC”. Isto é, como a rede de quadrilhas se sofistica, consolidando domínios territoriais, aumenta o controle sobre o varejo do crime, diminuindo por consequência a violência nas ruas.
Afirmei o óbvio e, com o perdão da ironia, ouvi cobras e lagartos do nobre docente. Infelizmente, tinha razão.
A hipocrisia caminha lado a lado com o eufemismo. O acórdão entre mídia e governo, ao evitar (praticamente proibindo) a citação da sigla do PCC não resolve em nada, apenas aumenta a desinformação estrutural.
A maioria de leitores, ouvintes e telespectadores precisa ser devidamente informada sobre o que está ocorrendo por dentro do carcomido aparelho de segurança da locomotiva do país.
É impossível imaginar que uma facção criminosa tenha um sistema de inteligência tão poderoso a ponto de localizar e perseguir dezenas de PMs à paisana e em dia de folga. Parece óbvio supor que houve infiltração, agentes dobrados ou corrupção policial pura e simples na venda destes dados.
O mesmo pode-se dizer quanto à agressividade do PCC contra os órgãos de segurança. As mortes não são episódicas nem pontuais, fazem parte do próprio modus operandi da facção. Tal conflito sempre existiu desde que o Primeiro Comando foi criado, alterando em sua intensidade e divulgação midiática subsequente.
Para além da hipocrisia, o fator PCC implica no controle das cadeias de São Paulo pela facção criminosa, e também a organização territorial de suas áreas de influência.
Como tem uma tradição belicista, em momentos cíclicos a guerra se acentua. Vive-se hoje um novo Salve Geral e suas consequências.

Bruno Lima Rocha é cientista político
www.estrategiaeanalise.com.br/blimarocha@gmail.com

OBRA-PRIMA DO DIA - GRAVURA E PINTURA Albrecht Dürer: Barbara e Santana


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
14.11.2012
 | 12h00m

O talento, a ambição, a inteligência aguda desse homem que tinha os mais variados interesses e gostava de estudar e de aprender, granjearam-lhe a atenção e a amizade das mais importantes figuras da sociedade alemã.
Tornou-se artista oficial dos imperadores do Sacro Império Romano, Maiximiliano I e seu sucessor Carlos V, para quem Dürer fez vários desenhos e auxiliou no planejamento e execução de alguns projetos. Em Nuremberg, então um centro cultural vibrante e um dos primeiros a adotar os princípios da Reforma, Dürer convivia com os mais destacados teólogos e mestres, inclusive com Erasmo de Rotterdam.
Para a sede da Prefeitura de sua cidade ele criou dois painéis tendo como tema os Quatro Apóstolos (hoje estão no Museu de Arte Antiga de Munique). Nesses painéis ele colocou textos de Martinho Lutero, onde o Reformista agradecia Nuremberg ter adotado o Luteranismo.
Centenas de desenhos, cartas, entradas em diários registram as viagens de Dürer pela Itália e pelos Países Baixos, documentando sua insistente busca do conhecimento científico e como era um exigente crítico de arte.

A mãe de Dürer aos 63 anos - Barbara Helfer (ou Holfer), aos 63 anos. Essa comovente gravura foi feita pelo artista em 1514 – por ela perpassa muita ternura, mas não deixa de ser impiedosamente realista. Ela já estva gravemente enferma e morreria dois meses depois de posar para o filho. Dürer era muito ligado à mãe e ficou ao seu lado durante toda sua agonia. Depois de sua morte escreveu numa carta que ela tinha tido uma morte difícil, que sofrera para morrer e “eu sofri tanto por ela que nem sei como contar o que senti”.
O texto no alto á direita diz: "Essa é a mãe de Albrecht Dürer aos 63 anos"; em letras menores: “ela faleceu no ano de 1514, na terça-feira antes do Dia da Rogação, aproximadamente duas horas antes da noite cair”.
Gravura, 1514, 30.2 x 42.1 - Museu de Gravuras e Desenhos, Berlim




A Virgem, o Menino e Santana foi obra feita para devoção pessoal. Talvez Dürer tenha se inspirado em Giovanni Bellini. A devoção a Santana era muito difundida na Alemanha.
A modelo para Santana foi sua mulher, Agnes, como comprovado num esboço assinado que está na Coleção Albertina, em Viena. A assinatura em forma de monograma e a data foram acrescentadas bem depois da execução da obra, mas tudo leva a crer que essa seja a data exata, pois foi quando Dürer começou a se interessar pelos ensinamentos de Martinho Lutero.
Outra prova considerada pelos estudiosos das obras de Dürer são o tema e a emoção intensa do artista ao registrar as expressões nos rostos de Santana e sua Filha com o Menino adormecido. Segundo os críticos, o olhar e a postura das duas sugerem a influência da crença adotada por Dürer nos ensinamentos de Lutero.
Óleo sobre madeira, c.1519, 60 x 49.8 cm - Metropolitan Museum of New York