sexta-feira, 28 de setembro de 2012

INSTITUTO DA REELEIÇÃO



Walter Marquart
Uma esbórnia para os políticos profissionais esbornearem com o dinheiro público. Este o motivo da não instalação dos serviços de tratamento de esgotos, não fornecimento de água para mais de 50 % do povo; não sobram recursos para que o país possa contar com infra-estrutura adequada para reduzir o custo Brasil.
Com a eliminação do instituto da reeleição para todos os postos, inclusive Senadores, Deputados e Vereadores, o povo aprenderia que a cada quatro anos a cabeça teria que funcionar para eleger o melhor, teria sempre caras novas, nenhuma raposa com ficha suja ou lambuzada. Até os partidos políticos mudariam o enfoque que impõem atualmente; no lugar de indicarem os mesmos de sempre, os coronéis da política implantaria também nos partidos, a salutar e democrática alternância no poder. Nesta tarde, 26, fiquei atento para certificar-me se o Lewandowski mudaria a música; nada! Continua com uma nota só. Não revisa nada, quer ler tantas páginas como o Ministro relator, permeando a cada frase lida, o comentário versando com as mesmas palavras o que acabara de ler. Uma chatice. Só pode ser “cobra mandada”. Repete a cada 10 minutos que só valem os depoimentos dados perante juiz, que ao ler os autos, fica mais confuso. Está plantando alguma semente para produzir frutos podres. O “cobra mandada” está preparando algum bote; esperamos que os outros 10 Ministros não pisem na casca de banana que o cobra está espalhando e nem venham morrer de envenenamento.

MARES CALMOS



Magu
O “cãodidato” a prefeito em São Paulo, o santarrão Celso Russomano, que se julga acima do comum dos mortais, achou que iria navegar em mares calmos, com sua avaliação pelos migrantes que moram na cidade. Esqueceu que no bosque tem muito lobo. Os estrategistas dos outros candidatos estão cavando para achar as merdas do seu histórico. Como não poderia deixar de ser, tem muita.
A primeira, já na mídia, trata dele manter uma funcionária própria em serviços de suas empresas, cuja sócia é a filha Luara, pagando-a com verba da câmara dos deputados, classificada como “assessora parlamentar”. Dinheiro púbico. Ah mas, isso, todos fazem, como disse o molusco. No dia 8 de agosto, ele e seus quatro advogados (é ou não um sujeito importante?), para a merda não se espalhar pelos eleitores, pois a reclamante Fabiane disse, na ação, que mais 12 funcionários estão nessa condição, fecharam um acordo que pagará a Fabiane o valor de R$ 205 mil. Fabiane disse ainda que durante 8 anos foi submetida a intenso assédio moral, onde o tal a chamava de burra e anta. Afirma ainda que ele agia do mesmo modo com praticamente todos os empregados, com uma abominável e diária agressividade e até mesmo crueldade.
Exigia ser chamado de deputado ou prefeito. Se um funcionário o chamasse apenas de senhor, era humilhado aos gritos. A reclamante pediu que o MP Ministério Público e TRE Tribunal Regional Eleitoral fossem comunicados sobre a denúncia de “mau uso do Erário público” e Russomano pode responder por improbidade administrativa. Fabiane ainda disse possuir robusto material gravado, que não precisou ser usado, face ao acordo, que ele preferiu fechar imediatamente.
Emissários de Serra devem procurar a reclamante rapidinho…
Na segunda ação, conforme  Veja, uma audiência no dia 19 de Setembro, no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde o “cãodidato” é processado pelo ex-diretor da DERSA, conhecido como Paulo Preto, a quem acusou em entrevista de ter sido preso com dinheiro na meia em uma delegacia e ter sido solto por pressão política. Na primeira instância, Russomano já havia sido condenado a pagar indenização de R$ 100 mil por danos morais. Russomano já pediu desculpas mas, Paulo Preto não retirou a ação de injúria, calúnia e difamação.
Em 2005, Russomano bateu boca com um taxista que impedia a saída de seu carro no estacionamento da câmara, onde o passageiro estava descendo. Este tentou acalmá-lo, e ouviu: “Não me chame de você! Sou deputado federal!”
No início de 2012, foi acusado pelo MP de peculato, por ter usado verba de gabinete para pagar funcionária de uma empresa dele – a ND Produções. O caso ainda não foi julgado.
Caracas! Uma ficha limpa da melhor qualidade. E o cara é candidato a prefeito de São Paulo. E os migrantes da cidade não se importam com isso. Provavelmente vai ser eleito. Putaquepariude roda! Como provam os amantes do molusco, o brasil é o país com a maior quantidade de pessoas que sofrem de uma forma grave da Síndrome de Estocolmo. Adoram quem lhes fode. Deve entrar para o Guiness…
(1) Foto: Russomano e o tranbiqueiro internacional Edir Macedo.

HOMENS CASTRADOS VIVEM MAIS



Hélio Garcia
Meu correspondente Madruga, do Grupo dos Delinqüentes Geriátricos do Facebook, grupo fechado cujo presidente oculto é nosso coeditor Magu, envia-me uma notícia do cacete. Ora pois, não é bem do cacete mas, bem perto. Pesquisadores sul-coreanos analisaram mais de 81 homens que tiveram seus testículos removidos e concluíram: eles viveram de 14 a 19 anos a mais que os homens não castrados.
Há um gráfico (não achei) que mostra a expectiva de vida dos eunucos e a dos restantes dos homens. Os hormônios sexuais masculinos podem justificar o fato dos homens viverem menos do que as mulheres, aponta um estudo publicado nesta segunda-feira (24) no periódico Current Biology. A pesquisa, realizada pela Universidade Inha, na Coréia do Sul, mostra que os eunucos – homens cujos testículos foram removidos – da corte imperial coreana, viviam muito mais que os outros indivíduos de sua época. Os cientistas coreanos Kyung-Jin Min e Cheol-Koo Lee chegaram a esta conclusão após analisarem os arquivos genealógicos da corte imperial da dinastia Chosun (1392-1910) e comprovar que os eunucos viviam entre 14 e 19 anos a mais do que os homens que não haviam sido castrados. “O descobrimento apresenta uma importante pista para entendermos essa diferença na expectativa de vida de uma mulher e de um homem”, afirmou Kyung-Jin.
Os 81 eunucos estudados foram submetidos voluntariamente à castração, para terem acesso ao palácio, onde eles possuíam permissão para formar uma família com meninos castrados e meninas. Além de os eunucos viverem mais, três entre os estudados chegaram a superar os 100 anos. Ou seja, segundo Cheol-Koo, a incidência de centenários entre os eunucos coreanos era 130 vezes maior do que a média atual nos países desenvolvidos. E este fato não pode ser justificado simplesmente pela qualidade de vida que os mesmos levavam no palácio, já que a maioria dos eunucos passava tanto tempo fora como dentro do recinto. Os reis e rapazes da família real, por exemplo, tinham vidas mais curtas e normalmente não passavam dos quarenta anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mulheres atualmente vivem de seis a oito anos a mais que os homens nos países industrializados.
O assunto é tão interessante que não pude deixar de unir o que vem abaixo, que concilia com a ilustração.
Manoel chega em casa cabisbundo e meditabaixo e a Maria vai logo perguntando:
— Ó, Manoel, por que estás tão triste? O que foi que te aconteceu?
— Ora pois, Maria! Isto está a pareceire aquela música de carnaval da jardineira!
— É mesmo, Manoel… Mas me conte! O que está se passando, meu gajo?
— Ah, Maria… Uma tragédia… Estive no médico hoje à tarde e ele disse que eu vou ter que ser castrado!
— Castrado? Minha Santa periquita! Mas, ora pois, o que é que você tem, homem de Deus?
— Peguei um tal de Colesterol… E ele me disse com todas as letras que a única solução para mim é cortar os ovos!

Tim Maia, compadre.



by Ricardo Queiroz Pinheiro

Há setenta anos nascia no Rio de Janeiro, Sebastião Rodrigues Mais, Tim, o soulmen com marca Brasil, o cara que cruzou uma densa fronteira do gosto, que é da cepa de poucos, desses poucos que cruzam a fronteira de classes, que habita as casas da  periferia, que rola no baile dos bacanas, Tim Maia.
Falar de Tim Maia é esbarrar nas suas histórias folclóricas, nas suas gags contra o mundo. Tim deveria rir secreto das suas próprias presepadas, mas segundo os próximos relatam queria ser mesmo é querido, e foi, muito. Um dia me disseram (um músico que tocou com ele) que os músicos fugiam de Tim, mas que todos o ouviam com reverência. Tim cantava e isso não era uma metáfora.
Desde menino ouvia Tim Maia, e menino mesmo pude perceber no rosto das pessoas, o brilho, a felicidade, a paixão, quando ouviam as canções do doidão. Aquela figura enorme no Chacrinha, nos vários programas de TV, na rádio, e nos ecos da vida suburbana, foram formando meu juízo de Tim, e ele foi foi me formando, a música, as lembranças, os momentos de firmar, de pensar e de esquecer. A música que nos imprime.
Uma imagem marcante era dormir tarde nas noites de sábado, tinha um clube perto de casa, noite de baile, lá pelas onze e pouco, meia noite, ouvia lá no fim da rua a música alta, black music, soul, Tim Maia, vozeirão, aquilo enchia a noite curta do menino sonhador que tinha que dormir cedo, burlava porque era sábado. Tim Maia trilhava a beleza do meu sábado.
Os hits das rádios, Primavera, Azul da Cor do Amor, Cristina, Você, Réu Confesso, e jukebox Seroma que se formou em quatro décadas. Tim se misturava aos cantores populares das rádios AM, não ficava estranho ali, era daquele lugar, de todo lugar, era um cantor popular, com cancha, com ginga, com músicas em tom menor, balanços, que enchiam os romances de pessoas independente de onde elas saiam onde estavam. Dançavam e viviam seus amores, e isso permaneceu.
Acredito que muitos poderiam escrever a "sua história" de Sebastião Rodrigues Maia, contada com músicas, e com o enredo que as melodias, coincidências e inspirações. A força do compositor/cantor que superou barreiras, drama que ele exacerbava, mas que sabia que foi duro superar. Tim lutou muito contra a maré e criou muita maré contra, brilhante contraditório.
Torcedor do América, gordo, inconsequente, cheio dos rompantes, Tim Mais não distribuia rosas, deixa esta tarefa para suas canções, foi e voltou várias vezes, deu entrevistas polêmicas, outras desastrosas, criou frases antológicas, um rebelde de verdade que não emulava rebeldia. Pagou preço alto.
E foi num domingo, disso lembro bem, eu tava navegando à toa pela web, 15 de março de 1998, pipocava por músicas, notícias, portais, e abrupta manchete estalou na tela: "Morre Sebastião Rodrigues Maia".
Voltou tudo na lembrança, os tais sorrisos e brilhos no rosto das pessoas, o clube do barulho belo que reinava nas minhas noites de sábado, o tempo de ouvir rádio, os programas de tv, ele com suas roupas grandes e brilhantes,  as passagens da minha vida que o Tim habitou, a minha história de Tim Maia. Imagens e sons.
Fica a história que ninguém nos rouba, as músicas que mantém acesas as ligações, e não foram poucas, escolher uma é difícil, mas a camaradagem prevalece, e Tim gostava de incensá-la em suas canções. Escolhi Compadre, porque Tim foi do seu jeito e do meu jeito, um compadre na minha vida.

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Bizâncio em Veneza: O Saque de Constantinopla (final)



Em 1204, Constantinopla, capital da metade do que um dia fora o Império Romano, ocupava o lugar de Rainha das Cidades no mundo há quase 900 anos. Ofuscara a velha Roma, já uma sombra do que fora.
Ali a cultura e a língua gregas eram cultivadas: Aristóteles, Platão, e outros gigantes da cultura grega eram lidos e estudados em sua língua original. O governo dos imperadores bizantinos promovia os valores cristãos. Eram homens com elevada preocupação social. Havia hospitais públicos, asilos para os despossuídos e para prostitutas arrependidas. Monastérios para homens e para mulheres ofereciam instrução, orientação espiritual e abrigo. Havia tolerância com as minorias. Constantinopla era uma exceção no mundo antigo.
Conhecida como A Cidade, seu nome atual é uma corruptela do grego “para a cidade”: Eis tin Polin = Istanbul.
Mas a cobiça, aliada ao fanatismo religioso, muitos danos já causou ao mundo. Em 1204, a Quarta Cruzada desviou-se de sua rota original, a Palestina, e atacou Constantinopla. Todos os relatos do saque feito pelos cruzados são unânimes em falar das atrocidades e das crueldades cometidas contra o povo e contra a cultura dessa cidade até hoje sem igual. As bibliotecas foram queimadas e as escolas saqueadas.
A cidade tinha muitas e belas igrejas recheadas de tesouros de altíssimo valor. O interior e o luxo dos palácios deslumbravam todos os visitantes. Eis o relato de um cruzado: “Nunca se imaginou que houvesse em todo o mundo tanta riqueza; os palácios, as grandes igrejas, que eram tantas que ninguém acreditaria nisso se não houvesse visto com seus olhos; e a largura e a extensão da cidade, que a tornava a soberana dentre todas. Não houve homem tão frio que não tremesse diante do que via”.Geoffrey of Villehardouin, 1160 – c. 1212, cavaleiro, historiador e cronista da Quarta Cruzada, autor da mais antiga narrativa histórica em prosa, na língua francesa, que sobreviveu até nossos dias.
Há muito a Sereníssima tinha um relacionamento especial com os plenipotenciários das cidades do Oriente. O intercâmbio entre o Oriente e a República era intenso. Sua participação nas Cruzadas se deve justamente ao seu poderio naval: era a única com frota capaz de transportar os milhares de cruzados até aquela parte do mundo.
Mas não há dúvida que participou da violência do saque. Na divisão do espólio cobrou pelo transporte marítimo e ficou com a maior parte: ouro, pedras preciosas, tapetes, estátuas, mármores, peles, objetos, a lista é longa. E como os Cruzados dominaram o Império Bizantino por 57 anos, tempo houve para levar as maravilhas que hoje nos encantam.
Falemos de algumas.


A Quadriga: mosaicos que decoram o portal de Santo Alípio (c.1265), na fachada da Basílica, mostram os cavalos em bronze na posição que ocupam. Sabe-se que decoravam o Hipódromo de Constantinopla. Em 1797, Napoleão os levou para Paris, a fim de coroar o Arco do Triunfo. Com a derrota de Napoleão, em 1815, na presença de Francisco I da Áustria, novo soberano de Veneza, foram devolvidos à fachada da Basílica. Desde a década de 60 do século passado a preciosa quadriga, única da antiguidade ainda existente, está abrigada no museu e em seu lugar vemos cópias.


O Leão Alado: ( c. 300 a.C.) no alto da coluna à direita na entrada da Piazzeta, acredita-se que é originário de Tarso (sul da Turquia), cidade natal de São Paulo e onde Marco Antonio e Cleópatra se viram pela primeira vez.


Os tetrarcas: grupo em pórfiro que retrata a época em que o Império Romano foi governado por quatro soberanos, conforme instituído por Diocleciano. A tetrarquia consistia em dois Augustos (imperadores mais velhos) e dois Cesares (imperadores mais jovens).  A estátua ficava em Philadelphion, praça pública em Constantinopla, onde o pé que falta em uma das estátuas foi encontrado. Há pesquisadores que acreditam que o grupo representa os filhos de Constantino. 

 

Os Pilares de Acre: sempre chamados assim, mas escavações do final do século XX demonstram que não vieram de Acre e sim de Constantinopla, da Igreja de São Polieuktos (524/7).
Nos Museus de Veneza há muitas relíquias e objetos valiosos pilhados em Constantinopla. Impossível mencionar todos. Eis um desses objetos, um queimador de incenso (século 10 ou 11):
Não me esqueci da Pala d’ Oro – mas essa peça deslumbrante não foi fruto do saque. Foi encomendada aos artesãos de Constantinopla, reconhecidamente artistas de grande valor. Se bem que o ouro e as pedras preciosas...