terça-feira, 26 de junho de 2012

Inadimplência do cartão de crédito está em quase 30%, aponta BC


26/06/2012 - 15h29



MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

Quase 30% dos empréstimos no cartão de crédito estavam inadimplentes há mais de 90 dias no mês de maio, mostram dados divulgados pelo Banco Central. É a maior taxa entre as categorias de financiamento acompanhadas pela autoridade monetária.
A inadimplência média dos consumidores e empresas foi de 6% no mês passado, o maior percentual da série história, iniciada em junho de 2000.
No caso dos consumidores, a inadimplência foi de 8% no mês passado, acima dos 7,8% registrados em abril e o maior percentual desde maio de 2009. No caso da inadimplência das empresas, o percentual se manteve em 4,1% no mês passado.
Além do cartão de crédito, os calotes também cresceram na categoria financiamento de veículos (de 5,9% para 6,1%), cheque especial (de 10,1% para 11,3%), crédito pessoal (de 5,6% para 5,7%) e aquisição de bens (de 13,5% para 13,9%).
Apesar desse cenário de alta da inadimplência, as taxas de juros cobradas do consumidor continuaram em queda. A taxa média para pessoas físicas no mês passado caiu de 41,8% ao ano para 38,8% ao ano, a menor da história. No caso dos financiamentos para pessoas jurídicas, a queda foi de 26,3% para 25%.

DECOMPOSIÇÃO - (Sobre Hugo Chaves)


TERÇA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2012




Ralph J. Hofmann
Não sei como anda o câncer de estimação do presidente Hugo Chavez, mas suas atitudes e declarações têm um nítido odor de composteira misturada aos eflúvios de uma  “casinha” onde não se coloque cal virgem para controle. Bafo de gangrena no cerebelo.
Segundo fui informado  os mineiros tem o termo “peido de cabeça”.  Pois é, diz tudo.
O que me chamou atenção esta tarde ao ler a notícia abaixo é que, por muito que me seja desagradável achar algo de positivo em Lula, aqui temos um homem de parca educação que tem instintos afiados e que evita ser abertamente ofensivo a quem quer que seja. SE não tem outro mérito tem o da polidez e bons modos do brasileiro.
Já Hugo Chavez, egresso de academias militares, que forçosamente realizou estudos de história e provavelmente foi obrigado a ler as principais obras da cultura mundial (coisa exigida pelo ensino médio na maioria dos países hispânicos) não possui qualquer sensibilidade para com uma comunidade que muito contribuiu para seu país.
“O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, proibiu um espetáculo de dança baseado na vida de Anne Frank e sugeriu que o tema fosse trocado para o “sofrimento palestino”. Os coreógrafos Offer Zaks, israelense, e sua esposa venezuelana María Barrios, autores da obra, recusaram-se a seguir a ordem e tiveram sua companhia, uma das principais de Caracas, fechada. Eles embarcaram para Israel, onde estrearam o espetáculo.”
A Venezuela é signatária de uma serie de cartas e acordos internacionais em relação à liberdade de expressão. Claro que hoje sendo uma filial de Cuba não se poderia esperar grande coisa.
(*) Fotomontagem: Offer Zakz e Anne Frank

O único problema são os vizinhos


25/06/2012
 às 22:04 \ Direto ao Ponto
Augusto Nunes

É hora de desenhar.
Invocando uma cláusula do regulamento interno que prevê o afastamento do síndico por mau desempenho, o conselho de condôminos de um prédio decidiu quase por unanimidade demitir o ocupante do cargo e substituí-lo pelo subsíndico. Uns poucos descontentes , que se solidarizaram por algumas horas com o demitido. A imensa maioria dos moradores aprovou a decisão, os demais encararam a mudança com indiferença.
Tudo foi resolvido entre os diretamente interessados no assunto. Nenhuma das normas em vigor foi violada, não se registraram interferências indevidas. Ninguém chamou a polícia, os responsáveis pela segurança do edifício continuaram em seus lugares, nenhuma farda apareceu. O antigo síndico declarou-se conformado com a perda do emprego, a vida retomou seu curso. As coisas já estariam inteiramente normalizadas se os brigões da vizinhança não tivessem decidido intrometer-se na história.
A administradora do arranha-céu ao lado, que não dá um pio sobre as bandalheiras no quintal ou no resto da rua e finge não enxergar os abusos nos cortiços alugados por amigos, acha que nenhum prédio pode resolver problemas em dois dias. A viúva que vive tentando fechar a banca de jornais acha que houve um golpe. O dono da loja de botijões de gás, que vive alterando as regras do contrato para renovar o aluguel em condições vantajosas, acha que o fornecimento deve ser suspenso.
O dono do mafuá que abriga incontáveis traficantes de drogas acha que a solução aprovada pela assembléia do condomínio foi ilegal. O bando de intrometidos acha que os moradores do edifício que mudou de síndico devem ser excluídos do clube que reúne os habitantes da quadra. Já ensaiando para conviver com os muitos filhos que mal conhece, o homem devolvido ao lar começa a achar que tem chances de recuperar o emprego.
Como o Paraguai, o único problema que esse prédio tem são os vizinhos.

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Hieronimus Bosch - O Ilusionista (c.1475/1505)


Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
26.6.2012
 | 12h00m

Bosch nasceu em Hertogenbosch, Brabante do Norte, na Holanda, em c.de 1453. São poucos os detalhes conhecidos de sua vida. Seu verdadeiro nome era Jeroen van Aken e ele assinava seus trabalhos Hieronimus Bosch talvez para chamar atenção sobre a região onde nasceu, os bosques (bosch) do duque (hertog).
Em 1481, casou-se com mulher rica, sua conterrânea, e é provável que nunca tenha se afastado de sua cidade natal, onde faleceu em 1516.
Apesar de viver longe dos centros culturais, logo demonstrou um talento sem sombra de provincianismo. Tinha uma visão séria, de grande alcance intelectual, e sua ironia insolente é por vezes confundida com deboche. Era mais fácil para um homem como ele crer na maldade humana – bruxas e feiticeiros bem terrestres – do que no Castigo ou Bênção após a morte...

 

Hoje mostramos uma das obras mais conhecidas de Bosch, O Ilusionista. De acordo com registros da época, Hertogenbosch era mercado comercial em franco progresso, que atraia toda sorte de pessoas, inclusive ladrões e tratantes. Como não tinham endereço fixo e a população da cidade era muito unida, os estranhos, como o mágico aqui retratado, eram objeto de fascinação, mas também de desconfiança.
Mascates, músicos, contadores de história, e enfeitiçadores de um modo geral, estavam sempre em busca de grupos de pessoas para poder delas se aproveitarem.
No Malleus Maleficarum, manual de diagnóstico para bruxas publicado em 1487, muito usado pela Inquisição, as mulheres eram retratadas como criaturas frívolas, influenciadas pelo demônio, e ignorantes que acreditavam em todos os truques.
No entanto, na obra de Bosch, é uma autoridade municipal, que se reconhece pelo alto chapéu dos juízes dos tribunais, a mais impressionada com o ilusionista. Reclinado sobre a mesa de modo a não perder nada do truque, o homem nem percebe que está sendo aliviado de seu dinheiro. Um personagem vestido como frade dominicano, de óculos, na fila de trás, rouba-lhe a bolsa. Talvez o pintor tenha escolhido um dominicano por essa ser uma ordem ao mesmo tempo poderosa e controversa.
Os donos do mundo, na época, eram os Habsburgos e os Borgonhas. A cidade de Bosch tinha acabado de cair nas garras do que o povo acreditava ser o tirânico poder dos Habsburgos. Por extraírem um décimo da riqueza que a Igreja recebia na concessão de indulgências, os Habsburgos formaram uma poderosa aliança com os dominicanos.
Assim o pintor demonstra que vê o povo como sujeito à opressão e ao roubo por parte dos chefes religiosos e das autoridades seculares. E alerta: o mundo está cheio de farsantes e nós não devemos confiar naqueles que levam vantagens fazendo toda sorte de truques.
O uso de animais apoia a mensagem do pintor: a coruja cuja cabecinha aparece dentro de uma cesta pendurada na cintura do finório, representa a inteligência do ilusionista. Sapos pulando para fora da boca do embasbacado cidadão enchapelado representam como a ilusão anulou seu raciocínio, dando margem a uma reação animalesca.
Em 1480, mais ou menos na época da criação dessa tela, foi publicado em Hertogenbosch um provérbio flamengo que muito além de grande divulgação na região, correu o mundo: Ninguém é mais tolo que um tolo obstinado.
Talvez fosse hora de publicá-lo e divulgá-lo novamente...
Óleo sobre madeira, 53 cm × 65 cm

Acervo do Museu Municipal de St.-Germain-en-Laye, França 

Novo presidente do Paraguai lembra a Dilma que seu país é autônomo



Federico Franco, o novo presidente do Paraguai, falou, hoje, à imprensa internacional pela segunda vez em 48 horas. E mandou dois recados para quem interessar possa.
Sobre a possibilidade de seu país ser suspenso do Mercosul:
- Se eu disser que a prioridade é a comunidade internacional, estaria mentindo. Quero arrumar a casa e transmitir daqui tranquilidade e mostrar à comunidade internacional que este é um governo democrático.
Sobre a posição de Dilma de condenar o que ocorreu no Paraguai:
- É importante que Dilma consulte seus compatriotas. Aqui tem 500 mil brasileiros e sempre que as terras dos brasiguaios eram invadidas a própria embaixada dizia que não poderia fazer nada porque este é um país autônomo.
O novo diretor paraguaio da Hidroelétrica de Itaipu defendeu que seu país reduza a venda ao Brasil do excedente da energia que se produz por lá e que pertence ao Paraguai. Acha que parte do excedente deve ser utilizado no Paraguai para seu próprio desenvolvimento.

Lewandowski entrega processo do mensalão



Caso está pronto para ser julgado em agosto conforme estava programado
Carolina Brígido, O Globo
O revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, concluiu nesta terça-feira o voto e devolveu os autos para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o processo está pronto para ir a julgamento. Antes disso, porém, é preciso publicar a movimentação processual e notificar os advogados dos réus.
Segundo o próprio revisor, se houver publicação ainda nesta terça-feira de uma edição extraordinária do Diário de Justiça, será possível cumprir o cronograma acertado pela Corte, no qual o julgamento começará dia 1º de agosto. Se o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, não fizer isso, o calendário será atrasado em um dia.
- Foi o voto-revisor mais curto da história do Supremo Tribunal Federal. A média para um réu é de seis meses. Fiz das tripas coração para respeitar o que foi estabelecido pela Suprema Corte - disse Lewandowski.

Há diferença fundamental entre os golpes de Honduras e Paraguai?



Posted: 26 Jun 2012 07:17 AM PDT
Opera Mundi

A resposta a essa pergunta pode ser dada de bate-pronto: nenhuma. Ao menos no que diz respeito à sua natureza política. Nos dois casos, a derrocada de um presidente constitucional ocorreu através de processo sumário e operado pela via das instituições. Em ambas situações, esse modelo foi possível porque havia uma crise de poder nascida de uma mudança política incompleta: a conquista do governo pelos setores progressistas não se fez acompanhar por uma maioria parlamentar de esquerda e por reformas no sistema judiciário.

Essa contradição não é exclusiva de Honduras e Paraguai. O Brasil vive cenário bastante semelhante. O ápice desse conflito ocorreu em 2005, quando as forças conservadoras estiveram a poucos passos de apostarem no impedimento do presidente Lula. Faltou-lhes coragem e sobraram-lhes dúvidas sobre como reagiriam as ruas. As duas derrotas eleitorais, em 2006 e 2010, neutralizaram setores potencialmente golpistas e isolaram a direita mais açodada. Mas o pano de fundo continua o mesmo.

Mesmo países nos quais hoje a transformação política já atingiu todas as esferas do Estado, como é o caso de Venezuela e Bolívia, viveram essa contradição em outras fases. O golpe de Estado de 2002, contra Chávez, só foi possível quando a operação midiática dividiu as forças armadas e a base parlamentar governista, tirandou-lhe maioria na Assembléia Nacional. O boliviano Evo Morales, mesmo sem ter sido vitima de um golpe aberto, também viveu agruras parecidas.

A lição dessas experiências é que não há caminho possível para romper esse conflito sem um forte apelo à mobilização social e à atuação firme dos segmentos que apoiam os governos progressistas. Manobras institucionais podem abrandar os efeitos dessa contradição, da mesma forma que a criação de maiorias táticas (como, aliás, houve em um certo período no Paraguai e há no Brasil). Mas dificilmente pode ser erradicada sem que o protagonismo das organizações populares empurre a direita para uma situação de cerco.

Apenas depois de enfrentamentos desse gabarito Evo e Chavez, por exemplo, conquistaram amplas maiorias estratégicas para suas administrações. Além da mobilização exercer uma forte influência pedagógica sobre os cidadãos, geralmente acaba por empurrar as correntes reacionárias para aventuras fora do quadro constitucional. Quando fazem essa opção, em cenário de isolamento, são mais facilmente desmascaradas e demarcadas como inimigas atávicas dos processos democrático.

Por razões distintas, nem Manuel Zelaya nem Fernando Lugo quiseram ou puderam criar as condições para uma ampla mobilização popular em defesa de seus mandatos e da ordem constitucional quando os golpistas começaram a tecer seus planos. O primeiro porque havia feito um rara passagem da oligarquia para o campo progressista, perdendo velhos amigos sem ganhar a confiança plena dos novos aliados. O segundo porque, eleito por uma coalização à esquerda, foi frustrando seus seguidores com concessões infindáveis, no afã de apaziguar as forças conservadoras. Perdeu antigos apoios e, de quebra, acabou derrubado por quem tentou cativar.

Justiça seja feita, e aqui vai a primeira diferença importante, o fazendeiro Zelaya colocou seu chapelão e não se rendeu aos golpistas, comandando um longo processo de resistência. O padre Lugo, abatido e anêmico, foi para casa sem assumir a liderança do questionamento à ordem imposta pelos parlamentares sublevados. Começou a acenar com atos de resistência quando já havia aceito sua substituição ilegítima.
Também há um traço de identidade nos interesses representados pelas coalizões oposicionistas das duas nações. No epicentro da conspiração estão grupos de latifundiários e banqueiros, associados a empresas de comunicação, que rejeitam qualquer reforma voltada para a democratização da terra ou o controle dos mecanismos rentistas.

Outra semelhança pode ser encontrada na postura dos Estados Unidos. Nos dois episódios, a Casa Branca impulsionou a mão de gato contra o voto popular. A princípio, com vários senões e cautelas. Depois, consumada a operação golpista, de forma escancarada. Aliás, já tinha feito o mesmo no putsch venezuelano e na tentativa de desestabilizar Evo. Não é preciso esforço para chegarmos à conclusão que o golpismo não pode ser tratado como peça de museu da Guerra Fria. Devidamente atualizada, essa alternativa continua presente no arsenal norte-americano contra as experiências progressistas da América Latina.

Reação branda
Também de diferente, o que podemos registrar, ao compararmos Honduras e Paraguai, foi a atitude da diplomacia brasileira, que transitou do rechaço inegociável para uma posição de protesto. Os presidentes do Equador, da Argentina, da Venezuela e da Bolívia já disseram claramente que se tratou de um golpe de Estado e declararam que o novo governo não tem legitimidade. O Brasil, mesmo na nota na qual acena com sanções nos termos da cláusula democrática do Mercosul e da Unasul, não foi tão taxativo a respeito.

Há informações de bastidores dando conta que Fernando Lugo cogitou recusar a passagem do cargo e dissolver o Congresso, mas teria se deparado com a negativa brasileira de dar apoio a esse tipo de reação. Se assim ocorreu, trata-se de uma resposta distinta à adotada no golpe contra Zelaya.

As razões para essa alteração ainda não estão claras. Uma das possibilidades é o receio de assistir Chile e Colômbia, governados por conservadores, se afastarem da Unasul. Outra possibilidade é a dúvida acerca da consistência da reação prometida pelo próprio Lugo, que ademais poderia transformá-lo de vítima em agressor. Os próximos passos do Itamaraty, no entanto, poderão esclarecer melhor se estamos apenas diante de inflexões circunstanciais ou de uma nova estratégia.

Numa mirada mais abrangente, esta mudança de orientação, se verdadeira, residiria principalmente no modo de administrar as relações com Washington. Até a intentona em Assunção, poderiam ser notadas novas abordagens na política para o Oriente Médio, particularmente em relação à Síria, ao Irã e mesmo à intervenção da Otan contra a Líbia de Kaddafi. Com Lula e Amorim, de forma corajosa, o Brasil puxava um bloco contra-hegemônico, que desafiava abertamente os desígnios da superpotência. Hoje, as vezes, parece que esse objetivo saiu da agenda.

Uma paradigma readaptado implicaria, também, num lidar distinto com as forças conservadoras quando essas se lançam em golpes institucionais. Eventualmente não por conta de um novo conceito, mas para evitar conflitos com governos fora do arco progressista e com os norte-americanos, além de prevenir exaltações internas com a mídia e as elites nacionais.

Se há mesmo uma conduta diferenciada, essa acabou por sofrer, logo na estréia, inegável derrota, ao menos provisoriamente. Os atores moderados ou conservadores podem estar mais satisfeitos com o tom adotado em relação ao golpe no Paraguai, mas o fato concreto é que os golpistas não deram ouvidos e um presidente aliado foi derrubado.

Poderia ser dito que, no caso hondurenho, o Brasil tampouco viu sua política ser vitoriosa, pois Zelaya não voltou à Presidência. Isso também é verdade. Mas o país colheu frutos positivos, como líder regional, por sua firmeza em defesa da democracia. E conseguiu ists num país localizado em região onde a hegemonia dos Estados Unidos pontifica incontrastável.

Já a pátria guarani é integrante do Mercosul e sob forte influência verde-amarela. Aqui, ao contrário de Honduras, o Brasil tem meios de colocar a faca no pescoço dos golpistas. Se não tivermos êxito nisso, outros ensaios antidemocráticos poderão ter curso, na América do Sul ou mesmo dentro das fronteiras pátrias. 

Oxalá a aparente brandura brasileira seja apenas um momento. Afinal, a história não conhece golpes que tenham sido impedidos ou revertidos com punhos de renda. E salpica de exemplos sobre como a contemporização tem o dom de estimular o apetite fascista das oligarquias.

Ministro rejeita pressões, e mensalão vai atrasar



VERA MAGALHÃES, e FELIPE SELIGMAN
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, se disse "estupefato" com pressões que recebeu para devolver logo o processo e afirmou ontem que tem até sexta-feira para concluir seu trabalho.
A decisão de usar todo o prazo deverá provocar um atraso de cinco dias no julgamento, adiando seu início do dia 1º de agosto para o dia 6.
"Estou trabalhando noite e dia para cumprir o prazo de entregar o voto revisor no fim do mês", afirmou Lewandowski à Folha, por telefone.
Na semana passada, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, enviou ofício ao colega advertindo que o processo deveria ser devolvido ontem para que o julgamento comece em 1º de agosto.
Lewandowski afirmou que ficou "estupefato" ao saber do envio do ofício. "Tive de me ausentar de Brasília na quinta-feira para o casamento do meu filho", disse. Segundo ele, o ofício de Britto era "genérico".
Lewandowski lembrou que o prazo para a devolução do processo foi aprovado pela maioria dos ministros. "O presidente está mudando o prazo? Estou surpreso."
No início da noite, Lewandowski divulgou nota em que expôs o incômodo.
"Sempre tive como princípio fundamental, em meus 22 anos de magistratura, não retardar nem precipitar o julgamento de nenhum processo, sob pena de instaurar odioso procedimento de exceção."
Ele acrescenta que o STF tem condições de cumprir o prazo e, citando reportagem de ontem da Folha, manifestou incômodo também com o fato de a cobrança ter ido parar na imprensa. Procurado, Britto não quis comentar.

Paraguai soberano


Editorial da Folha de São Paulo
A Corte Suprema de Justiça do Paraguai recusou ontem a alegação do ex-presidente Fernando Lugo de que foi inconstitucional o fulminante processo de impeachment pelo qual o Congresso o depôs, entre quinta e sexta-feira passada.
Com a decisão, caem por terra as pretensões de invalidar a posse do vice Federico Franco como sucessor constitucional. Também ontem a Justiça Eleitoral do país vizinho refutou a possibilidade de antecipar as eleições presidenciais, previstas para abril de 2013.
Não resta dúvida de que o impedimento de Lugo se deu sob evidente cerceamento do direito de defesa, cujo exercício ficou confinado a apenas duas horas de argumentação perante os parlamentares. Infelizmente, porém, a Constituição paraguaia não disciplina esse importante aspecto.
Exige apenas que o processo seja aprovado por dois terços da Câmara e que o afastamento ocorra se assim decidirem dois terços do Senado -limites amplamente superados nas votações que consumaram o impeachment.
Como motivo, basta a alegação genérica de "mau desempenho de suas funções".
Eleito numa plataforma esquerdizante, o ex-bispo católico Fernando Lugo conduzia um governo populista e errático, prejudicado pela conduta pessoal do mandatário, compelido a reconhecer filhos em escandalosos processos de paternidade.
Mas o motivo principal da derrocada foram os efeitos desastrosos da crise econômica no Paraguai, cujo produto nacional deverá encolher 1,5% neste ano. A popularidade presidencial se desfez depressa, tornando possível a formação da esmagadora maioria congressual que o afastou do cargo.
Por afinidade ideológica -maior no caso da Argentina, menor no de Brasil e Uruguai-, os demais governos do Mercosul decidiram suspender a presença do vizinho na reunião do organismo, que deve culminar na sexta-feira próxima, quando examinarão possíveis sanções contra o novo governo em Assunção.
Esse comportamento é injustificável. As cláusulas democráticas previstas pelo Mercosul e pela Organização dos Estados Americanos (OEA) aplicam-se a flagrantes violações da ordem constitucional. Ainda que o impedimento de Lugo seja criticável, as instituições paraguaias têm funcionado de acordo com as leis daquele país.
Com um triste histórico de ingerência na política interna do Paraguai, país que mantém laços de dependência econômica em relação ao Brasil, o melhor que o Itamaraty tem a fazer é calar-se e respeitar a soberania do vizinho.

Isolamento calculado (Paraguai)


Eline Cantanhêde
A Argentina está na presidência do Mercosul, será a anfitriã da reunião do bloco com associados na próxima sexta e aproveita a crise no Paraguai para sair em desabalada carreira em busca de protagonismo regional.
Cristina Kirchner tem sido cada vez mais chavista e menos lulista (ou seja, mais radical, menos negociadora), e adere ao eixo Venezuela-Equador-Bolívia justamente quando ele parece mais vulnerável. Confronta a imprensa, bate de frente com a Espanha, assusta os já parcos investimentos internacionais. Mas Cristina não está com essa bola toda: a economia vai mal, as greves pipocam.
O Brasil corre atrás na crise do Paraguai, tentando uma "ação pedagógica", não uma declaração de guerra: nem deixar a deposição de Lugo passar em branco, até para não estimular golpismos por aí afora, nem asfixiar o país vizinho, já tão sofrido.
Enquanto os chavistas retiram seus embaixadores de Assunção, e Chávez já corta o fornecimento de petróleo, o Brasil chama o embaixador Eduardo Santos para consultas e adia qualquer sanção prática para a reunião de sexta. Defende soluções conjuntas, não isoladas e afoitas, como as venezuelanas.
Dilma não irá a Mendoza com ganas de jogar o novo governo Federico Franco na lona, mas disposta a aplicar, além da "ação pedagógica", um "isolamento calculado" até as eleições de abril de 2013. Leia-se: ela quer um Paraguai isolado politicamente, mas funcionando economicamente. Não só para preservar os paraguaios, mas principalmente para garantir os interesses brasileiros no país -que não são poucos.
Também pesa na cautela brasileira o fato de as instituições paraguaias terem aprovado a deposição: o Congresso votou de forma acachapante, Lugo aceitou no primeiro momento, a Suprema Corte avalizou e a igreja abençoou. Quem, no Paraguai, está pedindo ingerência externa para manter sua democracia?

Deputados Terao Mais R $ 150 mi parágrafo Pagar salarios de assessores


ERICH Decat
Divulgado com o Termo de Genéricos "Pagamento de Pessoal Ativo da União", o Decreto Assinado Pela de Presidente Dilma Rousseff MÊS Neste conceder R $ 150 milhoes Pará aumento dA verba Gabinete de Dos 513 deputados Federais.
A oficialização não reajuste ainda depende De hum ATO da Mesa da Câmara de e pingos PoDE ocorrer do recesso Parlamentar, Cujo Início estabele previsto par o Próximo dia 18 de Julho.
N º s bastidores, uma expectativa e uma de Que o aumento SEJA de R $ 15 mil par CADA Deputado, Que Conta Hoje com UMA verba de R $ 60 mil. Cessos Recursos servem par um de Contratação, sem Máximo, 25 assessores, chamados de "secretários parlamentares".
ALÉM de Serém contratados SEM Concurso, sos assessores podem atuar em Brasília OU nsa redutos eleitorais dos congressistas. Os salarios deles variam de R $ 664 a R $ 6,2 mil, Além de receberem Auxílio-Alimentação de R $ 741.
O Impacto nsa cofres da Câmara n º OS SEIS MESES proximos e Estimado em R $ 46,1 milhoes, SEM Contar o Pagamento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e encargos previdenciários, o Que elevaria uma Conta parágrafo Cerca de R $ 85 milhoes.
Os Recursos par o aumento da verba de gabinete foram Pedidos não final do Ano Passado AO Ministério do Planejamento. O valor Aprovado de R $ 150 milhoes, comunique-si, um TODO o Ano de 2012.
Como uma autorização do reajuste Só Veio ágora e nao PoDE Ser retroativa AO MÊS de janeiro, a Câmara tera Margem parágrafo Aumentar ainda Mais uma verba de gabinete. A decisão Sobre o excedente caberá à Mesa Diretora.
"Asseguro Que nao PoDE Ser retroativo, tão Vale a Partir do ato", afirmou à Folha o Primeiro-secretario Eduardo Gomes (PSDB-TO).

Perto do Lula, sou comunista’, diz Maluf


MÔNICA BERGAMO
˜Quem mudou? O Lula assumiu em 2003 sob a desconfiança de que era um Fidel Castro brasileiro. Achava que ele tinha que ter estágio no governo brasileiro até para o povo se decepcionar com ele. Mas, da maneira que exerceu a Presidência, diria que ele está à minha direita. Eu, perto do Lula, sou comunista.
Eu não teria tanta vontade de defender os bancos e as multinacionais como ele defende. Quando ele tira imposto dos carros, tira da Volkswagen, da Ford, da Mercedes. Quando defende sistema bancário, defende quem? Os banqueiros.
Eu, Paulo Maluf, industrial, estou à esquerda do Lula. De modo que ele foi uma grata revelação do livre mercado, da livre iniciativa."
PAULO MALUF