quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Toda nudez deve ser apreciada



'302', uma série de televisão que desnuda cabeça, coração, corpo e membros de mulheres reais, pelo olhar de Jorge Bispo

17/09/2014 11h53 - Atualizado em 17/09/2014 13h02

Patricia: "Vou encarar tudo isso como uma pequena grande vitória" (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
“Mulher é um bicho muito engraçado. Ok, a gente gosta de ouvir elogio. Mas, se a gente não se achar bonita, não consegue sentir tesão em nós mesmas. Agora, quando você se acha bonita, por qualquer que seja o motivo, porque a luz de seu banheiro é boa, você sente mais tesão em tudo, você se relaciona com mais vontade”. Essa é a voz de Patrícia ou, quem sabe, a voz de todas nós.
Encostada na parede branca, junto a uma tomada, ela se desnuda aos poucos. Não retira só a roupa por trás do biombo. Ela descasca e expõe, suavemente, camadas e camadas de dúvidas, emoções, inseguranças sobre o próprio corpo e nossos desejos femininos. São devaneios sobre a fragilidade e a verdade de uma nudez que não tem o objetivo de excitar. Só provocar o status quo, os padrões de comportamento e beleza.
Patrícia é uma morena de beleza exótica. Uma das personagens de ‘302’, série de episódios para a TV concebidos por Jorge Bispo, fotógrafo que já fez capas e ensaios sensuais de Playboy, Trip, Vip e outras. Cansou um pouco da fotografia “montada, erotizada, fake” e tentou, nos últimos anos, tornar seu trabalho cada vez mais simples, “tirando excessos e bengalas”. Bispo define assim a série: “Um dia abri a casa para fotografar mulheres reais. A ideia cresceu e o apartamento passou a ser meu e delas, pois cada foto conta uma história. 302”. Para elas, é também um exercício público de autoconhecimento. É a primeira vez para várias, como se deixassem, no chão do apartamento vazio, sua virgindade, com um fio de lágrima que escorre sem pedir permissão à dona.
 
Patricia, os olhos dizem até mais que o corpo. "Olhando essas imagens, penso; sou uma mulher, de verdade" (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
As fotos primeiro geraram um livro. Mas as mulheres nuas e sem retoques, com suas curvas, veias, lábios, celulites, estrias, tatuagens, piercings íntimos, seus seios pequenos e grandes, suas bundas pequenas e grandes, seus pelos raspados ou abundantes, seus olhares maquiados ou lavados, suas gorduras e seus ossos, não deveriam continuar aprisionadas em imagens paradas e mudas. Havia histórias por trás, escondidas por fotos que congelavam um momento de timidez, autoafirmação, constrangimento, vaidade ou disfarce.
Por isso, elas deixaram de ser modelos de um dia ou de uma pose para se tornar protagonistas de pequenos filmes-verdade, onde também aparecem vestidas e em seu cotidiano, dando depoimentos sobre a vida em família, no trabalho e no amor. Neste sábado, à meia-noite, o Canal Brasil começará a apresentar a série. Acompanhei, há uns meses, a produção de um episódio no 302, e também assisti a sete deles já editados.
A chegada ao apartamento segue o mesmo roteiro. Não se sabe quem está mais sem graça: as mulheres ou Bispo. Silêncios ou risos traem o nervosismo. Ele oferece água, suco ou vinho, uísque, tenta não ser invasivo. Pergunta se querem ir ao toalete, antes de tirarem a roupa no biombo. Não busca se fazer de íntimo nem distante. Deixa claro que, ali, ele não orienta nada, que a parede branca é toda delas, que podem posar ou não, sorrir ou chorar, não importa. Precisam apenas ficar perto da tomada, um símbolo do 302. A tomada da energia, do choque, da luz e da escuridão.
Eu ali, como espectadora à margem, no sofá, percebi que algo da mulher passa como corrente elétrica para o Bispo, e o influencia. O suor escorre do rosto do fotógrafo-artista-documentarista. Ele precisa criar uma empatia sem que ela se sinta dirigida. Sua câmera e a de sua equipe perscrutam os detalhes em closes, passeiam pelas reentrâncias e protuberâncias, dissecam superfícies e entranhas, descobrem hesitações e certezas. A mulher também é filmada. Depois da sessão de fotos, é entrevistada pela equipe feminina que assessora Bispo - são diretoras escolhidas pessoalmente por Bispo.
A mulher sabe que será vista na televisão. Entrará na sala de estar de desconhecidos - e dos parentes. É um ato de coragem e ousadia.
Nas mãos de muitas, a tensão (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302)
No máximo, Bispo pede que as muito tensas relaxem. Ou elogia certos movimentos: “Lindo assim”. Uma nunca é igual à outra. É assim no mundo real. “Nem entendi quando ele falou: relaxa as mãos”, disse Patricia depois da sessão de fotos. “Como assim, eu estava ali toda nua, e eu estava tensa nas mãos?”
É curioso como as extremidades das mãos e dos pés denunciam o que se passa por dentro da gente. Se alguém fotografado com roupa não sabe o que fazer com as mãos e frequentemente cruza os braços para se proteger, imagine a mulher nua, em pé, encostada na parede branca, junto à tomada. Muitas saem do biombo com as mãos cruzadas na... x*x*t@ – posso escrever assim? Não é vagina, nem b..... ‘Órgão genital’ é terrivelmente médico, não faz jus.
Aos poucos, elas se soltam, se alongam, umas mais que as outras. Aos poucos, também, falam, falam...e falam. E a maioria se orgulha de ter conseguido estar ali. Em carne viva. Consideram uma vitória, uma conquista, um ato libertador.
Bispo chama essas mulheres de “normais”. Não são. Não somos normais, nenhuma de nós. As personagens do ‘302’ são todas muito especiais. “Normal”, para a sociedade, é hoje, infelizmente, a mulher fotoshopada da capa de revista, dos ensaios que nos transformam em bonecas de cera. Essa mulher “normal”, portanto, não existe, virou um padrão ET. As personagens do 302 são de carne e osso. Às vezes muito mais carne que osso. Opulentas e surpreendentes. Feitas de dor e riso, de lembranças e sonhos.
 
Luciana: "Em cima de uma cadeira, há uma mulher, com sentimentos e cheia de amor para dar" (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
A personagem que mais me enfeitiçou – dos episódios que eu vi – foi a cadeirante, Luciana, que sofre de uma doença degenerativa, distrofia muscular. “Cadeirante”, o termo politicamente correto, nem é mencionado por Luciana, a bela Luciana, de cabelos compridos e seios fartos, com o sorriso talvez mais desconcertante de todos, o piscar de olhos sapeca,  a energia da auto-superação, a história que hipnotiza, os tristes abortos espontâneos. O termo que Luciana usa é “deficiente” mesmo, sem autopiedade.
Inacreditável que algumas se queixem do corpo quase perfeito, enquanto Luciana nos lança um olhar de desafio e diz que se achou linda. “Acho que sou uma gordinha gostosa”. Ela se refere à cadeira de rodas como “apenas um detalhe, uma extensão de meu corpo”. O trabalho de se expor lhe devolveu, segundo Luciana, uma autoestima que andava em baixa. “Eu vim para causar. Em cima da cadeira tem uma mulher, tem uma pessoa com vontade de viver, com sentimentos e cheia de amor para dar”.
 
Luciana: "Gosto de meus seios. Tem dia que me acho torta, vejo a cicatriz, a barriga. Outros dias, não". (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
Luciana: "Acho que posso ser uma gordinha gostosa". Só chora ao lembrar que não conseguiu ser mãe (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
Não sei direito o que esperava do ‘302’. Nu frontal é uma audácia na televisão, sem ser ficção ou pornô. Esperava, portanto, um programa original. Só. Não mais que isso. Mas ‘302’ vai muito além. E, como diz o próprio Bispo, o mérito é delas. Porque mulher é um bicho engraçado que fala muito, em profusão. Muito mais que os homens. E fala de seu universo interior, muitas vezes sem pensar, e com uma naturalidade e articulação que me parece impossível aos homens. Mesmo que comece fechada, acaba por esquecer a câmera e despeja tantos sentimentos e confidências que comove a si própria e a nós, testemunhas de suas histórias particulares.

 
Polly, poderosa: orgulho da negritude e dos cabelos, altos e baixos em relação ao corpo (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302, série de Jorge Bispo)
Polly, muitos quilos acima de seu peso antigo, negra, charmosa, engraçada e profundamente sincera, fala sobre os preconceitos, sobre a necessidade de se impor, se surpreende com a sensação de liberdade ao se colocar pelada, diz que uns dias se acha linda, outros se acha enorme, chora quietamente no fim do depoimento . Diz: “Poxa, eu não queria chorar”. E desaba numa de suas gargalhadas calorosas.
Polly se emociona no fim (Foto: Divulgação - Frame de vídeo 302)
‘302’ é para ver e se emocionar junto com elas.


 
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A corrupção na Petrobras e nas estatais



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Gil Castello Branco

A cada novo escândalo envolvendo as empresas estatais, lembro-me de frase curiosa do diplomata e economista Roberto Campos: “A diferença entre a empresa privada e a empresa pública é que aquela é controlada pelo governo, e esta por ninguém.”

No Brasil, mesmo após tantas discussões sobre as privatizações, ainda existe uma centena de empresas estatais que empregam mais de meio milhão de funcionários e movimentam, anualmente, R$ 1,4 trilhão, montante superior ao PIB da Argentina. Apenas os investimentos do Grupo Petrobras no ano passado somaram R$ 99,2 bilhões, o dobro dos investimentos federais dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

A conjunção de recursos volumosos, ingerência política e pouca transparência fez das estatais a Disneylândia dos políticos. Afinal, parafraseando Milton Nascimento na canção “Nos bailes da vida”, o corrupto vai aonde o dinheiro está. O ex-deputado e hoje condenado Roberto Jefferson, no seu livro “Nervos de aço”, referindo-se aos Correios, confessa: “... é evidente que as nomeações feitas pelo PTB se prendiam, sim, a uma estratégia de captação de recursos eleitorais. Nunca neguei isso.”

Essa lógica parece ser a mesma da camarilha infestada na Petrobras para intermediar negócios entre empreiteiras, prestadoras de serviços e políticos. A cada contrato, 3% para a patota. Se o próprio ex-diretor de operações Paulo Costa se ofereceu para devolver US$ 23 milhões, dá para imaginar o tamanho do rombo. A movimentação financeira irregular já identificada na operação Lava-Jato chega a R$ 10 bilhões, oriundos não só do desvio de dinheiro público, mas também de tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas. A importância faz o mensalão (R$ 141 milhões) parecer roubo de galinha.

De fato, as estatais são figurinhas carimbadas nos escândalos recentes. Com as eleições cada vez mais caras — e muitos ainda se valem dos pleitos para aumentar o próprio patrimônio — os partidos aparelham as empresas indicando “operadores” ou utilizam servidores de carreira filiados para viabilizar ganhos ilícitos em obras, contratos de prestação de serviços, aquisição de equipamentos ou, ainda, nos fundos de pensão. Quanto mais esses delinquentes “arrecadam”, mais são valorizados politicamente.

Como consequência da interferência do governo, a Petrobras e a Eletrobras se apequenaram como “autarquias” vinculadas ao Ministério da Fazenda, reféns da política econômica. Na Petrobras, a contenção dos preços dos combustíveis, para empurrar a inflação com a barriga até depois das eleições, afetou o caixa e a rentabilidade da empresa. Na Eletrobras, as ações viraram “mico” após o subsídio ao uso das usinas térmicas e a redução das tarifas de energia. Em 2013, segundo cálculos do economista José Roberto Afonso, as duas estatais tiveram déficit primário de 0,71% do Produto Interno Bruto (0,09% para a Eletrobras e 0,62% para a Petrobras). Em conjunto, investiram 2,2% do PIB, mas tomaram 1,58% do mesmo em operações de crédito. Se fossem empresas privadas, quebrariam.

As estatais fogem da transparência como o diabo da cruz. Incluídas na Lei de Acesso à Informação (lei 12.527), pressionaram o governo e foram praticamente excluídas da obrigatoriedade de prestarem informações à sociedade pelo decreto 7.724. Algumas situações beiram o ridículo. No primeiro dia da vigência da lei, a Associação Contas Abertas solicitou à Petrobras o Programa de Dispêndios Globais (PDG), conjunto de informações relacionado às receitas, dispêndios e necessidades de financiamento. A empresa negou sob a alegação de que “a informação não podia ser fornecida por comprometer a competitividade, a governança corporativa e/ou os interesses dos acionistas minoritários”. O próprio governo federal enviou-nos os dados.

Na verdade, o que hoje compromete a governança das estatais é, justamente, a falta de transparência. Os investimentos das estatais em julho, por exemplo, só serão conhecidos no fim de setembro. Sequer existe um portal com informações atualizadas e detalhadas sobre esse segmento. Na Petrobras, os mistérios são tantos que a Diretoria e o Conselho de Administração sequer desconfiavam do que Dilma e Lula costumam chamar de “malfeito”, expressão que minha avó usava quando fazia um bolo e ele solava. No bom português, o que aconteceu na Petrobras envolve peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Voltando à frase de Roberto Campos, já é tempo de as empresas públicas serem controladas pela sociedade.


Gil Castello Branco é economista e fundador da organização não governamental Associação Contas Abertas -gil@contasabertas.org.br

Joaquim Barbosa não indica preferência por candidato e ataca reeleição que corrompe o sistema



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Petralhas e marineiros de primeira viagem respiraram, aliviados, ontem, não só por causa da divulgação de mais uma pesquisa eleitoral que os mantém na briga pela dianteira. O alívio foi com o sepultamento de um boato, que vinha se fortalecendo desde domingo, sobre um bombástico anúncio de que Joaquim Barbosa seria ministro da Justiça se Aécio Neves conseguisse se eleger. O próprio Barbosa preferiu não indicar, em entrevista dada ontem, qual o seu preferido na disputa ao Palácio do Planalto, “para não interferir no processo político”.

Sem o risco da popularidade de Barbosa interferir em favor de Aécio na disputa, a pergunta feita ontem nos bastidores políticos era se o depoimento do delator premiado Paulo Roberto Costa, na CPMI da Petrobras, seria capaz de afetar os rumos da eleição até agora polarizada entre as gêmeas Dilma Rousseff e Marina Silva. Só se Paulo Costa abrir o verbo no Congresso o mundinho petralha pode vir abaixo...

Provavelmente, Paulo Roberto Costa falará o mínimo possível ou nem vai se pronunciar na CPI, com a costumeira alegação de que se reserva o direito de apenas falar em juízo. Assim, embora os escândalos na Petrobras comecem a colar, popularmente, em Dilma, não é deste mato enlameado pela corrupção sistêmica que sairá o cão raivoso que poderia mexer com as tendências eleitoreiras.

Descartando novamente que pretenda ser candidato a Presidente da República, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que ficou popular pelo empenho na condenação dos réus do Mensalão, soltou o verbo contra a reeleição para cargos executivos: “A mãe de todas essas desgraças, dessa corrupção, que leva o Presidente da República a ter que negociar no varejo com gente que ele jamais frequentaria, é essa necessidade que ele tem. Desde o primeiro dia ele não pensa em outra coisa, a não ser em reeleição. A reeleição corrompe o sistema. Em regra, não há qualquer ilícito nessa conduta. Mas o desejo de se perpetuar no poder pode favorecer desvios, o que é pior. Em países ainda em fase de consolidação institucional, ou que tenham instituições débeis, a reeleição funciona como carro-chefe, como a mãe de todas as corrupções, de toda espécie. Ela condiciona tudo. De projetos essenciais à coletividade, à pautas diárias de governo”.

Barbosa aproveitou uma palestra no Congresso de Shoppings Centers, realizado em São Paulo, para fazer um discurso melhor que muitos candidatos à Presidência, ressalvando que “há toda uma miríade de reformas à espera de uma liderança lúcida e capaz de implementá-las”. Barbosa listou as principais: “Precisamos nos livrar de certos resquícios de autoritarismo, da cultura do privilégio, do jeitinho, da improvisação, do nepotismo, do patrimonialismo, das sequelas da escravidão, dos vícios cartorários herdados da colonização. Precisamos de uma Justiça mais expedita, simples, eficaz, moderna, menos pomposa e cheia de si. Precisamos de regras claras, objetivas e aplicáveis a todos”.

Discurso de candidato mais amarrado que este...

Opinião pode...

A Presidenta Dilma Rousseff ficou PT da vida com a censura imposta pela Procuradoria Geral Eleitoral contra a propaganda petista que bate na ex-petista Marina Silva.

Dilma invocou o direito à livre opinião para questionar o ato da Justiça Eleitoral:

“Pode ser que as pessoas não gostem do que falamos, agora é uma opinião, e crime de opinião no Brasil é algo ultrapassado. Eu fui para a cadeia por crime de opinião, tá? E sei perfeitamente que na democracia a opinião é algo que tem que ser acolhido”.

Carta Aberta ao Corregedor da Polícia Federal


O engenheiro João Vinhosa envia uma segunda carta aberta ao corregedor-geral da Polícia Federal, Cláudio Gomes, solicitando que todas as suas denúncias sobre o caso Gemini, feitas com provas documentais, sejam transformadas em um inquérito – e não acabem em algum arquivo morto da burocracia federal.

Já que a Presidenta Dilma defende (como no debate de ontem na CNBB) que “a Polícia federal é um integrante do governo”, bem que a PF poderia fazer andar o processo pedido pelo Vinhosa...

Leia, abaixo, o artigo: Dilma, a Polícia Federal e a Petrobras

Pérola de campanha

Acuada por Aécio Neves sobre o tema corrupção na Petrobras, no debate com os bispos católicos, Dilma soltou mais uma de suas pérolas de demagogia e imprecisão de conceito de gestão governamental:

“Ao longo da minha vida tive sempre tolerância zero com corrupção. No caso da Petrobras, quero lembrar ao candidato Aécio que quem investigou e descobriu todos os crimes de corrupção foi um integrante do governo, a Polícia Federal”.

A Polícia Federal faz parte da estrutura do Estado brasileiro e, a não ser que tenha ingressado por concurso público ou tenha sido nomeada para um cargo da confiança, tornando-se uma pessoa física, a PF não é um integrante do governo que descobre as coisas...

Bens bloqueados

O juiz Flávio Roberto da Costa, titular da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal, acatou o pedido de arresto dos bens de Eike Batista e familiares, no valor de até R$ 1,5 bilhão, a pedido dos procuradores Orlando da Cunha e Rodrigo Poerson Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

Se nas mais de 14 contas correntes em nome do empresário no país houver mais de R$ 1,5 bilhão, o excedente será liberado.

Caso não chegue a esse valor, o juiz vai avaliar a necessidade de solicitar o bloqueio de bens móveis e imóveis, podendo incluir aqueles em nome de familiares.

Tudo pode cair

A defesa de Eike defende que a atribuição de processá-lo é da Justiça comum, e não da Justiça Federal.

O advogado Sérgio Bermudes tentará usar esta tese para invalidar a denúncia do MPF e impedir o bloqueio de bens do ilustre bilionário.

Eike também foi denunciado por insider trading (informação privilegiada), para obtenção de vantagens ilícitas no mercado financeiro, pela procuradora Karen Louise Jeanette Kahn, do MPF em São Paulo.

Cuba Libre


Eis o título do novo documentário do consagrado Evaldo Mocarzel, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 18 de setembro.

O filme retrata o retorno da atriz transexual cubana Phedra de Córdoba (do grupo teatral Satyros) a Havana depois de 53 anos sem pisar no seu país.

Além de colocar em discussão a luta pelos direitos dos homossexuais num ambiente extremamente machista como a ilha governada durante décadas por Fidel Castro, hoje comandada por seu irmão Raúl, o documentário mostra a decadência da ilha, que “parece estar sentada sobre um barril de pólvora”, como comenta em entrevista ao filme o dramaturgo Reinaldo Montero, autor da peça Liz, que foi encenada pelos Satyros, em Havana.

Lembra quem?

Antes de entrar em cena, Phedra de Córdoba sempre se pergunta:

“Será que eu sou essa imagem no espelho ou será que essa imagem é o meu verdadeiro eu?”.

Phedra criou uma personagem para si mesma e moldou-a em carne e osso, com o próprio corpo.

Culpa da Globo

O ator Paulo Betti, petista histórico, justificou por que não esteve no encontro de artistas em favor de Dilma, no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro:

“Para o conhecimento de vocês, os atores contratados da TV Globo, que estão no ar, não têm permissão para participar de eventos de campanha. Existe um manual que regulamenta isso. Senão, eu estaria no evento do Teatro Casa Grande em apoio a Dilma”

Já pensou como esta notinha ficaria interpretada pelo malvado jornalista Téo – que o ator interpreta na novela Império, da Rede Globo?

Corrida confirmada

Para alegria da Rede Globo, São Paulo garantiu a etapa brasileira de F-1 para 2015.

A FIA confirmou a permanência de Interlagos no Circuito Mundial da categoria após o diretor de provas da instituição, Charlie Whiting, visitar o autódromo Jose Carlos Pace na semana passada para analisar o andamento das obras que tiveram início no dia 15 de julho deste ano.

A realização do evento estava sob ameaça caso o autódromo não incorporasse as obras de R$ 160,8 milhões exigidas pela entidade.

Pedido da amante

Piada que foi contada em uma rodinha de campanha petista e não agradou muito – não se sabe o motivo:

Leonel está no motel com a amante, curtindo o pós-coito, quando ela resolve interromper o silêncio:

- Leo, por que você não corta essa barba?

- Ah... Se dependesse só de mi... Você sabe que minha mulher seria capaz de me matar se eu aparecesse sem barba... Ela me ama assim!

- Ora, querido - insiste a amante - Faça isso por mim, por favor...

- Não sei não, querida... Sabe, minha mulher me ama muito, não tenho coragem de decepcioná-la...

- Mas você sabe que eu também te amo muito... Pense no caso, por favor...

O sujeito continua dizendo que não dá, até que não resiste às súplicas da amante e resolve atender ao pedido.

Depois do trabalho ele passa no barbeiro, em seguida vai a um jantar de negócios e, quando chega a casa, a esposa já está dormindo.

Assim que ele se deita, sente a mão da esposa afagando o seu rosto lisinho e com a sua voz sonolenta diz:

- Paulão!... Seu louco, você ainda está aqui? Vai embora... O barbudinho já está pra chegar!

Ser ou não ser




© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 17 de Setembro de 2014.

CARTA DO CORONEL GOBBO


José Gobbo Ferreira

José Gobbo Ferreira
José Gobbo Ferreira

16/09/2014

Caríssimos Companheiros de lutas patrióticas:

            Peço desculpas a todos pela extensão deste trabalho, mas solicito  paciência para tomar conhecimento dele. O momento eleitoral é bastante complexo.

            O PT mergulhou nosso País em um período de trevas que já dura 13 anos. Não há aspecto da vida de uma nação que ele não tenha corrompido, dilapidado, desmoralizado e levado ao mais baixo nível de toda a história republicana. A corrupção, a incompetência, o patrimonialismo chegaram a níveis tais que bem se pode dizer que o PT é o crime organizado no poder. Agora, com a benção do Sr. Lula, o Sr. Stédile, líder do braço armado do partido, o MST,  declara que desestabilizará o país, se Marina Silva for eleita, como já o dissera antes sobre Aécio Campos. Essa é a democracia que eles praticam. Não podemos tolerar isso! Isso é a ditadura do terror!

Nas eleições que se aproximam só temos duas alternativas para derrotar esses marginais e destruir o Reich petista: Aécio Neves e Marina Silva.

Aécio fez um ótimo governo em Minas Gerais e foi reeleito no primeiro turno. Nada há que o desabone em sua vida política. Tem grande e exitosa experiência administrativa e dispõe de uma equipe competente. Restabeleceria as políticas econômicas do Plano Real, as únicas capazes de retirar o país da recessão em que a “nova matriz econômica” do PT o lançou. Tem condições de amealhar o apoio parlamentar que lhe permita governar. Se propõe a fazer uma política externa isenta de ideologia e voltada para os reais interesses do País. Satisfaz  todos os dez itens de nossa lista de condições para apoio à sua candidatura, conforme assegurado por pessoa de sua confiança.

É a opção lógica e ideal, nossa e de todos os brasileiros que querem exorcizar o PT de uma vez por todas. Infelizmente, não fez de sua passagem pelo senado um trampolim para a candidatura à presidência e hoje é muito menos conhecido na maior parte do País do que suas adversárias. Isso o vem colocando em situação desfavorável nas pesquisas de intenções de votos.

Quanto a Marina Silva, suas origens, o PT e, antes, o Partido Comunista Revolucionário não são um bom cartão de visitas. Mas nos parece possível que o fato de tê-los abandonado possa ser considerado uma inflexão em suas posições políticas, que seja possível esperar que a Marina de hoje não seja a mesma de anos atrás e que as responsabilidades do cargo a façam reavaliar certas posições.

Pesam bastante contra ela suas posições consideradas ambientalistas radicais, inclusive seus movimentos em favor de demarcações de terras indígenas, já com absurdo número de indivíduos em relação à área reservada para eles. Será que sabe o que os índios contemplados com a Raposa Serra do Sol fizeram com os arrozais, por anos e anos cultivados com o suor de brasileiros honestos e trabalhadores?

O ambientalismo (aí incluída a questão das usinas hidrelétricas) e as políticas indigenistas são pontas de lança de movimentos estrangeiros que visam inviabilizar um progresso acelerado de países como o nosso e reservar recursos naturais para seu desfrute no futuro, em um ambiente de governança global. Marina é acusada de, conscientemente ou não, ser instrumento desses grupos.

Pretende investir em geração de energias alternativas. Sabe ela que só o fazem os países que não dispõem de rios aproveitáveis? Prega o emprego de usinas hidrelétricas a fio d´água. Será que entende que isso castra esses rios e que uma quantidade enorme de energia firme está sendo jogada fora para sempre? Quando se conscientizará que daqui a alguns anos a água doce será um dos maiores tesouros de um país? E que os reservatórios desempenham inúmeros papéis na economia e no meio ambiente, além da geração de energia propriamente dita? E que energias já propriamente chamadas de “alternativas” não satisfarão a enorme necessidade de evitar apagões no curto prazo e sustentar um crescimento decente mais além?

Demonstra aversão ao agronegócio. Mas como lidará com o fato que é ele que vem sustentando o País? Fala em tornar mais rígidos os chamados índices de produtividade, para subtrair mais terra dos “latifúndios” e dedica-las à reforma agrária. Será que ela sabe o que aconteceu  à Fazenda Itamaraty do Sr. Olacyr de Morais, o mais exitoso empreendimento agrícola do país, por anos o maior produtor de soja do mundo, e hoje transformada em terra arrasada pela reforma agrária do MST?

ENTRETANTO:

O programa de governo de Marina (http://marinasilva.org.br/programa/), lido com atenção, ainda que vago em alguns pontos, é decididamente democrático e desmonta muitas das imagens estereotipadas que seus oponentes lançam sobre ela. Sete dos dez itens (1, 3, 4, 5, 7, 8 e 9) de nossa lista de princípios a serem respeitados pelos candidatos estão plenamente contemplados pelo programa, muito particularmente no que tange à política externa livre de ideologias e à volta da economia aos três pilares que consagraram o Plano Real. O programa é contra o decreto 8.243. Em suma: A Marina, tal como descrita em seu Programa de Governo, não é bolivariana nem socialista revolucionária.

Os principais argumentos de seus adversários contra ela não se sustentam. No caso do pré-sal, ela nunca disse que não o exploraria, mas manifestou uma preocupação, que aliás é minha também, com a duração do projeto, seus riscos e seus custos para a Petrobras, exaurida pelo PT e hoje a empresa mais endividada do mundo.

A posição do Banco Central na organização do Estado é uma decisão de governo e, pelo mundo afora, existem países com banco central independente, dependente e até mesmo inexistente. O Banco Central no período Lula era completamente independente do governo e presidido por um banqueiro internacional: Henrique Meirelles.

Contrariamente ao que tenta nos fazer crer o PT, por meio de seus arautos da imprensa, a eleição de Marina desmonta, sim, a máquina petista. Serão quatro ou cinco anos fora do poder e longe do cofre. Isso será fatal para um partido que só sabe viver pela mentira, pela corrupção e pelo saque desavergonhado dos recursos da Nação. A ameaça que lhe fez o MST não só mostra que não existe a propalada ligação entre ela e aquele movimento terrorista como demonstra o desespero que já grassa nas hostes petistas com a simples perspectiva de perda das eleições.

Nas pesquisas de intenções de votos, Marina está à frente do Aécio. Mudar isso está fora de nosso alcance.

O princípio pétreo de nosso Movimento é expulsar o PT do governo, e usar o tempo de um mandato a fim de criar condições para que ele não volte nunca mais. A dinâmica das campanhas impossibilitou um contato pessoal com Aécio ou com Marina, mas a análise acima permite supor que ambos respeitarão os princípios que consideramos fundamentais para a democracia e para o progresso de nossa Pátria.

CONCLUSÃO:

A metodologia das pesquisas de intenção de votos faz com que elas não sejam 100% confiáveis (principalmente o IBOPE). Ainda que elas digam que Aécio tenha poucas chances de ir ao segundo turno, ele é nosso candidato absoluto no primeiro. Qualquer que seja o adversário de Dilma no segundo turno deverá ter nosso voto e nossa militância. Se for a Marina, embora não seja a escolha preferida, não é tão deletéria quanto querem fazer parecer seu passado e seus adversários.

Aproveitemos também para não votar e convencer o maior número de eleitores possível a não votarem em candidatos do PT, do PMDB, do PP e de outros partidos de esquerda, a fim de diminuir sua influência oportunista e mercenária no congresso.

Hoje, com mais e mais escândalos vindos à luz, percebemos que não convém que nossa luta se encerre com as eleições: é necessário fortalecer nosso Movimento, e torna-lo uma instituição poderosa (uma ONG conservadora?), capaz de perseverar e exercer a vigilância necessária e suficiente sobre os novos tempos para assegurar que jamais nosso País vivenciará de novo dias tão negros como aqueles que o PT nos proporcionou. Sem dúvida, o preço da liberdade continua sendo a eterna vigilância.

Por isso, estamos enviando este e-mail para todos nossos membros e para muitos outros cidadãos patriotas, convidando-os a que se juntem a nós nessa cruzada de homens (e mulheres) livres, sem chefes e sem subordinados, inscrevendo-se em nosso site www.monte-castelo.org *.

Por favor, continuem a difundir nosso Movimento. Precisamos alcançar um efetivo que nos torne um protagonista capaz de assegurar a defesa de nossos valores.

Recebam meu abraço fraterno.

 Cel José Gobbo Ferreira

Coordenador do Movimento Nacional de Ação Democrática

  *: As páginas do Movimento Nacional de Ação Democrática estão hospedadas no endereço http://www.monte-castelo.org

O amor é interesseiro


Estou aqui, com mais de 60, há alguns anos sozinho e me considero, enfim, na roda. E daí?

WALCYR CARRASCO
16/09/2014 07h00 - Atualizado em 16/09/2014 08h55


Amar é difícil. Principalmente, porque a gente costuma se apaixonar por alguém que não existe e coloca todas as expectativas na primeira pessoa que aparece pela frente. Bastam alguns miados e pronto – já se fala em amor, em compromisso e relação. Você e eu somos românticos, apesar de todos os ossos que tivemos de roer na vida. Acreditamos naquele amor puro, translúcido como um cristal. Ah, meu Deus, será que algum dia existiu? Só se for na imaginação dos escritores românticos. Mesmo um grande autor de livros românticos como Machado de Assis a certa altura mudou de gênero. Tornou-se realista e criou uma suspeita Capitu, que ninguém nunca saberá ao certo se traiu – nem mesmo seu sofrido marido, Bentinho. O que terá feito Machado de Assis tornar-se realista? Talvez tenha descoberto que o amor não é um sentimento único como um vaso de alabastro, mas um conjunto de sensações e, sim, interesses.

Estou aqui, com mais de 60, há alguns anos sozinho e me considero, enfim, na roda. Sempre ouço perguntas, se tento um novo relacionamento.

– O interesse não é porque você é autor de televisão?

– Tem certeza de que não é pela grana?

– Será que gostam de você por você mesmo?

Aí me faço a pergunta: quem sou eu mesmo? Que identidade é essa, única, inexplicável, que define uma pessoa? A alma? Mas alguém está habilitado a decifrar minha alma? Sinceramente, nem eu! Meu corpo? Uau! Depois dos 60, é preciso ser sincero consigo mesmo. Não ganharei mais o título de Mr. Brasil, não serei campeão de natação, muito menos terei barriguinha de tanque. Posso fazer um esforço para não me tornar um barril, mas é isso aí. “Eu mesmo” é uma entidade que não existe de modo absoluto. E se fosse mendigo e pedisse esmola nas ruas? Seria “eu mesmo”? Em tese, continuaria a mesma pessoa. Mas meus sentimentos, raivas, aparência física seriam bem diferentes. Talvez me apaixonasse por alguém que me oferecesse um prato de macarrão. Perdidamente! Sim, poderia continuar a ser um sujeito sensível. Mas alguém descobriria, se eu catasse lata pela rua? E se tivesse seguido uma de minhas outras vocações e fosse pesquisador de biologia, área que amo? Ou historiador (cheguei a cursar até o 3o ano da faculdade de história da USP)? Meus papos seriam outros, minhas companhias também, talvez até meus dentes. As possíveis vidas que poderia ter tido (um acidente, uma deficiência também contam) me levariam a diferenças na forma de ser. Talvez nem sorrisse – mas grunhisse diante de uma existência malévola. Não seria esse “eu mesmo” que sou agora. Recentemente, um ator famoso, com mais de 80, casado com uma moça na casa dos 20, rebateu as críticas:

– Ela cuida de mim agora. Quando me for, cuidarei dela.

Sim, ela pode ter interesse na herança. E daí, se proporciona uma vida agradável a seu velhinho? Conheci uma mulher de família rica que, depois de dois maridos, casou-se com o personal trainer. Um cara ótimo. Ajuda com os filhos dela, nos cuidados da casa, tudo. Aceita alegremente os luxos que ela proporciona. Ouvi muitas críticas ao rapaz. Mas quem é o interesseiro? Ele no dinheiro dela? Ou ela em seu corpo jovem, musculoso e na dedicação? Para mim, é apenas uma troca justa. A gente costuma ser dramático e achar que, um dia, ela aparecerá estrangulada, enquanto ele foge com as joias. Na maioria dos casos, não é o que acontece. Eles vivem a relação, sentem-se felizes, e acham que isso é amor.
Fui criado para acreditar no sentimento avassalador, do príncipe que dança com Cinderela e se apaixona perdidamente. Bem, vamos combinar, Cinderela era interesseira. Nem conhecia o rapaz, mas, já que era príncipe e tinha castelo, casou. O príncipe provavelmente era podólatra, pois saiu de sapatinho na mão, em busca do pezinho da moça. Não importavam o rosto, os cabelos cheios de cinzas e gravetos, nada. Só o pezinho. Não diz a lenda que foram felizes para sempre?

Meses atrás, um amigo diretor, já bem maduro, saía com uma moça lindíssima, cobiçada pelo país todo. Perguntei:

– Mas ela gosta de você?

Ele respondeu, sábio:

– Sabe, sou um pacote. Do pacote, ela gosta sim.

Nunca ouvi maior verdade. Sou um pacote, você provavelmente também é. É esse o grande segredo do amor. Não é uma coisa única, quase uma entidade que nos possui. Mas um belo pacote, bom de desembrulhar.