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terça-feira, 7 de abril de 2015
Balanço da Petrobras deve ignorar a corrupção
Os impressionantes R$ 88 bilhões perdidos por conta da corrupção não constarão do resultado anual da empresa que será apresentado ao mercado.
Reportagem de Ricardo Grinbaum no Estadao.com informa que o já bastante atrasado balanço da Petrobras deve ignorar as perdas com a corrupção reveladas até aqui pela Lava Jato. Leiam um trecho da reportagem:
O novo cálculo não levará em conta os prejuízos causados pela corrupção revelada pela Operação Lava Jato. E deverá levar a uma baixa contábil – redução do valor dos ativos da empresa – bem menor do que a conta anterior, feita em janeiro pela consultoria Delloite e pelo banco BNP. Pelos cálculos da Delloite, os ativos da Petrobrás estavam inflados em R$ 88,6 bilhões
O balanço da empresa precisa ser apresentado até o final de abril, sob o risco da empresa ter sua nota de investimento rebaixada severamente.
COLUNA DO CLAUDIO HUMBERTO
A economia está em frangalhos, o governo aplica calote até em programas sociais, mas a presidente Dilma contratou por R$49 milhões a empresa “Shows Serviços de Festa”, com o objetivo de tornar mais festivos os seus eventos. O caso guarda certa semelhança com o Baile da Ilha Fiscal, em 1889, quando a realeza se divertia na mais luxuosa festa da história do Império às vésperas da Proclamação da República.
Um mês após a “Lista de Janot” de citados na Lava Jato, Dilma pediu “mais informações” de órgãos de inteligência sobre o ex-deputado Henrique Alves, como se custasse a acreditar que ele não foi incluído. Até por detestá-lo, Dilma dizia que só o nomearia após ver a lista, o que ocorreu há um mês, em 6 de março. A boa notícia para ele é que Dilma ainda cogita nomeá-lo, cedendo à pressão de Eduardo Cunha.
Se o governo for tão eficiente para “recuperar a Petrobras” como o foi para deixar que a surrupiassem, vai sobrar alguma coisa da empresa?
TCU VOTA NA PRÓXIMA SEMANA ‘PEDALAS FISCAIS’ DO GOVERNO
FÁBRICA DE SUPERÁVIT
GOVERNO ATRASAVA REPASSE DE BENEFÍCIO PARA CRIAR FALSO SUPERÁVIT
Publicado: 07 de abril de 2015 às 13:22 - Atualizado às 13:44
ESQUEMA ATRASAVA REPASSES PARA BANCOS QUE PAGAM BENEFÍCIOS, COMO CAIXA E BB, CRIANDO UM SUPERÁVIT TEMPORÁRIO. FOTO: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro José Múcio Monteiro levará ao plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) na quarta-feira (14) da próxima semana o processo que apura “pedaladas fiscais” do governo da presidente Dilma Rousseff, que se arrasta na Corte há pelo menos sete meses.
Múcio aguardava parecer do Ministério Público, encaminhado ao ministro na noite de segunda-feira (6). Nos próximos dois dias, ele se debruçará sobre o processo.
A malandragem do governo, considerada crime, consiste em atrasar benefícios sociais para simular “equilíbrio” nas contas públicas.
Além de atrasar de propósito o pagamento de aposentadorias, por exemplo, a “pedalada fiscal” do governo retardou até o Bolsa Família, conforme antecipamos.
O atraso no repasse dos benefícios sociais foi um artifício criado por tecnocratas, sob aval do Planalto, para “fabricar superávit”.
No relatório encaminhado ao ministro, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira endossa o parecer de auditores e técnicos do Tribunal, que investigaram as contas do Tesouro Nacional, Banco Central, Caixa, Banco do Brasil e INSS no fim do ano passado.
A conclusão é que, de fato, o Tesouro atrasou repasses de dinheiro aos bancos, principalmente à Caixa. A decisão final depende de aprovação do plenário, mas a tendência é que Múcio siga a orientação do Ministério Público.
Urgente! "População de Santos em pânico" Fumaça de incêndio pode causar falta de ar, doenças respiratórias e até levar à morte
Postado por Josiel Dias
Moradores temem ficar com sequelas, principalmente nos locais mais próximos da explosão
As mazelas de uma explosão de grandes proporções, como a que o correu em tanques de combustíveis da empresa Ultracargo, no bairro de Alemoa, em Santos, na última quinta (2), têm grandes chances de afetar a saúde da população local e causar óbvios danos ambientais.
Vão, portanto, além da luta dos bombeiros para apagar as chamas que mancham a paisagem com uma fumaça densa e tóxica.
Até quem não tem problemas com doenças respiratórias pode ser afetado por tosses e irritações na garganta, devido à inalação da fuligem e da fumaça, nesta combustão que já dura seis dias, conforme afirmou ao R7 o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do Hospital Oswaldo Cruz.
Segundo ele, a proximidade dos moradores em relação ao núcleo da explosão é determinante para avaliar o grau e o risco de intoxicação de cada um. No caso dos vizinhos da empresa, alguns estão em um raio de 400 m, distância que exige cautela da Defesa Civil.
— Há dois riscos em casos assim. O de inalação de gases voláteis e o de partículas. Essas substâncias são capazes de causar um dano às vias aéreas, inclusive pela alta temperatura, e ainda provocar inalação de substâncias que podem causar bronquite, sinusite, rinite, laringite, vermelhidão nos olhos, no nariz e falta de ar.
Ele ressalta que é importante fazer uma medição precisa das partículas e dos gases poluentes no entorno da explosão, para se ter uma ideia exata das mazelas e dos riscos decorrentes da explosão.
— Neste momento é fundamental que as autoridades tomem medidas para garantir a segurança e a saúde da população da região.
Assustados com o cheiro forte provocado pela mortandade de peixes dos rios da região e com o ar carregado de uma névoa escura, muitos moradores deixaram suas casas.
— Quanto mais perto do local da explosão, maiores são os riscos. Dependendo da distância, há risco até de morte. Não sei se as pessoas que estão lá correm este risco, não sei a distância exata. Mas se alguém estiver sentindo o olho ardendo ou a garganta irritada, deve procurar atendimento médico e avisar às autoridades.
Em relação à inalação de partículas, estas podem ser, por exemplo, de enxofre. Trata-se, segundo o médico, da famosa fuligem, que acaba encobrindo carros e casas com sua coloração escura. Ela pode entupir vias aéreas, provocando falta de ar e outros sintomas.
Já as substâncias em estado gasoso, podem ser, por exemplo, o monóxido de carbono e o metano. A inalação do monóxido prejudica a oxigenação do sangue, afetando o cérebro e o coração, podendo até levar ao estado de coma ou a uma parada cardíaca. Já a ingestão de metano é bastante nociva, influenciando no sistema nervoso central.
Crianças e idosos também são os mais vulneráveis a este tipo de poluição. Para o pneumologista Oliver Nascimento, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a queima destes combustíveis fósseis (etanol, gasolina e diesel), incorporados à atmosfera de uma forma abrupta gera prejuízos à saúde das pessoas no entorno, principalmente as de organismo mais frágil.
— A consequência respiratória do aumento do poluente é significativa. Crianças e idosos são afetados, assim como aqueles que já têm problemas respiratórios crônicos, como asma e bronquite, que formam a população mais vulnerável.
Além da asma e da bronquite que, como a rinite e outras doenças têm uma causa alérgica, os que sofrem de enfisema pulmonar também são altamente prejudicados com estes poluentes, segundo Nascimento.
Trata-se de um incômodo respiratório crônico, cuja evolução é gradativa, em geral, causado pelo fumo. O médico também não descarta o risco de morte em casos mais graves.
— Uma exposição a um ar poluído pode causar (a morte). Nestas situações, são casos mais graves, com alta sensibilidade a mudanças climáticas, que podem desencadear crises agudas, levando à morte. Mas não se trata de algo tão comum. O mais comum são problemas respiratórios.
O início do incêndio ocorreu em um tanque de etanol e se espalhou para outras unidades de armazenamento de combustível, na região do Porto de Santos, atingindo no pico um total de seis tanques, que continham entre 5 milhões e 10 milhões de litros de gasolina, etanol e diesel.
A temperatura chegou a 800 ºC, enquanto as chamas subiam a até 50 metros de altura, demandando o trabalho de 118 bombeiros, 140 funcionários da empresa, 27 veículos de combate a incêndio, com a utilização de 40 mil litros de água por segundo, lançados para resfriar os tanques. Até esta segunda-feira (6), dois deles continuavam em chamas.
informações r7
A notória influência de José Dirceu - O ANTAGONISTA
Brasil 13:40
O juiz Sergio Moro sabe que José Dirceu mente.
Ele defendeu a quebra de sigilo do mensaleiro da seguinte maneira:
"Diante da notória influência de José Dirceu de Oliveira e Silva no Partido dos Trabalhadores e da prévia verificação de que as empreiteiras teriam se valido de consultorias fictícias para pagamento de propinas, razoáveis as razões para a decretação da quebra de sigilo bancário e fiscal diante dos lançamentos de pagamentos identificados".
Mas não foi só isso:
"Alguns contratos [de Dirceu] apresentam inconsistências que necessitam ser esclarecidas com o aprofundamento das investigações, sendo imprescindíveis as quebras de sigilo fiscal e bancário".
Um exemplo citado por Sergio Moro:
"Há prova de pagamentos da Engevix para a JD já em 2008, muito embora o contrato apresentado pela JD para justificar os pagamentos seja de 2010".
Consultorias fictícias para pagamento de propinas
O homem-bomba do Ocidente - Arnaldo Jabor
“Ah, foi isso, foi aquilo, foi míssil, foi falha humana!” – mas o intempestivo não é previsível, a loucura não se explica. Como explicar a mente de um homem-bomba? O piloto foi um homem-bomba do Ocidente… Não o fez por ódio por religião, nada. Fez porque queria fazer o inominável, queria conhecer o limite, o segundo antes da morte, como o Muhammed Atta, intelectual ateu que comandou o suicídio do 11 de Setembro. Dizem que o melancólico se suicida fantasiando que renasce depois. Ele queria também se vingar dos que não sentiam sua dor. Ou não...
Temos a crença na razão; mas a razão é uma fímbria de nossa loucura. E quando explode o avião, como arranjar o culpado que nos absolva? Nesse caso, ao menos, temos alguém para amaldiçoar: o maluco do piloto. A catástrofe serve para revitalizar o inútil, a importância do nada, da ausência de urgências, uma saudável tristeza vil. Lembro quando aquela plataforma da Petrobras afundou suavemente, sentimos uma sensação de realidade. Sempre que há uma catástrofe nacional, irrompe uma estranha euforia de cabeça para baixo. É como se a opinião pública dissesse: “Eu não avisei?”
De resto, hoje não temos mais o desastre com culpados visíveis. Quem explodiu o shopping center de Osasco, “remember”? Foram os construtores daquela zorra, os engarrafadores de gás ou os ratos que roeram os tubos de borracha? Ninguém. As catástrofes de hoje são defeitos de funcionamento. Assim como as máquinas de lavar quebram, assim caem os aviões. Assim morremos.
Terrível é a catástrofe sem vilões. É a catástrofe da ausência do Mal. O Mal é um mau cheiro difícil de localizar. Onde está o Mal? Ainda temos reservas, no terrorismo islâmico, nos radicais árabes e judeus, nos degoladores argelinos. Mas até o assassino suicida acha que está combatendo o Mal! Estamos na sociedade do erro inextrincável.
Cada vez que há uma catástrofe é terrível, temos uma brusca sensação de vida, da realidade.
Existem também as tragédias que ficam paradas, invisíveis como areias movediças. São as tragédias sutis, prontas para disparar: controladores de voo malpagos, mecânicos que moram em favelas, a má qualidade dos aviões que pegam passageiros como ônibus, a necessidade de otimizar lucros, terceirização da manutenção e encrencas técnicas que não sabemos resolver, gatilhos brasileiros, jeitinhos, quebra-galhos misteriosos (quantos haverá?), pilotos angustiados, comandantes em crise conjugal, aeromoças feias e tristes, banquinhos apertados, o tédio dos serviços, os desestímulos dos baixos salários, tudo se soma até o sintoma sinistro dos lanchinhos tristes e dos croquetes frias na caixinha plástica.
Dentro do avião (só entro de pé direito), nos sentimos perto do mistério. As aeromoças têm um halo lívido em suas cabeças. Como Nelson Rodrigues, tenho vontade de perguntar:
“Vocês morrem quando?” Estaremos marcando nosso fim no balcão da companhia? Por isso, quando ele cai (e não estamos dentro), temos um alívio e um horror infinito – como terá sido a hora da morte? Jamais saberemos.
Enquanto isso, está ali a tragédia invisível, parada, está ali o tempo todo, debaixo do nosso nariz, pronta para fazer sua aparição. Já olharam Congonhas? É bordado de edifícios de 15 andares bem do lado da pista. Outro dia vi uma garotinha fazendo bolhas de sabão numa varanda, e eu me senti uma daquelas bolhas prestes a estourar. Já o aeroporto Santos Dumont tem pista curta. O Boeing desce freando; antes de encostar no chão, já canta os pneus. Sempre tenho as duas fantasias horrendas: ou explodir numa sala de jantar de Jabaquara, ou ver badejos e tainhas pulando na minha janela ao pousar no Rio.
Mas ninguém liga para essas tragédias invisíveis, máquinas silenciosas. Ninguém liga para a tragédia sem sangue, sem corpos mutilados. A tragédia invisível parece que não é trágica. Queremos transformar a fatalidade em acidente. Mas há uma diferença. O acidente é a explosão do acaso, a bolha de sabão, a falha da vida. O acidente é um “ato de Deus”, como dizem os norte-americanos. No entanto, sempre queremos explicar as causas do acidentes. Tudo tem de ser entendido. Mas o tempo da causa e efeito acabou. A fatalidade é o que tinha de acontecer ou acabar acontecendo. O que estava armado para rolar. Queremos explicar os acidentes para esquecermos que a fatalidade nos espreita ali nas ruas do atraso e da incompetência. Há, sobretudo, a catástrofe da nossa insensibilidade crescente diante do horror. Os fatos estão além da piedade. Há o tédio crescente pela catástrofe, quando a alma vai virando uma grande pele de rinoceronte.
Sempre tremo quando entro numa aeronave. Há alguma coisa de antinatural no grande avião. Nunca entendo que aquilo possa voar. Uma vez um amigo estava num voo de Paris para o Rio. São 4h da manhã, quando apagam tudo e até as aeromoças dormem. Tudo calmo no luxo do cruzeiro. Súbito, o grande Jumbo começa a cair. Cair, literalmente, embicado para baixo, como um Stuka na Segunda Guerra. E todos voavam e uivavam como galinhas em pânico dentro da nave que descia como um prego. Ele contou-me que simplesmente “morreu” na queda de dois ou três minutos entre centenas de desgraçados. Até que, por milagre, o avião se estabilizou. Meu amigo se beliscava, não acreditando na própria vida. A causa dessa “tragedia-sub” foi uma travesti em crise, deportada da França, que jogou uma bomba de gás lacrimogênio na cabine de comando. Só! Vingança da bicha louca! Por milagre, o copiloto tinha ido fazer xixi (sempre o xixi) e voltou a tempo de segurar o Jumbo na mão.
“Coisas nossas” contra o Boeing. A solidão da pobre “traveca” contra a tecnologia de ponta.
Temos a crença na razão; mas a razão é uma fímbria de nossa loucura. E quando explode o avião, como arranjar o culpado que nos absolva? Nesse caso, ao menos, temos alguém para amaldiçoar: o maluco do piloto. A catástrofe serve para revitalizar o inútil, a importância do nada, da ausência de urgências, uma saudável tristeza vil. Lembro quando aquela plataforma da Petrobras afundou suavemente, sentimos uma sensação de realidade. Sempre que há uma catástrofe nacional, irrompe uma estranha euforia de cabeça para baixo. É como se a opinião pública dissesse: “Eu não avisei?”
De resto, hoje não temos mais o desastre com culpados visíveis. Quem explodiu o shopping center de Osasco, “remember”? Foram os construtores daquela zorra, os engarrafadores de gás ou os ratos que roeram os tubos de borracha? Ninguém. As catástrofes de hoje são defeitos de funcionamento. Assim como as máquinas de lavar quebram, assim caem os aviões. Assim morremos.
Terrível é a catástrofe sem vilões. É a catástrofe da ausência do Mal. O Mal é um mau cheiro difícil de localizar. Onde está o Mal? Ainda temos reservas, no terrorismo islâmico, nos radicais árabes e judeus, nos degoladores argelinos. Mas até o assassino suicida acha que está combatendo o Mal! Estamos na sociedade do erro inextrincável.
Cada vez que há uma catástrofe é terrível, temos uma brusca sensação de vida, da realidade.
Existem também as tragédias que ficam paradas, invisíveis como areias movediças. São as tragédias sutis, prontas para disparar: controladores de voo malpagos, mecânicos que moram em favelas, a má qualidade dos aviões que pegam passageiros como ônibus, a necessidade de otimizar lucros, terceirização da manutenção e encrencas técnicas que não sabemos resolver, gatilhos brasileiros, jeitinhos, quebra-galhos misteriosos (quantos haverá?), pilotos angustiados, comandantes em crise conjugal, aeromoças feias e tristes, banquinhos apertados, o tédio dos serviços, os desestímulos dos baixos salários, tudo se soma até o sintoma sinistro dos lanchinhos tristes e dos croquetes frias na caixinha plástica.
Dentro do avião (só entro de pé direito), nos sentimos perto do mistério. As aeromoças têm um halo lívido em suas cabeças. Como Nelson Rodrigues, tenho vontade de perguntar:
“Vocês morrem quando?” Estaremos marcando nosso fim no balcão da companhia? Por isso, quando ele cai (e não estamos dentro), temos um alívio e um horror infinito – como terá sido a hora da morte? Jamais saberemos.
Enquanto isso, está ali a tragédia invisível, parada, está ali o tempo todo, debaixo do nosso nariz, pronta para fazer sua aparição. Já olharam Congonhas? É bordado de edifícios de 15 andares bem do lado da pista. Outro dia vi uma garotinha fazendo bolhas de sabão numa varanda, e eu me senti uma daquelas bolhas prestes a estourar. Já o aeroporto Santos Dumont tem pista curta. O Boeing desce freando; antes de encostar no chão, já canta os pneus. Sempre tenho as duas fantasias horrendas: ou explodir numa sala de jantar de Jabaquara, ou ver badejos e tainhas pulando na minha janela ao pousar no Rio.
Mas ninguém liga para essas tragédias invisíveis, máquinas silenciosas. Ninguém liga para a tragédia sem sangue, sem corpos mutilados. A tragédia invisível parece que não é trágica. Queremos transformar a fatalidade em acidente. Mas há uma diferença. O acidente é a explosão do acaso, a bolha de sabão, a falha da vida. O acidente é um “ato de Deus”, como dizem os norte-americanos. No entanto, sempre queremos explicar as causas do acidentes. Tudo tem de ser entendido. Mas o tempo da causa e efeito acabou. A fatalidade é o que tinha de acontecer ou acabar acontecendo. O que estava armado para rolar. Queremos explicar os acidentes para esquecermos que a fatalidade nos espreita ali nas ruas do atraso e da incompetência. Há, sobretudo, a catástrofe da nossa insensibilidade crescente diante do horror. Os fatos estão além da piedade. Há o tédio crescente pela catástrofe, quando a alma vai virando uma grande pele de rinoceronte.
Sempre tremo quando entro numa aeronave. Há alguma coisa de antinatural no grande avião. Nunca entendo que aquilo possa voar. Uma vez um amigo estava num voo de Paris para o Rio. São 4h da manhã, quando apagam tudo e até as aeromoças dormem. Tudo calmo no luxo do cruzeiro. Súbito, o grande Jumbo começa a cair. Cair, literalmente, embicado para baixo, como um Stuka na Segunda Guerra. E todos voavam e uivavam como galinhas em pânico dentro da nave que descia como um prego. Ele contou-me que simplesmente “morreu” na queda de dois ou três minutos entre centenas de desgraçados. Até que, por milagre, o avião se estabilizou. Meu amigo se beliscava, não acreditando na própria vida. A causa dessa “tragedia-sub” foi uma travesti em crise, deportada da França, que jogou uma bomba de gás lacrimogênio na cabine de comando. Só! Vingança da bicha louca! Por milagre, o copiloto tinha ido fazer xixi (sempre o xixi) e voltou a tempo de segurar o Jumbo na mão.
“Coisas nossas” contra o Boeing. A solidão da pobre “traveca” contra a tecnologia de ponta.
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