quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

SEJA GRATO, MAS NÃO ESPERE QUE OS OUTROS SEJAM. A GRATIDÃO É UMA VIRTUDE DE POUCOS





“A gratidão é a virtude das almas nobres”, concluiu Esopo mais de quinhentos anos antes de Cristo dar o ar da graça aqui na Terra. É difícil pensar em um homem de alma grande que não seja capaz de demonstrar agradecimento pelas benesses que recebe. Ser grato carrega algo de honesto, de reconhecimento pela generosidade de alguém.
Esse gesto aparentemente simples, no entanto, tem povoado menos almas do que deveria. É preciso sair de si e examinar as ações do outro e as conquistas da própria vida em busca de contentamento, mas olhe lá quem está disposto a deixar seu umbigo para valorar a ação de outrem. Olhe lá quem é capaz de mirar a própria vida e sentir-se grato pelo que já alcançou.
É claro que o ingrato não consegue ser feliz. A gratidão limpa a alma, mas a ingratidão a deixa suja e pesada. Não é conversa de espiritualista, a física quântica está aí para provar a influência de um bom pensamento. Só que dizer “obrigado” literalmente significa assumir uma dívida, uma obrigação moral: significa o dever de, no mínimo, reconhecer que o feito do outro fez algum bem. Gratidão, portanto, pressupõe empatia, nobreza e, acima de tudo, humildade. Pouca gente hoje, no entanto, é humilde. Desenvolvem-se homens-meta, que almejam ser sempre maiores, mais brilhantes, soberanos e únicos. Criam-se crianças-modelo, prontas para conquistar o mundo com respostas afiadas e complexo de rei. A ingratidão, muitas vezes, é aprendida dentro de casa.
Mal sabe o ingrato que a reverência de agradecimento deveria estar em todo lugar. Gratidão ao pai, que se doa de si para conduzir o filho pelo compasso da vida; ao parceiro, que se dispõe a dividir sua estrada, em seus picos e vales; ao moço que gentilmente cede lugar na fila; ao inimigo, que sem querer deixa mais forte e sábio aquele que agride; às pequenas cortesias do porteiro; aos erros do passado, que possibilitam os acertos do presente… Não existe hora para reconhecer que a existência do outro agrega e que a história percorrida até agora merece reverência.
A gratidão sincera não precisa de cerimônia e dispensa intermediários. Há momentos em que agradecer dispensa até mesmo palavras, traduzindo-se em abraços, sorrisos, orações ou num simples suspiro profundo de quem se alegra pelo que já alcançou. Vive-se hoje a certeza de que nada é suficiente, uma sede inesgotável que consome dinheiro, energia e sobretudo a própria vida. A graça tem sido lamentar pelo que ainda não se tem, sem reconhecer o que já foi alcançado e quem ajudou a chegar até aqui. Copo meio vazio sempre.
De toda forma, ainda que soe absurdo, que possamos ser gratos aos ingratos. “Vale a pena experimentar também a ingratidão para encontrar um homem grato”, disse Sêneca. Que até o veneno das almas pequenas possa ser fonte de aprendizado e que o homem ingrato seja sempre uma lembrança daquilo que não se deve ser.

FONTE - http://www.revistabula.com/7102-seja-grato-mas-nao-espere-que-os-outros-sejam-a-gratidao-e-uma-virtude-de-poucos/

LULA, LARANJAS E A QUINTA PONTA DO TAPETE


Percival Puggina – 27.12.2016

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Percival Puggina

 Lá pelo final dos anos 80, tempo de fugazes trombadinhas e corruptos de pouca monta, os escândalos sob investigação desembocavam, quase sempre, em um sujeito qualquer, desprovido de poder, recursos e notoriedade. “Mas esse sujeito aí, humilde Zé Ninguém, é o pivô do cambalacho?”, perguntavam-se os primeiros repórteres ou investigadores a chegar até ele. Claro que não. O sujeito era, apenas o laranja da história. O figurão estava sempre um ou dois passos além.

Já vivemos períodos assim, em que os corruptos, envergonhados, se escondiam atrás de seus laranjas. Com o tempo, inclusive, começaram a aparecer os profissionais, dotados de raras e bem remuneradas habilidades. Ser laranja exigia simultânea combinação de discrição e audácia. E lealdade. E comprometimento. Um bom conjunto, como se vê, de virtudes indispensáveis ao sucesso e à sobrevivência pessoal. Laranja safado, ou que andasse com o umbigo de fora, perdia o emprego. Laranja de amostra não era um bom profissional.

Narrou-me certa feita uma professora que ao formular aos alunos a clássica pergunta – “O que vocês pretendem ser quando forem grandes?” – as respostas “Laranja, professora”, ou, simplesmente, “Corrupto professora”, quase empatavam com a resposta “Jogador de futebol, professora”. A gurizada já sabia onde se decidiam os grandes negócios. O laranja exercia uma atividade quase metafísica. Num mundo onde a maior parte parecia não ser, mas era, o laranja parecia ser, mas não era. Ele agia pelo cós das evidências. Quando uma CPI deitava a mão sobre o laranja do caso, e começava a espremê-lo, surgia imediatamente um problema de classificação das espécies que nem o velho Spencer conseguiria resolver. Esse laranja é um laranja de primeira, segunda ou terceira geração? Ele tem o seu próprio laranja ou é laranja de alguém?

Foi assim por bom tempo, até que a vergonha sumiu de vez e os laranjas perderam seus empregos, sendo substituídos por simples e bem-humorados apelidos nos cadernos dos corruptores: Amigo, Todo Feio, Caju, Índio, Angorá, Italiano, Campari, Velhinho e por vai. Anonimato guardado a sete chaves na cabeça de quem só procederia às decodificações após um aprendizado de boa vontade e colaboração na carceragem da PF de Curitiba.

Eis que surge, agora, uma nova série de apelidos que vem suscitando especulações e a exigir decodificação. Um acordo de colaboração entre as autoridades brasileiras, norte-americanas e suíças, descreve as atividades criminosas de nove “Brazilian Officials” identificados em investigação promovida pelo Departamento de Justiça dos EUA nos negócios da Odebrecht e da Braskem. Quando a gente pensava que a Lava Jato já tivesse arrancado todo o tapete que encobria o submundo financeiro da política brasileira, surge uma quinta ponta, desvelando seus desdobramentos internacionais. E dele emerge, grafado em inglês como “brazilian official”, um certo cavalheiro também conhecido como Amigo e amigo do peito de generosos laranjas dos quais jamais abriu mão.


* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site http://www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

POESIA DA MADRUGADA - BALADAS DE UMA OUTRA TERRA - Fernando Pessoa



Baladas de uma outra terra, aliadas

Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos,
Retinem lívidas ainda aos ouvidos
Dos luares das altas noites aladas...
Pelos canais barcas erradas
Segredam-se rumos descridos...
E tresloucadas ou casadas com o som das baladas,
As fadas são belas e as estrelas
São delas... Ei-las alheadas...
E sao fumos os rumos das barcas sonhadas,
Nos canais fatais iguais de erradas,
As barcas parcas das fadas,
Das fadas aladas e hiemais
E caladas...
Toadas afastadas, irreais, de baladas...
Ais..

POR QUE VOCÊ PRECISA SER UM SER HUMANO INCRÍVEL ANTES DE SER UM PROFISSIONAL NOTÁVEL




Por João Kepler
Ultimamente tenho pensado muito sobre convívio social e a postura das pessoas. Afinal, antes de entender de negócios, é preciso entender um pouco de relacionamento e de GENTE. Então tenho colecionado em minhas anotações alguns pontos de atenção sobre diversas pessoas que venho observando, a importância do equilíbrio para a sobrevivência neste mercado e para se dar bem na vida, não apenas nos negócios.Quanto à formação de uma pessoa (e digo formação no sentido literal da palavra), destaco quatro pontos que acho fundamentais para que os demais sejam desenvolvidos ao longo da vida:A inteligência, sem humildade, te faz perverso. A autoconfiança, sem modéstia, te faz implacável. A diplomacia, sem honestidade, te faz hipócrita. O êxito, sem noção, te faz arrogante.
Infelizmente, quando muitas pessoas chegam ao que para elas seria o “topo” perdem sua essência, confundem seus princípios e passam a ter seus valores questionados. Isso pode acontecer pelos seguintes motivos:A riqueza, sem caridade, te faz avarento. A autoridade, sem respeito, te faz tirano. O trabalho, sem tempo, te faz escravo. A simplicidade, sem autoconhecimento, te deprecia. A influência, sem simancol, te deixa metido.
A certeza, sem a dúvida, te faz um ignorante. A empatia, sem compaixão, te faz dissimulado. No ambiente de trabalho é preciso tomar alguns cuidados para não se tornar um profissional reconhecido e indesejável ao mesmo tempo, aos olhos dos outros.A atitude, sem disciplina, te faz um desorganizado. A iniciativa, sem cautela, te faz descuidado A negociação, sem o respeito, te faz rude. O networking, sem a troca, te faz inútil. A colaboração, sem empatia, te faz solitário. A atitude, sem o hábito, te faz esquecer. A liderança, sem firmeza, te faz servil.
O empreendedorismo, sem transformação, te faz o mesmo. E, por último, e tão importante quanto, eu destaco alguns pontos que fazem você manter os pés nos chão e ser um ser humano incrível, e não simplesmente um profissional de destaque no mercado.
No final, as pessoas vão lembrar de você pelo que é e fez por elas, e não pelos seus títulos e conquistas materiais.A conquista, sem gratidão, te faz egoísta. A riqueza, sem generosidade, te faz ganancioso. O conhecimento, sem compartilhamento, te faz um inútil. A esperança, sem atitude, te faz um perdedor. A beleza, sem recato, te faz ridículo.Não sou dono da verdade, fiz este texto com base apenas nas minhas observações. Convivo com muitas pessoas de diferentes idades, cidades, perfis e que fizeram escolhas distintas na vida.
Mesmo com todas as diferenças e oportunidades, uma coisa é certa: para ser reconhecido e respeitado na sua área, o mínimo que você precisa ser é uma pessoa correta e coerente. Profissionais frios e desumanos não alcançam o sucesso pleno pelo simples fato de não conquistarem o respeito dos outros verdadeiramente.

Fonte
http://joaokepler.com.br/por-que-voce-precisa-ser-um-ser-humano-incrivel-antes-de-ser-um-profissional-notavel/