sábado, 19 de janeiro de 2013

AMIGO PIOR QUE INIMIGO



Giulio Sanmartini
Depois de sua última grande cagada o ex presidente Lula, resolveu o time de campo, de forma provisória,  até que suas orgias com a amante, pagas com o dinheiro público, fossem esquecidas.
Por Neo Correia
Por Neo Correia
Estava hibernando, quando surgiu  a figura do companheiro,  José Nobre Guimarães (PT-CE), líder da legenda da Câmara, que referindo-se a notícias veiculadas nos jornais sobre o pedido do Procurador Geral pedir que as acusações de Valério contra Lula fossem investigadas,  ferozmente defendeu o acusado:
“Mais uma tentativa sórdida de macular a imagem de Lula, ninguém vai manchar o legado de Lula, porque todo o Brasil sabe de seu compromisso com os pobres, com a ética na política e com a transformação da sociedade brasileira”.
Pior que o inoportuno do momento, há ainda o fato que quem defende Lula, é um dos homens públicos menos recomendáveis no momento, o simples ato de defender alguém  é “de per si” uma acusação.
Além de José Guimarães ser o irmão do deputado mensaleiro José Genoino, condenado por formação de quadrilha e corrupção ativa, ele mesmo tem suas ladroagens, não se pode esquecer que  passou a ser conhecido como o homem dos dólares na cueca.
Tudo aconteceu quando no dia 8/7/2005, quando agentes da Polícia Federal de São Paulo detiveram  no aeroporto de Congonhas o assessor parlamentar de Nobre e membro do Diretório Nacional do PT, José Adalberto Vieira da Silva,  com R$ 200 mil em uma valise e US$ 100 mil presos ao corpo, na cueca.
Na época, Guimarães confirmou que Adalberto é seu assessor na Assembléia Legislativa no Ceará, mas alegou desconhecer os motivos da prisão.
“Ainda estou averiguando tudo o que aconteceu. Não sei o que houve”, disse, ao ser perguntado sobre o dinheiro que o assessor tentava transportar. “Não tem nada a ver ele estar mexendo com dinheiro. Eu vou investigar, estou tomando as providências e logo em seguida esclareceremos a opinião pública”, afirmou.
Claro que ele não investigou nada, muito menos esclareceu coisa alguma, e o caso foi de tal forma superado, que não embargou sua escolha como líder do PT.
Mas para Lula, nesse momento, ter um amigo que ao ajudá-lo atice mais a fogueira, seria melhor ter um inimigo

A DEPRESSÃO É RARA, POR QUE?


Plínio Zabbeu
A depressão pode ser descrita como uma sensação de tristeza, infelicidade, abatimento ou pesar. A maioria de nós já se sentiu assim em algum momento, por um período breve.
A depressão clínica é um transtorno de humor no qual a sensação de tristeza, pesar, raiva e frustração interfere na vida diária por um longo período.depreuf
A depressão muitas vezes é genética. A causa pode estar nos seus genes (herança genética), em comportamento adquirido ou ambos. Mesmo que devido aos seus genes você tenha mais tendência a ter depressão, um evento estressante ou trágico costuma provocar o princípio de um episódio depressivo.
Por que os homens raramente estão deprimidos?
  • Não engravidam.
  • Os mecânicos não mentem pra eles…
  • Nunca precisam procurar outro posto de gasolina para achar um banheiro limpo.
  • Rugas são traços de caráter…
  • Barriga é prosperidade…
  • Cabelos brancos são charme…
  • Ninguém fica encarando os peitos deles quando estão falando.
  • Os sapatos  não lhes machucam os pés.
  • As conversas ao telefone duram apenas 30 segundos.
  • Para férias de 5 dias, apenas precisam de uma mochila.
  • Se outro aparecer na mesma festa usando uma roupa igual, não há problema , e se perguntam, “Onde vamos cantar?” .
  • Cera quente não chega nem perto.
  • Ficam assistindo a TV com um amigo, em total silêncio, por muitas horas, sem ter que pensar: “Deve estar cansado de mim.”
  • Se alguém se esquece de convidá-los para alguma festa, ainda assim vai continuar sendo seu amigo.
  • Sua roupa íntima custa no máximo 20 reais (em pacote de 3)  e não preocupam se combina com a roupa ou não
  • Três pares de sapatos são mais que suficientes! (verdade)
  • São incapazes de perceber que a roupa está amassada.
  • Seu corte de cabelo pode durar anos, aliás, décadas.
  • Meia dúzia de cervejas e um jogo de futebol na televisão  são o suficiente para extrema felicidade.
  • Os shoppings não fazem falta nenhuma para eles.
  • Podem deixar crescer o bigode.
  • Se um amigo chamá-lo de gordo, careca, bicha velha etc, não abala em nada a amizade. Aliás, é prova de grande amizade.
  • Podem comprar os presentes de Natal para 25 pessoas, no dia 24 de dezembro em, no máximo, 25 minutos!!!

SABEDORIA



Ancião
O dito popular informa que o diabo sabe não por ser esperto, mas sim por ser velho. Os leitores talvez tenham curiosidade em saber porque escolhi o pseudônimo Ancião. A razão vem dos meus tempos de Cia City, em Santos, pois havia lá um “portuga” dos bons, que me disse que os velhos se fazem de burros, para descobrir os mal intencionados.
Albert Einstein
Albert Einstein
O texto de hoje se relaciona com o fato de mais idade pode ser sinônimo de sabedoria. A HypeScience, site que pretende o universo em um clique, do dia 15 deste mês, diz que teorias científicas e crenças populares sugerem que nosso cérebro se deteriora com a idade, tornando-se menos capaz de tomar decisões fundamentadas. Mas, na verdade, a velhice pode ser sinônimo de sabedoria. Cientistas provaram que as pessoas com mais de 55 anos usam seus cérebros com muito mais eficiência do que as pessoas mais jovens. Pesquisadores do Canadá descobriram que anos de experiência de vida faz com que cérebros mais velhos sejam tão eficazes quando se trata de tomada de decisão quanto o de seus colegas mais jovens. As pessoas mais velhas se incomodam menos com cometer um erro, e usam seus cérebros de forma mais seletiva do que as mentes mais jovens, apenas envolvendo certas partes no momento preciso em que são necessárias. Os cientistas do Instituto de Geriatria da Universidade de Montreal estudaram 24 jovens com idades entre 18 e 35 anos, ao lado de um grupo de 10 idosos com idades entre 55 a 75 anos.
Os participantes completaram uma série de tarefas cada vez mais difíceis, enquanto os pesquisadores monitoravam sua atividade cerebral. Os resultados de exames de neuroimagem mostraram que os cérebros jovens e idosos reagiam de maneira muito diferente quando ouviam que tinha cometido um erro em um exercício. Enquanto os jogadores mais jovens instantaneamente ativavam diversas áreas de seus cérebros, os participantes mais velhos “lutavam” contra o erro e mantinham as partes relevantes do seu cérebro dormentes até a próxima tarefa. O autor do estudo, Oury Monchi, disse que o experimento foi uma prova de que a sabedoria vem com a idade. “Quando se trata de determinadas tarefas, os cérebros de adultos mais velhos podem ter o mesmo desempenho que os de mais jovens”, acrescentou. Ele disse que as descobertas se assemelham ao conto da lebre e da tartaruga, a fábula em que o concorrente mais lento, mas mais cauteloso, ganha a corrida. “Já se sabia que o envelhecimento não é necessariamente associado a uma perda significativa na função cognitiva. Quanto mais velho, mais experiência tem o cérebro, que sabe que nada se ganha com pressa”, argumentou Monchi.

O INFERNO DE LULA



Vitor VieiraLula sabe que precisa ter um mandato para se blindar contra as investigações do Mensalão do PT que estão a caminho, e que irão investigar sua atuação no caso. Para se blindar, ele pode concorrer a três coisas: a) governador de São Paulo; b) senador por São Paulo; c) Presidência da República.
 Dilma Rousseff e Teori Zavazcki
Dilma Rousseff e Teori Zavazcki
Governo de São Paulo é algo que não o atrai, ele teria que se rebaixar, e isso não agrada ao imperador dos trabalhadores. Senado…. bem, poderia ser uma alternativa. Presidência da República? Ah, isto é o que realmente interessa a Lula, ele quer voltar para o poder em Brasília. Mas, para isso, ele precisaria remover a presidente Dilma Rousseff do caminho. Dentro do PT, isso não teria qualquer dificuldade. Em uma suposta convenção partidária, ele teria todos os votos, ou quase todos. Mas, ele parece disposto a removê-la do caminho previamente, sem necessidade de uma convenção. Ele já está meio a caminho disso, desde que quis continuar dando ordens a Dilma e levou uma enquadrada dela. Antes, Dilma ia a São Bernardo do Campo, agora conversa com ele nas dependências da Presidência da República. Em uma dessas idas a São Paulo, Lula ordenou a Dilma que nomeasse para vaga no Supremo Tribunal Federal um ou outro nome dos dois que entregou.
Dilma ouviu, não disse nada. Voltou a Brasília e mandou seu ministro da Justiça, o “porquinho” José Eduardo Cardoso, ligar para o ministro Teori Zavazcki e convidá-lo para uma reunião urgente. Cardoso ligou, o ministro respondeu que estava em São Paulo, acompanhando sua esposa em exames no Hospital Sírio Libanês. Ela é uma juíza gaúcha, e estava se tratando de um câncer de mama. Disse que estaria em Porto Alegre no dia seguinte, levando a esposa, e que a seguir poderia voltar para Brasília. “Pois então venha”, ouviu ele. Teori Zavascki chegou em Brasília no domingo e foi imediatamente conduzido para o Palácio da Alvorada, palácio residencial da Presidência da República. Lá, ouviu Dilma dizer: “O Senhor vai ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Quero o senhor lá por causa da sua discrição”. Resumindo, ela estava dizendo que no Supremo andam falando em demasia. Teori Zavascki perguntou se ela tinha algo mais a pedir a ele. E Dilma respondeu: “Nada mais, só isso”. A tramitação da aprovação do nome de Teori Zavazcki no Senado Federal foi supersônica. Não deu o mínimo de tempo para as hostes petistas se reorganizarem. Diante da hostilidade de Lula e de seus comparsas, Dilma e Carlos Araujo, seu ex-marido, preparam a alternativa, a refiliação no PDT, para que ela possa concorrer à reeleição. Lula sabe que, se colocar Dilma contra a parede, as portas do inferno se abrirão para ele. A começar pelas portas do Ministério Público e da Polícia Federal, e continuando pelas portas das redações de todos os grandes veículos de comunicação do País, com os quais a sua ministra da Informação, Helena Chagas, tem uma grande proximidade.
(1) Fonte: Videversus

HOCUS & POCUS



Ralph J. Hofmann
Caros Drs Hocus & Pocus
Como distinguir entre um cassete e um cacete.
Minette Florentinacassette
Cara Minette
Tenho certeza de que com seu nome francês você já percebeu como as coisas mais inocentes acabam degringolando cá nesta terra que fosse um mundo justo, Cabral teria deixado quieta e teria sido descoberta por holandeses, dinamarqueses, noruegueses, ou suíços (estes últimos em navios afretados dos ingleses).
Inicialmente vamos tratar do verbete cassete. Para começo de conversa não é cassete, é “cassette” o que significa estojinho em francês. Este foi o nome internacionalmente dado aos primeiros cartuchos de fitas  de som largas que podiam ser tocadas  em aparelhos de som  especiais,  possibilitando um equipamento de som fácil de operar em automóveis. Depois a Phillips holandesa patenteou o Mini-Cassette gravável e regravável que se tornou um padrão da indústria.
Porém no Brasil a palavra cassette  lembrava  cacete, que era oriunda de outra palavra francesa “casse-tête” ou seja “quebra cabeças” ou “dá porrada na cabeça”, enfim, um porrete.cassetinhos e bundinhas
Até hoje as polícias brasileiras chamam aquela ferramenta de trabalho que carregam na cintura junto com suas armas de fogo de cassetete.
O formato dos “casse-tête” sendo sugestivo para policiais e suas vítimas, ou digamos, para as pessoas que atraiam a atenção dos policiais, a palavra cacete rapidamente passou a descrever o órgão sexual masculino.
Daí por que a troca de dois “S” por um “C” é extremamente séria. Uma moça ao pedir “passe-me o cassette”. O interlocutor pode entender “passe-me o cacete” e prontamente em lugar de receber uma fita com  música a jovem se vê sendo estuprada.
Esta situação tem inclusive outro desdobramento. As mesmas pessoas melindrosas que, na década de sessenta, tentaram transformar no idioma português a grafia do país Kuwait em Coveite (não pegou) passaram a escrever K-7 para descrever um cassette de som ou vídeo.
Tal inovação apenas funcionou no Brasil. No resto do mundo continua-se dizendo e escrevendo cassette.
Uma curiosidade. No Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, é possível adquirir cacetinhos na padaria. Também bundinhas.  São respectivamente os pães francesinhos (cacetinhos) e os pães cervejinha (bundinhas) . (Vide ilustrações ). Agradecemos a oportunidade cultural que  nos proporcionou com sua pergunta.
Hocus & Pocus

PSICANÁLISE DA VIDA COTIDIANA Recortes na Medicina de Hoje



CARLOS VIEIRA
Paulo é médico, formado no século passado, lá pelos idos de 1968. Oriundo de uma Faculdade, praticamente filha da Escola Baiana de Medicina. Aliás, naquela época os centros de referências de formação de médicos eram a própria Escola Baiana de Medicina, a Academia Nacional de Medicina no Rio de Janeiro e o Hospital das Clínicas de São Paulo.
Paulo foi formado ainda no tempo em que a “a clínica era soberana” e a “relação médico paciente” não era exatamente uma disciplina do curso médico, mas uma atitude ética e importante na formação. Aprendia-se que, antes de qualquer coisa a ser examinada, examinasse a “pessoa” do paciente, e não um objeto frio de investigação. 
O exame era clínico e psicológico: conversar com a pessoa, saber da história dos seus sintomas, investigar suas correlações psicossomáticas, ouvir, apalpar o corpo do paciente, escutar seus sons e tons, sua pele, o movimento dos seus órgãos, pegar o pulso, aferir a pressão arterial, tudo enfim, antes de partir para exames complementares como forma de encobrir inseguranças. O “olho clínico” do médico era um instrumento da sua intuição e experiência clínicas.
Paulo, meu amigo, conta-me a seguinte história: 
Há dias que sentia zumbidos e momentos de leve tontura. Sua audição, principalmente a do lado esquerdo, notava que estava reduzida. Levantava-se, 
às vezes, como se uma crise de labirintite se instaurasse para ficar. Preocupado, claro, marcou uma consulta com um Otorrino. Não se anunciou como colega, como médico. Entrou, foi recebido, sentou e falou dos seus sintomas. O colega ouviu, pensou que seria interessante usar algo para desfazer a cera, e logo disse: “usa esse remédios por uma semana, mas, antes, vou pedir uma ressonância magnética para maiores esclarecimentos. Você volta, traz o resultado do exame, e fecharemos o diagnóstico.”
Nesse momento, Paulo, contrariado, diz: “Dr., eu sou médico também, seu colega. Pensei que o senhor examinaria os meus ouvidos com o otoscópio. Tudo bem, muito obrigado pela atenção. Procurarei outro colega que, antes de tudo, possa conversar comigo e examinar meus ouvidos antes de apelar para qualquer exame de imagem. Passe bem, e muito obrigado”.
Dias depois, ao ter que fazer uma viagem à sua cidade natal, Paulo aproveitou e marcou uma consulta com um velho amigo, colega e contemporâneo de Faculdade. O colega quis ouvir a história dos zumbidos e da tontura, tirou seu pulso e pressão arterial, examinou seus ouvidos, conversou sobre seus hábitos, enfim, estabeleceu uma relação humana. Consequência: ambos estavam entupidos de cera, principalmente o ouvido esquerdo!
Essa história parece ser banal, corriqueira, mas reflete um recorte na medicina atual. Vivemos uma realidade na prática médica, da exuberância dos exames complementares! Muitos dos nossos médicos, hoje em dia, não saem da faculdade com uma formação básica clínica. As faculdades parecem se preocupar por formar “técnicos em medicina” e não médicos, tanto do corpo quanto da alma. É óbvio que exames são importantes, mas são exames complementares, ou seja, auxiliam a clínica, a intuição e experiência clínica dos colegas. 
Por consequência, estamos assistindo, e essa história é um modelo atual, a uma medicina que não se preocupa com a pessoa do paciente; com uma medicina, talvez, a serviço de uma super especialização que por sua vez agrada aos interesses econômicos tanto dos médicos, como dos empresários da medicina, a despeito de uma atenção primária – a relação médico paciente com sua importância de investigação mais profunda, do ponto de vista clinico psicossomático.
Em entrevista dada à revista Carta Capital, de 9 de janeiro de 2013, o Dr. José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde, salientou que: “O País passa por um processo de ‘americanização’ de seu sistema de saúde, com a perda de controle dos gastos causada pela hiper especialização médica, pela pressão da indústria para o custeio de tecnologias de eficácia duvidosa e a falta de regulamentação do mercado privado.” Mais adiante diz Temporão: “Há um consenso entre os especialistas de que não é possível ter um sistema de saúde universal, equitativo e sustentável sem uma grande base de atenção primária. A classe média imagina que um sistema bom é aquele no qual ela pode escolher seus especialistas por conta própria. O cidadão sente uma palpitação e procura um cardiologista, sem antes passar por um clínico geral. Só que talvez o problema não seja cardíaco, então o paciente transita entre vários especialistas até acertar o diagnóstico, com um custo elevadíssimo para o sistema.” 
Lembro agora quando fazia meu curso de Medicina na Universidade Federal de Alagoas, meu professor de parasitologia sempre enfatizava: diante de um desconforto gastrointestinal, antes de qualquer exame mais sofisticado, peçam um simples exame e cultura de fezes e urina. O que pode ser sintoma de úlcera, às vezes é uma simples verminose!
É necessário mais incentivo e ação governamental para criarem mais facilidades para o exercício de Clínicos Generalistas.
Ainda citando a entrevista do Ministro Temporão: “Os clínicos gerais funcionam como uma espécie de filtro antes de o paciente ser encaminhado aos níveis mais especializados. No Brasil, é comum um paciente não saber qual é o seu médico... as faculdades não formam médicos preparados para essa visão. Há uma especialização precoce. No Canadá, as bolsas e vagas para residência médica são definidas pelo governo. Em 2012, a grande maioria das vagas disponíveis era para clínicos gerais.”
Caro leitor, deixo aqui as minhas esperanças para que uma boa parte dos colegas médicos, lembrando os conselhos do mestre Hipócrates, vejam mais os seus pacientes. Ouçam, dediquem um pouco do seu tempo para examiná-los, para conversar e exercitar os preceitos da clínica médica básica. Os exames complementares são complementos à arte da medicina, e não artefatos técnicos e sedutores para encobrir as deficiências de formação.

Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasilia e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



O que pode ser pior que uma Dilma depois de Lula? Só um Lula depois de Dilma


Augusto Nunes - VEJA

Depois de contar a Fernando Haddad que São Paulo tem enchente e criminosos sem ficha de inscrição no PT, Lula confirmou que vai a Brasília ensinar a Dilma Rousseff o que precisa fazer para que a nação dos iludidos não descubra que o Brasil Maravilha é só uma tapeação registrada em cartório. Os dois encontros entre criador e criatura avisam que o ex-presidente decidiu assumir a tutela do prefeito sem abrir mão da guarda da presidente.
Longe de empregos regulares há 40 anos, o ex-presidente tirou alguns dias de férias para recuperar as energias consumidas na fabricação dos postes que começou a vistoriar ─ e pretende manter sob estreita vigilância. Sem ânimo para falar sobre o escândalo que protagonizou em parceria com a primeiríssima amiga Rose Noronha, sobram-lhe disposição e tempo para dar conselhos a quem sonha ser Lula quando crescer ou dar ordens aos que de vez em quando fingem não saber direito quem manda e quem obedece.
O poste instalado em São Paulo se enquadra no primeiro grupo. Enquanto decora os nomes dos secretários e se assusta com os prontuários dos indicados por Paulo Maluf, o prefeito se dobra, como constata o editorial do Estadão reproduzido na seção Feira Livre, aos desejos, vontades e caprichos do maior governante desde a chegada das caravelas. Dilma figura na turma dos tentados a andar com as próprias pernas. Logo descobrirá que não vai livrar-se de Lula.
O padrinho já notou que a afilhada aprendeu a errar sozinha. Mas vai fazer o que pode para ajudá-la a aumentar o acervo de trapalhadas. Se a resistência democrática não obstruir a trilha desmatada pelo cordão dos debochados, o País do Carnaval pode produzir mais uma prova de que, por aqui, o que está muito ruim sempre pode ficar péssimo. O que pode ser pior do que uma Dilma depois de Lula? Só um Lula depois de Dilma.

Os oposicionistas dispostos a engolir o prontuário de Renan merecem ganhar a carteirinha de sócio do clube dos cafajestes que controla a Casa do Espanto

Augusto Nunes - VEJA

Em fevereiro de 2011, depois de uma semana de investigações, os repórteres Bruno Abbud e Branca Nunes conseguiram identificar só oito dos 11 senadores que votaram contra a permanência de José Sarney na presidência da Casa do Espanto. Três, sabe Deus por quê, jamais assumiram publicamente a opção pela decência. Se tornou incompleta a reportagem agora republicada na seção O País quer Sabertal esquisitice ─ uma entra tantas ─ permitiu que se produzisse um retrato perturbador da bancada oposicionista no Senado. É o tipo de oposição com que sonham todos os governos.
Na sessão que elegeu Sarney, os quatro partidos da oposição oficial foram representados por 18 senadores. Quatro ─ dois do PSOL e dois do PSDB ─ completaram o grupo que se negou a reverenciar Madre Superiora. Como votaram os 14 restantes? Alguns confessaram o crime, um alegou que o voto é secreto, outros se refugiaram  falatórios ininteligíveis. Para justificar o injustificável, todos evocaram a necessidade de respeitar o que chamam de “tradições da Casa”. Como não aparecem em nenhum código, manual, regulamento ou coisa parecida, não existem oficialmente. São normas não escritas que não têm força de lei. Como as vacinas, podem pegar ou não.
Uma das “tradições da Casa” recomenda que a formação da Mesa Diretora se baseie no critério da proporcionalidade, que confere à maior bancada partidária o direito de indicar o candidato à presidência. Nenhum senador é obrigado a votar no indicado. Se a escolha atropelar normas éticas e morais, se agredir o bom senso, se não atender às expectativas dos eleitores, a maioria está à vontade para mandar às favas o critério da proporcionalidade e eleger qualquer um. O dono da capitania hereditária do Maranhão livrou-se desse risco no momento em que o PSDB, o DEM e o PPS se dispuseram a engolir sem engasgos um símbolo do Brasil primitivo.
Passados dois anos, a oposição oficial ameaça reprisar o tapa na cara dos milhões de brasileiros agrupados na resistência democrática: de novo invocando o critério da proporcionalidade, o PSDB está pronto para encampar a candidatura de Renan Calheiros, orgulho do PMDB alagoano e líder da bancada do cangaço. Ao ajoelhar-se diante de Sarney, os oposicionistas que não se opõem mostraram que haviam perdido a vergonha. Caso se curve a Renan, a oposição oficial deixará claro que perdeu também o juízo, o instinto de sobrevivência e a última chance de conectar-se com a imensidão de brasileiros honestos decididos a encerrar a era lulopetista.
Sem chances de vitória, os eleitos pela oposição real terão de escolher entre a capitulação ultrajante e o combate desigual que engrandece o vencido. Os que engolirem o prontuário de Renan ganharão uma carteirinha de sócio do clube dos cafajestes que controla o Senado. Daqui a alguns anos, estarão todos amontoados num asterisco do capítulo brasileiro da história universal da infâmia.

Vídeo inédito mostra assessor e amigo de ex-prefeito sacando dinheiro do combate às enchentes



Dos R$ 10 milhões que a prefeitura de Nova Friburgo (RJ) recebeu do governo federal após as chuvas no município em janeiro de 2011, R$ 3 milhões foram desviados, segundo a Procuradoria da República

HUDSON CORREA

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AFASTADO DO CARGO O prefeito Dermeval Barboza. Ele foi denunciado por lavagem de dinheiro, fraude em licitação e corrupção passiva (Foto: Carlo Wrede/Ag. O Dia)
A chuva torrencial da madrugada de 12 de janeiro de 2011 provocou deslizamentos e inundações matando ao menos 428 pessoas em Nova Friburgo, município da Região Serrana do Rio de Janeiro. Pela manhã, quando a tempestade cessou, grande parte da cidade estava destruída, e os dias seguintes seriam de muito sofrimento para os 180 mil habitantes. Semanas depois, começou um surto de leptospirose, doença provocada pela urina dos ratos que empesteavam residências, escolas e hospitais. A prefeitura havia recebido R$ 10 milhões do governo federal para ações emergenciais e, com parte desses recursos, contratou uma empresa para eliminar as ratazanas e outras pragas. Os roedores, porém, continuariam a disseminar infecções porque os R$ 400 mil pagos à dedetizadora foram desviados em saques na boca do caixa, entre março e junho de 2011. Por sorte, havia uma espécie de “ratoeira” na agência do Banco do Brasil onde as transações ocorreram. As câmeras de segurança filmaram tudo.
As gravações foram requisitadas ainda em 2011 pela Procuradoria da República, que, dois anos depois da tragédia, ainda investiga os desvios das verbas. Muito da roubalheira já veio à tona, mas as filmagens permaneciam inéditas até agora. As imagens foram apresentadas à Justiça Federal no mês passado, como peça da denúncia criminal contra um grupo de 20 pessoas envolvidas na fraude. ÉPOCA obteve, com exclusividade, os vídeos (assista ao lado) que mostram dois empresários, donos da dedetizadora, entrando no banco, andando de um lado para outro, esperando atendimento e, finalmente, enchendo uma mochila e envelopes com maços e maços de dinheiro. Os dois estavam acompanhados ora do principal assessor do gabinete da prefeitura, ora de um amigo de longa data do então prefeito, Dermeval Barboza (eleito pelo PMDB e hoje no PT do B).
“As imagens são muito eloquentes. Era muito dinheiro, um monte, que botavam numa espécie de saco sem parar. É algo muito chocante, se pensarmos nas carências do país e no que a população de Nova Friburgo sofria naquele momento”, disse o procurador regional da República Rogério Soares do Nascimento. Do total de R$ 10 milhões que Nova Friburgo recebeu do Ministério da Integração Nacional, R$ 3 milhões foram desviados sob o comando do então prefeito, Dermeval Barboza, acusa o procurador Nascimento. Além dos saques, as garfadas ocorreram por meio de fraudes nas licitações, em pagamentos por serviços não prestados e superfaturamento nos preços em vários tipos de obra: da limpeza das ruas à reconstrução de prédios públicos.

O esquema que culminou nos saques começou a ser tramado um dia depois de a tragédia ocorrer. Ainda havia pessoas à espera de socorro, em 13 de janeiro de 2011, quando o empresário Adão de Paula e seu filho Alan Cardeck Miranda de Paula, respectivamente dono e gerente da empresa Cheinara Dedetilar Imunização, procuraram o então prefeito e ofereceram seus serviços. A contratação foi fraudulenta, com a apresentação de orçamentos falsos em nome de uma empresa que não participava da concorrência. Além do mais, a Cheinara não tinha licença ambiental para operar e sua sede não foi localizada no endereço informado à prefeitura. Adão de Paula não era uma figura desconhecida do prefeito, pois trabalhara na clínica de repouso Santa Lúcia, da qual Dermeval é sócio cotista. O empresário também não estava longe da política. Na época, ele presidia com seu filho Alan Cardeck o diretório municipal do partido nanico PSDC.
Houve surto de leptospirose,
pois o dinheiro para eliminar
as ratazanas foi desviado  
Em vez de fazer transferências eletrônicas para pagar a empresa de dedetização, como seria o normal na administração pública, o prefeito Dermeval emitiu cheques em valores altos para que fossem descontados no banco. Segundo a Procuradoria, foi uma forma de desviar os recursos, pois fica difícil rastrear a destinação final de dinheiro vivo. Dois meses após a contratação da Cheinara, começaram os saques na conta da prefeitura. Às 13 horas e 11 minutos do dia 18 de março de 2011, quando a cidade ainda vivia clima de luto, Adão de Paula entrou no Banco do Brasil. As imagens mostram, a seu lado, Allan Ferreira, amigo do prefeito e filho do gerente de gabinete da prefeitura, Iran Ferreira. No vídeo, Adão e Allan passam pelos caixas e conversam alguns instantes num canto, antes de se sentarem nas poltronas no centro da agência. Um minuto depois, Alan Cardeck, filho de Adão, se reúne aos dois, trazendo uma mochila preta nas costas.

Não demorou muito para o painel anunciar a senha de atendimento. Adão de Paula e o filho se puseram de pé rapidamente, enquanto Allan Ferreira preferiu ficar sentado discretamente nas cadeiras ao fundo. Oito minutos depois, ele finalmente se levantou, falando ao celular, e se juntou aos dois empresários na boca do caixa. Meia hora depois, a funcionária do banco começou a entregar maços de dinheiro que Alan Cardeck calmamente guardava na mochila. Assim se foram R$ 172.100 dos cofres da prefeitura.

ÉPOCA obteve cópias dos depoimentos prestados à Justiça Federal pelos três envolvidos na operação daquele dia. Allan Ferreira apresentou uma explicação pouco convincente. Disse que Alan Cardeck pediu “uma cobertura” para que os clientes do banco não vissem o saque vultoso. O amigão do então prefeito contou que resolveu ficar parado na boca do caixa ao lado dos dois empresários. Assim, segundo ele, os três usariam o corpo para esconder de eventuais curiosos os maços de dinheiro. A versão de Adão de Paula também foi inusitada. Ele argumentou que foi apenas coincidência o encontro com Allan Ferreira na agência, mas a Justiça Federal rechaçou essa tese do acaso ao determinar o afastamento de Dermeval no fim de 2011. O empresário afirmou ainda que resolveu sacar o grande volume de dinheiro por medo de uma iminente greve dos bancários, mas não soube explicar “a destinação dada aos valores recebidos em espécie”, porque é “homem vindo da roça” e não entende nada da parte financeira de seus negócios. Por meio de seu advogado, os empresários disseram que os serviços contratados foram prestados e negaram os desvios.
Maços de dinheiro dentro da mochila (Foto: Reprodução)
Três meses depois, em 22 de junho, ocorreu novo saque na mesma agência bancária, dessa vez com a presença de Iran Ferreira, gerente de gabinete da prefeitura e pai de Allan Ferreira. Em depoimento à Justiça, Iran se define como “uma espécie de vale-tudo” de Dermeval, pois está “sempre quebrando o galho” e levando “recados”. Às 14 horas e 12 minutos, o assessor entrou no banco dando a impressão de que procurava alguém. Ameaçou ir em direção aos caixas, mas recuou e se sentou numa poltrona próxima à entrada. Passado pouco mais de um minuto, Alan Cardeck, que estava na boca do caixa com Adão de Paula encaminhando o saque, veio ao encontro de Iran. O empresário se apoiou na poltrona da frente, inclinou a cabeça e começou a falar ao ouvido do assessor da prefeitura. Depois, os dois se levantaram e trocaram mais algumas palavras com os rostos quase colados. Iran saiu em seguida, e o empresário voltou ao caixa. Minutos depois, Alan Cardeck começou a colocar maços de dinheiro num envelope. Foram R$ 207 mil naquele dia.
Intimados pela Justiça Federal, o empresário e o assessor disseram que se encontraram também por acaso no banco e que a breve conversa era apenas um inocente convite. Alan Cardeck queria que Iran fosse candidato a vereador pelo PSDC. Não explicou por que precisou cochichar a proposta. O circuito de segurança do BB ainda registrou um saque menor, no valor de R$ 29 mil, em maio de 2011, mas a Procuradoria da República não detalhou as circunstâncias.

Em dezembro passado, a Procuradoria da República denunciou Dermeval, seu amigo, seu assessor e os dois empresários por lavagem de dinheiro. Os vídeos das câmeras de segurança foram anexados ao processo como prova contundente contra os acusados. O ex-prefeito responde também por fraude em licitação e corrupção passiva. Se aplicadas as penas máximas, ele pode ser condenado a 27 anos de prisão. Dermeval foi afastado do cargo no fim de 2011, por determinação do juiz federal Eduardo Francisco de Souza. Ele, porém, continuou recebendo salário e lutando na Justiça para voltar à prefeitura, até que as eleições de 2012 sepultaram seu mandato. Nem Dermeval nem seus assessores retornaram as ligações de ÉPOCA para comentar a reportagem.
TRAGÉDIA Enchente em Nova Friburgo em 2011. Na ocasião, as vítimas na Região Serrana do Rio de Janeiro chegaram a 909, num rastro de destruição de prédios, estradas e pontes  (Foto: Marcos de Paula/AE)
Os desvios de recursos em Nova Friburgo ajudam a explicar por que todos os anos dezenas de pessoas morrem no Rio de Janeiro e em vários outros Estados do país em decorrência das chuvas. Em Santa Catarina, foram 135 mortes no final de 2008. Na Região Serrana em 2011, as vítimas chegaram a 909, num rastro de destruição de prédios, estradas e pontes. Semanas atrás, uma enchente desabrigou 3 mil pessoas e matou duas em Duque de Caixas, na Baixada Fluminense. Conhecido por sua alegria, o cantor Zeca Pagodinho percorria desconsolado as ruas para socorrer as vítimas no Distrito de Xerém, onde tem uma casa.

O governo federal tem dinheiro em caixa para obras de prevenção aos desastres, mas investe pouco. Em 2012, gastou 35% de uma verba de R$ 5,7 bilhões. Quando ocorrem as tragédias, quantias milionárias são liberadas para os municípios em caráter de emergência. De afogadilho, fica difícil fiscalizar a correta aplicação dos recursos e evitar desvios. É uma fórmula nefasta que combina descaso, incompetência e a mais sórdida e rasteira forma de corrupção envolvendo autoridades públicas que deviam zelar pela vida dos cidadãos.
Os vídeos que vieram a público agora, além de indignar, ensejam uma reflexão importante, principalmente neste mês de janeiro, época do ano em que as chuvas costumam destruir cidades. Não resta dúvida de que haverá novas vítimas e que o dinheiro continuará a ser desviado. O governo federal precisa usar de planejamento ao investir na prevenção a catástrofes, repassando o dinheiro em etapas para as prefeituras e com fiscalização rígida. O modelo atual, de liberações emergenciais, é um prato cheio para prefeitos corruptos. No caso de Nova Friburgo, só as ratazanas agradecem a leniência do Poder Público.

A vida e o tempo, na visão de Mário Quintana

Site Poema & Canções - Paulo Perez

O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994) expressa no poema “O Tempo” o nosso viver cotidiano desde o nascimento atá a morte. No primeiro verso, o autor retrata como a vida é vivida com obrigação, que serve como aprendizado, ao identificá-la com o dever de casa. Que na maioria das vezes tem que ser feito, mas não é algo desejável. Às vezes, vão sendo deixados para depois, até que não podemos fazê-lo ao tempo propício. Assim, também agimos em nossas vidas com nossos desejos e vontades.
Há versos sempre iniciados com “Quando se vê”, para enfatizar que o tempo passa inevitavelmente. No oitavo verso “Agora é tarde demais para ser reprovado”… encontramos uma comparação subentendida do fato que a vida, apesar de ser como um dever de casa, não temos uma segunda chance, não podemos repeti-la como acontece com a formação escolar.
Na vida não somos reprovados, no que diz respeito ao tempo, que não se repetirá. Não é possível voltar atrás.
Quintana retrata o lamento de não ter vivido de forma diferente. Em casca dourada e inútil das horas nos remetemos ao ditado de que tempo é dinheiro. O que nos leva a priorizar somente o trabalho e não dispormos de tempo para fazer o que gostamos.
Encontramos conselhos para fazermos diferente do que o homem faz habitualmente, temos que fazer o que almejamos hoje, sem nunca deixar para depois. Pois o tempo passa, a velhice se aproxima e o fim da vida chega, tudo isso é inevitável
O TEMPO
Mário Quintana
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Charge do Sponholz

Musa da escola de samba Mangueira era homem, afirma publicação



Tarso Genro oculta do Portal Transparência despesas de seu gabinete


  • Governo do estado alega questões de segurança; gastos chegaram a R$ 303 mil em 2012

PORTO ALEGRE — Por meio de um artifício legal, o governo do Rio Grande do Sul ocultou do Portal Transparência, que deveria dar acesso aos dados administrativos e financeiros da administração pública a qualquer contribuinte, despesas referentes ao gabinete do governador de R$ 303.257,00 em 2012. O gasto é quase três vezes maior que o promovido no exercício de 2011, quando o gabinete de Tarso Genro informou despesas de R$ 116.068,80.
Os lançamentos são referentes, principalmente, a hospedagens e alimentação em viagens nacionais e internacionais. Há também despesas menores com aluguel de carros, de salas para conferências e de tradutores. O governador recebe diárias apenas quando viaja a convite de algum órgão oficial. As despesas de viagens do gabinete do governador em 2012 foram superiores a todas as diárias gastas no ano pela maioria das autarquias estaduais, como a Fundação de Ciência e Tecnologia, que lançou diárias totais de R$ 245.881,27 no ano passado, e da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, que informou gastos de R$ 215.149,70 com as viagens de servidores.
Segundo a chefia de gabinete do governador, o aumento nas despesas se refere à agenda de compromissos internacionais de Tarso no ano passado. Em 2011, o governador teve apenas uma missão no exterior, para a Coreia do Sul; em 2012, foram duas missões oficiais, para Inglaterra e Cuba, e mais viagens à Argentina e outra vez a Cuba (em férias).
Nessas despesas também não estão computadas as diárias recebidas pelo governador nos roteiros pela Alemanha, em março, e por Paris, em dezembro, a convite da presidente Dilma Rousseff. Nas duas viagens, as diárias de Tarso Genro somaram R$ 4.007,60.
Chefe de gabinete de Tarso Genro, Ricardo Zamora disse que a falta de transparência ocorreu por questões de segurança. Ele afirmou que as viagens do governador, especialmente internacionais, são importantes para as políticas de desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
— Considerando a importância estratégica desses roteiros, não consideramos alto o valor. Mas a expectativa é que os gastos diminuam este ano, porque a agenda prevê apenas uma missão internacional para a China, provavelmente no meio do ano — disse Zamora.
Para tornar as despesas mais transparentes, o Executivo estuda o uso de cartões corporativos que seriam utilizados pelos ajudantes de ordem para ordenar as despesas do governador, do vice-governador e da primeira-dama.

Sarney e a fome no Socorrão, por Sandro Vaia



“O Maranhão não suportava mais nem queria o contraste de suas terras férteis, seus vales úmidos, seus babaçuais ondulantes , de suas fabulosas riquezas (...) com a miséria, com a angústia, com a fome, com o desespero...”
Em 1966, o então jovem de 36 anos José Sarney, eleito governador , empolgava o Maranhão com um discurso de posse literariamente contundente, cheio de palavras ásperas, prometendo colocar um fim na miséria e na corrupção que assolavam o Estado.
Ele prometia “mudar a face do Maranhão” e o povo, entusiasmado, aplaudia.
Quem quiser se emocionar com o discurso e com as imagens da pobreza do Estado cuja redenção se iniciava naquela posse, pode entrar no Youtube e digitar:“Maranhão 1966, documentário de Glauber Rocha”, e verá, em pouco mais de 8 minutos, um dos documentos mais chocantes já produzidos sobre a realidade política do País, dirigido pelo talento nascente daquele que viria a ser o mais mítico dos nossos cineastas.
Como poderia imaginar o jovem gênio do cinema que se vivo estivesse, agora, 47 anos depois da posse do governador Sarney, seria possível repetir o documentário com o mesmo roteiro de pobreza e miséria que aquele derramado discurso de posse prometia combater e eliminar.
O Maranhão é hoje, 47 anos depois do início do domínio da oligarquia Sarney, o penúltimo estado no Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, superado apenas pelo tenebroso estado de Alagoas, que já foi comandado também por um ex-presidente da República.
Uma semana atrás, o médico diretor de um hospital público do Maranhão, apelidado de Socorrão I, apareceu num programa de televisão e escreveu no Facebook pedindo à população que doasse alimentos e produtos de limpeza para que o hospital pudesse continuar funcionando.
O hospital é municipal, comporta 128 pacientes mas tem 216 internados, e o descalabro em que está é atribuído ao ex-prefeito João Castelo (PSDB), que acaba de encerrar a sua gestão.
O prefeito que assumiu decretou estado de emergência na saúde pública de São Luis.
O ex-prefeito, cuja maior obra é o estádio de futebol que consagra seu nome no aumentativo-Castelão-apesar de filiado ao PSDB, recebeu o apoio da governadora Roseane Sarney no segundo turno, mas perdeu para um político do obscuro PTC.
O Maranhão definha, e as palavras de José Sarney de 1966 perderam-se no vento, enquanto ele cortava a fita de inauguração da exposição “Modernidade no Senado Federal-Presidência de José Sarney”, paga com dinheiro público, na semana passada,em Brasília.
Dinheiro que poderia comprar comida para os doentes do Socorrão.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br