quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A violência contra jovens negros no Brasil



por Paulo Ramos

A cada nova divulgação dos dados sobre homicídios no Brasil a mesma informação é dada: morrem por homicídio, proporcionalmente, mais jovens negros do que jovens brancos no país. Além disso, vem se confirmando que a tendência é um crescimento desta desigualdade nas mortes por homicídios.
Foto: Luliexperiment/Flickr
O diagnóstico produzido pelo Governo Federal apresentado ao Conselho Nacional de Juventude – CONJUVE mostra vetores importantes desta realidade, para além dos socioeconômicos: a condição geracional e a condição racial dos vitimizados.Em 2010, morreram no Brasil 49.932 pessoas vítimas de homicídio, ou seja, 26,2 a cada 100 mil habitantes. 70,6% das vítimas eram negras. Em 2010, 26.854 jovens entre 15 e 29 foram vítimas de homicídio, ou seja, 53,5% do total; 74,6% dos jovens assassinados eram negros e 91,3% das vítimas de homicídio eram do sexo masculino. Já as vítimas jovens (ente 15 e 29 anos) correspondem a 53% do total e a diferença entre jovens brancos e negros salta de 4.807 para 12.190 homicídios, entre 2000 e 2009. Os dados foram recolhidos do DataSUS/Ministério da Saúde e do Mapa da Violência 2011.
Podemos dizer que este tema entrou na cena pública, quando, em 2007, o Fórum Nacional da Juventude Negra – FONAJUNE lançou a campanha nacional “Contra o Genocídio da Juventude Negra”. Em 2008, foi realizada a 1ª. Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude, e das 22 prioridades eleitas nesta CNPPJ, a proposta mais votada foi a indicada pela juventude negra que tematizava justamente os homicídios de jovens negros.
Depois de passar CONJUVE, o tema foiabsorvido pelo Executivo, no final de 2010, através da Secretaria de Políticas de Igualdade Racial – SEPPIR, com a realização de uma oficina chamada “Combate à mortalidade da juventude negra”.Com a sucessão presidencial, a pauta – deixada de lado pela SEPPIR, em 2011 – foi reincorporada pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), ligada à Secretaria Geral da Presidência da República-SG/PR, em meados de 2011. A SNJ sugeriu que o Fórum Direitos e Cidadania (coordenado pela SG/PR), que reúne os principais ministérios ligados ao tema, tomasse para si a questão. Foi o que aconteceu, a partir da criação de uma Sala de Situação da Juventude Negra dentro do Fórum. A partir daí desencadeou-se uma agenda nos moldes participativos para o desenvolvimento de propostas que agissem pela redução da violência contra a juventude negra.
Problema velho, soluções inovadoras
Esta pauta, de início, podemos sugerir que possui um caráter especialmente participativo. Pois inicia-se com uma Conferência de participação social e passa a ser discutido pelo Conjuve. Depois, quando chega ao executivo, mantém este formato de discussão.
O problema a ser enfrentado é bem complexo. Até hoje algumas iniciativas que dialogam com este público de juventude negra. Entretanto, existe uma dissonância entre elementos fundamentais para o êxito de uma ação que vise combater os homicídios de jovens negros. Para estas políticas, quando há orçamento, não há reconhecimento de diferenças; quando o projeto aborda a juventude negra, não há recursos. E quando há reconhecimento com recursos, não existe foco nos jovens mais vulneráveis.
Assim, esta agenda deve ser trabalhada pelo poder público a partir de duas concepções distintas de políticas públicas e a partir de uma noção convergente de direitos, pois o direito à vida de certa juventude (a juventude negra) e elaborada a partir do reconhecimento dediferenças. Mas que o Estado Brasileiro através de seus quadros burocráticos, muitas vezes reluta em fazê-lo.
Uma delas a chamada transversalidade, que defende que as políticas públicas devem ser caracterizadas pelas dimensões que se pretendem reconhecer (racialmente, por gênero etc.). A outra maneira pela qual as políticas setoriais vêm sendo tratadas é pela ação afirmativa. Esta defende que é preciso criar políticas emergenciais, combinas às estruturantes para públicos específicos (negros, jovens, mulheres).
As políticas chamadas transversais carregam consigo um dilema sobre a sua autoria. Se elas devem estar em todos os campos da ação pública, quem tem o dever de realizá-las? De quem é a responsabilidade de resolver o problema dos homicídios dos jovens negros no interior de um governo? A Secretaria Nacional de Juventude, A Secretaria de Políticas de Igualdade Racial? A Secretaria de Segurança Pública?
Mas o outro lado deste assunto é que ele mostra que ações relacionadas a este tema podem partir de outros atores que não apenas o Ministério da Justiça e que o tema dos homicídios é apropriado por outros setores da sociedade e do Estado que não são os tradicionalmente ligados ao tema.
Entretanto, antes que um ou outro ministério assuma esta tarefa, é necessário ultrapassar uma barreira que muito se vê Brasil a fora:  deve-se fincar as ações de promoção de direitos e tratar o seu público “alvo” desta vez como sujeito de direitos e não como “jovens problemas”. Isso é uma tendência que os setores organizados da sociedade civil vêm defendendo, há anos, e que agora devem chegar às políticas que ligam juventude à violência. Do que decorrerá outro ponto inovador: os jovens são tratados com vítimas e não mais como os vitimizadores.
Acredito ser este um bom exemplo de como a participação social e a abertura do processo de elaboração política para diversos setores da sociedade apontam para a criação de políticas que atendam ao reconhecimento e promoção de novos direitos, com o surgimento de novos arranjos institucionais. Ainda que os problemas sejam tão antigos.

 Paulo Ramos, 31, é especialista em análise política pela UnB e mestrando em sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. Foi consultor da UNESCO e da Fundação Perseu Abramo para o tema das relações raciais e de juventud

Universidades virtuais


Thomaz Wood Jr.


Thomaz Wood Jr. escreve sobre gestão e o mundo da administração. thomaz.wood@fgv.br
13.08.2012 10:11


George Bernard Shaw fuzilou: “Desde pequeno tive de interromper minha educação para ir à escola”. Albert Einstein não ficou atrás: “É um milagre que a curiosidade sobreviva à educação formal”.
Nossa sociedade celebra a educação, mas não perde oportunidade para criticar as escolas. E não faltam motivos. O Brasil tem um sistema peculiar. Nossa antiga classe média frequenta colégios privados e universidades públicas, nas quais entra sem objetivos, frequenta sem inibições e sai sem aspirações. Durante quatro ou cinco anos, convive com mestres de imponentes insígnias e pouco apreço à educação.
Nossa nova classe média frequenta colégios públicos e universidades privadas, nas quais entra com algumas ambições, frequenta como pode e sai por sorte. Durante quatro ou cinco anos, convive com mestres que são verdadeiros operários do ensino, com muitas contas a pagar e pouco tempo para se dedicar.
Agora, dizem os sabidos e novidadeiros, a grande novidade é a universidade virtual. Mais uma vez, profetizam, as novas tecnologias vão operar o milagre de transformar água em vinho, pedra em pão. Será?
O Coursera é um start-up norte-americano criado pelos professores de Ciência da Computação Daphne Koller e Andrew Ng, da Universidade de Stanford, matriz maior de empresas do Vale do Silício. A empresa foi criada com a missão de oferecer, gratuitamente, por meio da internet, a qualquer indivíduo, a melhor educação do mundo, leia-se, aquela oferecida pelas melhores universidades. Por enquanto, a empresa sobrevive graças a investidores.
O fato relevante foi o anúncio recente de que mais uma seleta lista de universidades concordou em fornecer conteúdo para o Coursera disponibilizar na rede. As parceiras da empresa agora incluem as universidades de Princeton, Duke, Stanford, Pensilvânia, Michigan, Toronto e Edimburgo, entre outras. Uma delas já declarou que reconhecerá créditos realizados no Coursera, outras duas informaram que colocarão mais 3,7 milhões de dólares na empresa, elevando os investimentos a 22 milhões de dólares. No próximo período letivo, o Coursera pretende oferecer mais de cem cursos online, visando atingir 100 mil alunos. Não é pouco!
A educação superior tornou-se uma grande questão e, ao mesmo tempo, um grande negócio, atraindo empreendedores e investidores. O Coursera não está sozinho. Seus concorrentes incluem o projeto edX, da Universidade Harvard e do MIT, a Udacity e a Minerva. No Brasil, há iniciativas similares, tais como o Veduca, da iniciativa privada, e a Univesp, do governo do Estado de São Paulo.
Pensada como negócio, a educação superior é extremamente ineficiente: é cara, atende apenas uma pequena parcela da população e desperdiça recursos, à medida que cada professor (um recurso escasso e caro) cria o próprio conteúdo e o repete semestre a semestre para pequenas plateias, nem sempre muito interessadas. Segundo Koller, do Coursera, as aulas tradicionais surgiram há centenas de anos quando havia apenas uma cópia do livro, a do professor. Portanto, a única maneira de transmitir o conteúdo era o professor sentar na frente da classe e ler o livro. Hoje, com o uso das tecnologias de informação e comunicação, há maneiras mais eficientes de transmitir conteúdo, sugeriu a empreendedora em entrevista para a revista The Atlantic.
Naturalmente, as investidas da lógica de mercado sobre a educação superior causam arrepios. Entretanto, iniciativas como as do Coursera não devem ser temidas. Aulas ao vivo, para grandes plateias, como ocorre com frequência nos ciclos básicos dos cursos superiores, estão se tornando anacrônicas. Alguns professores tentam agir como animadores de auditório, usam anedotas e recursos performáticos para manter a atenção das hordas de apedeutas. A vítima é o aprendizado.
Um sistema de estudo dirigido, com apoio de recursos online e que respeite o ritmo do aprendiz pode, eventualmente, ajudar. Afinal, o valor de frequentar uma instituição de ensino superior não está nas aulas básicas, mas no contato com professores e colegas, na criação de redes de relacionamento e, principalmente, no trabalho conjunto e na realização de projetos de interesse comum.
Iniciativas como as do Coursera e de seus pares estão ainda em sua infância. Os conteúdos são fragmentados e muitos registros foram feitos simplesmente colocando-se uma câmera no fundo de uma sala de aula. A estética é pobre, e o material divulgado não é atraente. A grande promessa pode se transformar em grande decepção. Não terá sido a primeira vez. Não será a última. Talvez, o que precisamos é mais Jean Piaget e menos Bill Gates; mais Paulo Freire, menos Steve Jobs

Mulher xinga e humilha gari por usar banheiro em supermercado no Lago Sul


Publicação: 15/08/2012 06:41 Atualização:
Uma confusão ocorrida nessa terça-feira (14/8) dentro de um supermercado no Lago Sul acabou com um registro de Boletim de Ocorrência na 10ª Delegacia de Polícia. Uma gari de 27 anos usava o banheiro do estabelecimento quando teria sido humilhada por uma mulher de 60 anos. Segundo a polícia, a vítima, moradora de Santa Maria, teria sido chamada de “porca” e de “pobre”, entre outros xingamentos. O motivo da briga era o fato de a trabalhadora utilizar o local. “A autora achou que ela não devia estar lá, que deixaria o banheiro com mau cheiro e afirmou que queria educá-la”, contou um agente da 10ª DP.

A gari estava próxima ao Carrefour Bairro, localizado na QI 13, e entrou no supermercado, por volta das 8h. A autora, ex-funcionária do Banco Central, também usava o banheiro quando a gari entrou e não teria gostado de vê-la. Segundo o investigador, ela fez um “alvoroço” para chamar a atenção dos clientes. Com a confusão, a polícia precisou ser chamada. “Ela disse que frequenta o mercado e que os garis sempre usam o banheiro e fazem sujeira em excesso”, contou o policial.

Imposto sobre a vaidade e a burrice, por Hélio Doyle


Publicado 15/08/2012 01:00
 
            A lei da oferta e da procura é implacável. Se há quem aceite comprar um produto por um preço absurdo e fora da realidade, sempre haverá quem venda nessas condições. Por isso as importadoras de veículos vendem aqui um Grand Cherokee por 89.500 dólares, enquanto nos Estados Unidos o mesmo veículo, com mais equipamentos, sai por 28 mil dólares. “Vocês estão sendo roubados”, avisa aos brasileiros o jornalista Keneth Rapoza, da revista Forbes.
Segundo ele, um Dodge Durango SUV, que nos Estados Unidos também pode ser comprado por 28 mil dólares, aqui vai custar 95 mil dólares. Os preços elevados no Brasil se justificam, em parte, devido aos altos impostos de importação – que se justificam plenamente, principalmente para produtos de luxo. Mas há também o elemento mercado: há quem compre, mesmo sabendo que está sendo roubado.
Digamos que há um imposto cobrado pelo governo e outro que incide sobre a vaidade de ter um carro importado e a burrice de pagar o que ele não vale. Mas, a bem da verdade, os carros nacionais também não valem o que pagamos por eles.

O Ciem já dava o caminho, por Hélio Doyle


Publicado 15/08/2012 19:55

            O ensino médio vai mal no Brasil, segundo constatou o Ideb 2011, índice que mede o desempenho da educação básica. Nem precisava. A precariedade e a falta de qualidade das escolas públicas e privadas de ensino médio são notórias a olhos nus. O governo fala fazer mudanças, e poderia começar com três medidas óbvias para melhorar o ensino médio no Brasil:

          1 – Ter escolas em tempo integral, com atividades desportivas, vocacionais e cívicas além das aulas.
            2 – Reduzir o número de disciplinas obrigatórias e dar aos alunos a possibilidade de cursar disciplinas eletivas, com base no que pretendem fazer na universidade ou na vida profissional.
            3 – Melhorar os salários dos professores (que poderiam pelo menos receber o mesmo que um ascensorista ou copeira do Senado, por exemplo) e incentivar a formação de professores para o ensino médio nas universidades, dando aos alunos a possibilidade de exercer o magistério, com remuneração, ainda durante o curso de graduação.
            Não é simples e custa dinheiro fazer isso, mas é um investimento imprescindível se a educação é mesmo prioridade e se queremos alunos mais bem preparados para as universidades, para as escolas técnicas e para o mercado de trabalho.
            As três medidas já eram aplicadas na década de 1960, em Brasília, no Centro Integrado de Ensino Médio (Ciem) da Universidade de Brasília. Infelizmente o colégio fechou por ser considerado subversivo e contestador. Era revolucionário demais para a época, e hoje, mais de 40 anos depois, ainda seria, diante da mediocridade que impera nas escolas de ensino médio, inclusive nas privadas, que cobram muito caro e ensinam muito mal.   
               
O colégio da UnB, fechado nos anos 1970, fazia o que o ensino médio tem de fazer hoje para melhorar

Revista Forbes denuncia preço abusivo dos carros no Brasil


O comentarista Luiz de Moraes Rego Filho, sempre presente, nos envia matéria da revista Forbes denunciando que os brasileiros pagam preços ‘ridículos’ por carros. Na versão on-line, um articulista  da revista, especializada em finanças e muito conhecida por compilar listas das maiores fortunas do mundo, criticou os preços abusivos pagos por brasileiros por carros considerados de luxo no país.

Como exemplo, a publicação cita o valor de Jeep Grand Cherokee, que custa R$ 179 mil (US$ 89,5 mil) no país. Nos Estados Unidos, o mesmo carro sai por cerca de US$ 28 mil.
“Alguém pode pensar que pagar US$ 80 mil em um Jeep Grand Cherokee significa que ele vem com asas e grades folheadas a ouro. Mas no Brasil é a versão básica”, afirma Kenneth Rapoza, autor do artigo e responsável por cobrir os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) para a Forbes.
Ele ressalta que o preço nos EUA é quase metade do salário médio anual de um americano, mas o preço praticado no Brasil está muito aquém dos ganhos de um brasileiro médio.
O jornalista aponta os culpados de sempre pelos preços inflados: impostos sobre importados e outras taxas aplicáveis a produtos industriais. “Com os R$ 179 mil que paga por um único Grand Cherokee, um brasileiro poderia comprar três, se vivesse em Miami”, escreve Rapoza.
O artigo ainda cita o novo Dodge Durango, que deve ser apresentado pela Chrysler no salão do automóvel de São Paulo em outubro, e que custará ainda mais que o Grand Cherokee: cerca de R$ 190 mil (US$ 95 mil), segundo a publicação. Nos EUA, o mesmo carro custa US$ 28,5 mil e até um “professor de escola pública do Bronx” pode comprar um com dois anos de uso.
“Desculpem, ‘brazukas’ (sic)… não há status em um Toyota Corolla, Honda Civic, Jeep Grand Cherokee ou Dodge Durango. Não sejam enganados pelo preço. Vocês estão definitivamente sendo roubados”, avisa Rapoza.

Galinha nova no porto



Sebastião Nery
Em Porto de Galinhas (PE) não havia senhores de engenho. Eram senhores das florestas, dos rios e dos mares, nas beiras desse infinito verde-azul, rodeado de arrecifes empedrados, uma das mais magníficas esquinas desses mundos de Deus. Os índios Caetés, aqueles que comeram como sardinha o primeiro bispo do Brasil, aqui viviam e imperavam…
Até que chegaram os portugueses, matavam os índios e exportavam pau-brasil por esse porto natural, que logo chamaram de Porto Rico. Os índios caetés reagiram, puseram os portugueses para correr e durante todo o século XVI não mais deixaram sair por aqui nem madeira nem açúcar.
Quando começou o comércio dos escravos trazidos da África, os brancos voltaram ao massacre dos índios e aqui instalaram um porto clandestino, pirata, que importava negros sem pagar taxas ao governo instalado em Olinda e Recife.
O governo até que tentou reagir, construindo o Forte da Gamaleira, aqui ao lado. Mas os navios negreiros chegavam, encostavam e desovavam milhares de negros. Nos porões, também traziam galinhas de Angola e com ela davam a senha:
- Tem galinha nova no porto!
As galinhas, na verdade, eram os negros para vender. E o porto logo se chamou, até hoje, Porto de Galinhas.
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ESCRAVO DO AMOR
Carlos Wagner, bom jornalista, bom publicitário, bom poeta, irmão do cinematográfico pintor de “Olga”, o escritor Fernando Moraes, era amante. Apaixonou-se, todo se deu. Um dia, o amor se foi e deixou um infinito vazio. Ficaram apenas as cartas magoando na gaveta.
Ia jogar fora, mas Belo Horizonte, onde morava, não merecia o enterro de sua ternura. Mudou-se para São Paulo. E as cartas doendo na mala. Quis rasgá-las, também lá. Desistiu. Não tinha sentido espalhar tanto sonho naquela frieza de cimento armado.
Pegou um avião, foi para Paris. Com as cartas. Chamou José Maria Rabelo e Tereza, seus amigos, exilados lá:
- Hoje, vamos dar um passeio no Sena. Quero que vocês dois sejam testemunhas e padrinhos de uma cerimônia.
Entrou no primeiro marché, comprou três Chateau Margaux. Até a francezinha do caixa ficou assustada com o preço. Pegaram um Bâteau Mouche, beberam tudo. Carlos Wagner estava desolado:
- Vim a Paris jogar no Sena as cartas de um amor maravilhoso que se acabou. Elas estão aqui na bolsa.
- Então, jogue.
- Não, não vou jogar não. Vejam como está o Sena. Muito poluído.
No dia seguinte, embarcou para Veneza. Continuava escravo de seu amor, como galinha nova no porto.
PAES DE ANDRADE

O dia do retrocesso - Carlos Chagas



É hoje o dia do retrocesso. Caso não tenha mudado de idéia, a presidente Dilma acenderá velas no altar do atraso. Anunciará a adesão definitiva do governo do PT aos postulados do neoliberalismo. Trocando de rótulo, que chama de concessões, servirá às elites o cálice da privatização. Milhares de quilômetros de rodovias serão doados à iniciativa privada. Ferrovias, também. Portos e aeroportos implantados com dinheiro público, quer dizer, nossos impostos, passarão àqueles que nem um centavo gastaram para viabiliza-los, acrescendo como prêmio bilhões de recursos do tesouro postos à disposição para a melhoria dos serviços. Sem esquecer hidrelétricas.
O pior dessa capitulação está na goela dos insaciáveis vampiros da coisa pública. Não se contentam com o que será anunciado e já iniciaram campanha para mudar o que resta das leis sociais. Ninguém se espantou, ainda que muitos se indignassem, ao assistir ontem nova investida sobre o trabalho, na palavra dos representantes do capital. No telejornal mais popular do país, pregaram a opção entre investimentos e salários. Traduzindo: para multiplicar seus lucros, é essencial reduzir os reajustes a que tem direito o trabalhador. Não investirão se não puderem comprimir as necessidades de quantos se encontram sob seu poder de demitir.
A ameaça contamina o governo. Sob o argumento de ser preciso preservar os empregos na iniciativa privada, evitando demissões, a solução será reduzir a remuneração de cada assalariado. A turma do serviço público refugia-se na greve, blindada pela estabilidade, mas a maioria do serviço privado terá de silenciosamente pagar a conta, sob pena de ficar sem emprego. Faltando coragem para romper esse círculo de giz, a presidenta da República cede às pérfidas exigências da parte retrógrada do empresariado. Abdica das prerrogativas do Estado Nacional, imaginando compensá-las pela mesma estratégia do Lula, de conceder esmolas para os grupos menos favorecidos da população. Agora é a vez das dentaduras.
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PATRONO DOS DERROTADOS
Fica difícil entender certas iniciativas recentes do Lula. Será verdade, mesmo, que ele telefonou para Mano Meneses, solidarizando-se com a derrota do Brasil na disputa pela medalha de ouro em Londres? Se for, trata-se de algo inusitado, explicável apenas pela compulsão de ligar-se aos derrotados, coisa que seria até louvável, mas jamais envolvendo quantos carregam o peso da própria estupidez. O Lula também telefonou para José Dirceu, para Márcio Thomaz Bastos e sabe-se lá que outros mensaleiros e seus advogados.
No caso de Mano Meneses, não há sequer a desculpa de o ex-presidente estar defendendo seus interesses e a imagem de seu governo, como no caso do mensalão. O primeiro-companheiro liga-se ao futebol apenas por sua devoção ao Corintians. Nada teve com a lamentável escalação e a performance desse time de pipoqueiros que amarelou na partida final. Por que se ligar ao vexame?
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ESTUÁRIO DE FRUSTRAÇÕES
Política muda como nuvens ao vento, dizia Magalhães Pinto. Mas se não mudar, indicam as pesquisas, José Serra e Celso Russomano passarão para o segundo turno, nas eleições para a prefeitura de São Paulo. Nessa hipótese, como se comportarão as duas maiores forças partidárias nacionais, o PT e o PMDB?
Os companheiros carecem de todas as condições para apoiar José Serra. Nos últimos anos eles tem renegado seus mais importantes postulados sociais e políticos, presumindo-se, porém, que não chegariam a abrigar-se no ninho dos tucanos. O Lula recomendará o voto em branco? Rui Falcão vai sugerir a abstenção? Marta Suplicy dirá a seu eleitorado que digite teclas capazes de explodir as urnas eletrônicas? Sem dúvida os petistas, orientados ou não, votarão em Russomano.
Quanto ao PMDB, se já não buscou contacto, breve fará chegar ao PSDB que, algum tempo atrás, votou em Serra para presidente da República. Claro que antecipadamente será apresentada a fatura: umas tantas secretarias e a direção de empresas públicas. O mesmo talvez seja proposto ao adversário, mas sem muita convicção.
Conclui-se que se as nuvens não mudarem, São Paulo, pelo menos, estará mudando…

Lula era o chefe do mensalão, denuncia advogado de Jefferson

Pior que pensava - Tostão (Jornal O Tempo)



Prefiro ver o Brasil melhor no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do que ganhar mais medalhas. De qualquer maneira, se quiser evoluir, em todas as áreas, incluindo o esporte, é necessário diminuir as patotas, a perniciosa relação de troca de favores, e colocar os mais bem-preparados e mais dignos nos cargos estratégicos. Não basta planejar e investir. Projeto não fala, não pensa nem tem alma.
O Brasil joga hoje, contra a Suécia, a última partida no estádio Rasunda, onde ganhou a Copa de 1958. Recentemente, vi, em DVD, todos os jogos, na íntegra. A seleção era melhor do que imaginei com 11 anos, ao escutar as partidas pelo rádio. O Brasil mostrou ao mundo que era possível unir o futebol imprevisível, descontraído e criativo com a eficiência.
Chico Buarque, décadas atrás, em um belíssimo texto, disse que os europeus eram os donos do campo, por ocuparem melhor os espaços, e os brasileiros, os donos da bola, por gostarem de ficar com ela e de tratá-la com intimidade. Hoje, o Brasil não é dono do campo nem dono da bola.
Está pior que pensava. Antes da Olimpíada, achei que o time, por ser quase o principal, diferentemente de outros países, seria o grande favorito, e que nossos jovens dariam show em defesas de jogadores desconhecidos. Enganei-me.
Contra o México, Mano errou ao colocar Alex Sandro no meio-campo, aberto, com a função de ser secretário de Marcelo. Alex Sandro e o time já tinham jogado mal contra a Coreia do Sul. Mano errou também ao levar Hulk. A prioridade era mais um zagueiro ou um lateral-direito. A defesa jogou muito mal em todas as partidas.
O Brasil não tem um craque, definitivo. O único com chance de ser um fora de série é Neymar. Ainda não é. Sem craques experientes a seu lado, no Santos e na seleção, ficará muito mais difícil para ele evoluir. Neymar vive um momento perigoso. Deram a ele o prestígio de uma celebridade mundial, de gênio, e também uma enorme responsabilidade. Se o Brasil não for campeão do mundo, os mesmos que o adulam vão massacrá-lo.
A formação ineficiente e, muitas vezes, promíscua, nas categorias de base dos clubes, e o estilo de jogar dificultam o aparecimento de craques. Com menos craques, há menos chances de isso mudar. Mano, pelo menos no discurso, tenta fazer alguma coisa, sem sucesso. As marcas da mediocridade foram impregnadas na alma dos jogadores, técnicos e de parte da imprensa.
Não adianta trocar de técnico, a não ser que surja alguém especial, romântico e racional, profundo conhecedor de detalhes técnicos, táticos, observador da alma humana e, ao mesmo tempo, corajoso, combativo e que não precisa gritar, se exibir e dizer que é tudo isso. Falta ao futebol um Zé Roberto.
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SITUAÇÕES DIFERENTES
Na vitória por 1 a 0, sobre o Bahia, o Cruzeiro jogou pior do que na derrota por 4 a 2, para o Santos. Parece que o time só ganha quando joga muito mal. O sexto lugar é melhor do que se esperava. Celso Roth tem mudado o esquema e os jogadores, e tudo continua igual. Está na hora de definir o time e a maneira de jogar e, quem sabe, a equipe surpreende.
Nos últimos jogos, Ronaldinho foi o principal destaque do Atlético, mais até que Bernard e Réver. Hoje, fora de casa, contra o Atlético-GO, lanterna, o Galo não pode relaxar. É jogo duro. Escudero tem mais características para fazer a função de Danilinho que Guilherme. Com a saída de André, Guilherme passa a ser o primeiro reserva. Ele jogou nessa posição e foi muito bem.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)



De um manicômio tenebroso do Rio a um museu fino de Londres: a longa e sofrida jornada de Bispo do Rosário



Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
LONDRES – De um manicômio tenebroso no Rio de Janeiro em que passou a maior parte da vida até uma sala exclusiva no Victoria and Albert Museum, o V&A, um dos endereços mais refinados da arte em Londres, foi longo e sofrido o percurso do sergipano Arthur Bispo do Rosário.
Rosário é dono de uma das histórias mais extraordinárias da arte brasileira. Descendente de escravos nascido em 1908, ele acabou sendo um faz tudo na casa de um carioca rico. Com cerca de trinta anos, teve alucinações. Achou que era o Messias. Procurou uma igreja para anunciar a novidade e terminou num hospício, diagnosticado como esquizofrênico paranóico.
A partir da internação, Bispo do Rosário começou a usar material jogado fora – botões, garrafas, papel, tecidos – para criar esculturas, miniaturas e roupas com bordados primorosamente caóticos. Oitenta dessas criações estão expostas no V&A até outubro.

Ele foi descoberto por acaso. Um psiquiatra certa vez foi ao hospício para um estudo e se encantou instantaneamente pelo trabalho de Bispo do Rosário. Fez um documentário sobre ele, que é passado no V&A com legendas em inglês para quem vai à sala dedicada à exposição de Bispo do Rosário.
Ele tinha a criatividade dos gênios e dos loucos. Uma vez, com base em fotos de um concurso de misses publicadas na revista Cruzeiro, Rosário fez um cetro de madeira e uma faixa para cada candidata. Em todos as faixas, bordou caprichosamente referências aos países das beldades. A obra está no V&A. Foi a que mais nos impressionou – a Erika e a mim – na visita que fizemos hoje ao museu.
Ele sempre disse que fazia o que fazia por receber ordens divinas. Mais de vinte anos depois de sua morte na miséria e na loucura, Bispo do Rosário é uma figura cultuada em alguns círculos da arte brasileira por sua obra não clássica, não acadêmica, não esteticamente refinada — mas desconcertantemente original, um retrato perturbador da grandiosidade confusa e às vezes bela a que pode chegar a mente de um homem inventivo e iletrado que um dia acorda com a certeza de ser Deus.

Conheça os governadores reprovados no Ideb Treze redes estaduais de ensino não bateram metas de crescimento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica estipuladas pelo Ministério da Educação


Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Idep) 2011 divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Educação (MEC) revelam que 13 redes estaduais não bateram todas as metas, estabelecidas em 2005, para que o ensino atinja em 2021 uma qualidade compatível com a dos países desenvolvidos. ...


Nos anos iniciais do ensino fundamental, Alagoas, Paraná e Rio de Janeiro estão abaixo da meta. Doze Estados não conseguiram alcançar a meta nos anos finais desta etapa: Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondonia, Roraima e Sergipe. No ensino médio, Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe não atingiram as metas.

Veja os governadores que não atingiram as metas :
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: iG - 15/08/2012

Mensalão: STF define que Cezar Peluso vai votar



17:08:47

Os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiriam que o colega Cezar Peluso terá tempo para apresentar seu voto no julgamento do mensalão, antes de sua aposentadoria em 3 de setembro próximo, ao completar 70 anos. ...

Além da possibilidade de antecipá-lo após a leitura do voto do relator, Peluso poderá fazê-lo a qualquer tempo, mediante autorização do presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto.
Fonte: Cláudio Humberto - 15/08/2012

Dilma Rousseff receberá relato de pais e hemofílicos desesperados com a extinção do Núcleo de Coagulopatias Hereditárias



12:32:23

Após Rafael Barbosa acabar com o núcleo responsável pelo atendimento aos hemofílicos no Hospital de Apoio de Brasília, os portadores de doenças que dependem do tratamento recorrerão à presidente para relatar o drama vivenciado por essas mudanças

Hemofílicos aguardam há um ano que o ministro da Saúde Alexandre Padilha (centro) os recebam em audiência

Depois de 18 meses de uma batalha entre pais, pacientes e a Secretaria de Saúde, o responsável pela pasta, Rafael Babosa, na carta convite Nº 033 /2012-GAB/SES, datada do dia 7 deste mês, comunica o fim do centro que foi premiado e apontado como referência mundial no Distrito Federal. Trata-se do Núcleo de Coagulopatias Hereditárias do Hospital de Apoio de Brasília. ...

O núcleo, que era considerado referência na América Latina, atendia pacientes que dependiam do tratamento, uma vez que os medicamentos, além de serem extremamente caros, não são oferecidos pelas drogarias e farmácias comerciais.

Insatisfeitos com a medida de Rafael Barbosa, diversos pais e pacientes procuraram a redação do blog. Aos prantos, uma mãe desabafou: “De que adiantou recorremos ao Ministério Público, Tribunal de Contas e ao Judiciário? Travamos uma luta desigual e estamos sendo humilhados, enquanto o governador Agnelo Queiroz, em quem eu votei na eleição passada, e depositei a minha esperança de dias melhores para Saúde, só se preocupa com a construção do estádio Mané Garrincha e com a construção de ciclovias.”

O outro pai desabafa: “O senhor sabia que até dezembro de 2010 não tivemos nenhum óbito de pacientes? Pois no governo de Agnelo Queiroz e de seu secretário Rafael Barbosa, que são médicos, e que têm o compromisso juramentado de defender a vida, já tivemos duas mortes? Meu Deus, a quem vamos apelar? O ano passado, quando o ministro da Saúde Alexandre Padilha esteve no Hemocentro, fizemos uma manifestação pedindo a ele uma audiência para mostrarmos o que acontecia no Distrito Federal e até hoje não recebemos nenhum telefonema. No DF, não podemos apelar para mais ninguém, só nos resta agora a presidenta da República Dilma Rousseff, pois só ela como mulher, mãe e avó poderá saber a dor que todos nós hoje estamos passando. Vamos recorrer também  aos jornais, rádios e TVs e aos blogs que sempre nos ajudaram, nunca nos deram as costas quando mais precisamos”, afirmou.

“Só peço a Deus que tanto o governador Agnelo, como seu secretário que diz que é da Saúde, Rafael Barbosa, nunca venham a  precisar passar pelo que nós estamos passando. Apelamos a todos que possam, nos ajudem pelo amor de Deus”, continuou, em prantos.

A mãe, que não quer se identificar por medo de represálias, de um menino de 12 anos, teme que lhe aconteça o mesmo que aconteceu com um hemofílico no dia 12 do mês passado.

Geremias Cavalcante foi a óbito no Hospital Regional do Gama com morte, ocasionada por hemorragia cerebral, tendo dado entrada naquela unidade hospitalar algumas horas antes com sintomas de dor de cabeça. A equipe médica fora avisada de que tratava-se de um paciente hemofílico.

Outro grupo de pais relatou ao blog que mapeou no Congresso Nacional diversos parlamentares que, segundo eles, serão os responsáveis por fazer chegar às mãos da presidenta da República todo o drama vivido pelos pais, dependentes e familiares que convivem com a doença, desde o início da gestão do atual secretário de Saúde, Rafael Barbosa.

Serão levadas cópias das ações ajuizadas tanto no TJDFT, quanto na Justiça Federal, além de denúncias feitas a diversos promotores de Justiça, ao Tribunal de Contas e ainda, segundo eles, a denúncia de um médico que aponta suposto desvio de sangue na rede pública de saúde.

“Não estamos num campo de concentração nazista. O tratamento de que dependemos é com recursos da área federal, por meio do Sistema Único de Saúde, e repassado para as unidades da Federação”, explicou.

“A morte do Geremias não será apenas mais um número na triste realidade estatística dos hemofílicos: será um divisor de águas para a nossa causa”, garante outro pai de um paciente.
Fonte: Redação com Colaboradores - 15/08/2012

Em duas torres, cozinha compacta ocupa menos de 1 m² do espaço do chão



Tower Kitchen foi criada pelo designer francês Philippe Starck para a fábrica alemã Warendorf

Quem tem pouco espaço em casa, vai adorar a cozinhacompacta produzida pela fábrica alemã Warendorf. Chamada de Tower Kitchen, a cozinha foi desenhada pelo francês Philippe Starck e consiste em duas torres que ocupam menos que um metro quadrado de espaço no chão.
Divulgação
















De acordo com a Warendorf, a Tower Kitchen reduz a cozinha ao que ela tem de mais importante: água, calor e espaço. As torres são divididas em a "torre quente" e a "torre fria". A primeira abriga um forno convencional e um forno a vapor. A segunda tem espaço para geladeira e freezer. Outros eletrodomésticos, como lava-louças e microondas, podem ser integrados às peças.
Divulgação
























Três lados das torres são fechados por portas. O quarto lado pode ser usado do jeito que a pessoa preferir: pode ser colocado um espelho ou um quadro negro para se escrever a lista de compras do supermercado ou mensagens de boas vindas para convidados, por exemplo.

Quem preferir pode adquirir ainda uma peça adicional, denominada Trumpet Table. Funcionando como uma ilha adicional, ela combina um espaço para a preparação dos alimentos (com pia e superfície quente) a uma área para jantar, transformando-se em uma mesa. 

A Warendorf não possui representantes no Brasil. O preço da Tower Kitchen está disponível sob consulta.

Planos de saúde: 77% dos usuários se queixam




Pesquisa Datafolha informa: nos últimos dois anos,77% dos usuários de planos privados de saúde enfrentaram algum tipo de problema no atendimento. Repetindo: praticamente oito em cada dez pessoas que precisaram recorrer aos planos não foram atendidos como esperavam.
Os pesquisadores do Datafolha foram ao meio-fio por encomenda da Associação Paulista de Medicina. A entidade deseja perscrutar as deficiências do serviço, há muito perceptíveis a olho nu. Os números foram trazidos à luz nesta quarta (15).
Numa amostragem representativa de 10 milhões de pacientes, 64% dos usuários de planos de saúde enfrentaram problemas nas consultas. Queixaram-se da demora na marcação (53%), da saída dos médicos do plano (30%) e da lentidão na emissão de autorização para o atendimento (25%).
Reclamaram dos exames 40% dos pacientes. Praguejaram o atendimento no pronto-socorro nada menos que 72% dos entrevistados.  A superlotação na sala de espera, por exemplo, foi mencionada por 51%. Moral: os planos de saúde privados viraram uma espécie de neo-SUS.

Marco Aurélio passou a exercer papel nefasto para a reputação do Supremo e se dedica diariamente a uma espécie de difamação de seus pares. O decoro e a compostura lhe pedem que pare, a menos que queira ser confundido com um cumpridor de tarefas extracurriculares. Ele está atuando para atrasar o julgamento!


15/08/2012
 às 6:19


Escrevi ontem um texto sobre o ridículo a que o Supremo vem sendo exposto por alguns de seus membros. O título é este: “Nunca antes na história ‘destepaiz’ o Supremo foi submetido a tal enxovalho. Ou: Não há escapatória: os 11 do STF também estarão votando o destino de uma instituição”. O jogo está sendo jogado, e estamos acompanhando a atuação de alguns protagonistas. Ninguém, no entanto — nem mesmo Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli, tão explícitos nos seus respectivos papéis — tem se comportado de forma tão deletéria para a reputação da Casa como Marco Aurélio Mello. Já o tive na conta de um homem independente, mesmo quando discordei radicalmente de suas opiniões — e cito o caso do terrorista Cesare Battisti. Quando gostei, elogiei. Hoje, critico-o duramente. E não porque desconfie que vá discordar de seus votos.
Marco Aurélio — chamo-o pelo prenome para distingui-lo do outro Mello, o Celso, que o antecede — decidiu se comportar como ombudsman de seus colegas. Como não lhe cabe o papel oficial de crítico de seus pares, como essa função não está prevista do Regimento Interno da Casa, então ele evita a seara técnica e prefere trilhar o caminho da ironia — que se pretende sutil, mas que é notavelmente grosseira. Não passa dia sem que dê declarações descabidas e impertinentes à imprensa, tendo sempre seus parceiros de STF como alvos. E, quase invariavelmente, anuncia que o “clima não está bom”, como se não fosse ele um dos incentivadores de rusgas e confrontos.
Marco Aurélio foi quem liderou a reação, anteontem, à proposta do presidente da Casa, Ayres Britto, de dar continuidade à sessão, já que restava tempo, ouvindo mais defensores. Alegou que desrespeitava o calendário estabelecido. Falso como nota de R$ 3. Já tratei do assunto aqui. Não desrespeitava nada! Sempre ficou claro que aquele tempo era flexível e que os defensores tinham ATÉ uma hora. Portanto, no tempo da sessão, poderiam ser ouvidos apenas cinco, mas também dez — se cada um ocupasse apenas meia hora. Com aquela sua retórica sempre oblíqua, sugeriu que se estava desrespeitando o combinado. Errado! Ao se suspender a sessão uma hora antes do horário previsto é que o modelo estabelecido foi ignorado.
Agora, ao ler a Folha, deparo-me lá com o título: “Ministro critica tentativa de apressar o julgamento”. Antes mesmo que começasse a ler o texto, chutei: “É Marco Aurélio!”. Na mosca! E é claro que isso não faz de mim um mestre nas artes adivinhatórias. Quem, afinal de contas, parece dispor de tempo ocioso para dar declarações infelizes sobre o julgamento e a tanto vem se dedicando com afinco quase comovente? Leiam isto:
“Fui surpreendido por uma notícia do presidente de que o ‘todo-poderoso’ relator quer começar nesta quarta. Eu disse para começarmos na quinta. E mais: ele [Ayres Brito] apontou que o relator estava querendo também uma [sessão] extraordinária na sexta, sem a presença do revisor [Ricardo Lewandowski], que tem um compromisso acadêmico”.
Há mais absurdos aí do que muitos perceberão à primeira vista. Falarão hoje apenas três advogados. Portanto, teremos, no máximo, três horas. O passo seguinte é a leitura do voto do relator. Nada impede, pois — a menos que Marco Aurélio diga onde está o prejuízo para os réus e para o devido processo legal —, que Joaquim Barbosa comece a leitura do seu voto. Por que não? Ou o tribunal deve fazê-lo na quinta só porque o preclaro disse que tem de ser na quinta? Nesse dia, aliás, o tempo já é encurtado por causa da sessão do TSE.
Quanto à questão da sexta, eu já havia dado a notícia na manhã de ontem. Barbosa, de fato, gostaria de ter uma sessão extra, e Britto consultou os demais ministros. Quem disse “não”? Justamente Ricardo Lewandowski, de quem Marco Aurélio decide agora ser porta-voz informal. Alegou uma “viagem inadiável”. Segundo o seu colega e bastante procurador, trata-se de um “seminário acadêmico”. Lembro que este mesmo Marco Aurélio já andou fazendo troça dos problemas de coluna de Barbosa, sugerindo que se pensou um calendário pautado pela saúde do ministro. Ora, aquele mesmo, então, que estaria impossibilitado de um esforço extra a tanto se ofereceu. Mas sabem como é… O “seminário acadêmico” de Lewandowski não pode esperar! Sem as suas luzes, o mundo fica na escuridão. Lembro que este ministro rejeita uma sessão extra, mas achou de bom tom desperdiçar um dia com seu voto quilométrico numa simples questão de ordem — voto que, e ele tinha certeza disto, seria derrotado.
Linguajar impróprioJá divergi algumas vezes de Joaquim Barbosa e já critiquei aqui algumas de suas falas. Assim como já elogiei Marco Aurélio. Sou assim: quando gosto, digo “gosto”; quando não, “não”. Mas sou só um jornalista — na verdade, aos olhos do Supremo, um cidadão como qualquer outro. Posso, nos limites da lei, falar o que me der na telha — e, se ultrapassá-los, a lei me pune. A Marco Aurélio deve conter algo ainda mais delicado e sensível do que a lei: o decoro!
É indecoroso que se refira a Joaquim Barbosa como o “todo-poderoso relator”. Por quê? Ele tem de explicar! Barbosa, por acaso, foi investido de algum poder que não está previsto na Constituição e no Regimento Interno do Supremo, senhor ministro Marco Aurélio? O que o senhor quer dizer com isso? Esse motejo transita por qual área? Inveja? Ressentimento? Preconceito? Cumprimento de uma tarefa? Se o senhor não se explica — e cabe uma explicação porque não é um qualquer —, dá azo a que se imaginem as piores e mais condenáveis coisas. Em que Barbosa exorbitou até agora de suas prerrogativas constitucionais e regimentais, o que faria dele, então, um “todo-poderoso” nessa sua acepção obviamente irônica, tendente a rebaixar a reputação de uma colega seu?
Como Marco Aurélio é um homem corajoso e, vê-se, notavelmente falastrão, fiquei até a imaginar que fosse fazer alguma censura pública ao comportamento de José Antonio Dias Toffoli em festas. Mas não! Ele parece especialmente agastado com o relator e com o presidente da Casa.
Sim, também Ayres Britto entrou no radar do ministro falador. Endossando críticas que os fanáticos de Zé Dirceu, inclusive na imprensa, vêm fazendo ao presidente da Corte, mandou ver: “Poeta geralmente é muito sereno em tudo o que faz. É contemplativo, mas, nesse caso, não está sendo”. Sim, eu posso censurar os eflúvios poéticos de Britto; Marco Aurélio não pode. Quanto ao mérito, falou besteira — porque visivelmente está indo muito, muitíssimo mesmo!, além de suas sandálias. Poesias, ministro, as há para todos os gostos. O poeta como um nefelibata é só uma distorção da ignorância. Também em relação ao ministro Britto, eu lhe pergunto: onde está o açodamento, a falta de cuidado, a celeridade artificial?
Queira Deus — e queira a biografia do ministro — que não estejamos diante de uma peça de uma nefasta construção que busca criar motivos para pespegar no julgamento a marca ou da ilegalidade ou da ilegitimidade, quando não das duas coisas. O que isso estaria a significar? Que há brasileiros que se acham acima das instâncias do estado democrático e de direito, de que o Supremo é expressão privilegiada.
Em sua fala à Folha, Marco Aurélio atinge o cume da ironia nesta fala — embora, desta feita, tenha sido coisa involuntária:
“O relator tem poder, mas não é um todo-poderoso no processo. Ele não dita regras. Ele observa regras”.
Está aí. Então falemos de observância de regras, senhor ministro Marco Aurélio, inclusive as regras do decoro! Elas recomendam que o senhor se comporte, por exemplo, como se comportam os juízes da Suprema Corte americana. Deles, nem se pode dizer que resistam ao assédio da imprensa porque a chance de que se pronunciem sobre processos em curso no tribunal é inferior a zero. Do mesmo modo age a esmagadora maiores dos juízes das democracias de direito. Ainda que o senhor não esteja tratando do mérito, está a elucubrar sobre a mecânica da coisa, e isso pode ser convertido, com algum tirocínio, em conteúdo. O senhor está desrespeitando as regras!
Rasgando a fantasia
Vamos rasgar a fantasia. O pano de fundo dessa pantomima togada tem nome: Cezar Peluso. Há aqueles empenhados em aplicar as regras do jogo — e jamais desrespeitá-las, senhor Marco Aurélio! — para que Peluso vote. E há aqueles que, tudo indica, estão dispostos a dar caneladas para que ele não vote. Um voto de 80 minutos numa questão de ordem é uma canelada! Desculpo-me por recorrer à metáfora futebolística, mas sei que, depois da passagem de Lula pela Presidência da República, ela encontra, como se diz por aí, “recepção” também nesta egrégia corte. O próprio Marco Aurélio já se disse contrário a que Peluso, por exemplo, antecipe seu voto, ouvidos relator e revisor. Fez com que a possibilidade parecesse uma ato de discricionário, quando não é.
O que pareceria mais legítimo a Marco Aurélio? Que se dispensasse o voto de Peluso, embora ele conheça o processo e o tenha acompanhado no detalhe? Que um recém-chegado assumisse o lugar, sem ter a memória do caso? De hábito, se toma por aí o voto de Peluso como contrário aos interesses de muitos réus. Não sei se é ou não. E se for o oposto? O que não cabe, o que cheira, isto sim, a golpe é criar dificuldades artificiais para impedir o ministro de votar.
Chega, ministro Marco Aurélio! É preciso saber quando já se foi longe demais! E o senhor já foi! Hora de se comportar como um juiz — até porque nunca houve a hora de não se comportar. Até tomando um Chicabon!
Texto publicado originalmente às 4h54
Por Reinaldo Azevedo