quarta-feira, 6 de junho de 2012

A maior notícia do século



Por Dorrit Harazim em 05/06/2012 na edição 697 Observatório de Imprensa
Reproduzido de O Globo, 3/6/2012; intertítulos do OI
Benito Mussolini havia sido enforcado dez dias antes e Adolf Hitler tinha se suicidado na semana anterior; os russos estavam em Berlim e as tropas nazistas já haviam se rendido na Itália, Dinamarca, Noruega e Países Baixos. A Segunda Guerra Mundial estava por um fio, com Winston Churchill, Josef Stalin e Harry Truman prontos para fazer seus discursos de vitória. Faltava, porém, um comunicado oficial atestando o final da carnificina que já durava seis anos.
Eram 3h24m da tarde de 7 de maio de 1945 quando o escritório da agência de notícias Associated Press (AP) em Londres recebeu o telefonema que acabou com a guerra antes do combinado. A ligação chegara através de um canal militar não sujeito à censura e tinha o chefe do escritório de Paris da AP no outro lado da linha. “Aqui é Ed Kennedy. A Alemanha capitulou incondicionalmente. Repito, capitulou incondicionalmente. É oficial. Coloque Reims, França, como procedência e solte a notícia, já.” Não discutiu sua decisão com nenhum chefe. O texto tinha perto de 300 palavras. “Agora é esperar para ver o que acontece”, comentou, após desligar.
Dois minutos mais tarde, Londres transmitia a bomba para a central em Nova York, que ainda segurou a notícia por oito minutos antes de colocá-la no ar. Instantaneamente, rádios por toda a América interromperam suas programações para dar a grande nova, edições extras de jornais inundaram as ruas e o furo tinha tudo para ser o momento de maior triunfo profissional e pessoal de Edward Kennedy, já consagrado como um dos grandes nomes de sua geração.
Desculpas póstumas
Os fatos seguiram outro roteiro. Passadas menos de 24 horas, Kennedy foi suspenso por tempo indeterminado e seria demitido mais tarde, sem alarde. No mesmo dia, o presidente do Conselho da AP divulgava um comunicado lamentando “profundamente” o monumental furo obtido pelo jornalista.
Perto de 50 correspondentes de guerra do front europeu recomendaram a revogação de sua credencial. Kennedy acabou expulso da França pelo Comando Supremo das Forças Aliadas e teve de retornar aos Estados Unidos. “Faria tudo de novo”, declarou apenas, ao desembarcar. Conseguiu emprego como redator-chefe num pequeno jornal da Califórnia, o Santa Barbara News-Press, fez uma tentativa comopublisher do Monterrey Peninsula Herald e morreu num acidente de automóvel aos 58 anos de idade. Seu pecado capital foi ter desafiado a censura e atropelado um embargo de notícia.
Passaram-se 67 anos desde então. Somente agora, três semanas atrás, a Associated Press admitiu oficialmente que Edward Kennedy fizera o certo. “Foi um dia negro para a Associated Press, que administrou o fato da pior maneira possível”, desculpou-se em nome da empresa Tom Curley, atual diretor-executivo da agência noticiosa e coautor do prefácio do livro de onde foram tiradas as informações para este artigo. O pedido póstumo de desculpas veio junto com a chegada às livrarias do livro de memórias do jornalista – Ed Kennedy’s War: V-E Day, Censorship and the Associated Press, disponível na Amazon.
Acordo para bloquear a notícia
Recomenda-se a leitura a todo jornalista, uma vez que o dilema que se apresentou para Kennedy, além de universal, é atualíssimo. “Se você dá a alguém uma caneta e a autoridade de um censor, estranhas coisas acontecem”, costumava dizer Kennedy, que seguiu à risca a demarcatória definida por Franklin D. Roosevelt: a censura só é justificada se estiver a serviço da proteção das forças aliadas em combate. Na noite da rendição, Kennedy integrava o grupo de 17 correspondentes de guerra reunidos às pressas pelo comando aliado para testemunhar o momento. Todos tiveram de assinar um termo de sigilo a bordo do avião militar que os levou de Paris para Reims, no nordeste da França, onde o general Dwight Eisenhower havia instalado seu QG avançado. Só divulgariam o que veriam quando autorizados pelo comando aliado.
Em princípio, o embargo acordado duraria apenas algumas horas, mas logo os jornalistas foram informados de que o fim da Segunda Guerra Mundial só poderia ser noticiado 36 horas depois, às três da tarde do dia seguinte. Só que passadas doze horas da capitulação, uma pequena rádio alemã da cidade de Flensburg vazara a informação e Kennedy procurou dobrar os censores americanos. Nada feito. “O general Eisenhower até desejaria que a notícia seja divulgada de imediato para que vidas sejam salvas, mas suas mãos estão atadas por esferas políticas superiores”, respondeu-lhe à época o porta-voz do comandante.
As esferas políticas superiores chamavam-se Stalin, Truman e Winston Churchill. Os três haviam concordado em bloquear a notícia da capitulação por um dia para dar tempo ao marechal russo de também preparar a cerimônia de rendição que presidiria em Berlim. Assim, todos fariam comunicados simultâneos a seus povos, pontualmente às 3 horas da tarde do dia 8 de maio de 1945.
A mesma coisa
Kennedy tomou a decisão de furar unilateralmente o acordo ao constatar que não estaria colocando em risco a vida de nenhum soldado. Pelo contrário, abreviaria a matança em algumas horas, o que já era muito. De fato, naquele mesmo 7 de maio, um submarino alemão afundara duas embarcações na costa da Escócia e os combates prosseguiram na Checoslováquia e na Iugoslávia. Ademais, com a assinatura da rendição, a própria função dos censores militares perdia validade, a seu ver.
Duas vozes contundentes saíram em sua defesa à época. A primeira foi a de A. J. Liebling, na revista New Yorker, em artigo intitulado “A rendição da AP”. A segunda foi a de Wes Gallagher, despachado pela Associated Press para substituir Kennedy no escritório de Paris.
Por ocasião de seu primeiro encontro com Eisenhower, o repórter comentou com o general que no lugar do antecessor teria feito a mesma coisa, acrescentando: “Apenas teria lhe telefonado antes.” Ike retorquiu que, nessa hipótese, teria ordenado sua prisão. Resposta de Gallagher: “Mas isso não teria abortado a notícia.”
***
[Dorrit Harazim é jornalista]

Plano de saúde é condenado a custear cirurgia bariátrica



Quarta, 6 de junho de 2012
Do TJDF
A juíza da 23ª Vara Cívil de Brasília determinou que o plano de saúde Sul América custeie todo o tratamento e cirurgia bariátrica de uma paciente, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 50 mil.

A autora é portadora de obesidade mórbida há mais de cinco anos, possui várias doenças derivadas do excesso de peso e está em gravíssimo estado. No entanto, o plano negou a realização da cirurgia sob o argumento de não ter sido demonstrado tratamento clínico prévio por dois anos. 
O plano de saúde alegou a improcedência do pedido, pois a negativa foi justificada pelo não preenchimento dos requisitos exigidos pela ANS, afirmou que a cirurgia bariátrica é a última opção a ser tomada pelo paciente obeso, diante da agressividade do procedimento. 

A juíza decidiu que o pedido da paciente deve ser acolhido, pois a documentação da autora apontou para a necessidade da cirurgia de maneira a viabilizar a sobrevida digna da paciente, já que o Índice de Massa Corporal (IMC) da autora é superior a 40 g/m2 e ela é portadora de doenças provenientes da obesidade. Decidiu que a negativa da ré em arcar com os custos do procedimento se mostra à margem do direito levando-se em consideração a existência de contrato estabelecido entre as partes, pelo qual se obrigou a Sul América a arcar com os procedimentos médicos necessários à sobrevida da paciente. 


Cabe recurso da sentença.

O vexame da diplomacia espanhola, por Elio Gaspari



Elio Gaspari, O Globo
Deu gosto ouvir a referência da doutora Dilma aos “problemas enfrentados por viajantes brasileiros na Espanha” no seu discurso de boas-vindas ao rei Juan Carlos. Não precisava ter sido assim. Monarcas são feitos para enfeitar festas, e Elizabeth II está aí para provar isso.
Se a polícia do aeroporto de Barajas e o serviço diplomático espanhol fizessem seu serviço, em vez de ser obrigado a ouvir um tranco, o soberano poderia, feliz, ter anunciado o fim do problema.
Há anos os brasileiros que chegam a Madri arriscam ser tratados como delinquentes. Em 2008 foram deportados 2.200, e em 2011 mandavam-se de volta quatro por dia. Para conter a imigração ilegal exige-se que preencham inúmeros requisitos, entre eles uma carta-convite (original, selada; se for xerox, volta). Isso vale até mesmo para quem chega a Barajas às 9h para pegar uma conexão às 11h45m. Tudo dentro das leis europeias.
Já houve gente dormindo no chão, senhoras sem acesso à bagagem onde estavam seus remédios, jantar de três sardinhas e quatro horas de espera para ir ao banheiro.
Há poucos dias um artista plástico foi devolvido porque faltava o carimbo na carta-convite de seu empresário italiano. De nada adiantou mostrar que já entrara e saíra da Espanha com aqueles mesmos papéis. Tudo bem, coisa de policiais.
Em fevereiro a doutora Dilma anunciou que Pindorama aplicaria aos espanhóis o elementar princípio da reciprocidade. Desde abril, o país que deporta brasileiros tem seus cidadãos deportados.
A polícia de Barajas manteve sua rotina. Os celulares são confiscados e, se a vítima quer telefonar, paga cinco euros, mesmo que a outra linha esteja ocupada.
A Alemanha não pede carta-convite a quem vai fazer conexão, mas a Espanha continua exigindo-a. Enquanto isso, sua diplomacia dedica-se a repetir platitudes.
Trata-se de um problema pontual de gestão. Deve-se deportar quem não tem os papéis em ordem, mas não há por que aporrinhar quem está a caminho de Lisboa, ou quem pode comprovar sua boa-fé.
Pode-se tratar os viajantes que chegam à Espanha com educação e bom-senso. Resta tomar cuidado para evitar que a meganha queira terceirizar a fiscalização, envolvendo representantes da embaixada brasileira em Madri.
Certamente haverá diplomatas mostrando que pouco pode ser feito, por causa disso ou daquilo. Neste caso, os doutores devem ver o que aconteceu com seus similares do serviço consular americano no Brasil.
Houve tempo em que os interessados num visto de entrada nos Estados Unidos faziam filas de madrugada nas ruas adjacentes aos consulados.
Quando o companheiro Obama esteve na terra, a espera para marcar uma entrevista era de 107 dias em São Paulo e 105 no Rio. Se alguém reclamava, respondiam com banalidades.
Em janeiro passado, de olho na caixa do turismo e nos votos da Flórida, o companheiro mandou que esses prazos fossem reduzidos. Em vez de repetir parolagens, a máquina administrativa americana pôs-se a trabalhar. A espera em São Paulo caiu para onze dias e o Rio já marcou entrevistas para o dia seguinte.
A polícia de Barajas e a diplomacia espanhola negaram ao rei a oportunidade de mostrar que os espanhóis foram à luta.

Apuração pra inglês ver



Depois que Fabio Pannunzio denunciou em seu blog (republicado aqui) que o mercado negro de sentenças continua em plena atividade em Mato Grosso, o presidente do Tribunal de Justiça, Rubens de Oliveira, pediu ao procurador geral de Justiça, Marcelo Ferra, e ao secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, que façam apuração do caso.
Obviamente é uma medida para inglês ver. Nenhum dos dois vai apurar um caso que começou a ser denunciado em 99 pelo juiz Leopoldino Marques do Amaral, que por isso foi assassinado (leia aqui carta deixada pelo juiz). Assassinato sem assassino até hoje, diga-se. No final do ano passado um advogado denunciou um que desembargador teria afirmado a ele que daria uma decisão de acordo com o pedido do presidente da assembléia.  Num caso patético em que o desembargador confundiu o advogado de acusação com o de defesa (relembre o caso aqui). Algo foi feito? Não. E o prefeito que havia sido afastado acusado de desviar recursos da saúde, está belo e fagueiro exercendo seu cargo.
Mas é uma boa iniciativa, demonstra que o TJ está sensível às denúncias feitas pela imprensa.
Leia a nota emitida pelo TJ:
“Diante da denúncia feita nesta terça-feira pelo jornalista Fábio Pannunzio, em seu blog, e repercutida por sites locais, de que estaria ocorrendo venda de sentenças no Poder Judiciário Estadual, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Rubens de Oliveira Santos Filho, oficiou ao procurador-geral de Justiça, Marcelo Ferra de Carvalho, e ao secretário de Estado de Segurança Pública, Diógenes Curado, para que tomem conhecimento e adotem providências no sentido de apurar as referidas denúncias, que foram feitas sem a apresentação de provas”.

Julgamento do mensalão começará no dia 1º de agosto



Em um esforço concentrado, os ministros definiram que os advogados dos 38 réus terão cinco horas por dia, até o dia 14 de agosto, para apresentarem seus argumentos

Do Portal Terra
bancoImagemFotoAudiencia_AP_208883.jpg
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aprovaram nesta quarta-feira (6) o cronograma para o julgamento do mensalão. O processo terá início no dia 1º de agosto com a leitura do relatório do ministro Joaquim Barbosa, seguido pela sustentação oral do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O relatório de Barbosa tem 122 páginas.
A primeira fase do julgamento será dedicada à defesa dos 38 réus. Em um esforço concentrado, os ministros definiram que os advogados terão cinco horas por dia, até o dia 14 de agosto, para apresentarem seus argumentos. Dessa forma, serão cinco defesas por dia, uma vez que cada um terá o tempo de uma hora para a sustentação oral.
No dia 15 de agosto começa a segunda fase, com os votos dos 11 ministros do Supremo. O primeiro a falar será o relator. Com um problema crônico na coluna que o impede de ficar por muito tempo no plenário da Corte, Barbosa garantiu que estará presente a todas as sessões. "Não há com o que se preocupar", disse o ministro.
O voto do relator será seguido pelo do ministro revisor, Ricardo Lewandowski. O ministro terá de apresentar, na prática, um segundo voto (que pode, inclusive, ser completamente diferente do de Barbosa). Mesmo ausente da sessão administrativa de hoje, Lewandowski avisou que vai liberar seu voto até o final de junho, garantindo o início do julgamento em agosto.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.

Faz de conta no Senado (Doação de helicópteros à Bolvia)



Presentinho aos bolivianos
Em uma votação relâmpago ontem à tarde, o Senado aprovou projeto da Presidência da República que autorizava a doação de quatro helicópteros H-1H Iroquois à Força Aérea Boliviana.
Quando Marta Suplicy colocou o projeto em votação, pronunciando a famosa frase “os senadores que aprovam permaneçam como sem encontram”, apenas cinco distraídos senadores estavam no plenário do Senado.
No ato da votação teatral, o painel do Senado registrava a presença maciça dos senadores, que estavam em qualquer outro lugar, menos no plenário. A doação dos helicópteros foi aprovada sob o argumento de que as máquinas já não atendiam as necessidades operacionais da FAB.
Por Lauro Jardim

Rabina reformista é reconhecida pelo Estado de Israel

Saiu no Jornal Alef 1661 ano 17   2012


 - O procurador-geral do Estado de Israel confirmou o reconhecimento da israelense Miri Gold como a primeira rabina de congregação não ortodoxa do Estado de Israel. O efeito prático desta medida é a equiparação da rabina com os quatro mil rabinos ortodoxos que recebem salário do Estado e abre as portas para que as congregações reformistas e conservadoras passem a receber os mesmos subsídios garantidos às suas irmãs ortodoxas. Ela comemorou: “Finalmente há mais de uma maneira de ser rabino também em Israel!”.

O Médico e o Monstro



12:46:19

Hospital de Base do Distrito Federal

Quem é o senhor Rafael Barbosa? O que o mantêm a frente da secretaria de saúde do Distrito Federal? Qual alquimia impede sua exoneração?

O Distrito Federal assiste ao mais sangrento e horripilante filme de terror já produzido, onde as assombrações estão transfiguradas em autoridades públicas, e os assombrados, aterrorizados, mutilados e mortos, são o povo que “insiste” em adoecer e morrer nos hospitais sem médicos, sem enfermeiros, sem equipamentos, sem medicamentos, sem leitos e sem Uti’s. ...

É inadmissível priorizar gastos de mais de R$ 1 bilhão em um estádio de futebol, enquanto não se executou no orçamento da secretaria de saúde mais de R$ 500 milhões.

Essa dinheirama toda ficou em aplicação financeira pra que? Garanto que pra quem perdeu seu pai, sua mãe, filho ou filha, parente ou amigo, essa montanha de dinheiro não paga a vida daquele que morreu por culpa do descaso e da incompetência administrativa da linhagem de médicos que ora governam o DF.

Chega! É hora de encerrar o filme, e os mocinhos vencerem os monstros.

Por João Zisman

Fonte: Blog do Odir - 06/06/2012

MEMÓRIAS DE UMA GUERRA SUJA - Encontro com a banalidade do mal


Por Alberto Dines em 05/06/2012 na edição 697 Observatório de Imprensa

 O livro Memórias de uma guerra suja foi lido numa madrugada, sem interrupção. A impressão que ficou do relato dos repórteres Rogério Medeiros e Marcelo Netto sobre o matador Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS de Vitória, foi a de um burocrata, matador frio, implacável, algo cínico. Também poderia ser um iluminado pela fé que busca a misericórdia divina.
São as mais tenebrosas confissões da história recente do Brasil. O homem que perpetrou tantos assassinatos e cremou tantos cadáveres de presos políticos, no entanto, afirma: “Sou contra a tortura, nunca torturei”. Executou mais de vinte, ainda não sabe ao certo.
Os autores do livro foram ao programa de TV do Observatório da Imprensa em 22 de maio (ver aqui) e, no estúdio, Rogério Medeiros prometeu uma aproximação com o matador. Na segunda-feira (4/6), num apartamento nos arredores de Vitória, um sujeito atarracado, barrigudo, manso e cujo sotaque mineiro torna sua aparência mais pacata, disse que não tem medo de morrer. Sabe muito mais e contará tudo à Comissão da Verdade.
Contra a distensão
Aos 71 anos, sérios problemas de saúde – diabetes, gota, coração – transpira muito, parece ter falta de ar. No peito, um distintivo com as armas da República sugeria um velho hábito policial. Negativo: é obutton da Assembleia de Deus (foi diácono, estudou teologia, agora é pastor). Carrega uma grande bíblia muito manuseada. Conhece as escrituras, mas quando explica o funcionamento da “irmandade” não prega, é um informante. Prático.
Uma força-tarefa do Ministério Público Federal já esteve com ele nos dias 28 e 29 de maio últimos. Com a Polícia Federal visitou três desovas de cadáveres em diferentes estados. Esperava que a imprensa fizesse mais barulho, só ela poderá convencer outros matadores e agentes da repressão a falar. Esta é a sua missão: desenterrar o horror.
Diz isso com simplicidade, sem retórica: atirava para matar, foi treinado para isso, estava a serviço da linha-dura (a “tigrada”), contra a distensão política. Os comunistas precisavam ser exterminados, mesmo sendo contra a luta armada, para convencer o povo que a ditadura era necessária.
Este observador esperava encontrar um Eichmann, burocrata da morte, odioso. Depois de duas horas de conversa esbarrou em Hannah Arendt e a banalidade do mal. Intacta. 

Presidente da CBF defende aumento do próprio salário

Lance!Press – seg, 4 de jun de 2012 23:14 





O presidente da CBF, José Maria Marin, defendeu o aumento de salário que estabeleceu para o seu próprio cargo e para aliados, como o presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero. Marin passou a ganhar R$ 160 mil, enquanto que seu antecessor, Ricardo Teixeira, tinha vencimentos de R$ 98 mil.
- Eu acho que recebo o valor devido. Levo em consideração o que eu já levei de recursos para a CBF, em se tratando de uma empresa privada. Sendo uma empresa privada, o que eu recebo lá está de acordo com o serviço que presto. Lá não é um bico, é um local de trabalho - disse o dirigente em entrevista ao programa "Bem Amigos" do canal Sportv.
Sobre a criação do cargo de Assessor Especial da Presidência, dado ao amigo Marco Polo Del Nero, José Maria Marin defendeu a necessidade do mesmo e disse que o cartola está lá por merecimento.
- Ele foi contratado por necessidade. Não arranjei um emprego para um amigo, está lá porque é capaz. Marco Polo está realizando há vários anos uma administração moderna na Federação Paulista de Futebol. O pior seria pagar salário para um funcionário fantasma, mas o Marco Polo está lá trabalhando - completou.
O salário de Marco Polo Del Nero como Assessor Especial da Presidência é de R$ 130 mil.

Blog publica o inédito Diário de Luiz Carlos Prestes. Ou: o dia em que o Partidão decidiu expulsar Marighella


by Fábio Pannunzio

Dezembro de 1967. A um ano do recrudescimento do regime militar brasileiro, o Partido Comunista Brasileiro, então na clandestinidade, reuniu seus quadros no Sexto Congresso para aprovar uma série de medidas importantes. Cindido por uma luta interna fratricida, confrontado com a desarticulação no campo sindical, tangido pela decisão de alguns de seus membros de iniciar a luta armada contra o regime, o Partidão tinha diante de si uma das decisões mais importantes de sua história: referendar a expulsão de Carlos Marighella.
No ano anterior, Marighella conseguira controlar a secção paulista do Partido Comunista e, em oposição à política de alianças do Comitê Central, resolveu partir para a luta armada.
A iniciativa foi fortemente combatida por Luiz Prestes, que levou o PCB a definir a expulsão do grupo vinculado ao militante baiano com pesadas críticas ao culto à personalidade, vocação ao "direitismo" e insubordinação ao que havia sido decidido no Quinto Congresso.
O militante não participou da reunião. Estava em Cuba representando os comunistas brasileiros na conferência da OLAS -- Organização Latino-Americana de Solidariedade -- quando o PCB decidiu enviar uma carta desautorizando sua participação.
Dessa dissidência nasceu a Aliança Libertadora Nacional (ALN), que enfrentou de armas em punho a ditadura brasileira. Marighella morreu emboscado em São Paulo pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury dois anos mais tarde, em 4 de novembro de 1969.
Com a publicação do Diário de Luiz Carlos Prestes, o Blog do Pannunzio coloca à disposição dos leitores um documento obrigatório para quem pretender entender o contexto e as contradições internas do Partidão num momento crucial de sua história.
As anotações originais estão em poder do filho de Prestes, Yuri, que vive atualmente em Moscou. Foram obtidas pelo jornalista Francisco Câmpera, que gentilmente as cedeu ao Blog do Pannunzio.

O voto secreto no Congresso



by Fábio Pannunzio

Fernando Rodrigues
Poucas situações causam mais repugnância em Brasília do que as votações secretas nas quais deputados ou senadores absolvem colegas encrencados.
O caso mais recente foi o da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF). Flagrada colocando dinheiro de origem indefinida em sua bolsa, ela foi salva por duas razões. Primeiro, por uma malandragem travestida de argumento formal: o fato ocorreu antes de sua eleição (como se malfeitores pudessem limpar suas fichas no momento da posse). A segunda razão foi a votação ter sido secreta. Venceu o espírito de corpo.
Apesar do sobrenome tradicional da política de Brasília, Jaqueline Roriz é uma pobre coitada do baixo clero do Congresso. Não apita nada na política nacional. Muitos deputados me disseram à época não ter coragem de cassá-la por se sentirem constrangidos com a situação.
Se o voto não fosse secreto, o constrangimento por causa do vício insanável da amizade seria suplantado pela reação do público.
Ontem, deu-se um passo importante para corrigir tal anomalia corporativa. O presidente do Senado, José Sarney, anunciou a votação na semana que vem de propostas de emenda constitucional que sepultam o voto secreto no Congresso.
O assunto voltou à ordem do dia devido ao processo contra Demóstenes Torres, o senador de Goiás e sem partido (era do DEM). Mesmo se aprovada, a nova regra não chegará a tempo de valer na votação sobre o mandato de Demóstenes. Mas será um grande avanço para futuros episódios.
Há uma discussão correlata a respeito da amplitude da transparência do voto no Congresso. A aprovação da indicação de magistrados para tribunais superiores deve ser aberta? E o voto que mantém ou derruba vetos presidenciais?
Se o Congresso começar abrindo o voto em cassações de mandato, o passo já será enorme