segunda-feira, 4 de março de 2013

Tragédia eleitoral


PAULO GUEDES


Mais de um quarto de século após a redemocratização, persistem enormes vícios herdados do Antigo Regime militar. A concentração de poder político e de recursos públicos no governo federal se choca com a necessidade de descentralização administrativa e a diástole representativa de uma Grande Sociedade Aberta. Essa concentração é a principal causa da degeneração de nossas práticas políticas. 

Esse é o contexto em que se coloca a verdadeira guerra federativa deflagrada pelos royalties do petróleo, sintoma da profunda insatisfação com a atual distribuição dos recursos orçamentários entre as unidades da Federação. Apenas outra face da omissão do Congresso, de um vácuo legislativo quanto à reforma fiscal. E também da ausência desse tema fundamental na agenda do Poder Executivo nos sucessivos governos. 

Estados no Norte e do Nordeste, que se lançaram com voraz apetite sobre os royalties do petróleo, podem estar atirando em seu próprio pé. As próximas licitações programadas para 2013 ocorrem em sua região, tornando-os potencialmente Estados produtores. Os seus atos explícitos de canibalismo oportunista serão retaliados sem paternalismo ou condescendência quando forem redefinidos os critérios de distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Dificilmente conseguirão manter 85% dos recursos do FPE para pagar viagens de jatinhos de governadores e shows de inauguração de um hospital cuja fachada desabou. 

As eleições de 2014 já começaram nos Estados produtores de petróleo. Se perderem os royalties, sabem a quem atribuir o caos financeiro. A presidente Dilma é do PT, e o vice-presidente Temer, do PMDB. Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados são do PMDB. As propostas inconstitucionais de distribuição de royalties são de deputados do PT e do PMDB. Uma tragédia eleitoral se abaterá tanto sobre a chapa Dilma-Temer (PT-PMDB) quanto sobre uma eventual chapa Dilma-Eduardo Campos (PT-PSB). Serão também atingidos os candidatos situacionistas ao governo do Rio, Pezão (PMDB) e Lindbergh (PT). Campos (PSB) já se mostrou equivocado em sua estreia sobre temas nacionais como este. Aécio Neves (PSDB) pensa certo, mas se omitiu (vai acabar tendo de dividir também os royalties da mineração). O que pensa Marina Silva?
Estados que se lançaram com voracidade sobre os royalties do petróleo serão retaliados. Tragédia eleitoral atingirá PT e PMDB nos Estados produtores.
Publicado no Globo de hoje.

CRÔNICA Cartas de Londres: Educado é fingir que o outro não existe



Mauricio Savarese
O que nós latinos achamos de uma frieza sem igual, como não ganhar um bom dia de volta do porteiro do prédio ou ouvir o silêncio em resposta a um comentário bem humorado no ônibus, para os londrinos é uma forma sutil de mostrar respeito pelo espaço alheio.
E isso, descobri em um livro que se pretende de sociologia britânica, tem até nome: polidez negativa. Não vale para os pubs, onde a bebida fala bastante, mas quem papeia com estranhos em espaços públicos pode ser confundido com um doido ou com alguém que acabou de tomar todas.
Milhões de pessoas vêm das cidades ao redor de Londres para trabalhar ou estudar. Muitos pegam trem no mesmo horário todos os dias com um mesmo grupo de pessoas. Nem por isso se falam. Um colega que vem de uma cidadela chamada St Albans passa cerca de três horas todos os dias viajando para Londres. Na etapa da manhã, há uma moça por quem ele ficou abobado há dois anos. Conversaram pela primeira vez há duas semanas, quando o trem quebrou e os passageiros tiveram de andar nos trilhos de volta para a estação de origem.
“Reclamamos dos atrasos”, disse ele. Nem o nome perguntou. Eles continuam se vendo no trem da manhã. E voltaram a não se falar. “É normal. Se você conversa com uma pessoa uma vez, pode ficar na obrigação de falar de novo. Ninguém quer isso. Para falar mal do transporte ok, todo mundo fala mesmo”, ele me conta. E me relembro só interagia com gente daqui antes da faculdade quando o metrô travava.


Shaun Curry / AFP Photo

Uma amiga que já passou uma longa temporada na América do Sul diz que ficava chocada com as olhadas de brasileiros e argentinos. “Aqui olhar diretamente tem só dois sentidos: não gostei de você ou gostei bastante de você. Mas mesmo quando gostam ninguém te olha como vocês fazem lá”, ela diz. “Talvez vocês entendam que ser educado é fazer o outro se sentir querido e nós somos mais preocupados em não ofendermos. São sensibilidades diferentes.” Bingo.
Já vi gente corar no ônibus ao ser pega saltando os olhos para o meu jornal. Já vi uma bêbada bonita baixar a cabeça porque eu e um amigo olhamos com interesse (ela entendeu outra coisa, disse à amiga que não tínhamos direito de olhar só porque ela tinha tomado demais). Enfim, agora aceito que parte do que chamamos de frieza seja outra coisa. No fundo, o meu desconforto com eles deve ser tão grande quanto o deles comigo.

Maurício Savarese é mestrando em Jornalismo Interativo pela City University London. Foi repórter da agência Reuters e do site UOL. Freelancer da revista britânica FourFourTwo e autor do blog A Brazilian Operating in This Area No Twitter. Escreve aqui às segundas-feiras.

A devastação das drogas sintéticas



Carlos Alberto Di Franco
Uma nova droga destruidora ameaça a juventude: a cápsula do vento. Trata-se de um pó branco, de aparência comum, mas devastadora. É um derivado da anfetamina e tem propriedades alucinógenas. Seus efeitos podem durar horas.
Existem relatos de pessoas que ficaram até uma semana sob efeito alucinógeno dessa substância. O usuário pode ter alterações cardíacas, convulsões, fortes alucinações e chegar à morte.
O uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. O aumento no consumo das drogas sintéticas é considerado pelo Escritório da ONU de Combate ao Crime e às Drogas (Unodc), como "o inimigo público número um". Ao contrário das drogas tradicionais, feitas à base de plantas, as drogas sintéticas são feitas com produtos químicos facilmente obtidos em laboratórios improvisados. O combate é, por isso, muito mais difícil.
O uso das drogas sintéticas hoje é uma questão de moda. Assim como vimos, nos 60, o crescimento do uso de LSD e heroína ligado ao movimento hippie, hoje há a cultura da música tecno, que incentiva o uso de drogas como o ecstasy. Essa situação preocupa, porque vai mudar o paradigma do combate às drogas. A prevenção vai ganhar uma importância muito maior do que a repressão.
Nessa década, o maior problema que nós vamos vivenciar é a droga sintética. Principalmente o ecstasy. As prisões de traficantes são um forte indicador da presença das drogas sintéticas e, ao mesmo tempo, revelam um novo perfil do tráfico: jovens universitários, de classe média e alta, compõem o novo mapa do crime. O rosto do usuário também vai sendo perfilado: boa escolaridade, inserido no mercado de trabalho e pertencente às classes sociais mais privilegiadas.
O envolvimento com o tráfico de drogas bate às portas das casas dos bairros de classe media. Mostra a sua garra aos que se julgavam imunes ao seu apelo e ensombrece a alma das famílias que sucumbem ao drama da delinquência insuspeitada.
O ecstasy é uma droga estimulante e alucinógena. Segundo o professor Ronaldo Laranjeira, da Universidade Paulista (Unifesp), “ela foi sintetizada para ser um novo moderador de apetite, mas foi descartada pelo laboratório químico que a produziu porque era muito tóxica. Ficou na prateleira por várias décadas e foi redescoberta na década de 70 para ser a droga do amor. Depois se transformou na droga mais usada em discotecas.”
O ecstasy desencadeia transtornos psiquiátricos como síndrome do pânico e depressão. Costuma vir acompanhado de taquicardia e aumento da temperatura do corpo e tem sido a causa de inúmeras mortes. Segundo Ronaldo Laranjeira, “o grande problema do ecstasy é o dano cerebral que a droga produz, principalmente nos neurônios responsáveis pelo prazer.”
O cardápio macabro das baladas, infelizmente, tem sempre novidades. Duas novas drogas foram introduzidas no menu das raves: a ketamina e o GHB. A ketamina, também conhecida por cetamina, ou special K, é um anestésico usado em cirurgias e animais. É um parente químico do ácido lisérgico, o LSD.
“Os principais efeitos que provoca é o desprendimento corporal, o sujeito consegue se dissociar do corpo. O uso frequente da droga pode causar danos na atenção, na memória, no estômago, coração e fígado”, alerta o psicólogo Murilo Battisti. O GHB, também chamado de ecstasy líquido, não tem cheiro nem gosto. É perigosíssimo, principalmente quando misturado com álcool. Ambos -GHB e álcool- diminuem muito a atividade do cérebro. Associados, o efeito é ainda maior. O GHB é uma droga fortemente depressora. Pode levar ao coma e induzir ao suicídio.
Como vê, caro leitor, a escalada das drogas é um fato assustador. Enfrentá-la só é possível com informação correta, prevenção e recuperação.
Meu objetivo, neste artigo, é ajudá-lo a dar os dois primeiros passos: conhecer o que se passa no ambiente rarefeito de inúmeras discotecas e raves e entender as características devastadoras das novas drogas sintéticas. Só assim, com informação clara e sem eufemismos, você poderá captar eventuais mudanças comportamentais e dar uma orientação segura aos seus filhos.
A família, um espaço de carinho, diálogo e firmeza, exige presença do pai e da mãe. Ela é, de fato, o pré-requisito da prevenção. Quando a família fracassa, as políticas antidrogas acabam se transformando no cemitério de boas intenções.
O terceiro passo, a recuperação, é uma indeclinável responsabilidade dos governos. É preciso que os governantes ajudem para valer os serviços especializados e as instituições idôneas que, anonimamente e com grande sacrifício, investem na recuperação de dependentes químicos. Trata-se de um problema de saúde pública. Recuperar é salvar vidas e multiplicar aliados na luta contra as drogas.
Um dependente recuperado é o melhor prosélito das campanhas preventivas. Impõe-se que os responsáveis pelo combate às drogas abandonem o conforto de seus gabinetes e entrem em contato com o verdadeiro drama dos adictos.
Eu fiz isso. Não considero correto escrever e opinar a respeito de uma realidade distante: conversei com especialistas, ouvi relatos de dependentes químicos, visitei comunidades terapêuticas que apresentam elevados índices de recuperação, desenvolvi, enfim, um trabalho de reportagem.
Espero que o governo faça a sua parte. Segundo me consta, o Congresso Nacional está decidido a arregaçar as mangas e entrar num autêntico mutirão em prol dos que lutam pela recuperação. A iniciativa, se confirmada, merece os aplausos da sociedade. A dependência química não admite politicagem. Reclama, sim, seriedade e realismo.

Carlos Alberto Di Francodiretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com). E-mail: difranco@iics.org.br

OLD BUT GOLD (*)



Anhangüera
Por que não tem ONGs no Nordeste seco? Dá para o leitor entender isso?
Vítimas da seca no Nordeste: 10 milhões, sujeitos à fome, passam sede, tem subnutrição, criações morrendo, e não tem NENHUMA ONGs estrangeiras ajudando: Nenhuma!old but
Índios da Amazônia: 230 mil, não sujeitos à fome, não passam sede, não tem subnutrição. ONGs estrangeiras ajudando: 350.
Provável explicação: A Amazônia tem ouro, nióbio, petróleo, as maiores jazidas de manganês e ferro do mundo, diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata, a maior biodiversidade do planeta (o que pode gerar grandes lucros aos laboratórios estrangeiros) e outras inúmeras riquezas que somam 14 trilhões de dólares. O nordeste não tem tanta riqueza, por isso lá não há ONGs estrangeiras ajudando os famintos. Tente entender: Há mais ONGs estrangeiras indigenistas e ambientalistas na Amazônia brasileira do que em todo o continente africano, que sofre com a fome, a sede, as guerras civis, as epidemias de AIDS e Ebola, os massacres e as minas terrestres. Agora, uma pergunta: Você não acha isso, no mínimo, muito suspeito? É uma reflexão interessante ou não é?
(*) Velho, mas ouro!

AS INSTITUIÇÕES TITUBEIAM!



          Percival Puggina


          Foi assim. Saíramos para jantar, minha mulher e eu. Íamos, no carro dela, para um restaurante localizado em rua calma de Porto Alegre. Procurando onde estacionar, subimos a via até encontrar vaga. Dali, caminhamos no sentido inverso, rumo ao restaurante. Minha mulher seguia alguns passos adiante. Subitamente, um rapaz com o rosto semi-encoberto materializou-se ao meu lado. Surpreso com a aparição, esbocei um sorriso que pretendia significar - "Brincadeira sem graça, moço!". Creio que ele interpretou minha atitude como desrespeitosa e, por isso, retrucou ao meu sorriso com cara de poucos amigos. Cenho cerrado, baixou os olhos na direção da arma que apontava. Só nesse momento, acompanhando o olhar dele, vi a pistola e entendi o que estava acontecendo. Pediu-me a chave do carro, no que foi prontamente atendido, e a carteira, que acabei negociando pelo dinheiro que levava no bolso. Alguns metros adiante, um parceiro pedira para minha mulher que retornasse ao ponto onde eu estava sendo depenado. Em poucos segundos concretizou-se a operação.

***

            Muito já escrevi a respeito da ideologia que, escarrapachada nas fofas e seguras instâncias do Estado e do governo, dá causa à proliferação da criminalidade em nosso país. Tenho mostrado a tolerância das leis penais, clamado pela construção de mais e mais presídios, e reprovado as misericordiosas progressões de regime que desembocam num prematuro e fervilhante semiaberto. Tudo absolutamente em vão, claro. Emitia esses clamores motivado pelo relato de experiências alheias, muitas das quais bem mais aterrorizantes do que a minha. Aliás, a bem da verdade, o assalto que sofremos foi sem resistência nem insistência. Vapt-vupt. Eles queriam o carro e nós que sumissem dali tão depressa quanto possível. Com o ocorrido, entrei para as estatísticas. Tive meu choque de realidade. Sou recente vítima de uma ideologia que estimula a criminalidade, de uma legislação que protege o bandido e deixa a vítima ao desabrigo, e de uma política de direitos humanos "politicamente correta", perante a qual eu sou o malfeitor e o bandido é o justiceiro revolucionário. Aliás, essa é a tese do líder do PCC, o bandido Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, que se for objeto de dissertação em muitos cursos de Direito do país garante título de mestrado com louvor. Escrita com palavras santimoniosas, a mesma tese já inspirou pelo menos uma Campanha da Fraternidade.

            Aqui no Rio Grande do Sul, durante o governo do petista Olívio Dutra, o Secretário de Justiça, desembargador aposentado João Paulo Bisol, diante de clamores sociais ante o vertiginoso crescimento da bandidagem, observou que também ele, secretário, se estivesse sem dinheiro, com filho doente precisando de remédios, não hesitaria em assaltar uma farmácia. Passaram-se mais de dez anos e até hoje só vi farmácias assaltadas pelo dinheiro do caixa. Nenhuma por comprimidos de antibiótico. Assim, passando a mão por cima, com plena vigência do desconcertante binômio "a polícia prende com razões para prender e a justiça solta com razões para soltar", tornamo-nos um país onde o crime é rentável, compensa e os bandidos passeiam em liberdade.

            Horas após o fato descrito acima, relatei-o sucintamente no facebook. Em pouco tempo, mais de uma centena de mensagens se seguiram, descrevendo experiências semelhantes ou piores. Um bom número dessas vítimas, dispersas pelo Brasil, contavam terem sido assaltadas várias vezes (o recordista menciona 18 ocorrências). Pois bem, o silencioso ataque a um casal, a caminho do restaurante, numa rua tranquila de Porto Alegre, tem a ver com todos esses relatos e estes tem a ver com o surto de violência em Santa Catarina. Quando o Congresso decide fazer alguma coisa a esse respeito, como, por exemplo, retirando o direito a progressão de regime para quem comete crime hediondo, o STF declara a lei inconstitucional. Esgota-se a paciência dos brasileiros. Infames linchamentos, que vez por outra ocorrem em regiões diferentes do país, decorrem, em boa parte, da descrença social nas instituições do aparelho estatal voltadas para a proteção dos cidadãos. O crime, organizado ou desorganizado, declarou guerra à sociedade e é inequívoco: as instituições titubeiam!

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Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões.

“Ao Polaco”



 te This
Ver “Toda Poesia” de Paulo Leminski nas estantes das livrarias traz uma sensação de estar antigo no mundo. Pode parecer bobagem porque já vi outros poetas contemporâneos com antologias definitivas nas estantes. Com Leminski é diferente. Posso lembrar das lojas da Brasiliense ali pelo centro de SP (eram várias em meados da década de 80), os livrinhos da série “Cantadas Literárias”, os beats sendo lançados, as séries “Primeiros Passos” e “Tudo é História” com as quais podíamos dar um tapa na ignorância sobre alguns assuntos. Textos de sobre os quais apenas ouvíamos falar, enfim, eram lançados.
Paulo Leminski chegou nesse pacote de novidades, sua poética das “coisas que aconteciam ao lado”, observações das coisas próximas, facilitava a identificação; claro que com o tempo este Leminski se ampliou e ficou grande demais pra caber num livrinho, e descobri que ele era muito mais.
Como dizia no início, a poesia toda de Paulo Leminski na edição de “Toda Poesia” empresta uma sensação de estar antigo no mundo e de fim de ciclo, bem provável que ele riria com escárnio desse “fim de ciclo”. O poeta curitibano nos dava a sensação de que nunca ia acabar e ele realmente não acaba à medida que acende e reacende em cada novo leitor, e em cada nova descoberta/leitura de sua poesia faz valer sua máxima:
“em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas
o outro
que há em mim
é você
você
e você
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós”
E vão acendendo novos e novos polacos…
PAULOL

O lucrativo mercado de caronas pagas



Como a americana Lyft aproveita a falta de táxis em metrópoles como São Francisco para ganhar dinheiro


Divulgação
Carro de motorista conveniado  da Lyft
Carro de motorista conveniado da Lyft: bigode de pelúcia cor-de-rosa para identificação
São Paulo - Os americanos Logan Green e John Zimmer encontraram um jeito de ganhar dinheiro ao cruzar a oferta de assentos vazios em boa parte dos carros que circulam nas grandes cidades com a demanda de habitantes que gostariam de pegar uma carona num deles. A ideia, que faz sentido em teoria, é dificílima de executar, uma vez que os motoristas não sabem que passageiro vai para o mesmo destino e vice-versa.
Os dois sócios juntaram tecnologias móveis que permitem saber quem está onde com um modelo de negócios engenhoso e criaram a Lyft, empresa de São Francisco, nos Estados Unidos, que administra um sistema de caronas pagas. Em seis meses de funcionamento, a Lyft cadastrou mais de 300 motoristas, intermediou 50.000 caronas e conseguiu aportes de mais de 10 milhões de dólares.
O sistema funciona assim: o passageiro se cadastra no banco de dados da Lyft, baixa um aplicativo no celular, fornece seus dados pessoais e o número do cartão de crédito. Quando precisar de uma carona, ele informa à Lyft sua localização e o destino desejado por meio do aplicativo.
A ferramenta mostra a localização dos motoristas mais próximos. O passageiro escolhe qual deles deseja. O aplicativo mostra ao motorista escolhido onde o caronista está. Quando acaba a corrida, o aplicativo sugere um valor a ser doado ao motorista pela carona. O valor é debitado no cartão de crédito do usuário e o motorista recebe 80% do valor. O resto fica com a Lyft. 
Nos estudos para avaliar o potencial do mercado da Lyft, Green e Zimmer encontraram estimativas interessantes. Em São Francisco, a segunda cidade mais densamente povoada dos Estados Unidos, há apenas 1.700 táxis. É muito pouco. São quase 4.500 habitantes por táxi. Em Nova York, a primeira cidade mais densamente povoada, há um carro para 630 pessoas.
Se o modelo da Lyft emplacar, há mercado no país todo. A maioria dos automóveis americanos circula com apenas uma pessoa. Nas estradas, 80% dos assentos estão livres. A tendência é aumentar cada vez mais o número de passageiros em potencial. Segundo a ONU, cerca de 200.000 pessoas mudam-se para áreas urbanas a cada dia no mundo todo. 
Os sócios começaram vendendo o serviço a universidades, que o oferecem a seus alunos. Hoje, a Lyft já tem como clientes mais de 150 instituições de ensino, além de empresas que se interessaram em oferecer o benefício a seus funcionários. 
Para colocar a Lyft em pé, foi necessário romper algumas barreiras. Uma delas foi a segurança. Quem quer andar de carro por aí com um desconhecido? Cada motorista interessado em figurar na lista da Lyft tem seu histórico verificado pelos órgãos de trânsito. A ficha criminal também é checada.
O candidato passa por uma entrevista, seu carro é inspecionado e há ainda uma sessão de 2 horas de treinamento. Ao final, o motorista recebe um enorme bigode de pelúcia cor-de- rosa para ser colocado na frente do capô.  "Nossa seleção é mais rigorosa do que a de muitas companhias de táxi", diz Zimmer.
Ao final de cada viagem, o motorista pode dar uma nota ao caronista. Ele é chato? Pagou alguma coisa? Os passageiros também avaliam os motoristas, numa escala que vai de zero a 5. Quem tiver média menor que 4,5 pode ser convidado a se retirar. As notas podem ser consultadas pelos passageiros e pelos motoristas, de forma que os dois lados podem verificar se vale ou não a pena dividir o trajeto com aquela pessoa.
Está dando certo. Há pouco tempo, a Lyft mandou um e-mail para sua comunidade de usuários dizendo que precisaria mudar algumas regras para manter a qualidade do serviço. A empresa organizou uma lista de espera para novos usuários, instituiu uma taxa de 5 dólares para quem chama um carro e desiste e passou a oferecer 100 dólares de crédito a quem indicar um novo motorista. "Como em qualquer mercado novo, é preciso equilibrar a demanda e a oferta o tempo todo", diz Zimmer.
A Lyft não é a única administradora de caronas pagas a atuar em São Francisco. Lançada em junho, depois de vários meses de testes, a SideCar, do empreendedor Sunil Paul, trabalha virtualmente da mesma maneira. Nos dois casos, as caronas saem, em média, 20% menos do que um táxi comum. Há ainda obstáculos pela frente. 
Recentemente, os sócios das duas empresas tiveram de dar explicações à California Public Utilities Commission (CPUC), órgão responsável por verificar os serviços utilizados pela população do estado. Em novembro do ano passado, a CPUC multou cada uma em 20.000 dólares por falta de licença para o tipo de serviço que oferecem.
Além das autorizações, a CPUC exige o pagamento de seguro para motoristas e passageiros. As duas empresas negociam com a CPUC para encontrar uma maneira de regularizar seus serviços sem descaracterizá-los. 

...CHARGE DO BENETT



Esta charge do Benett foi feita originalmente para o

INCOMPETENTE, MANDONA E MAL-EDUCADA


Charge de Roque Sponholz e Texto de Giulio Sanmartini
O projeto que os “pensadores” petista fizeram para continuar no poder,  parece que fazendo água. Os dois fortes (e únicos) candidatos Lula e Dilma estão comprometidos. O primeiro pelo seu cada vez mais flagrante envolvimento com a corrupção e, como se não bastasse, está latente, esperando um pequeno empurrão para fazer-se vivo, o escândalo Rosemary Noronha.mal educada
Dilma não tem sujeiras aparentes, todavia o  redondo fracasso de seu governo na parte econômica, supera qualquer corrupção, haja vista que a dor maior que se sente é no bolso.
Dilma tem mentido e maquiado números para superar essa deficiência. Quando, ainda no ano passado soube que o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB, seria na melhor da hipóteses pífio, inventou uma desculpa falsa e infantil ao afirmar que “não é com o Produto Interno Bruto que se deve medir uma nação”.
Nesse sábado  passado (2), um dia depois do anúncio que o crescimento da economia tinha sido o menos desde 2009, ela mudou de tática a passou a atacar os culpados que inventou. Durante a convenção do PMDB ela desafiou os críticos:
“Mais um vez, os mercadores do pessimismo vão perder. Vão perder como perderam quando previram o racionamento de energia em janeiro e fevereiro e, mais uma vez agora, quando apostam todas as fichas no fracasso do país. Eles vão se equivocar. Tenho certeza de que todos vocês sabem que torcer contra é o único recurso daqueles que não sabem agir a favor do Brasil”,
Todavia, Dilma e sua equipe econômica estão sendo alvo de chacota pela imprensa internacional. O britânico Financial Times (FT), uma das mais sérias publicações sobre o assunto, lida religiosamente por economistas, investidores e pessoas interessadas em economia global, foi debochado e irônico ao assentar suas baterias contra o ministro da Fazenda Brasileiro, Guido Mantega, que teima em fazer previsões inatingíveis para a economia brasileira, como o fez durante todo o ano passado.
“O Brasil vai crescer entre 3% e 4% em 2013! E isso quem diz é Guido Mantega, cita o FT o Ministro da Fazenda (brasileiro), também conhecido como ‘Guido, o Vidente’, então deve ser verdade”, ironiza o site do jornal, em artigo cujo título é “O disco arranhado de Guido Mantega”. (Guido Mantega’s broken record).
Segundo o FT, o otimismo persistente do ministro não tem colaborado para a melhora da credibilidade do governo. Segundo ele “os resultados de 2012 mostram a realidade que muitos temiam que ocorresse: ao cortar gastos públicos para equilibrar as contas, em vez de reduzir as despesas correntes e o tamanho da máquina pública, o governo acabou prejudicando os investimentos e afugentando os empresários.”
O contribuinte espera uma explicação séria, se é que tem, da presidente mandona e mal educada

Financeira lança hipoteca pré-aprovada de até 60% do valor do imóvel



por TONI SCIARRETTA


Emprestar dinheiro dando a casa como garantia. Desabituado com a modalidade hipotecária de crédito, o brasileiro costuma se assustar com uma das formas de financiamento mais populares do mundo. Para bons pagadores, no entanto, a hipoteca permite levantar dinheiro com juros baixos.

A Brazilian Mortgages, empresa do grupo PanAmericano (sociedade do BTG Pactual com a Caixa Econômica Federal) lançou uma hipoteca com crédito pré-aprovado de até 60% do valor do imóvel, que fica alienado em nome do banco.

Editoria de Arte/Folhapress
A pessoa usa o dinheiro quando quiser e se, de fato, precisar. As taxas de juros são de 1,10% ao mês mais a correção pelo IGP-M --menor do que o crédito pessoal, que têm juros acima de 3%, e do que o consignado, com taxas entre 1,5% e 2,5%.

Nas demais hipotecas, o dinheiro é liberado imediatamente após o processo de análise e alienação do imóvel, que sai em uma semana. Se a pessoa precisar de mais dinheiro, tem de repetir todo o processo de novo.

Especializada em financiamento imobiliário, a BM foi pioneira no país a trabalhar com hipotecas ainda em 2007. Desde então, já emprestou mais de R$ 1 bilhão.

"Não se trata de um cheque especial para emergências. É um dinheiro para se usar em oportunidades de negócio. Percebemos que o cliente usa esse dinheiro com sabedoria. É para estudar, investir num negócio da família... Ele coloca um dinheiro que está imobilizado a serviço dele", disse Fabio Nogueira, diretor da Brazilian.

Além da BM, fazem hipoteca de imóveis o Santander, o HSBC, a Caixa e as companhias hipotecárias Barigui e Intermedium. Todas trabalham na modalidade clássica de liberação imediata.

Com exceção do Santander, que só tem taxa prefixada, os demais trabalham com juros pós-fixados, em que incidem um corretor da inflação como IGP-M, IPCA e a TR. HSBC e Caixa não trabalham com taxas fixas.

Para Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site que permite comparar taxas, a hipoteca é uma boa opção para quem tem um imóvel já quitado com saldo devedor de menos de 30%.

"A principal característica está na possibilidade de se tomar um empréstimo com taxas de juros baixas e levantar um valor maior do que se conseguiria em linhas tradicionais. Vale também para quem precisa vender um imóvel rapidamente. Nesses casos, o refinanciamento é uma maneira de vender o imóvel sem pressa, podendo esperar uma proposta mais compatível com o valor de mercado. O principal perigo está no caso de quem não tem disciplina financeira", disse Prata.
Fonte: Folha Online - 04/03/201
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