quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ex




Por RUY CASTRO

Prometi-me não escrever mais sobre Adriano, o ex-Imperador, ex-atleta, ex-jogador. Aos 30 anos, sua carreira no futebol está encerrada. Todas as tentativas para recuperar seus tendões, fazê-lo perder 20 kg e botá-lo em forma, por mais bem planejadas, fracassarão. A tendência é a de que as notícias a seu respeito logo deixem as páginas de esporte e se mudem para outros cadernos dos jornais.
Mas, se o jogador não é mais personagem, resta o homem -e é este que, mais do que nunca, está em perigo. O Flamengo, clube que o revelou e do qual ele se afastou de vez nesta segunda-feira, mantinha-o “treinando” por medo de que, sem o futebol, Adriano emburacasse de vez. A intenção era louvável, mas inútil. Ele já emburacou. Não tem mais controle sobre seu comportamento. Quem o comanda é o álcool.
Adriano sobe aos palcos ou à mesa dos botequins e se diz “orgulhoso de ser da favela”, que “tem dinheiro, mas não precisa dele” e é vítima “da inveja”. É a prepotência em pessoa. Não admite seu único problema: o de que sua vontade tornou-se uma combinação de água, malte de cevada e lúpulo.
Ainda não chegou ao estágio em que o sentimento de culpa faz com que o alcoólatra cogite sinceramente interromper o consumo (mas não consegue, porque o organismo já fala mais alto do que o cérebro). E, pelo tom eufórico de suas aparições, sempre registradas pelas câmeras, ainda não foi tomado pela depressão e pela inércia. Mas tudo isto -culpa, depressão, inércia- sobrevirá, e não terá a ver com o fato de ele estar “treinando” ou não. Será apenas uma fase inevitável do processo.
A única chance para o homem Adriano seria uma internação de pelo menos seis meses em clínica especializada e de regime fechado. Mas os alcoólatras têm uma lógica própria. Não se envergonham da doença -só do tratamento.

Publicado na Folha de S.Paulo de hoje

Os estranhos critérios de Lewandowski. Ou: Todo mundo está entendendo tudo!



Ricardo Lewandowski, o revisor, tem um modo de pensar realmente muito peculiar. E adota critérios para estabelecer a pena dos réus também singulares. Vamos ver.
Entre outros crimes, Ramon Hollerbach foi condenado por 10 atos de corrupção na relação com os parlamentares. Isto mesmo: só nesse caso, ele reiterou 10 vezes no crime, o que foi reconhecido pelo próprio tribunal.
A corrupção ativa prevê uma pena de 2 a 10 anos de prisão — no caso de haver continuidade delitiva, a pena pode ser acrescida de um sexto a dois terços.
Muito bem! Para Lewandowski, corromper um parlamentar merece pena mínima: dois anos! Incidir 10 vezes no mesmo crime — DEZ! — é causa de aumento de pena. De quanto? Ora, o aumento mínimo: de apenas um sexto!
Ao optar pela pena mínima como base, evocou testemunhos de pessoas que conviveram com Ramon Hollerbach — que não estão nos autos —, segundo os quais ele é um homem honrado. Curiosamente, são pessoas ligadas à área de publicidade, ramo de atividade do condenado.
Houve uma nova altercação com Barbosa, que perguntou:
— Vossa Excelência acha que corromper um parlamentar é igual a corromper um guarda?
Nervoso, Lewandowski afirmou que a corrupção de um guarda ou de um parlamentar são igualmente graves etc e tal. Entendo! Porque são igualmente graves, ele estabelece a… pena mínima! Entenderam o critério?
Espantoso!No caso da continuidade delitiva, que causa a elevação da pena, Lewandowski expôs os seus critérios. Ele aumenta a pena em um sexto para quem reiterou no crime até… 15 vezes! Majora em um quatro quando o criminoso insiste no crime de 16 a 25 vezes! E aumenta em um terço quando mais de… 25 vezes!!!
Critério alopradoNão é o único critério, data vênia, aloprado de Lewandowski. Ao expor seus critérios lassos, ele lembra que, na sua dosimetria particular, Valério já seria condenado a mais de 24 anos. E daí? Qual é a tese de Lewandowski? O publicitário só está tendo essa pena elevada porque cometeu vários crimes. Foi uma escolha sua? Incidir, agora, em várias ações criminosas distintas deve ser um fator que amolece o coração do juiz?
Qual é a tese do ministro? Para definir a pena de cada crime, deve-se fazer antes uma conta de chegada? O juiz tem de botar a mão no queixo, olhar para o vazio, definir uma pena e, depois, ir adequando as penas?
Lewandowski comentou o risco de suas opiniões não serem devidamente compreendidas pela sociedade. Ele pode ficar tranquilo. Todo mundo que acompanha o caso está compreendendo tudo.
Por Reinaldo Azevedo

Os quadrilheiros condenados sonham com a extinção do jornalismo independente


Augusto Nunes

Decidido a desmentir a suspeita de que a seita lulopetista sonha com a censura à imprensa, o ex-jornalista Rui Falcão confirmou-a no artigo publicado pela Folha de 2 de novembro. “Nos últimos dias, ressurgiram os rumores de que PT pretende retaliar os ataques infundados que sofreu propondo censura à mídia. Nada mais mentiroso”, mentiu o presidente do partido. “O PT apenas quer debater na sociedade e no Congresso a necessária regulação da mídia, com o fito de alargar a liberdade de expressão e fortalecer a democracia.”
Linhas adiante, o mitômano sem cura rasgou a fantasia: “Nosso partido fará agora uma profunda avaliação sobre as injustiças de que tem sido alvo, em reunião do nosso diretório nacional ainda neste ano”, entregou-se. Injustiças cometidas pelo jornalismo independente, claro. Falcão encerrou o palavrório com uma piada: “O PT continuará defendendo a ética e a democracia, a despeito daqueles que discordam desses valores”.
Como jamais perde qualquer chance de errar, José Dirceu entrou na conversa para endossar a discurseira do companheiro ─ e transformou a suspeita em certeza. No começo da semana, o ex-ministro condenado pelo STF por corrupção ativa e formação de quadrilha elogiou Rui Falcão por ter desmontado a boataria espalhada pelo que agora chama de “grande e velha mídia”. Nesta quarta-feira, ao discursar no 35° Congresso Nacional de Jornalistas, entregou-se também.
“O Congresso realiza-se num momento crucial em que o país retoma a discussão da regulação da mídia, um debate que deverá intensificar-se em 2013″, avisou o orador. Conversa fiada. O que o país anda discutindo é a pena que deve ser aplicada aos quadrilheiros do mensalão. E o que vai intensificar-se em 2013 é o combate à corrupção apadrinhada pelos donos do poder.
O que Dirceu e Falcão chamam de “regulação da mídia” é a velha e sórdida censura à imprensa. Caprichando na pose de inocente, o coro dos candidatos à cadeia grita que os ministros do STF sucumbiram às pressões da imprensa conservadora. “As condenações foram influenciadas pela mídia”, garante o refrão composto por Dirceu. Coisa de vigarista. Os mensaleiros foram castigados porque atropelaram o Código Penal e passaram os anos seguintes confiantes na impunidade perpétua.
Ao comentar as denúncias de Marcos Valério que confirmam seu envolvimento no caso Celso Daniel, o caixa-preta Gilberto Carvalho dispensou-se de acionar judicialmente o acusador com uma justificativa esperta: “É preciso respeitar o desespero dele”. Desesperada está a turma do mensalão, corrige o berreiro dos condenados. Mas criminosos não merecem respeito.

MENSALÃO: Dirceu não se emenda: mesmo condenado pelo Supremo, continua falando em “farsa” do mensalão — e em “regular” a imprensa



Bruno Lupion – O Estado de S.Paulo
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu apoiou ontem declaração do presidente nacional do PT, Rui Falcão, feita na semana passada, de que o partido seguirá mobilizado para demonstrar que nunca houve a compra de votos denunciada no mensalão.
Em artigo publicado no seu blog, Dirceu afirmou que a “desconstrução” da “farsa do mensalão” será uma das três prioridades do PT para 2013. As outras duas serão a reforma política e a regulamentação da mídia.
“O partido faz muito bem em eleger esta regulação (da mídia) como uma das principais metas a serem conquistadas em 2013, ao lado da reforma política tão imprescindível ao País e da luta para desconstituir a farsa do mensalão”, escreveu o ex-ministro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Falcão havia dito, em entrevista à mídia estrangeira no dia 31, que o PT continuará negando a existência do esquema de desvio de recursos públicos para compra de apoio político, como denunciado pelo procurador-geral da República e aceito pelo STF. “Continuamos negando e vamos mostrar que nunca houve compra de votos”, disse o dirigente petista.
O artigo de Dirceu expõe a disputa dentro do PT quanto ao teor da nota oficial a ser divulgada pelo partido a respeito do julgamento. Em posição oposta à do ex-chefe da Casa Civil está o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, para quem o partido não deve questionar o resultado do julgamento, na sua opinião “devido e legal” e com resultado “legítimo”.
Em artigo publicado na semana passada, o governador gaúcho disse que o PT desistiu de mobilizar os militantes na defesa de um “julgamento justo” no STF pois sabia que as bases “desconfiavam que algumas contas deveriam ser ajustadas”.
A nota oficial do PT sobre o mensalão, inicialmente aguardada para a última quinta-feira, foi adiada. Oficialmente, Falcão disse que o partido preferia aguardar a definição das penas dos condenados, entre eles Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares – o que deve ocorrer até o dia 18. “Não sabemos ainda se os companheiros vão ter penas privativas de liberdade”, justificou.
Nos bastidores, porém, líderes petistas querem que o partido discuta melhor o teor da nota e a conveniência de divulgá-la. Membros da Executiva afirmaram ao Estado que o ânimo de divulgar o documento arrefeceu com as vitórias nas eleições municipais. O adiamento também atendeu a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Colaborou Fernando Gallo)

PASSA UM BOI, PASSA A BOIADA



          Percival Puggina

            Volto ao assunto porque, malgrado venha suscitando pouco interesse, ele é política e socialmente relevante em todos os seus aspectos. Quando o STF declarou constitucional o sistema de cotas raciais adotado pela UnB, ocorreu algo extraordinário. Ficou óbvio que os ministros queriam aprovar o sistema. A Constituição, não obstante, vedava a discriminação racial. Coube ao relator, Ricardo Lewandowski, esgueirar seu voto favorável às cotas por uma estreita ponte pingente (daquelas que balançam mas não caem). E sobre ela cruzou a insuperável barreira constitucional. Como? Elementar, meu caro Toffoli: as cotas raciais só devem viger enquanto necessárias, doutrinou ele. Ou seja, provisoriamente. Pronto! Passou o boi.

            Naquela ocasião, escrevi um artigo afirmando que, a partir de tão destrambelhada decisão, todo certame intelectual, toda prova de habilitação,  todo exame de ordem, todo concurso para magistratura, que não previsse cotas raciais seria provisoriamente inconstitucional. Com efeito, se a necessidade de discriminar impunha-se sobre o cristalino óbice da Carta, então deveria prevalecer para tudo mais. Não deu outra. Está passando a boiada. Vários concursos já enveredaram por aí. Tenho recebido mensagens de pessoas queixosas com a discriminação sofrida em processos seletivos. Afinal, se haver cursado tal ou qual curso superior era pré-requisito do concurso, que diferença pode haver entre o diploma de um branco e o diploma de um negro? Ambos superaram as barreiras de entrada e saída da Universidade. Por que, então, continuar levando em conta a cor da pele? Considerá-los hipossuficientes, mesmo com diplomas sob o braço, insulta os negros! Isso, para mim, é racismo da pior espécie, ofensivo, aviltante.

            Por trás de tanta falta de juízo há política e ideologia. Há a completa submissão dos prejudicados, incapazes de levantar um dedo e balançá-lo para a esquerda e para a direita dizendo não. Há a multidão dos que creem que nada têm a ver com isso, embora paguem religiosamente todas as contas. E há a demagogia, que é, sempre, um sucesso de público, notadamente quando distribui agrados e favores. Por mais que os fatos se encarreguem de desacreditá-los, sempre surgem novos demagogos e novas formas de sedução para atrair eleitores. Aliás, não nos faltariam estadistas se a mentira e a demagogia não fossem mais sedutoras do que a verdade. Mas, pelo jeito, jamais precisaremos, nas funções de Estado, criar cotas para os menos capazes nem para os menos responsáveis.

            Reconheço que as diferenças reais entre ricos e pobres, sadios e enfermos, jovens e idosos, entre outros, exigem tratamento correspondente de parte do poder público. Mas não vejo sentido em discriminações raciais. Estabelecê-las é de uma gravidade extrema! No meu ponto de vista, os defensores das cotas raciais podem ser classificados em três grupos: a) o grupo dos demagogos que as concedem (PT e partidos de esquerda); b) o grupo dos interessados que delas se beneficiam direta ou potencialmente; c) o grupo dos racistas que não sabem o quanto são racistas. (*)
           
            Fui dar uma olhada no ministério de dona Dilma, que anuncia para dezembro a adoção da política de cotas para os concursos públicos federais. São 25 ministérios de fato, mais nove secretarias e seis órgãos com status de ministério, ligados, também, diretamente à Presidência da República. Total, para fins protocolares: 40 senhores ministros e ministras. Quantos negros? Lamento informar que apenas um. Aliás, uma. Não por acaso, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

            Não sei por que, após essa constatação, me sobreveio a sensação de que alguém, em algum lugar, estava sendo hipócrita. Se o governo vê com tão bons olhos uma política de cotas raciais, por que não a adota no próprio governo? Uma ministra cotista entre 40 colegas?

* O texto que enviei para a coluna de Zero Hora não inclui este parágrafo por exceder o limite de palavras possibilitado pela diagramação.

Zero Hora, 04 de novembro de 2012

Luta de Joaquim Barbosa agora é para evitar que mensaleiros ganhem pena mínima



Carlos Newton
Na sessão de retomada do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, o ministro relator Joaquim Barbosa retomou sua luta e afirmou que, pela gravidade dos crimes que cometeram, os 25 réus condenados não merecem a pena mínima.
“Há anos generalizou-se um hábito de impor os castigos nos limites mínimos. Entretanto, pena-base não é sinônimo de pena mínima. Com a indiscriminada imposição das penas mínimas, vem se tratando de modo igual situações distintas”, disse. “Estamos falando de corrupção de parlamentares”, disse o relator, destacando a gravidade da montagem de um esquema de desvio de recursos públicos que, misturados a empréstimos fictícios, foram utilizados na compra de apoio político no Congresso pelo governo Lula.
A primeira discussão de Barbosa foi com o ministro Marco Aurélio Mello, que comentou os critérios pelo relator para aumentar a pena do empresário Marcos Valério, como se ele fosse o líder da quadrilha do mensalão. O ministro também questionou se o mesmo crime cometido diversas vezes deve ser considerado agravante.
O segundo entrevero foi com o revisor Ricardo Lewandowski, que alegou o fato de o Código Penal apontar diversas circunstâncias que consistem na personalidade e na conduta social do réu para a definição da penas. “Os advogados testemunham a respeito da vida pregressa dos réus que precisa ser levada em consideração”.
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CORRUPÇÃO
Lewandowski alegou também que “a corrupção de um magistrado, de um policial, qualquer que seja a hierarquia é igualmente grave, e faz parte da pena.
Mas Barbosa imediatamente questionou a alegação: “Corromper um guarda da esquina é o mesmo de corromper um parlamentar?”
Durante a discussão, Barbosa disse que Lewandowski estava “transformando réu em anjo”. Irritado, o revisor afirmou: “Não crie frases de efeitos. É inadmissível. Estamos num julgamento sério. Não admito que vossa excelência faça frases de efeito em detrimento da minha pessoa”, disse. “Não é admissível esse papel”.
O relator então disse que “a lei procura claramente separar o joio do trigo, recomendando o aumento da pena de modo proporcional aos efeitos dos crimes”.
Traduzindo: o relator Joaquim Barbosa está entrando no jogo de Lewandowski. Ao fustigar o ministro relator, Barbosa permite que Lewandowski se faça de vítima e ganhe a solidariedade de outros ministros, como Marco Aurelio, Carmen Lúcia e Rosa Weber. Com a eterna adesão de Dias Toffoli, o placar então fica 5 a 5, e os réus serão beneficiados pelo empate. Barbosa precisa ter mais frieza e malandragem.

RONALDINHO, O FENÔMENO



Magu
A notícia é meia atrasada mas, sempre merece um destaque, para que nossos leitores, se não sabiam, fiquem sabendo. Lulinha, o filho ronaldinho do Mega Batráquio, tomou na tarraqueta. Ueba! Moveu ação contra a revista Veja, patrocinado pelo “cumpadre” Roberto Teixeira, o luminar jurídico, entre “otras cositas”, da família Da Silva. O processo caiu nas mãos de uma juíza “não amiga”, e aí ele fodeu-se (cabe a ênclise, aqui?). A última parte da sentença: “E por qualquer ângulo que seja analisada a questão, o fato é que a presente notícia, por si só, não ostenta qualquer potencial ofensivo à honra de Fábio Luís Lula da Silva”, finalizou. Portanto, a juíza julgou improcedente o pedido de indenização, além de determinar o autor ao pagamento das custas processuais e despesas processuais e de honorários advocatícios no valor de R$ 10 mil para cada réu.”
Na íntegra a sentença: Fabio Luis Lula da Silva (Lulinha) – sentença de improcedência
(1) Foto: Capa da revista Veja Ano 39-n42-25/outubro/2006 que gerou o processo.

Brasil, Desperta! Estamos criando uma sociedade de perdedores.



Gelio Fregapani
Entre os problemas que temos avulta o enfraquecimento do Fator Moral. Estamos caminhando para uma sociedade de perdedores, de maricas, de frangos, em suma, de pequenos indivíduos medíocres. O acovardamento do nosso povo vem de sucessivos governos. Talvez o acovardamento tenha começado sutilmente com a obrigatoriedade de medidas de segurança; seguiu-se medidas cada vez mais acovardadoras como o “não resista ao assalto”, “não olhe para o ladrão” e “ leve algum dinheiro para que ele não se aborreça”.
Primeiro, maus governos nos desarmaram moralmente quebrando a nossa disposição de resistir à ameaças. A seguir desarmaram as pessoas (de bem) retirando-l hes os meios de defesa. Destruíram também as Forças Armadas, deixando o nosso País tão inerme face aos possíveis predadores, como os pais de família já estão face aos ladrões e estupradores.
Ainda que o nosso povo tenha se declarado contrário ao desarmamento, os políticos irresponsáveis, certamente a soldo de países estrangeiros insistem em desarmar a todos (menos aos bandidos) e usarão até a Copa do Mundo para sua nefasta propaganda.
Assim, o nosso País, tal como uma frondosa árvore, cujas fibras do tronco perderam a firmeza, fatalmente desabará na primeira tormenta arrastando sua copa cheia de parasitas, que não satisfeitas em lhe sugar a seiva, enfraqueceram também seus tecidos.
A verdade é que embarcamos numa campanha desmoralizante de rebanho. É espantoso ver como andamos rapidamente para o matadouro da História e caminhamos resignadamente para a nossa morte, em silêncio.
Com o povo acovardado, pouco adiantará se a Presidente tem ou não tem coragem pessoal.

Violência desvaraida, por Zuenir Ventura



Zuenir Ventura, O Globo
O problema da violência urbana que o Rio, se não resolveu, pelo menos equacionou está se apresentando na pauliceia como uma onda desvairada de crimes.
Enquanto a PM fluminense registrou nos primeiros nove meses de 2012 a maior queda no número de vítimas de homicídios no estado em 21 anos, a polícia de SP contabilizou em setembro, na capital, um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano passado.
Foram 135 casos ou quatro por dia. Para isso, contribuíram as ocorrências de PMs executados e mortes suspeitas de civis. Até o último fim de semana, mais de 90 policiais tinham sido assassinados desde janeiro. Apenas na madrugada de ontem, sete pessoas foram mortas, e três ônibus, incendiados.
Estranho que só agora as autoridades resolveram aceitar a ajuda oferecida pelo governo federal. Antes, a Secretaria de Segurança atribuía ao “exagero” da imprensa e à “coincidência” essa sucessão de mortes com características semelhantes: homens armados em carros ou motos disparando e fugindo em seguida.
Negava a escalada até quando, em três noites seguidas em fins de outubro, na Grande SP, houve uma série de ataques, boatos de toque de recolher, viaturas da polícia alvejadas e 38 mortes.
Ao mesmo tempo em que a população indefesa assistia a essa guerra entre policiais e bandidos, com os primeiros sendo perseguidos, em vez de perseguir, uma outra de palavras, um bate-boca, acontecia entre o governo estadual e Brasília.
O desentendimento se deu quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, propôs um plano de ação integrada que consistia na criação de uma força-tarefa e na desmobilização do PCC, transferindo seus chefes para distantes presídios federais. O primeiro a ser transferido seria Piauí, membro da facção na favela de Paraisópolis, já ocupada.
O secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto, recusou a ajuda, alegando, irritado, que o Estado não precisava dos presídios nem de tropas federais. “A proposta é risível. É oportunismo barato.”
Ainda bem que o governador Geraldo Alckmin, depois de conversar por telefone com a presidente Dilma, contrariou seu arrogante secretário afirmando: “Aceitamos de bom grado a ajuda.”
E ontem, ao lado do ministro e do secretário, anunciou medidas conjuntas de combate ao crime organizado.
Só não pôde fazer nada contra vozes insensatas como a do ex-governador Alberto Goldman, que reagiu assim: “As UPPs que eles querem trazer para SP são as Unidades de Política Petista.” Uma opinião, esta sim, “risível”.

Famosa por cenário de destruição em guerras, Gaza vive corrida imobiliária


MARCELO NINIO - Folha de São Paulo

ENVIADO ESPECIAL À FAIXA DE GAZA

Conhecida pelo cenário de destruição das guerras com Israel, a faixa de Gaza vive um boom de construção.
Novos prédios são erguidos por toda a parte, alguns de 15 andares ou mais, numa corrida imobiliária que muda a paisagem e dá esperança de recuperação econômica.
Cinco anos após Israel e Egito fecharem as fronteiras, em reação ao controle do território pelo grupo extremista islâmico Hamas, Gaza está tomada por obras. São projetos de reforma da infraestrutura e prédios residenciais e turísticos, com requintes de luxo.
De onde vem o dinheiro para todo esse investimento? Parte considerável tem origem em doações internacionais, como os R$ 800 milhões dados pelo emir do Qatar em sua visita recente a Gaza.
São usados em obras de infraestrutura e conjuntos habitacionais populares. Com dinheiro qatariano e saudita, duas novas cidades estão sendo erguidas no sul de Gaza, área onde, até a retirada israelense em 2005, havia assentamentos israelenses.
Said Khatib /AFP
Palestino trabalha na construção de projeto residencial patrocinado pela ONU, em Rafah, no sudeste da faixa de Gaza
Palestino trabalha na construção de projeto residencial patrocinado pela ONU, em Rafah, no sudeste da faixa de Gaza
Sob o comando do Hamas, são construídas milhares de moradias populares, dezenas de escolas e hospitais. Projetos de médio e longo prazo, que têm impacto imediato no desemprego.
Na paisagem de Gaza, porém, chamam atenção construções com investimento privado. Estima-se em mais de 500 o número de torres residenciais, além de projetos comerciais, como um hotel de alto padrão e mais um shopping.
Grande parte do investimento tem origem na "economia do bloqueio", baseada na indústria de túneis que floresceu sob a fronteira com o Egito para driblar o cerco.
Segundo o jornal panárabe "Asharq Al-Awsat", os túneis produziram 600 novos milionários. O boom de construção em Gaza seria, em parte, impulsionado pela lavagem de dinheiro.
"Há muitos rumores", disse Mohamed Ziara, diretor do Centro de Engenharia e Planejamento de Gaza. "Mas nos cinco anos de bloqueio muita gente fez fortuna com os túneis." Há ainda investidores palestinos dentro e fora de Gaza, incluindo "partidos políticos" que viram oportunidade de fazer bons negócios suprindo a escassez de moradia em Gaza. Muitos deles ligados ao Hamas.
O jornalista palestino Khaled Abu Toameh, do jornal "Jerusalem Post", calcula que 25% do orçamento do governo islâmico de Gaza venha de impostos cobrados dos donos dos túneis. O boom dos últimos dois anos foi possível graças a esses túneis, que permitiram o contrabando de materiais de construção do Egito, proibidos por Israel.
Além disso, o bloqueio à entrada de produtos foi reduzido ao mínimo. Hoje, nas prateleiras de Gaza, produtos israelenses de melhor qualidade competem com egípcios, bem mais baratos.
A economia da faixa de Gaza cresceu 27% em 2011, na comparação com 2010 -houve aumento de 23% no PIB per capita. Segundo o Escritório Palestino de Estatística, o desemprego caiu de 45% em 2010 para 28,4% no segundo semestre deste ano.
Para a ONU, a melhora é temporária. Em relatório recente, fez previsão sombria da economia de Gaza até 2020, afirmando que não acompanhará o crescimento da população, dos atuais 1,6 milhão para 2,1 milhões.
Mais de um terço dos moradores vive abaixo da linha de pobreza. Os serviços básicos (água, esgoto e eletricidade) são precários. O corte de luz (8h por dia) virou rotina.
Mesmo assim, há quem aposte na recuperação. Dona de um restaurante frequentado pela alta classe de Gaza, Mona Ghalayini investiu R$ 3 milhões num grande hotel à beira-mar, em fase final de construção. "Com sua posição geográfica e clima, o futuro econômico de Gaza é o turismo", diz ela, que sonha com uma riviera palestina no Mediterrâneo, mistura de Dubai, Beirute e Istambul.
Um dos projetos financiados com R$ 6 milhões do Qatar é uma estrada costeira nos 40 km de extensão da faixa de Gaza, que inclui plano paisagístico e calçadão. Para o engenheiro Ziara, responsável pela obra, o boom imobiliário chegou ao limite: a maioria não tem recursos para comprar um imóvel e é necessária ajuda internacional para criar um sistema financeiro que conceda crédito.

Fugindo do inferno


07 de novembro de 2012 | 2h 06

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
O jogo de Marcos Valério que aos olhos da plateia parece nebuloso é claro sob a ótica do Ministério Público: o objetivo dele é conseguir do Supremo Tribunal Federal uma execução diferenciada de suas penas.
Em miúdos, redução dos anos de prisão em sistema fechado e cumprimento em estabelecimento onde as condições e acomodações sejam próximas do razoável, e a convivência com os companheiros não ponha em risco sua integridade física.
Bastou-lhe uma experiência traumática quando foi preso em 2008 por suspeita de denúncias fraudulentas contra fiscais da Receita Federal.
Hoje Valério já não se movimenta para escapar da cadeia, para se vingar do PT nem tem intenção de entrar no programa de proteção a testemunhas.
Evitar a prisão não tem mais jeito; a revanche pura e simples na forma de acusações sem provas não lhe renderia vantagem objetiva alguma; e, se a prisão fechada por muitos anos em condições sub-humanas é o pior dos mundos, segundo quem conhece o sistema o programa de proteção a testemunhas é o segundo pior dos mundos.
A pessoa abdica da própria identidade, é obrigada a viver com parcos recursos e não tem garantida a segurança da família.
A única escolha que restaria a Marcos Valério, portanto, seria tentar sobreviver no terceiro pior dos mundos: menos anos de cadeia fechada em algum presídio onde não conviveria com condenados por crimes de sangue, teria horário flexível para visitas, acesso livre aos advogados e outras facilidades.
A questão é como conseguir isso. Nessa altura só há um caminho: entregar ao Ministério Público algo de realmente valioso para ajudar a esclarecer fatos a respeito dos quais a promotoria, a polícia e a Justiça não tenham conhecimento.
Embora Valério não seja uma testemunha tida como confiável em decorrência das várias ameaças frustradas de colaborar com as investigações, é visto como depositário de informações relevantes.
Por que essa certeza? Por ser o operador do esquema de arrecadação e distribuição de dinheiro, por já ter demonstrado que é organizado e tem registro de todos os seus negócios e porque o advogado Marcelo Leonardo não iria informar ao relator Joaquim Barbosa que seu cliente estava disposto a falar se não fosse para valer.
Seria desmoralizante para o defensor - conhecido inclusive por ser contra o uso da delação premiada - figurar como avalista de tentativa de manipulação da Justiça.
Nenhuma das partes (Procuradoria-Geral, advogado, réu e Supremo) revela os detalhes, mas há uma negociação em curso, cujo sentido é o seguinte: o condenado procura revelar o menos, o Ministério Público busca extrair o máximo e dessa conta de chegar é que resulta, ou não, a concessão do benefício pretendido.
O primeiro movimento foi o envio do ofício ao STF dizendo da disposição de colaborar. Valério foi ouvido e, em princípio, o procurador Roberto Gurgel não obteve (ou não quis tornar público) dele nada de útil.
Agora caberá ao réu oferecer algo mais. E por "algo mais" entenda-se prova documental daquilo que diz. A avaliação sobre a eficácia das informações é da promotoria, mas a decisão final é tomada no Supremo.
Em tese Marcos Valério teria tempo até a publicação do acórdão para obter a execução diferenciada das penas. Na prática, porém, há urgência da parte dele, pois o "palco" do julgamento lhe dá a evidência necessária para negociar em melhores condições.
Apagadas as luzes, cairá gradualmente no ostracismo, deixando de ser um personagem para virar um condenado comum. Portanto, tem prazo até a proclamação do resultado para dar à Justiça uma justificativa consistente para considerá-lo merecedor das prerrogativas de colaborador.
Para isso terá de ajudar a elucidar quem mais participou, quanto dinheiro circulou e a que outros propósitos a organização criminosa atendeu, além da compra de apoio parlamentar.

O INÍCIO DO ROMANCE MODERNO



Laurence Bittencourt (1)
Não há como negar que o romance moderno teve inicio com Miguel de Cervantes e o seu clássico “Dom Quixote de La Mancha”. O livro lançado em 1605 reflete toda uma mudança que estava ocorrendo no mundo ocidental com a entrada em cena da chamada Idade Moderna e toda revolução tecnológica e cientifica.
O livro entre outras coisas retrata a luta de um fidalgo (Dom Quixote) que perde a razão e dá inicio a uma série de aventuras na companhia de Sancho Pança, fiel amigo e escudeiro que diante das mudanças vislumbradas tem uma visão mais realista do mundo.
O livro não ganhou muita notoriedade no momento do lançamento entre os críticos, mas caiu na graça e no gosto popular. No entanto, o tempo, senhor da razão, terminou mostrando que o livro tinha uma qualidade insuspeita e galvanizou para si toda a importância que merecia ter.
Entre as grandes marcas do romance, em que pese parecer contestar e fazer frente aos chamados, na época, romances de cavalaria, o livro traz a paisagem melancólica com o personagem central se depara com as mudanças ocorridas no mundo.
Como muito já se disse o romance retrata com maestria fina a oposição entre passado e presente, real e ideal, valores mortos e valores ascendentes.
O livro também provoca no leitor um efeito moralizante em algumas passagens e principalmente um efeito humorístico. São muitos os escritores modernos que se disseram em divida com Miguel de Cervantes e sua maneira de escrever o romance moderno. Entre eles podemos citar Flaubert, Dostoievski, James Joyce e Jorge Luis Borges. Vale a pena mergulhar nessa aventura seiscentista que ainda hoje tem a dizer muito para todos nós 307 anos depois do seu primeiro lançamento.
(1) Jornalista. laurenceleite@bol.com.br
(2) Fotomontagem: Página frontal da primmeira edição de Don Quixote.

Vamos viciar as crianças?


RUTH DE AQUINO

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RUTH DE AQUINO  é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br (Foto: ÉPOCA)
"Me filma lendo uma poesia de Drummond!”, diz Luiz, de 11 anos. “Tia, escrevi um livro, escrevi um livro!”, grita Henrique, de 12. “Você vem no nosso evento hip-hop, só de meninas? É o ‘Pronto Falei’. Somos as ‘Ladies’. Vou te mandar o ‘flyer’ por e-mail”, fala Mariana, de 16 anos, olhos verdes de gata, faixa de bolinhas brancas nos cabelos, com o notebook no colo.
Crianças e jovens nas comunidades de Manguinhos e da Rocinha, no Rio de Janeiro, estão viciados. Em livros, computadores, filmes, peças, shows, capoeira, dança, música, horta, culinária. Tudo de graça nas bibliotecas-parque do Rio. Para quem aposta na vida e no conhecimento. É um vício que contamina suas mães e seus pais, entra no sangue e muda a forma de ver, refletir e atuar no mundo. Emociona qualquer um disposto a enxergar o outro lado do muro da vergonha, do crack, da violência e dos fuzis.
As bibliotecas-parque no Rio são espaços coloridos de sonho e tecnologia, com acervos de dar inveja a faculdades e livrarias tradicionais. Acervos comprados pelo Estado e não doados. A da Rocinha foi inaugurada em junho passado, numa antiga clínica clandestina de aborto. Recebe 370 pessoas em média por dia. Tem 10 mil livros e 555 DVDs. Até agora, emitiu 1.879 carteirinhas, recebeu 3.754 consultas e emprestou 4.912 livros e filmes.
A de Manguinhos, a primeira do Brasil, abriu as portas em abril de 2010. Antes, era um galpão desativado de suprimentos do Exército, junto a uma praça ocupada por traficantes. Ganhou um prêmio na Bienal do Livro de 2011. Em dois anos e meio, recebeu quase 160 mil pessoas. Conta 105 mil consultas, 36.338 empréstimos e 5.230 carteirinhas. Tem um acervo de 26 mil livros e 1.205 DVDs.
Os números impressionam quem acha “biblioteca” uma coisa elitista, ainda mais em comunidades carentes de tudo, até de esgoto. O mais surpreendente é o conceito desses laboratórios culturais vivos, a sofisticação dos equipamentos e as instalações de Primeiro Mundo.
O vício em livros, filmes, computadores emociona qualquer um que só vê nas favelas crack, violência e fuzis
Em Manguinhos, bem ao lado da “Faixa de Gaza” de onde foram removidos há duas semanas dependentes de crack, vi um menino chegar só de bermuda, parar na porta e vestir a camisa para entrar sem ser advertido. Eles respeitam as regras. E se sentem respeitados, valorizados. Na Rocinha, onde uma instalação de pastilhas giratórias na parede conta, de maneira lúdica, a história da comunidade, uma das placas brancas faz a pergunta: “Qual a pessoa mais importante que já visitou nossa biblioteca-parque?” Viramos a placa e a resposta é...um espelho.
Nos jornais e na televisão, o que dá ibope são as prostitutas infantis da Rocinha, as refinarias de droga em Manguinhos e no Jacarezinho. Não interessa saber que a equipe da superintendente de Leitura e Conhecimento do Estado do Rio, Vera Saboya, é convidada a contar nossa experiência aos bibliotecários de Washington, Paris e Bogotá. Ninguém divulga que a Royal Shakespeare Company, da Inglaterra, envia representantes ao Rio para laboratórios de arte cênica com alunos e professores nas bibliotecas-parque.
“A gente não faz educação formal, não somos escolas”, diz Vera. “Mas estamos desenvolvendo novas formas de educar crianças, jovens e adultos através da arte e da inclusão digital. Sem preconceito com o leitor, com sua classe social, se estuda ou não, se é operário, se chegou ou não à universidade. Ele encontra aqui de tudo – de livros sobre a Grécia Antiga até o best-seller mais vendido. Qualquer um deveria ter acesso a todo tipo de conhecimento, do popular ao erudito.”
A secretária de Cultura do Estado, Adriana Rattes, diz que foi proposital chamar os centros culturais de bibliotecas. “Num país onde se lê tão pouco, não há nada mais revolucionário e inovador do que investir em algo assim. Chamamos de Biblioteca, com letra maiúscula.” E é um “parque”, para mostrar que a aventura do conhecimento pode se dar num espaço propício ao encontro, à troca, ao prazer e ao lazer.
“O que dá gosto aqui”, diz Adriana, “é ver namorados, ou pais com filhos, ou crianças com avós frequentando a Biblioteca aos sábados e domingos, com seus saraus de poesia, cineclube, desfiles de moda e grupos de teatro.” A próxima biblioteca-parque será no alto do teleférico do Complexo do Alemão.
Como jornalistas, aprendemos a máxima de séculos atrás: “Notícia é tudo aquilo que alguém não quer ver publicado; o resto é propaganda”. Somos treinados para a investigação do malfeito, para a denúncia da contravenção. Numa semana como esta, de onda de violência em São Paulo, é um privilégio “denunciar” o bem. Ganhei o dia como testemunha ocular desse outro lado do muro, pouco atraente à mídia. Vamos viciar nossas crianças num mundo melhor porque elas merecem. 

Brasil oferece vantagens para investidores estrangeiros



Posted: 06 Nov 2012 06:40 AM PST
O mercado imobiliário brasileiro está em franca expansão, sendo uma aposta de alto interesse para investimentos vindos do exterior. A afirmação tem como base o estudo semestral “Real Estate Report”, realizado pela Ernst & Young Terco. Segundo a pesquisa, atualmente, o setor conta com o montante de capital estrangeiro entre R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões.
Os números são verdadeiros recordes, embora ainda muito menores do que o necessário. Prova disso é que para que seja reduzido o déficit acumulado será preciso, até o ano de 2030, um total de R$ 18 bilhões em investimentos anuais.
O cenário nacional, no entanto, tem se mostrado cada vez mais atraente para olhares estrangeiros, destacando o fato de que o Brasil aparece à frente de países como China, EUA, Alemanha, França e Canadá.
Entre as vantagens oferecidas, a alta lucratividade é um dos principais diferenciais para quem decide construir no país. A margem bruta operacional do mercado imobiliário nacional chega a ser quase 50% maior do que nos EUA e na China, por exemplo.
Cenário brasileiro tem se mostrado, cada vez, mais atraente para olhares estrangeiros | Via: Flickr.
Outro aspecto positivo é o fato de que o sistema de financiamento habitacional no Brasil é uma opção segura para investimentos no setor, oferecendo boas condições para quem deseja receber investimentos.
Enquanto nos países desenvolvidos há grande concentração de capital, restrições de mão de obra e baixa rentabilidade, o Brasil chama a atenção como um mercado emergente. Além disso, o país é caracterizado pela estabilidade econômica, pela segurança institucional e por ser uma boa fonte de renda, resultando em uma relação de risco x retorno favorável aos investidores estrangeiros.
Outro ponto a favor do mercado nacional foi o anúncio de eventos de alcance mundial, como a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, aliado a oportunidades como a exploração do petróleo e do pré-sal geram expectativas ainda maiores para o setor, reforçando a imagem positiva do Brasil no exterior.

João Paulo retorna à Câmara pela primeira vez depois do julgamento do mensalão


Já o ex-deputado João Magno, absolvido pelo STF, diz que pagou preço ‘altíssimo’


BRASÍLIA - Condenado por corrupção passiva e peculato no julgamento do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) retornou nesta terça à Câmara pela primeira vez desde a decisão dos ministros. Mais magro e sem barba, o petista foi ao plenário, marcou presença, votou no royalties e evitou falar com jornalistas. Foi recebido com abraços por colegas na Câmara, que o confortavam com palavras de apoio.
João Paulo respondeu:- Fique firme - disse um dos parlamentares.
- O julgamento ainda não acabou - disse o petista, referindo-se à fase de dosimetria, que estipula o tamanho da pena. Os ministros, apesar da condenação, ainda não estabeleceram quantos anos o ex-presidente da Câmara cumprirá de prisão e qual o regime, se aberto, fechado ou semiaberto
João Paulo foi condenado por ter enviado a esposa para sacar R$ 50 mil da agência de Marcos Valério e por ter contratado o empresário para prestar supostos serviços na Câmara. Os ministros entenderam que a licitação que escolheu a SMP&B foi viciada e que os serviços não foram prestados.
Ex-deputado diz que pagou preço altíssimo
O ex-deputado João Magno (PT-MG) circulou na tarde desta terça-feira pelo plenário da Câmara. Absolvido no julgamento do mensalão, Magno diz que agora se sente aliviado, mas diz que o preço que pagou nestes sete anos, entre a denúncia e o julgamento no STF, foi "altíssimo".
- Mesmo absolvido, o preço que paguei foi altíssimo. Privações na vida pessoal, prejuízo na carreira política e também para levar a vida e pagar as contas do dia a dia - disse Magno, que disse esperar, agora, recompor sua vida financeira.
Acusado da prática de lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 360 mil do esquema de Marcos Valério, Magno era deputado federal em 2005 quando estourou o escândalo, havia sido eleito em 2002 com cerca de 100 mil votos. Sob o impacto das denúncias do mensalão, tentou se reeleger em 2006 e, por conta da denúncia, perdeu 70 mil votos e obteve apenas 30 mil. Não se reelegeu. No STF, houve empate em 5 a 5 no seu julgamento. O presidente da Côrte, Ayres Britto, entendeu que o empate beneficiava os réus.
- Não foi fácil. No calor das denúncias vi os votos minguarem, mas, apesar da votação, não perdi o respeito do povo da minha região (Vale do Aço). Sempre andei de cabeça erguida e as pessoas respeitavam. Mesmo não me elegendo, a população entendia que era inocente e que o caso (do mensalão) foi algo no plano nacional – disse.
Magno, na época, não foi cassado pela Câmara. Mas sua absolvição ficou marcada pelo episódio envolvendo a então deputada Ângela Guadagnin (PT-SP), que comemorou a absolvição do colega, no plenário, numa euforia e chegou a dançar. O episódio ficou conhecido como a "dança da pizza". Ângela também sua carreira prejudicada e não se reelegeu deputada. Hoje, é vereadora em São José dos Campos (SP).
- A Ângela celebrou minha absolvição a maneira dela e foi mal interpretada. Também foi prejudicada por isso, tanto quanto eu - afirmou Magno.
Ex-prefeito de Ipatinga (MG), Magno afirmou que não tem plano para o futuro e não sabe que tentará nova vaga para a Câmara em 2014.
- É difícil. Para se candidatar você precisa de estrutura. E perdi tudo isso.
O ex-deputado atua como assessor de prefeituras de sua região e afirmou que, nas eleições municipais deste ano, por conta do julgamento do STF, preferiu ficar longe das campanhas.
- É o melhor que tinha a fazer.
Ele afirmou que pretende contribuir para a administração de Cecilia Ferramenta, eleita prefeita de Ipatinga, e quer ajudar o partido a crescer no estado.
Em pé no fundo do plenário, Magno, nesta terça, assistia de longe a sessão. Alguns amigos paravam e conversavam com ele. Um deles, o deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG), réu no processo conhecido como mensalão mineiro ou mensalão do PSDB. Os dois conversavam sobre esses processos.

ENXERGAR OPORTUNIDADES


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Enxergar oportunidades “Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade. Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade.” Winston Churchill Ouço muitas pessoas dizendo “que não dá”, “que não tem jeito”, “que não há oportunidades na empresa, cidade, país”, enfim, “no mundo”.
Dizem, ainda, “só os que têm sorte encontram oportunidades”. Existem ainda os que dizem que é a oportunidade que vai atrás desses “sortudos”. Acham que a oportunidade baterá à sua porta em forma de um belo presente, acompanhada de um consultor, o qual dirá quais as oportunidades existentes e como explorá-las.
Frases típicas são: “Fulano nasceu com aquilo voltado prá lua”, “Pô, o cara tem estrela” e por aí afora. Um ditado que está num livro de 1780 – “Adágios, Provérbios, Rifãos e Anexins da Língua Portuguesa” – editado pela Real Casa Portuguesa, que diz: “Andando na égua e perguntando por ela”. A situação que esse ditado descreve é mais comum do que se imagina. Enxergar oportunidades é a capacidade de fazer conexão entres as coisas que “passam batidas” pela maioria das pessoas.Como diz a frase acima, às vezes a oportunidade está bem próxima da gente, debaixo de nosso nariz, mas não a enxergamos.
Na nossa própria empresa ou profissão, muitas vezes, deixamos de explorar sadiamente oportunidades de parceria, cooperação, alianças estratégicas, associações, compra conjunta, terceirização, com clientes e fornecedores que já conhecemos há anos. Falando em clientes, vejo muitas empresas se preocupando em atrair novos – o que requer alto investimento – e esquecendo-se de buscar a fidelização dos antigos – o que normalmente requer baixo investimento – ou seja, ganha-se de um lado e perde-se de outro. Ray Kroc não foi o fundador da Mc Donalds. Ele era vendedor de máquinas de milkshake e teve a capacidade de enxergar o que os irmãos Mc Donalds não estavam enxergando. Associou-se a eles e tornou o modelo da pequena lanchonete dos irmãos numa das maiores franquias do mundo.
A ditado que diz: “A oportunidade é um cavalo que passa encilhado apenas uma vez na vida” não está necessariamente certa, pois para os que têm a capacidade de enxergar o que os outros não vêem “vários cavalos passam encilhados” todo dia. São pessoas que estão sempre ligadas na idéia de expansão de negócios, lançamento de novos produtos e serviços, novas maneiras de fazer as coisas. Sabem tirar proveito de situações inusitadas para avançar nos negócios.
Um exemplo simples: alguns empresários do agronegócio, com visão de oportunidade, aproveitaram os incentivos do governo federal – principalmente financiamentos mais baratos – para investir no nordeste do Brasil. Para a maioria das pessoas, está região não tinha futuro, só seca, calor e pobreza. Pois esses visionários furaram poços e desviaram rios e estão produzindo frutas tipo exportação e até vinho, transformando a região num oásis de prosperidade, ou seja, onde a maioria esmagadora só via ameaças e problemas, alguns viram oportunidades.
Prof. Heinz tem 22 anos de experiência como profissional de RH, empresário, consultor e instrutor. É palestrante nas áreas de motivação, vendas e liderança, diretor da Alfa Educação Corporativa Ltda. e autor do livro e DVD Atitudes de Resultado.

CHARGE DO ALPINO



RIQUEZA CHAPA BRANCA



Magu
A revista Exame, de agosto, trouxe um artigo de Angela Pimenta, com o título acima, que me serve de texto de apoio. Teceu comentários sobre a riqueza que roda por Brasília. Também pudera. Quando o glorioso partido™ ascendeu ao poder federal, a primeira coisa que fez foi aparelhar todos os ministérios e agências federais, colocando seus apadrinhados em todos os cargos possíveis.Nenhuma surpresa. Todos os partidos fazem isso. O pulo do gato foi a criação de muito mais cargos em comissão, com grande elevação de vencimentos, e farta montagem de “conselhos”, todos muito bem remunerados. Claro que vivem lá todos os funcionários públicos concursados que servem à sede do poder. Interessante essa última frase. A mudança do artigo a transforma em “sede de poder”. Mesma grafia, significados diferentes. Os concursados nada tem a ver com essa “riqueza”. Só os comissionados. Vamos ver um pouco de História.
Em 1955, ao pisar pela primeira vez no cerrado goiano que daria lugar a Brasilia, o então presidente Juscelino Kubistchek (foto- na minha opinião, de péssima memória) se viu tomado por uma inspiração épica (eu diria demoníaca). Mais tarde escreveu: “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais antevejo esta alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.” (tinha razão; dizem que ficou rico).
Antes, no final do século XIX, o padre italiano Giovanni Bosco, que jamais veio ao Brasil, havia profetizado sobre “uma terra prometida, donde correrá leite e mel” (a profecia não explicava se isso se aplicaria a todos), cuja localização seria justamente onde hoje se ergue a capital federal. Os sonhos grandiosos de JK e dom Bosco, de certa forma, concretizaram-se. Brasília, nutrida por verbas cada vez mais gordas da União, é hoje um centro de poder que esbanja riqueza. Com apenas 1,4% da população do país, responde por 4% do produto interno bruto. Para os apaniguados, leite e mel à vontade. O Tesouro (nós) paga. Para as paupérrimas cidades satélites, onde se instalaram os candangos que não ganharam dinheiro por fora, pobreza e insalubridade. Título do artigo muito bem aplicado. A cara do brasil…