sábado, 11 de outubro de 2014

PARA ONDE VÃO OS IDIOTAS QUANDO CHEGAM AO TOPO



http://www.revistabula.com/3228-para-onde-voce-vai-quando-chegar-ao-topo/




Para onde vão os idiotas quando chegam ao topo


— Parabéns, Presidente!
Pronto. Ele conseguiu. Tantos anos de trabalho o levaram ao posto mais alto de sua organização, ao topo do organograma, à tampa da panela. Ele acaba de ser escolhido para o cargo mais importante de uma invejada companhia multinacional.
— O senhor precisa de alguma coisa? — pergunta-lhe sua secretária executiva.
— Preciso, sim. Que você saia daqui e me deixe só.
A secretaria o atendeu de pronto. Fez o que a vida já havia feito antes. Ele estava só. Havia lido por aí que o poder é um exercício solitário. E daí? Ele agora é “o homem”. Podia até ser uma mulher, mas ainda assim seria “o homem”.
Ali, no fim de mais um dia cheio, soberano em seu castelo de vidro, na maior sala do último andar de um suntuoso edifício, ele viu a noite cair lá fora e se deu de presente dois minutos, não mais que isso, para se recuperar dos tantos tapas nas costas que recebera durante o dia. De repente, ele se pegou pensando na vida que o levara até ali.
Estava nessa havia quanto tempo? Vinte anos? Mais, muito mais. Quantos idiotas ele fora obrigado a aturar? Quanto preconceito foi levado a ouvir e a praticar? Quanta burrice, quanto ódio! A quantos relacionamentos interesseiros ele sobreviveu, a quantos inimigos prometeu amor eterno, quanta gente ele esqueceu por aí? Dane-se. Danem-se todos eles. Quem diria? Ele estava lá. O dono do jogo agora era ele!
A noite já era feita lá fora e o homem ali, passeando por dentro. Lembrou de seus sacrifícios todos. Suas horas sem dormir, sua sede e sua fome não atendidas. Recordou os cachorros quentes consumidos às pressas, ele nunca esqueceu o quanto é bom um cachorro quente barato. Sentiu até o gosto do molho de tomate, a salsicha saborosa, o tempero forte, a maionese. De suas certezas todas, a de que às vezes só um cachorro quente pode salvar a sua vida persistiu. Não fosse agora um rico frequentador de caros restaurantes, jantaria um senhor cachorro quente na calçada lá embaixo.
Pensou também em seus amores perdidos, trocados pela empresa, deixados para trás. A alta velocidade do mercado é tão diferente do passo a passo lento do amor que não havia jeito. Os amores ficaram para trás. Não havia tempo para isso. Tempo para conversas demoradas, cinema à tarde, declarações de amor, almoços intermináveis com a família. Não! Um alto executivo jamais almoça em vão. Não perde tempo com isso. Todas as suas namoradas sabiam muito bem.
Ele ficou ali, pensando em cada uma delas. A amiga de infância, a japonesa, a baixinha com quem foi a Cuba, a professora de russo, a amiga da baixinha com quem foi a Cuba, a negra linda, dançarina, a ruiva e seu cabelo da cor da fórmica do balcão do bar, a atriz e seus sonhos, a filha do senador e suas possibilidades. Pensou em todas elas, em sequência, até chegar àquela com quem se casou. Sem amor. Aquela de quem ele só não se separou por falta de tempo.
E agora? O que faz um sujeito no auge de sua vida profissional? Para onde mais subir? Em que investir agora? Viagens à lua, missões humanitárias na África, a solução dos problemas na Faixa de Gaza? Não, esses assuntos não interessam aos negócios de sua importante multinacional do ramo de seguros. E o caminhão de dinheiro que invadiu em cheio sua conta? Onde gastar tudo isso?
Herdeiros, não tem nenhum. Preferiu não mexer com isso. Não tivesse convencido a esposa a fazer aquele aborto, seu filho teria hoje o quê? Quinze anos? É isso. Uns quinze anos. E ele teria um punhado de problemas a mais. O peso de um filho lhe teria impedido de subir tão longe na hierarquia da corporação.
Agora, essa dinheirama sobrando lhe deu um tédio medonho. O que fazer? Quem sabe comprava uma comenda da República de Omã? Claro! Mandaria fazer uns cartões de visita novos. Antes de seu nome, a palavra “Comendador” lhe faria a distinção merecida, muito mais que o mero “Presidente” bem abaixo.
Era isso. Ele conseguiu. Chegou lá. O primeiro a chegar e o último a sair venceu na vida. Pisou o topo. Respirou o perfumado ar rarefeito a que poucos têm acesso.
Fim do expediente. O presidente estava pronto para ir. Arrumou suas coisas na pasta, desligou o computador, vestiu o paletó, olhou cada canto de sua sala com um tanto de desprezo, um tanto de carinho.
Depois ele abriu a janela, um vento selvagem lhe bateu na cara, tão diferente da brisa monótona e gelada de seu ar-condicionado, e pulou do trigésimo terceiro andar do suntuoso edifício. Lá embaixo, seu corpo se espatifou sobre uma carrocinha de cachorro quente, espalhando sangue e salsicha com molho de tomate por todo o calçadão.

A preguiça é necessária


Para surgirem ideias, é preciso não fazer nada. Na madrugada, fumo charuto e deixo o pensamento fluir

WALCYR CARRASCO
10/10/2014 21h39
Sempre me perguntam sobre como é meu processo de criação. Como surgem personagens, textos? Pois bem, eu não seria nada se não fosse preguiçoso. A preguiça é uma vantagem para a sobrevivência, que faço questão de exercer.

Desde menino, ficava acordado até mais tarde, escondido de meus pais. De manhã, não conseguia levantar para ir à escola, a não ser depois de ameaças de minha mãe – como jogar um balde d’água na cama. Pior, quem dorme até tarde é tratado como preguiçoso, no pior dos sentidos. Em certa época de minha vida, trabalhei numa revista, onde ficava dois dias por semana até as 4 horas da manhã. Chegava em casa às 5 horas, tomava um banho, deitava lá pelas 6. Às 10, minha mãe (se estava de visita) batia na porta do meu quarto, gritando:

– Acorda, preguiçoso!

Não sossegava até me arrancar da cama.

Talvez por ser chamado de preguiçoso desde pequeno, me organizei para isso. Tratei de conseguir empregos onde entrava de tarde, para dormir de manhã. Isso me ajudou bastante ao longo da vida profissional, pois meus trabalhos eram menos burocráticos, exigiam ideias. Alguém que dá ideias tem mais oportunidades, seja onde for.

Para surgirem ideias, é preciso não fazer nada. Claro, a gente sempre tem uma atividade. Quando escrevo uma novela, trabalho pesado, no diálogo dos personagens, na construção de cenas etc. A história, porém, acontece quando sento para fumar meu charuto, já de madrugada, e fico pensando no nada, deixando o pensamento fluir. Ou de tarde, após uma agradável aula de pilates, quando sento para tomar um cafezinho, e a mente vaga sem objetivo. Não só na questão das novelas. Já resolvi um número imenso de questões da vida pessoal ou financeira simplesmente não fazendo nada. Diz a lenda que Newton descobriu a lei da gravidade quando, deitado debaixo de uma árvore, uma maçã caiu sobre sua cabeça. Gosto de imaginar que foi realmente assim. E que ele estava nesse estado, em que a mente viaja. Agora, imaginem se ele estivesse colhendo maçãs em cima de uma escada, sob o sol, suando. Não descobriria lei da gravidade nenhuma. Muitas grandes descobertas, até matemáticas, acontecem depois de uma noite de sono, quando o cérebro passeia, sem objetivo predefinido.

Conheço gente ferozmente empenhada em seu trabalho, que nunca teve uma ideia na vida. As empresas, a grande maioria ainda, apreciam a ideia de tirar o sangue do funcionário. Quanto mais trabalha, melhor ele é. Até ser substituído por alguém com boas ideias que, de alguma maneira na vida, encontrou espaço para relaxar. As empresas de internet descobriram que o funcionário precisa de horas vagas. Soube de uma que fez até uma pista de skate. Também abdicaram de roupas formais. Cada um vai como quer. Já trabalhei numa firma que pegou pesado com uma funcionária que usava decotes grandes demais, vestidos transparentes. Há empresas que incentivam a meditação – uma boa forma de tirar o cotidiano da cabeça e descobrir algo novo. Acredito muito no home office. Em boa parte dos empregos, não há necessidade nenhuma de o funcionário comparecer à empresa todo dia. Trabalha em casa, bem tranquilo, sem sapatos, come quando quer. Tenho uma prima que foi dona de uma corretora de produtos químicos durante anos. Fazia tudo por telefone. Vi-a várias vezes sentada na praia, ao sol, de celular na mão, combinando a retirada e entrega de caminhões de algum produto. Nunca houve um erro. Nunca perdeu um cliente.

Sofro para explicar a meus amigos que trabalho quando não faço nada. Como sabem que escrevo de madrugada, me ligam para um jantar. Digo que não vou. O argumento:

– Mas você vem, janta, bate um papo, depois vai escrever.

– Não é assim. Preciso ficar sem fazer nada. Sem conversar também, só comigo mesmo.

Do outro lado, um silêncio de horror. Para muita gente, a ideia de ficar consigo mesmo é aterrorizante. Preferem falar com estranhos. As empresas também gostam do que chamam de “organização”. Adoram cartões de ponto, horários, métricas. Chamam isso de “produtividade”. Se dariam melhor se dessem aos funcionários seus momentos de preguiça diários. Não falo só de trabalhos da área artística, mas também técnica. Uma boa ideia na área técnica não economiza milhões?

Olhar a parede com a cabeça solta é excelente. As pessoas, e as empresas também, ainda descobrirão o valor da preguiça. Torna a vida mais leve. E, muitas vezes, mais lucrativa.

 

POESIA DA NOITE - SOU COMO UM RIO MISTERIOSO...

Da Costa e Silva



 
Pissarro - Lavadeiras - 1895Camille Pissarro (1830-1903), francês, Lavadeiras (1895)



Sou como um rio que, de tanto
Refletir sombras, se tornou sombrio...
Rio de dor, rio de pranto,
Ninguém sabe o mistério deste rio.

Rio de dor, rio de mágoas,
Ocultando as imagens que refletes,
Rolam em meu ser as tuas águas,
Sob a treva e o silêncio, como o Letes...


Nascido em Amarante, PI, o poeta simbolista Antônio Francisco da Costa e Silva, conhecido apenas por Da Costa e Silva (1885-1950), formou-se advogado pela Escola de Direito do Recife. Foi funcionário do Ministério da Fazenda e trabalhou em vários estados, como Maranhão, Amazonas, São Paulo e Rio Grande do Sul.


Eu vendia Pepsi, mas tomava Coca-Cola



Eu odeio o concorrente. Não estou querendo causar impacto com a frase. Eu odeio de verdade o concorrente. Eu sempre encarei a concorrência como alguém que queria tirar o leite do meu filho. Mesmo assim, não resistia a uma Coca gelada
Assim como aconteceu comigo, você provavelmente convive com esse dilema no dia a dia: trabalhar na empresa X e gostar de consumir os produtos da empresa Y. Os funcionários mais apaixonados vão dizer que você é um traidor, um cara que não veste a camisa da empresa, um sujeito sem caráter e outros elogios mimosos.
A verdade é que quando você trabalha em uma multinacional, quase sempre recebe um código de conduta que versa principalmente sobre o que não fazer. Na inúmera maioria, sempre existe a parte que fala da concorrência. Fica claro e explícito que você não deve consumir produtos da concorrência, sob pena – inclusive – de demissão por justa causa. Você vai dizer que isso é contra a lei, mas é incrível como esse tipo de ameaça causa calafrios nas pessoas.
Você acha que eles estão certos? Os caras do Facebook não devem usar outras redes sociais? Os caras da BMW não devem usar uma Mercedes? Os caras das motos Honda não devem usar as motos da Shineray?
Eu, particularmente, não concordo com isso. Mas ao mesmo tempo, concordo. Calma! Eu não sou bipolar. Ainda.
O general estrategista e filósofo Sun Tzu disse: ”se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”.
A lei 2 do livro “As 48 leis do poder”, dos autores Robert Greene e Joost Elffers, adverte: ”Não confie demais nos amigos. Aprenda a usar os inimigos”.
banner-quebre-a-bancaÉ preciso conhecer bem, conhecer “de verdade” o inimigo. Foi o que fez Santo Agostinho, que experimentou os prazeres carnais e a luxúria diversas vezes antes de se tornar santo. Seu livro autobiográfico, “Confissões”, é proibido para menores de 18 anos. Eu pergunto: como conhecer e combater o pecado sem antes tê-lo experimentado?
Meu pecado era a Coca-Cola.
Eu não sei se colocam cocaína nela, as lendas urbanas falam demais. Mas o fato é que existe uma substância viciante que até hoje não consegui tirar da minha vida. Já perdi muito peso, mas os 6 quilos que ainda preciso perder estão solidamente construídos à base dessa cola gaseificada.
Eu odeio o concorrente. Não estou querendo causar impacto com a frase. Eu odeio de verdade o concorrente. Eu sempre encarei a concorrência como alguém que queria tirar o leite do meu filho.
Quando meu concorrente era a Coca-Cola, nós carinhosamente a chamávamos de “macaca”. Perdi as contas de quantos gritos de guerra eu criei para xingá-la. Talvez você discorde da minha forma agressiva de ver o concorrente, mas sempre funcionou comigo. Reafirmo: existem várias maneiras de ganhar. Escolha a sua.
Se eu odeio os produtos dessa empresa, devo consumi-los? Absolutamente, sim. Você pode ler manuais, você pode entrar no site do concorrente, mas nada tem mais valor do que experimentá-lo.
O maior problema é quando você usa e consome o concorrente em público. Isso é uma furada.
Existe uma foto lendária na internet, dos tempos de Orkut, que mostra um motorista no caminhão da Pepsi tomando na boca uma Coca-Cola de vidro. Eu já vi a foto algumas vezes e sinto nojo desse cidadão. Ele tem o absoluto e legítimo direito de consumir o produto da concorrência, mas jamais em público, jamais vestido com o uniforme da empresa.
Hoje em dia, com as redes sociais, não tem mais como esconder-se, até a sujeira embaixo do tapete já está no Instagram.
Eu não sou santo. Certa vez estava em um restaurante bem conhecido em Maceió, um lugar que era patrocinado pela Ambev, com contrato de exclusividade e tudo mais. A companhia pagou uma nota preta para ter exclusividade de cervejas e refrigerantes naquele estabelecimento.
Era domingo. Fui almoçar lá porque eu sabia que eles tinham Pepsi, pelo menos era o que o contrato dizia, o merchandising do lugar e, claro, o cardápio só tinha escrito Pepsi. Mas por sacanagem resolvi pedir ao garçom uma Coca-Cola. O garçom falou: temos Pepsi. Eu respondi: não gosto de Pepsi, consiga uma Coca-Cola, por favor, para eu não ter que ir embora.
Para meu espanto, o garçom fez que sim com a cabeça e depois de alguns minutos voltou com um copo de vidro – isso mesmo, com um copo de vidro – cheio até a boca. O copo era imponente, grande, vidro grosso e o líquido era de fato um refrigerante de cola, mas mesmo assim não perdi a esperança, eu achava que aquilo era uma pegadinha, que o refrigerante de cola contido no copo era Pepsi.
Quando ele se aproximou da mesa deu para perceber aquelas bolhinhas de ar borbulhando na superfície do copo. Além disso, ele fez do jeito que eu mais gosto: o copo estava repleto daquele tipo de gelo que não derrete. O garçom deixou o copo na mesa, piscou o olho pra mim e saiu de fininho. Peguei no copo e pude sentir a temperatura extremamente gelada. Levei até a minha boca e dei um micro gole. Era a macaca, sim, era Coca-Cola. Aquele gole fatídico me fez lembrar o fim dos Beatles: “o sonho acabou”.
E aí, o que você faria no meu lugar?
Eu estava em um lugar público, mas ninguém, absolutamente ninguém, poderia afirmar que aquilo não era Pepsi. Porém, minha consciência hegeliana sabia, não era certo, eu não podia fazer aquilo, eu tinha que devolver o produto e pedir Pepsi. Desde que eu tinha entrado na companhia levei uma lavagem cerebral dantesca e já fazia uns 3 anos que só tomava Pepsi. Mas naquele dia sinistro recorri mais uma vez ao amado Santo Agostinho e lembrei uma de suas celebres frases: “Senhor, faz-me casto e celibatário, mas não agora”.
Eu tomei aquela maldita macaca gelada de um gole só. Eu lambi o gelo por 5 minutos. Foi praticamente um orgasmo líquido-oral.
Aprenda com meus erros, eu provavelmente teria sido demitido por justa causa se tivessem descoberto minha recaída. Agora, não deixe de consumir os produtos da concorrência na sua casa. Em público não rola, mas sua casa é seu templo. Certa estava a banda “profética” Biquini Cavadão quando cantou: “minha casa é meu reino, mas eu preciso de outros sapatos”.
É isso mesmo, consuma na sua casa. Teste, avalie, veja se eles de fato entregam o que prometem, estude os pontos fracos e nunca se separe do inimigo.
Vou dar um exemplo real que aconteceu ontem. Entrei em uma loja de conveniência e havia lá uma promotora de vendas que estava falando sobre a nova fórmula do energético Burn. A moça gentilmente ofereceu-me um copinho. Eu provei e afirmo que está muitíssimo parecido com Red Bull (energético mais vendido do Brasil). Eles adicionaram taurina e cafeína e o energético ficou muito melhor. Afinal, antes parecia Guaraná Jesus vencido e sem gás. Se eu fosse um vendedor da Red Bull eu compraria o novo Burn e tomaria em casa.
Eu escreveria toda experiência da experimentação e as sensações passo a passo com que fui acometido durante a análise do produto. 

Eu faria o seguinte: misturaria com gelo normal, gelo de água de coco, com whisky, com guaraná, com vodka, tomaria muito gelado, sem gelo e também quente. Depois, relataria a experiência completa para o departamento de marketing da empresa.
É assim que se deve odiar o concorrente, mantendo-o extremamente perto de você, mesmo que ele seja uma macaca.
Por: Fabricio Medeiros
quebre a bancaProfessor de Negociação da FGV | Educação Executiva em Business pela Universidade da Califórnia e em Negociação e Liderança por Harvard. Escritor visceral, Palestrante ZERO autoajuda e consultor de vendas impossíveis.

Dilma, se tiver vergonha, renuncie!



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Dilma Rousseff deveria renunciar ao cargo de Presidenta e à candidatura reeleitoral ao Palácio do Planalto, se o Brasil fosse um País normal, sério e com segurança jurídica. Como não é, o cinismo da corrupta e mentirosa politicagem impera nos três poderes. Por causa da sem vergonhice institucional, as revelações criminosas dos “colaboradores premiados” da Lava Jato produzem apenas o efeito de escandalizar a opinião pública. Os verdadeiros e poderosos chefões do esquema continuam livres e soltos, apostando na impunidade ampla, geral e irrestrita.

Na defensiva, ainda aparelhando a máquina pública, o sistema de governança do crime organizado prepara mais um malabarismo para continuar mandando e se apoderando do “Condomínio” (termo usado pelos mafiosos de Brasília para definir o Brasil da corrupção, da carestia, da canalhice e do capimunismo). Partindo para a ofensiva, a organização criminosa conta com recursos infinitos e a ignorância ou fanatismo de milhões de incautos brasileiros para continuar vomitando inverdades no horário eleitoral gratuito, como se o PTitanic já não tivesse afundado moralmente. O PT perdeu todas as condições morais e políticas para continuar se apoderando do País. Passou da hora de demitir a “Síndica” e seus parceiros.

Toda a diretoria da Petrobras deveria pedir demissão junto com a Dilma (mas, claro, isto não acontecerá). Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef (uma espécie de banco central paralelo no mercado de câmbio), junto com outros “colaboradores premiados” nos processos da Operação lava Jato denunciaram como funcionam as relações de negócio impostas pela politicagem às “empresas estatais” e aos empresários que negociam com elas. Agora vieram à tona, para destronar os petralhas, declarações e provas concretas de crimes bilionários contra o patrimônio público. Os mais inocentes sonham com punição aos culpados. No entanto, a tendência é que o resultado final do escândalo seja atenuado e abafado, punindo apenas alguns bodes expiatórios, como aconteceu com o Mensalão e outros escândalos mais ou menos votados.

Curioso é recordar que Paulo Roberto Costa teria dito, meses atrás, que, se abrisse a boca e contasse tudo, não haveria eleição... Pois ele fez muito mais que abrir a boca: delatou políticos poderosos – muitos já eleitos domingo passado ou sob risco de manter o emprego dado pelo eleitor neste segundo turno. Por enquanto, só foram poupados aqueles que têm direito a foro privilegiado - que serão analisados pelo Supremo Tribunal Federal. Assim, a chance de pizza é gigantesca...

O eleitor ainda foi ontem barbaramente torturado pela voz de Dilma Rousseff, nos 10 minutinhos de propaganda no rádio e televisão, se vendendo, em repetidas e insistentes frases de efeito, como “combatente da corrupção”. A propaganda política foi transformada em um show sem graça de cinismo, depois do noticiário que reproduziu, em áudio providencial e politicamente vazado, as confissões bombásticas do Paulinho (como Luiz Inácio da Silva se referia ao “companheiro” Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras).

Uma manobra midiática arrasou com o desgoverno petralha. Dilma perdeu ontem a última condição de governabilidade que lhe restava. Se tivesse um mínimo de vergonha, renunciaria ao mandato e à candidatura. Claro, não fará nada disto. Sabe, perfeitamente, que já perdeu a reeleição para Aécio Neves. A prioridade dos petistas, a partir de agora, é minimizar os estragos causados pelos escândalos da Lava Jato, Petrobras, Porto Seguro, Mensalão e, como se não bastasse, o recente uso eleitoreiro dos Correios, junto com a acintosa compra de votos que ajudou a base aliada a se manter no poder.

A tática urgente consiste em negociar a impunidade programada. Mal ou bem comparando, será o mesmo que amputar um dedo para preservar a mão grande (como já aconteceu, no passado, com alguns notáveis falsários que conseguiram aposentadoria por invalidez, depois de ficar apenas com nove dedos). Resta aguardar para saber se o provável próximo Presidente da República, o conciliador Aécio Neves, cometerá a insanidade de confundir tolerância com conivência, em nome dos “interesses da nação e da governabilidade”, impedindo uma punição rigorosa contra os poderosos chefões da organização politicamente criminosa que rouba e esculhamba o Brasil.

Será que teremos uma repetição do rigor seletivo que fingiu punir apenas alguns gatos pingados (a maioria já soltos) do Mensalão? Será que o judiciário, por conveniência política, novamente, deixará de fazer Justiça no País sem Segurança do Direito? É altíssima a probabilidade de que tal “jeitinho” ocorra. O brasileiro, além de memória curtíssima, parece ter reduzida vergonha na cara. É só examinar, superficialmente, a cara de pau ou a ignorância imperdoável dos milhões de eleitores do nazicomunopetralhismo. Idiotas ou canalhas, embora não sejam maioria, praticamente têm papel hegemônico no cenário eleitoral. E nada custa recordar: sob fraude, Dilma ainda pode se reeleger...

A “sorte” é que se confirma aquilo que o Alerta Total vem chamando atenção desde 16 de dezembro do ano passado. A Oligarquia Financeira Transnacional resolveu que Dilma Rousseff deve perder o cargo de “síndica do condomínio”. Na hora certa, o poder econômico paralelo financiou o “milagre” jurídico e midiático de vazar, para o grande público bestificado, todas as revelações feitas em sigilo judicial pelos delatores premiados da Lava Jato. Tal fenômeno não acontece por acaso e, muito menos, natural ou gratuitamente...


A petralhada está PT da vida e aloprada. O PTitanic afundou. No entanto, sua orquestra continua tocando, a pleno vapor, no submundo. Os bilhões por eles roubados da máquina pública continuam com eles. Quem tem o poder econômico paralelo tem muitas chances de assegurar muito poder político, na hora em que as coisas ficarem muito pretas (ou ainda mais nigérrimas do que já estão). A bomba será jogada no colo de Aécio Neves. Tomara que neto de Tancredo tenha sabedoria para desarmá-la, apoiando ações efetivas para punir os bandidos.

Tal esperança, quase um sonho inocente, esbarra nas incestuosas relações políticas e econômicas no Brasil. Sempre que a safadeza é ampla, envolvendo quem tem poder e muita grana, a tendência é pela “acomodação” (que os sociólogos chamam, por aqui, de “conciliação”). É mais fácil Aécio “conciliar” com o PT do que produzir uma política de terra arrasada contra os “primos”. A esgotosfera política funciona deste jeito no Brasil. Só um meteoro caindo aqui, para o País ser reinventado, é que pode mudar tal tendência.

Agora, a prioridade máxima definida pelos controladores do Brasil é tirar o PT do poder, e PT saudações. No entanto, isto não basta. O perigo ainda maior é, se Aécio vencer e não for bem no governo, o PT retornar daqui a quatro anos (como já defendeu o radical presidente do PT, Rui Falcão, já lançando a prematura candidatura presidencial do mítico Luiz Inácio Lula da Silva para o distante ano de 2018).

Todo mundo concorda que o Brasil precisa mudar, mas os poderosos de plantão só querem que ele mude para ficar a mesma coisa... Dificilmente tal sina será alterada – a não ser por um milagre (coisa nada fácil de acontecer). Vamos às ilusões da dedada obrigatória nas urnas eletrônicas que não permitem conferência e nem recontagem dos votos por impressão... O Aécio deve vencer... Resta aguardar o que vai sobrar para ele... A petralhada, que aparelhou a máquina estatal, só vai largar o osso depois de muita briga e sabotagem...

Para nós vai sobrar o de sempre, a partir de 26 de outubro: inflação, carestia, reajuste violento de tarifas, desemprego, provável aumento de impostos e juros – no mesmo ambiente de violência e insegurança, sem reformas políticas concretas no front... Quem sobreviver verá...
   
Taxas atraentes


Se a petralhada reclamar que existe uma campanha orquestrada contra eles é melhor acreditar neles, pela primeira vez...

Sem pânico?


Relaxa e goza


O PT assassinou a própria reputação... O que falta mais?


© Jorge Serrão. Segunda Edição do Blog Alerta Total de 10 de Outubro de 2014.

CHARGE DO SPON - Próximo debate

Roque Sponholz


 Próximos debates