domingo, 12 de outubro de 2014

A CASA CAIU


por Percival Puggina. Artigo publicado em 


 Sabe aqueles vídeos anunciados como contendo "cenas muitos fortes", tipo "tire as crianças de perto"? É com iguais cautelas que se deveriam abrir as matérias referentes às revelações feitas pelos dois mais famosos depoentes das últimas semanas, o doleiro Alberto Youssef e o engenheiro Paulo Roberto Costa.
Quem se tenha dado ao trabalho de escutar o teor dos depoimentos deste último, disponível no YouTube, ouvirá dele que em três partidos políticos com sólida presença no Governo Federal e no Congresso Nacional se estruturaram organizações criminosas. Não que ele assim as qualifique. Não, em seu relato, Paulo Roberto Costa, o "Paulinho" de Lula, simplesmente entrega o serviço, contando, em tom monocórdio, como eram feitos os acertos e a repartição do botim das comissões entre o PT, o PMDB e o PP. Não preciso dizer qual dos três ficava com a parte do leão.
Este escândalo, tudo indica, transforma Marcos Valério em mero pivete e o Mensalão em coisa de amadores. No entorno da Petrobras circula tanto dinheiro quanto petróleo. E foi muito fácil aos profissionais da corrupção abastecer desses tanques contas bancárias que saíam - lavadas, passadas e empacotadas - da lavanderia de Youssef.
Vários anos decorrerão entre os achados de agora e o trânsito em julgado de quaisquer sentenças condenatórias. Isso significa que, muito embora os crimes em questão tenham sido praticados num ambiente político, seus efeitos eleitorais serão jogados para bem depois do pleito que agora se desenrola. Nós, cidadãos, devemos lamentar que seja assim. No entanto, se não temos como saber mais sobre os fatos e seus atores, podemos e devemos levar em conta a dança das cadeiras nos tribunais superiores em geral e no Supremo Tribunal Federal em particular. Será certamente ali, outra vez, que serão tomadas as decisões mais relevantes sobre estes casos.
O STF continuará se renovando e promovendo alterações na composição de seu quorum por aposentadoria dos atuais ministros. E aí se impõe a reflexão que quero trazer ao leitor destas linhas. As últimas indicações do governo petista para o STF têm deixado a desejar. Portanto, ainda que o julgamento definitivo vá ocorrer lá adiante, a continuidade da atual administração federal não atende aos anseios nacionais por justiça e combate à corrupção. É o que a história recente parece deixar bem claro.
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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 

Eduardo Jorge admite o que Dilma sempre escondeu: “Éramos a favor da ditadura do proletariado”


Captura de Tela 2014-10-11 às 22.48.34Uma das maiores mentiras disseminadas há décadas no Brasil pela hoje presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) e por quase todos os esquerdistas que participaram da luta armada contra a ditadura militar é a de que eles lutavam pela democracia no país. Crianças, adolescentes e jovens brasileiros aprendem até hoje nas escolas e universidades esta falsificação grotesca da história como se um bando – literalmente – de terroristas sequestradores, assaltantes e assassinos fosse mesmo um grupo de heróis aos quais devemos a nossa liberdade.
“Eu me orgulho muito de ter lutado contra a ditadura do primeiro ao último dia. Porque lutei pela democracia”, mentiu Dilma à Rolling Stone em setembro de 2010. Pior do que isso: em vídeo que já se verá abaixo, ela chegou mesmo a se declarar orgulhosa de suas ações. “Quanto à questão da militância no Brasil, eu quero dizer pra vocês que eu tenho o maior orgulho dela. Eu não renego nenhum dos atos daquele momento.” De fato, ela jamais se desculpou pela morte deMário Kozel Filho, por exemplo, nem pelo assalto ao casarão onde morava Ana Benchimol Capriglione, amante do ex-governador paulista Adhemar de Barros. “A gente achava que o golpe ia ser grande, mas não tinha noção do tamanho”, disse Dilma em entrevista publicada em 2006. A VAR-Palmares, organização comunista da qual ela era uma das mais ativas militantes, enriqueceu em US$ 2,4 milhões (cerca de R$ 30 milhões em valores atuais).
No post Marco Antonio Villa no Programa do Jô: “Nenhum grupo de luta armada defendeu a democracia”, eu já havia destacado o trecho da entrevista em que o historiador afirma que não há nem um documento sequer daquela época que confirme tal coisa. Eles lutavam é por uma ditadura “no viés soviético, cubano ou chinês”. O ex-deputado Fernando Gabeira é um dos poucos que admitiu em vídeo que a sua luta e de todos os seus companheiros visava um regime assim. Agora – ou melhor, dois meses atrás, mas eu só vi agora -, o trecho de uma entrevista do candidato derrotado Eduardo Jorge (PV) ao militante “ninja” de extrema esquerda (é isso mesmo) Bruno Torturra vem se somar às parcas confissões gravadas.
Veja aí a sinceridade que Dilma nunca teve. Transcrevo abaixo.
“Hoje, eu continuo sendo solicialista, portanto de esquerda, mas sou uma pessoa que acredita que a democracia é uma questão essencial, coisa que nós, na época da esquerda leninista etc., nós não considerávamos. Nós éramos pela ditadura do proletariado. Nós éramos contra a ditadura militar, mas éramos a favor da ditadura do proletariado. Isso aí é preciso dizer a verdade toda. E às vezes eu ouço meias verdades. Como a ditadura militar nos oprimiu barbaramente, de forma violenta, muitas vezes as pessoas pensam que não existia no campo da esquerda coisa igual e até pior, em vários aspectos.”
Agora compare a declaração de Eduardo Jorge com o cinismo incurável da presidente:
Dilma nunca lutou por democracia. Nem naquela época, nem agora, quando impõe o decreto 8.243, transferindo parte do poder do Congresso para conselhos compostos pela militância petista.* É por essas e outras que eu digo: a verdadeira insanidade do nosso tempo foi deixar essa gente chegar ao poder.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil

Lava Jato vai se transformar em Pizza Suprema? - Alerta Total



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O maldito forninho da injustiça brasileira já fabrica uma de suas mais nojentas pizzas com sabor de impunidade. Dificilmente, os processos da Lava Jato vão atingir, em cheio, tantas “autoridades” com o absurdo direito a foro privilegiado para questões criminais. Nos bastidores do judiciário e da politicagem, já se prevê que a “colaboração premiada” de Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e demais companheiros de lavagem de grana vai se restringir ao escândalo que agora inferniza a campanha reeleitoral do segundo turno presidencial. Será?!

A aposta na impunidade é baseada na atual composição política, pró-governo petista, do Supremo Tribunal Federal. Os semideuses do STF é quem cuidarão dos eventuais denunciados por Costa e Youssef. Não existe previsão de quando isto vai acontecer. Certo é que não será durante o processo eleitoral. E, dificilmente, deve ocorrer este ano. A tendência é que demore bastante. Assim desejam os caríssimos advogados já mobilizados pelos ilustres envolvidos – alguns até reeleitos recentemente. Quanto mais demorar, mais benefício direto para os políticos ladrões do dinheiro público.  

Inteligentíssimo foi o juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. Conhecido nos meios judiciais como “Homem de Gelo”, pela frieza técnica com que cuida de seus julgamentos e audiências, Moro tomou o cuidado de administrar a “delação” de Paulo Roberto, Alberto Yousseff e demais asseclas, restringindo as acusações diretas a pessoas jurídicas e físicas absolutamente sem cobertura de foro privilegiado. Assim, tudo que foi dito, com as devidas provas reunidas, garantirá condenações em primeira instância. A elas, evidentemente, caberão infinitos recursos previstos na louca legislação processual brasileira. Mas as manobras protelatórias ficam prejudicadas pelo bem estruturado “Acordo de Colaboração Premiada” firmado de “livre e espontânea vontade”.

A “Colaboração Premiada” é um instrumento jurídico tão sério que foi homologado pelo STF. Não pode ser avacalhado pela nossa corrupta e desmoralizada classe política. O acordo se baseia no artigo 129 da Constituição Federal, bem como nos artigos 13 a 15 da Lei 9807/99 e no artigo 1º, parágrafo 5º, da Lei 9613/98.  Apoia-se nos artigos 4º a 8º da Lei 12850/2013. Também tem respaldo internacional, no artigo 26 na Convenção de Palermo e no artigo 37 da Convenção de Mérida. Um dos principais objetivos é a “recuperação das vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos, distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares ainda não identificados, bem como na investigação da corrupção de agentes públicos de diferentes setores e níveis praticados mediante oferecimento de vantagens por grandes empresas”.

Graças à agitada conjuntura eleitoreira, fazem o maior sucesso nas agitadas redes sociais e nos frenéticos e-mails os vídeos com as confissões bombásticas do Paulinho (como Luiz Inácio da Silva se referia ao “companheiro” Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras) e seu comparsa, o doleiro Alberto Youssef. Os depoimentos infernizam a petralhada e sua candidata Dilma Rousseff que classifica a liberação de tais áudios como “um golpe em meio ao processo eleitoral”. O pior é que a Dilma, PT da vida, parece estar certíssima. Tanto que, psicologicamente, acusou o “golpe”. 


Melhor ainda é o depoimento do “colaborador” Alberto Youssef, que começa dizendo não ser o “chefe do esquema ou mentor da organização criminosa”. Alegando ser apenas “uma engrenagem”, o doleiro revela que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (atualmente sem foro privilegiado) cedeu aos políticos de partidos acusados de participar das fraudes na Petrobras e empossou Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da empresa. Garantiu que os pagamentos a Costa eram feitos em dinheiro vivoYoussef denunciou que "agentes políticos" ameaçaram trancar a pauta do Congresso.


Repito por 13 vezes 13: depois da divulgação do conteúdo de apenas parte das denúncias de Paulo Roberto Costa, Dilma Rousseff deveria renunciar ao cargo de Presidenta e à candidatura reeleitoral ao Palácio do Planalto, se o Brasil fosse um País normal, sério e com segurança jurídica. Todo mundo concorda que o Brasil precisa mudar, mas os poderosos de plantão só querem que ele mude para ficar a mesma coisa... Dificilmente tal sina será alterada – a não ser por um milagre (coisa nada fácil de acontecer).

Falsa Xerifa


De novo, vamos para mais uma eleição nos comportando como torcedores fanáticos... Cada um torce por seu time e distorce a realidade conforme as conveniências ideológicas. O problema brasileiro é muito mais profundo. Não definimos o que queremos deste País. Na década de 50, a elite da Coreia do Sul definiu que a prioridade deles seria a Educação - e o resto seria consequência... Veja o que eles são hoje e podem ser no futuro... E nós? Não definimos nada. Por isso, ficamos aqui em discussões inúteis sobre PT e PSDB - que são partidos primos, da mesma matriz que sempre comandou o Brasil, com a parceria criminosa do PMDB e outros aliados menos votados, porém vorazes, como o PP... E, claro, com a parceria das empreiteiras que financiam a politicagem a cada dois anos, quando temos eleições...

Enfim, precisamos definir um projeto para o Brasil. Mudar para ficar a mesma coisa não nos levará a lugar algum... O sistema do crime politicamente organizado já está assando sua nova pizza... Será que a sociedade brasileira, conivente e leniente com a corrupção generalizada, vai engoli-la, como de costume? Ou as elites morais, formadas pelos segmentos esclarecidos, vão reagir, de forma inédita? 

As classes armadas e as alarmadas aguardam pela resposta...

Leia também: Dilma e o Site Maracutaias na Petrobras, de João Vinhosa.

Ata e desata

Do historiador Carlos Azambuja sobre a mais recente cascatinha da Presidenta:

“Kamaradas: Agora, à noite, na propaganda eleitoral, a Dilminha Bang Bang voltou a mentir, dizendo, com a maior cara de pau, ter demitido da Petrobras "aquele indivíduo que faz delação premiada". Referia-se ao "Paulinho", como é chamado pelo Lula. Não é verdade! De acordo com uma ata da reunião do Conselho da Petrobras, o "Paulinho" não foi demitido. Pediu demissão e ainda foi elogiado pelos bons serviços prestados. Isso está escrito lá na ata! Mas tem gente que acredita no que a Dilminha Bang Bang fala...”

Para quem ainda não viu, o Alerta Total repete o que já divulgara: a agora famosa ata em que Paulinho é elogiado por Guido Mantega, presidente do Conselhão da Petrobras, pelos relevantes serviços que prestou à empresa...


Clima eleitoreiro

Do psicanalista Mtnos Calil, do Instituto Mãos Limpas Brasil, definindo bem nosso momento presente:

“Como tenho dito, a saída do PT do poder vai ser benéfica para o combate à corrupção, que é um dos pontos chaves do programa dos dois candidatos. Como Aécio já foi escolhido pelo mercado – e pelos donos do poder mundial, ou pelo menos da parte ocidental deste poder – ele não precisa provar nada, tendo apenas que usar a estratégia de marketing eleitoral mais indicada para sensibilizar (vale dizer seduzir) os eleitores de Marina. Essa estratégia consiste simplesmente nisso: falar o que o eleitor quer ouvir e da forma (emocional) que ele gosta”.

Repeteco do Doutor Humberto


Para ódio da petralhada, um repeteco do videotexto do médico Humberto de Luna Freire Filho contra a megaquadrilha que assalta o Brasil.

Direito e Justiça em Foco


Confira o programa dominical do desembargador aposentado e excelente entrevistador Laércio Laurelli.

São Francisco está PT da vida




© Jorge Serrão. Segunda Edição do Blog Alerta Total de 11 de Outubro de 2014.

CHARGE DO SPON - Lula ta de saco cheio hehehe


Coluna Carlos Brickmann


Carlos Brickmann

Carlos Brickmann


O primeiro turno já tem uma semana. E até as últimas horas Marina Silva, candidata do PSB e da Rede Solidariedade, não conseguiu decidir sua posição no segundo turno. Pode apoiar Aécio, pode apoiar Dilma, pode, como fez nas últimas eleições, recolher-se ao sacrossanto retiro do lar. Mas prefere comportar-se como a última bolacha do pacote: aquela que todos disputam na hora da fome.

O problema é que com o tempo a bolacha vai murchando. Boa parte dos eleitores de Marina decidiu sem aguardar sua orientação. O PSB, partido que lhe serviu de abrigo, optou por Aécio Neves, do PSDB; mas rachou em diversos Estados, desperdiçando a chance de, unido, consolidar-se e crescer nacionalmente.

Como sempre, o que prevalece é o interesse de momento. Na Bahia, em que o PT venceu no primeiro turno (e o PSD de Gilberto Kassab levou Otto Alencar ao Senado), boa parte da Executiva do PSB, liderada por Lídice da Matta, ex-prefeita de Salvador, optou por Dilma; Eliane Calmon, esperança do PSB para o Senado, ex-ministra do STJ, derrotada, ficou com Aécio. Governadores do PSB, como Camilo Capiberibe, do Amapá, e Ricardo Coutinho, da Paraíba, estão com Dilma (e com Dilma, ao menos de coração, está o presidente do partido, Roberto Amaral). A ala majoritária do partido fica com Aécio. E Marina, quando decidir sua posição, talvez se surpreenda ao descobrir que não tem mais quem a siga.

Que é que Marina quer? Parece sentir-se o candidato Tremendão, cantado por Erasmo. E esquece outro sucesso, este na voz de Eduardo Araújo: Goiabão.

A grande conversa

Palpite deste colunista (apenas palpite): depois de conversar com Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, e de receber o convite feito pelo ex-presidente Fernando Henrique, Marina provavelmente irá declarar seu apoio a Aécio – talvez só uma declaração, sem participar da campanha.

Mas não fará muita diferença: dos marineiros que já escolheram o lado, quem vai mudar?

Agora, vai

Multidões fluviais de eleitores ansiosos por orientação superior já sabem que candidato devem sufragar: Mino Carta declarou seu apoio a Dilma Rousseff.

A língua que falamos

A Assessoria de Comunicação dos Correios, referindo-se à nota Dinheiro Sobrando, publicada nesta coluna no último dia 8, informa: “Esclarecemos que não são veículos abandonados. Tratam-se de veículos com vida útil esgotada que já foram substituídos na frota e estão aguardando alienação. Conforme a legislação vigente, devem obrigatoriamente ser leiloados”. OK, registrado.

Os veículos dos Correios “com vida útil esgotada” são 263. “Estão aguardando alienação” há quase dois anos, na Vila Matias, em Santos, ao ar livre, deteriorando-se. Há mais de seis meses o Ministério Público Federal cobrou providências dos Correios e até agora não foi atendido. O MP deu então 30 dias de prazo para que os veículos sejam inventariados, guardados em local adequado, dedetizados. Os que não puderem ser aproveitados devem ser vendidos – e logo.

Genoíno de volta

Depois de amanhã, terça-feira, está marcada a audiência para que José Genoíno, que foi presidente nacional do PT até ser condenado no processo do Mensalão, passe ao regime de prisão aberta. Condenado a quatro anos e oito meses, Genoíno terá cumprido 1/6 da pena e estará apto à progressão penal. Deverá apenas assinar um compromisso em que aceita as normas do regime aberto.

Também queremos

Escandalizado com o auxílio-moradia de R$ 4.737 mensais para juízes e promotores? Pois bem: três entidades que reúnem juízes protestaram contra os protestos e se queixaram de que o advogado-geral da União, Luiz Adams, que contesta na Justiça o auxílio que lhes foi concedido, utiliza moradia oficial.

Beleza de argumento: se tem gente que também faz, por que não nós?

Saúde quase perfeita

As eleições já se foram, o governador petista de Brasília foi candidato e perdeu. Veja como está a saúde na capital do país: conforme ofício enviado na última quarta ao secretário da Saúde do Distrito Federal, uma das principais instituições de Brasília, o Hospital Regional do Gama, não tem suprimentos básicos para a terapia intensiva, para exames de laboratório, para tratamento de pacientes. Faltam glicose, anti-heméticos, antibióticos; não há cateteres, nem unidades para dosagem de creatinina. Falta também alimentação para os funcionários; tendo de sair para comer fora, reduz-se a disponibilidade de atendimento aos pacientes.

O SUS, como disse Lula, está quase perfeito. Para ser perfeito, só falta funcionar.

Como é o nome dela?

A revelação é do jornal francês Stylist, destinado ao noticiário frufru. O ex-presidente americano Bill Clinton, depois de meses de hesitação, escolheu o nome de sua cachorra, uma fêmea de labrador, segundo informa, “muito afetuosa”. Ela se chamará Monica.

Na frase em francês arcaico que consta na Ordem da Jarreteira, a mais importante condecoração britânica, criada em 1347 pelo rei Edward 3º, “honi soit qui mal y pense”.

Maldito aquele que pensar mal.

carlos@brickmann.com.br

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Delator da Petrobras diz que a campanha de Dilma em 2010 foi beneficiada por dinheiro desviado

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef afirmam que o PT foi o partido mais contemplado pela propina. As revelações estarrecedoras escancaram a falência moral do Estado nos últimos anos

Josie Jerônimo (josie@istoe.com.br)
Na quarta-feira 8, vieram à tona áudios de depoimentos feitos em regime de delação premiada na Justiça Federal em Curitiba por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e pelo doleiro Alberto Youssef – considerados hoje dois dos maiores arquivos vivos da República e detentores dos segredos mais explosivos da maior estatal do País. As declarações dos delatores descrevem uma gigantesca rede de corrupção formada por dirigentes da Petrobras, empreiteiras e partidos políticos integrantes da base de sustentação do governo Dilma Rousseff. As revelações são estarrecedoras. A corrupção estatal poucas vezes foi exposta de maneira tão crua e direta narrada abertamente por seus executores a serviço do Estado. Nos áudios, os depoentes apontam PT, PMDB e PP como as legendas beneficiadas pelo propinoduto e colocam sob suspeição a campanha de 2010 da presidenta Dilma Rousseff. “Dos 3% da Diretoria de Abastecimento, 1% seria repassado para o PP e os 2% restantes ficariam para o PT. Isso me foi dito com toda a clareza”, afirmou o ex-diretor da Petrobras. “Outras diretorias também eram PT. O comentário que pautava dentro da companhia era que em alguns casos os 3% ficavam para o PT”, acrescentou. Um dos operadores dos desvios na Petrobras, de acordo com os depoimentos, era João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Indicado para o cargo pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-diretor de Serviços Renato Duque e Nestor Cerveró, ex-dirigente da Área Internacional da Petrobras da cota do PMDB, também recebiam propina. “Bom, era conversado dentro da companhia e isso era claro que sim. Sim. A resposta é sim”, afirmou Paulo Roberto Costa, questionado sobre o pagamento de suborno aos dois. As movimentações irregulares, segundo disseram, continuaram até 2012, quando Costa deixou a estatal, e pode ter contaminado a atual campanha de Dilma à reeleição.
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É fato que se a sociedade brasileira encarar como natural esse assalto à coisa pública terá de estar preparada para aceitar todo e qualquer tipo de desmando de seus governantes. Os limites estarão rompidos indissoluvelmente. Mas, sabe-se, não é da índole do brasileiro compactuar com malfeitos. Neste caso, malfeitos perpetrados no coração da maior estatal do País, motor do desenvolvimento e outrora símbolo da soberania nacional. O dinheiro desviado tinha origem no superfaturamento dos contratos da Petrobras. A taxa média do sobrepreço, além da boa margem de lucro, girava em torno de 3%. Paulo Roberto Costa explicou como funcionava a fábrica de dinheiro para as campanhas políticas e o bolso dos corruptos. Costa confessou que atuava como guardião dos numerários da corrupção. Ele intermediava contatos políticos, gerenciava o pagamento de propina das empreiteiras e cuidava dos critérios da distribuição dos lucros aos partidos envolvidos. O ex-diretor foi assertivo ao apontar o PT como o maior beneficiário dos desvios. Cada partido tinha seus próprios operadores. De acordo com os depoimentos, o ex-deputado José Janene (PR), que faleceu em 2010, e Youssef eram os responsáveis por distribuir o dinheiro da propina no PP. Eles também entregavam a parte que cabia ao ex-diretor da Petrobras por sua atuação nas irregularidades. Costa não detalhou como era feita a divisão dos recursos no PT, tarefa do tesoureiro João Vaccari. No organograma do crime, o delator aponta o ex-diretor de Serviços Renato Duque, apadrinhado de José Dirceu, como o contato do tesoureiro do PT na estatal. 
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O MAGISTRADO
Os depoimentos, colhidos pelo juiz Sérgio Moro,
impressionaram pela riqueza de detalhes e pela
sofisticação do esquema corrupto narrado
A farra da base aliada na estatal se iniciou, de fato, em 2007, quando a Petrobras direcionou o orçamento para grandes projetos, como a construção de refinarias. Mas a idealização e a montagem da rede de corrupção remetem a 2004, com a nomeação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento. Na cúpula da estatal, ele teve grande importância na ampliação do poder do cartel das empreiteiras e na geração de mais divisas para a ala de políticos da quadrilha. Por isso, contou com o lobby de fortes lideranças do cenário nacional para chegar ao posto, com o aval do Palácio do Planalto. Nesse ponto, o doleiro Youssef fez uma das revelações mais importantes de seu depoimento. “Para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor da Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar o Paulo Roberto Costa”, contou Youssef no interrogatório.
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Ao afirmar que Lula se curvou aos interesses de um bando especializado em drenar dinheiro dos cofres da Petrobras, o doleiro pode ter fornecido um dos fios da meada para se entender como os governos petistas contemplaram as práticas ilícitas. Registros do Congresso trazem indícios de que o doleiro, realmente, tinha razão. Na primeira quinzena de abril de 2004, um mês antes de Costa ser nomeado diretor da Petrobras, o governo Lula sofreu com uma rebelião da base, capitaneada pelo PMDB. À época, o presidente mandou ao Congresso uma medida provisória que reajustava o salário mínimo para R$ 260. Para retaliar o governo, a base passou a exigir o cumprimento de uma promessa de campanha de Lula, que previa o salário mínimo a US$ 100, o equivalente a R$ 289. O PT trabalhava, ainda, para aprovar um projeto que criava 2.800 cargos de confiança no governo. O PP de José Janene passou algumas semanas sem sequer registrar presença no plenário, com o único objetivo de prejudicar o governo do Planalto. Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje presidente do Congresso e também citado nas investigações da Lava Jato, comandou a rebelião no Senado.
Presos no início do ano durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal, Costa e Youssef aceitaram contribuir com as investigações em troca do abrandamento de suas penas. Nos depoimentos em Curitiba, eles não tinham autorização para explicitar os nomes das autoridades com direito a foro especial, caso de parlamentares, por se tratar de Justiça de primeira instância. Esses casos são apurados somente no Supremo Tribunal Federal (STF).
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OS SEGREDOS DO DOLEIRO
Preso em Curitiba, Alberto Youssef disse que o Congresso ameaçou
paralisar a pauta e Lula capitulou às pressões para
que Paulo Roberto Costa fosse nomeado
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Mesmo sem poder citar nomes, o ex-diretor forneceu informações que, de forma indireta, tiram o sono de muitas autoridades. O delator descreveu, por exemplo, uma consultoria prestada a um político fluminense candidato a cargo majoritário, que queria fazer um plano de governo direcionado ao setor de energia para captar recursos de financiamento de campanha das empresas da área. Costa também envolveu o PMDB ao citar a Diretoria Internacional da Petrobras como feudo da sigla. Segundo o ex-diretor, o responsável por fazer o serviço sujo do recolhimento da propina junto às empreiteiras seria Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. “Na Diretoria Internacional, o Nestor Cerveró foi indicado por um político e tinha ligação forte com o PMDB”, disse o delator. Nos bastidores do Congresso, atribui-se a indicação de Cerveró a Renan Calheiros.
“Em diretorias como gás, energia e exploração, o comentário
na companhia é que 3% ficavam com o PT”
Chamou a atenção dos investigadores o tom de deboche muitas vezes adotado nas conversas dos envolvidos nas práticas corruptas. Nesse contexto, uma das expressões mais usadas pelos interlocutores era um trecho da Oração de São Francisco de Assis, aquele que prega “é dando que se recebe”. “Nós tínhamos reuniões, com certa periodicidade, com esse grupo político e nesses encontros comentava-se, recebemos isso, recebemos aquilo”, afirmou o ex-diretor, sobre os acertos de propina. As cifras astronômicas que abasteciam o esquema são tratadas com naturalidade pelo ex-diretor, mas deixam confusos até mesmo os experientes investigadores do caso. Ao narrar episódio em que recebeu R$ 500 mil das mãos do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, por ter ajudado a intermediar contratação de empresas de navios, os interrogadores não esconderam o espanto e questionaram Costa sobre a forma de pagamento da propina. “Uma parcela”, respondeu.
“Tem uma tabela e ela revela valores de agentes
de vários partidos relativos à eleição de 2010”
Meio milhão de reais é uma cifra desprezível no universo de dígitos dos contratos firmados entre as empreiteiras que compunham o cartel que dominou a Petrobras. Relatório da Polícia Federal estima que, de R$ 5,8 bilhões em transações firmadas, R$ 1,4 bilhão escoou pelo ralo graças a obras superfaturadas para abastecer a quadrilha. Paulo Roberto Costa apontou 11 empresas envolvidas nos desvios. Ele detalhou a ação orquestrada das companhias, mas faz questão de dizer que nem todos os contratos da estatal estão contaminados. Como exemplo, ele cita a Refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco. De acordo com Costa, o empreendimento reúne aproximadamente 50 empresas, mas o cartel não encampa todas as contratadas. A máquina de irregularidades era tocada pelas empreiteiras Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, UTC, Engevix, Iesa, Toyo Setal, Galvão Engenharia, OAS e Queiroz Galvão. O delator listou, também, o nome de diretores responsáveis por negociar as condições especiais proporcionadas às firmas. As empreiteiras repudiaram publicamente as denúncias. O ex-diretor envolveu os altos escalões das empresas: “Os presidentes das companhias tinham conhecimento do esquema”. As empresas agiam como se fossem donas da Petrobras, segundo relato do delator. Rateavam os contratos conforme a disponibilidade de suas equipes e determinavam a taxa de lucro que queriam. Quando uma firma fora do grupo conseguia romper a barreira do cartel, as empreiteiras protestavam. “Às vezes participaram empresas que não eram do cartel, ganhavam a licitação e isso deixava as empresas do cartel muito zangadas”, afirmou.
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DRENAGEM DE BILHÕES
Erguida ao custo de US$ 20,1 bilhões - valor dez vezes superior ao
estimado preliminarmente (US$ 2,5 bilhões) -, a Refinaria Abreu e
Lima é o retrato da corrupção, incompetência e malversação
de recursos, revelou a Polícia Federal
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O cartel formado pelas empreiteiras para sangrar as contas da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa, agia também em alguns ministérios. A rede de pagamento de propina da estatal funcionaria para abrir portas em pastas com gordos orçamentos para obras de infraestrutura. “Empresas que tinham interesses em outros ministérios, capitaneados por partidos, participaram de obras de rodovias, saneamento básico, do Minha Casa Minha Vida. No meu tempo na Petrobras, nenhuma empresa deixou de pagar propina. Se você cria um problema de um lado, pode gerar de outro”, afirmou.
“Na refinaria Abreu e Lima a Camargo Corrêa participou
do cartel e efetuou os repasses a políticos”
Ao fim do trabalho de análise e recolhimento de provas, os empresários atrelados à fraude responderão a processo criminal. Além dos relatos do ex-diretor, os investigadores da Lava Jato conseguiram obter de uma das companhias um tipo de colaboração no formato de um acordo de leniência. A empresa está ajudando a reunir provas financeiras para demonstrar a atuação do cartel. A ajuda garantirá a essa empreiteira a possibilidade de evitar sanções, como firmar novos contratos com o poder público. Seus diretores, no entanto, terão de responder penalmente pela participação nas negociatas.
“Recebia em espécie na minha casa, no shopping ou escritório.
Recebi da Transpetro R$ 500 mil e quem pagou foi Sérgio Machado
A divulgação do interrogatório do doleiro e do ex-diretor da Petrobras incendiou o ambiente eleitoral e os citados se apressaram em repudiar as acusações. O ex-presidente Lula usou um repertório que já lhe é peculiar ao reagir às novas denúncias. Em discurso em Campo Limpo, São Paulo, bradou como se vítima fosse e como se ele e o seu partido estivessem acima do bem e do mal: “Eu já estou de saco cheio (das denúncias contra o PT). Daqui a pouco eles estarão investigando como nós nos portávamos dentro do ventre da nossa mãe”. No governo, intensificam-se as pressões para a demissão de Sérgio Machado, da Transpetro, que teria entregado R$ 500 mil para Paulo Roberto Costa. O objetivo é evitar mais desgastes para o Planalto. O PT, como Lula, também cumpre roteiro conhecido. Pretende procurar o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, para pedir que não ocorram novos vazamentos, durante o segundo turno das eleições, dos depoimentos feitos em sigilo de justiça. Zavascki desempenha papel de protagonista nas investigações. Como ministro do STF, instância responsável por julgar políticos e autoridades com foro privilegiado, coube a ele validar os depoimentos colhidos pelo juiz Sérgio Moro. Na etapa atual, ele analisa as provas colhidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal que envolvem parlamentares e ministros do Estado na rede de corrupção. Não são poucas.
“Dentro do PT a ligação do diretor de serviço
era com o tesoureiro, o senhor João Vaccari”
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Fotos: JF DIORIO/AE, Nacho Doce/Reuters, Ricardo Borges/Folhapress; Guga Matos/JC Imagem/Folhapress

O tesoureiro do esquema - ISTO É


João Vaccari Neto, apontado pelo delator como o operador do PT na corrupção da Petrobras, também é acusado pelo MP de São Paulo de lesar uma cooperativa habitacional

Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br)
O secretário nacional de finanças do PT, João Vaccari Neto, é admirado pelos companheiros pela dedicação ao partido. Dizem que ele não mede esforços para cumprir as missões que recebe. Foram essas características de fidelidade e resignação partidárias que o levaram a substituir Delúbio Soares e a desempenhar o papel de tesoureiro informal das campanhas de Dilma Rousseff. Assim, passou a transitar facilmente entre empresários interessados em estreitar relações com o partido que comanda o País há 12 anos. Homem de confiança de José Dirceu, símbolo maior do mensalão, e do ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, Vaccari é discreto, avesso a badalações e grandes eventos. Mas, segundo as revelações relacionadas ao escândalo da Petrobras, ele tem função destacada no submundo da política, onde atuaria há anos com grande desenvoltura – especialmente com a missão de abastecer o caixa 2 da legenda nas campanhas eleitorais. Na semana passada, o depoimento à Justiça do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa detalhou como o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores agiu na divisão dos recursos desviados de contratos da Petrobras.
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HOMEM DE CONFIANÇA
Como Delúbio Soares, Vaccari é admirado pela
fidelidade aos amigos e ao partido
Segundo Costa, o PT tinha direito aos 2% dos contratos. As licitações da área de abastecimento seriam conduzidas pela diretoria de serviços, comandada por Renato Duque, indicado pelos petistas para o cargo e amigo de Vaccari. “Todas as licitações da área de abastecimento eram feitas na diretoria de serviços, que escolhe as empresas, coordena a comissão de licitação e faz o orçamento básico”, explicou. “Dentro da área de serviços, tinha o diretor Duque, que foi indicado na época pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ele tinha essa ligação com o Vaccari dentro desse processo do PT”, relatou Paulo Roberto. De acordo com o depoimento dado pelo ex-diretor, o PT recebia ainda mais das outras diretorias da estatal, que repassavam 3% dos contratos para o PT e ainda pagavam o PMDB e o PP. A cobrança da cota petista seria feita diretamente por Vaccari. Como fizeram todos os mensaleiros, ele nega tudo. Em nota, disse que nunca tratou sobre contribuições financeiras do partido, ou de qualquer outro assunto, com Paulo Roberto Costa. Reclama que não tem acesso ao processo e não consegue exercer o direito à ampla defesa. O secretário insiste ainda que as contribuições financeiras recebidas pelo PT são transparentes e realizadas sempre de acordo com a legislação em vigor.
Não é bem assim. O escândalo do mensalão mostrou que distribuir recursos para partidos da base aliada e, claro, para o próprio PT, não é uma novidade. Vaccari chegou a ser citado no auge das investigações do mensalão, que levou alguns dos seus companheiros mais próximos para a cadeia. Segundo o depoimento do corretor de fundos Lúcio Funaro, dado durante as investigações, em 2004 Vaccari o recebeu na sede da Bancoop – cooperativa de crédito habitacional que à época era presidida por ele – e explicou ao corretor interessado em fazer negócios nos fundos de pensão que era preciso pagar propina ao PT em qualquer contrato fechado. O depoimento consta no processo, mas Vaccari não chegou a ser indiciado porque o ex-ministro Joaquim Barbosa, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, entendeu que não era a Bancoop que irrigava o mensalão.
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O PADRINHO
O ministro Ricardo Berzoini é um dos responsáveis
pelo prestígio de Vaccari no PT
Como já foi reportado por ISTOÉ, embora não tenha sido envolvida oficialmente na ação penal do mensalão, a cooperativa habitacional é investigada em outro processo, que apura a prática de corrupção durante a gestão de Vaccari. Segundo denúncia feita em 2007 pelo Ministério Público de São Paulo, desde 2002 a Bancoop lesou cerca de três mil mutuários e foi usada pelo PT para desvio de dinheiro para financiamento de campanhas eleitorais, especialmente a do ex-presidente Lula, em 2002. Os desvios eram feitos para empresas fantasmas em nome de laranjas do partido e depois distribuídos oficialmente para o PT. Tudo sob o comando de Vaccari. Como as operações deram resultado e o chefe da Bancoop tem respondido sozinho pelas denúncias, em 2010 Vaccari acabou recompensado pelos companheiros. Deixou a cooperativa para assumir o prestigiado cargo de tesoureiro da legenda. A denúncia do Ministério Público afirma que os desvios causaram um rombo de R$ 170 milhões e pede que os responsáveis paguem a conta com recursos do próprio bolso.
A ação penal protagonizada por Vaccari tramita até hoje na 5a Vara Criminal de São Paulo, ainda sem um desfecho. Em agosto deste ano, o julgamento foi retomado e a expectativa dos mutuários é de que o processo finalmente seja concluído nos próximos meses. De acordo com as acusações, o secretário de finanças do PT cometeu crimes em série, como formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A gestão do homem forte do partido na Bancoop também deixou para trás cerca de mil processos movidos por associados que alegam terem sido lesados pelas fraudes. Enquanto isso, nos bastidores, Vaccari segue firme e prestigiado dentro da legenda que ele ajuda a enriquecer. O problema para ele é que quando o processo da Petrobras chegar ao fim é possível que não seja mais um réu primário.
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DENÚNCIA
Em 11 de junho de 2008, ISTOÉ revelou o esquema de
João Vaccari e Ricardo Berzoini na Bancoop
Fotos: Rodrigo Dionísio/Frame; Adriano Machado/Ag. Istoé