domingo, 19 de maio de 2013

Base aliada sim, mas não muito



Carla Kreefft 
Há sintomas claros da dificuldade do governo da presidente Dilma Rousseff com sua base. Por mais que o governo comemore e agradeça a votação da Medida Provisória dos Portos na Câmara, é sabido que o PMDB, o PSB e até mesmo o PT deram muito trabalho a seus líderes.
Nos bastidores de Brasília, a avaliação é que a presidente restringe sua relação com a ala que a sustenta a alguns almoços e jantares com os dirigentes de bancada.
Tem deputado e senador que nunca foram recebidos pela presidente. Outra reclamação recorrente é a falta da conversa ao pé de orelha. Segundos os parlamentares com acesso ao Palácio do Planalto, Dilma faz conversas muito formais com suas lideranças legislativas, sempre na presença de um integrante do gabinete da Presidência ou de um ministério interessado na pauta a ser discutida. Não há confidências e muito menos inconfidências.
Na lista das insatisfações, ainda está a ausência completa de atendimento à chamada demanda de varejo. Na verdade, os parlamentares afirmam que a presidente e mesmo a ministra Ideli Salvatti não têm atendido às reivindicações mais individuais dos deputados e senadores. As negociações são feitas em bloco, de forma a atender às bancadas se houver concordância dos ministérios.
Todas essas dificuldades afastam a presidente petista do Congresso, mas, mais do que isso, cria um clima de animosidade que não é muito fácil de ser vencido, por mais que seus interlocutores tentem amenizar e resolver os impasses mais particulares.
Mas não é somente no Congresso que Dilma tem problemas. Nos ministérios, a situação não é diferente. Nesses órgãos, a reclamação parte, quase sempre, do segundo escalão. É que a turma que está imediatamente abaixo dos ministros tem sido esquecida. Os atuais ministros, segundo os que reclamam, são centralizadores, não permitem aproximação do segundo escalão com a presidente e, dessa forma, deixam chegar a Dilma apenas o que eles querem.
Resultado disso é que vários ocupantes de cargos de secretários nacionais (primeiro posto após o de ministro) estão deixando o governo. Isso está acontecendo, por exemplo, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior, em que Fernando Pimentel manteve divergências com o número dois da pasta, Alessandro Teixeira, que saiu do cargo. Teixeira era considerado nome da cota pessoal de Dilma. Problema semelhante ocorreu entre Nelson Barbosa e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Barbosa também deixou seu posto.
Ironizando a situação, parlamentares dizem que Dilma escolheu ministros tão duros e sem jogo de cintura como ela própria. Estratégia fatal.

A pirâmide de Pyongyang



Considerado o "pior prédio da história da humanidade", o inacabado hotel Ryugyong, cravado no centro da capital da Coreia do Norte, é uma prova da megalomania e insanidade dos ditadores do país

FILLIPE MAURO

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O Ryugyong arranha-céu de mais de 330 metros de altura no centro da Coreia do Norte, Pyongyang. Seu formato de foguete atende aos fetiches atômicos dos ditadores norte-coreanos (Foto: Philipp Meuser)
Não é só com armas que a Coreia do Norte sabe blefar. O país que em abrilcolocou toda a comunidade internacional em alerta após várias ameaças de um ataque nuclear também usa da arquitetura para mascarar suas fragilidades e simular uma prosperidade ilusória. O futurista hotel Ryugyong, cravado no centro da capital Pyongyang, daria inveja a diretores de ficção científica. O prédio seria o cenário perfeito para as gravações de clássicos como Blade Runner e Guerra nas Estrelas. Um insólito arranha-céu de mais de 330 metros de altura que segue o fetiche atômico dos ditadores norte-coreanos, formando uma espécie de foguete espelhado prestes a decolar. Três “asas”, cada qual com um “espinho” de 100 metros de altura, criam um contorno triangular e pontiagudo. Sobre seu eixo central, surge um cone de 40 metros, onde seriam instalados sete restaurantes de alta gastronomia, com vista panorâmica para a nublada Pyongyang. Ao longo de seus 105 andares, diversas casas noturnas e um cassino. Todos inacabados. Um delírio incompleto e abandonado, com direito a todos os luxos que o capitalismo pode oferecer.

A pedra fundamental do Hotel Ryugyong foi lançada em 1987. Embora mais pareça um pinheiro de natal, seu nome significa “cidade dos salgueiros” – uma alusão a Pyongyang. O regime sonhava em superar os 226 metros de altura do hotel Westin Stamford, inaugurado um ano antes em Singapura pela empreiteira sul-coreana SsangYong. Um arranha-céu cilíndrico que não chega aos pés da excentricidade de seu rival norte-coreano. Segundo o plano inicial dos engenheiros de Pyongyang, as obras não deveriam durar mais de dois anos. A meta era fazer sua inauguração coincidir com os preparativos da cidade para a 13ª edição do Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Em preços da década de 1980, o país mobilizou o equivalente a 1,5 bilhão de reais para a execução do projeto. Na época, o montante representava 2% do PIB norte-coreano.
O festival ocorreu e vivenciou naquele ano sua maior edição. Mais de 22 mil jovens de 177 países desembarcaram em Pyongyang para defender a “solidariedade contra o imperialismo”. Para os oito dias de atividades políticas e esportivas, a Coreia do Norte conseguiu concluir o estádio Primeiro de Maio Rungrado, que é até hoje o maior do mundo, com espaço para 150 mil pessoas. É lá que ocorre todos os anos o célebre festival Arirang. Um evento de proporções massivas, no qual multidões apresentam coloridas e sincronizadas coreografias para narrar a história do país. Os estudantes estrangeiros só não encontraram pronto o grande prédio que o regime havia prometido para hospedá-los. Era 1989 e a União Soviética, o maior credor do regime norte-coreano, entrou em colapso. Sem verbas, a obra não conseguiu contornar seus atrasos. As inaugurações eram sempre adiadas até que, em 1992, o abandono foi definitivo. O hotel foi isolado e esquecido no centro de Pyongyang, apenas com sua estrutura de aço e concreto.
A falta de revestimento acelerou a degradação de seus 360 mil m². No final da década de 1990, peritos da Câmara de Comércio da União Europeia na Coreia do Sul analisaram a estrutura do Hotel Ryugyong e concluíram que sua estrutura era irreparável. O cimento empregado pela empreiteira do regime era de baixa qualidade e foram identificadas graves falhas estruturais. Havia fortes indícios de que o prédio era torto. Os poços dos elevadores estavam todos desalinhados. Inóspito e condenado, o Ryugyong acabou apelidado pelos escassos turistas de Pyongyang de “hotel fantasma” e “pirâmide mal-assombrada”.  
O que antes era apenas o fim da decrépita construção de um prédio tornou-se, em 1994, o início de uma crise econômica generalizada. O corte das generosas ajudas financeiras da União Soviética não comprometeu apenas a obra do Ryugyong. Também levou à falência as já frágeis cadeias produtivas da Coreia do Norte, quebrando sua produção agrícola. O episódio ficou conhecido como a grande fome da Coreia do Norte. Não havia mais combustíveis para as máquinas e fertilizantes para os campos. Para agravar ainda mais a situação, em 1995 chuvas torrenciais colocaram o país em absoluta carestia.
Embora não haja cifras oficiais, observadores das Nações Unidas afirmam que mais de três milhões de pessoas morreram vítimas de subnutrição entre 1994 e 1998. Os editoriais do Rodong Sinmun, periódico oficial do regime, pediam à população que enfrentasse a crise humanitária com o mesmo fervor que uniu seus antepassados ao “presidente eterno” Kim Il-Sung. Nos bastidores, o governo estabelecia regimes específicos para cada categoria de trabalhadores. 700 gramas de cereais para “proletários ordinários” e 900 gramas para “proletários industriais privilegiados”. Não fosse a China, o país entraria em total colapso. Pequim assumiu o lugar de Moscou nos suportes financeiros a Pyongyang. Cerca de 77% do combustível e 68% dos alimentos da Coreia do Norte passaram a vir como doações chinesas. Jamais a Coreia do Norte sobreviveu sem a ajuda de seus vizinhos.
O futurista hotel Ryugyong, cravado no centro da capital norte-coreana, Pyongyang, daria inveja a diretores de ficção científica (Foto: Philipp Meuser)
Ao longo de toda a grande fome, o hotel Ryugyong permaneceu da forma como foi deixado. Interditado e inacabado. Em 2002, a Coreia do Norte afirmou que não precisava mais da ajuda humanitária promovida pelas Nações Unidas. Com a estabilização da oferta de matérias primas, combustíveis e alimentos, surgiram especulações em países vizinhos de que a construção seria retomada. Na interpretação de japoneses e sul-coreanos, inaugurar um edifício tão megalomaníaco recuperaria a estima da população e sua credibilidade no regime – mesmo após quatro anos de fome.  
Acertaram. O Ryugyong voltou a ser construído em 2008, sob ordens do então líder Kim Jong-Il. A prioridade era revestir o edifício, tanto para conter sua deterioração quanto para eliminar do centro da capital a aparência decadente e abandonada de um prédio idealizado pelo governo. A conclusão da fachada faraônica da “pirâmide mal-assombrada” ficou por conta da empreiteira egípcia Orascom. Com o novo contrato, o regime retomou a antiga ideia de incluir no hotel espaços para atrações típicas do mundo ocidental. Em favor de sua imagem, Kim Jong-Il aceitava flexibilizar suas doutrinas e permitir o acesso de empresários de grandes corporações àquele espaço. Os engenheiros e arquitetos egípcios se entusiasmaram. Prometeram "uma mistura de hotelaria, apartamentos residenciais e centro financeiro" até 2012, ano em que o país celebrou o centenário de nascimento do presidente eterno Kim Il-Sung.
Quando o hotel era apenas uma estrutura abandonada, a Coreia do Norte se desdobrava para evitar que quaisquer imagens vazassem para seus “inimigos”. O Ryugyong manchava tanto a já frágil reputação do país, que raramente aparecia em fotografias oficiais de Pyongyang sem um bom tratamento de photoshop. Isso quando não era simplesmente cortado.
Após 25 anos de construção, sua fachada está completa e todas as janelas foram instaladas. Por dentro, continua oco. Vazio, sem móveis, acabamento e, acima de tudo, hóspedes. Os poços de elevadores ainda estão tortos e há quem arrisque que suas colunas podem ceder a qualquer momento. O Hotel Ryugyong escondeu seu esqueleto de concreto e ganhou a estética de um prédio financeiro. Já poderia ser confundido com um dos super-hotéis de Dubai não fosse sua forma estranha, de nave espacial dos anos 70. Com placas cromadas e vidros espelhados, retoma num sonho totalitário a estética típica do capitalismo.
A revista norte-americana Esquire classificou o Hotel Ryugyong como “o pior prédio da história da humanidade”. Uma espécie de “castelo de Cinderela” dominando com mau gosto a paisagem de Pyongyang. No entanto, há quem veja o edifício com um olhar especulativo. Empresas como a alemã Kempinski AG já negociam há vários meses a compra dos direitos de administração do prédio. Seus executivos acreditam que o fim do regime comunista está próximo. Com seu colapso, apostam que haverá uma avalanche de investimentos estrangeiros. Sanções financeiras aplicadas pelas Nações Unidas após o último teste de mísseis da Coreia do Norte, em 2012, impedem que o grupo hoteleiro assine contratos com o regime. No início deste ano, a empresa alegou que “pausou” as negociações devido a “questões de mercado”. Nega, contudo, que tenha desistido do projeto. Caso o regime não consiga concluir a obra, a companhia que o assumir terá que arcar com um custo de dois bilhões de dólares.
Como a maioria dos edifícios de Pyongyang, o hotel Ryugyong só tem alguma função nas histórias de ficção científica. Se sua construção não fosse interrompida, em 1992 teria sido o maior hotel do mundo. Hoje é o 47º mais alto e tem o 5º maior número de aposentos. Três mil quartos que jamais hospedarão os raros turistas que visitam a isolada Coreia do Norte.

CHARGE DO PAIXÃO

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Paixão, hoje na Gazeta do Povo (PR)

Pedro Saraiva: Sobre a vinda dos 6.000 médicos cubanos



publicado em 9 de maio de 2013 às 9:43
Olá Nassif, sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil. Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas.
– O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Antônio Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.
– Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.
– Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato).
A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.
– Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiro tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade.
Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros?
Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China?
O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros?
– Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presenciei quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ.
Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação.
Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram.
Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provas. Lembro deles terem pedidos informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.
Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil.
– Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra.
Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? Vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil.
– É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico.
Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).
– Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).
– Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!
Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreira, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano.

www.viomundo.com.br

Pink Floyd - Shine On You Crazy Diamante


Conheça os cinco imóveis mais caros do mundo



 
Um arranha-céu localizado na Índia é a morada mais cara do mundo, avaliada em 1 bilhão de dólares


O arranha-céu, de 37.161 m², foi avaliado em 1 bilhão de dólares. O proprietário é Mukesh Ambani que possui a fortuna estimada
em US$ 21,5 bilhões

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Na França, destaca-se a mansão Villa Leopolda, em Villefranche-sur-mer. Com 20 hectares, construída pelo Rei Leopoldo II para uma de suas amantes, foi avaliada em US$ 750 milhões em 2008, quando o bilionário russo Mikhail Prokhorov tentou





Fair Field Sagaponack, Estados Unidos. O local, avaliado em US$ 248 milhões, conta com 29 quartos, 39 banheiros, três piscinas e sua própria usina de energia


comprá-la. Porém, ele desistiu do negócio, perdendo um depósito de 50 milhões de euros. O proprietário é Lily Safra, que possui fortuna estimada em US$ 1,2 bilhão.


Nos Estados Unidos, salta aos olhos a propriedade Fair Field Sagaponack. O local, avaliado em US$ 248 milhões, conta com 29 quartos, 39 banheiros, três piscinas e sua própria usina de energia. O proprietário é Ira Rennert, com fortuna estimada em US$ 6,5 bilhões.


Em Londres, na Inglaterra, o Kensington Palace Gardens tem como proprietário o magnata Lakshmi Mittal, com posses estimadas em US$ 16,5 bilhões. A propriedade foi avaliada em US$ 222 milhões.





Kensington Palace Gardens. Londres, Inglaterra. O proprietário é Lakshmi Mittal, fortuna estimada em US$16,5 bilhões. A propriedade foi avaliada
em US$ 222 milhões


Ainda em Londres, resssalta-se o edifício batizado de One Hyde Park. O apartamento mais caro do mundo, localizado em Knightsbridge, foi comprado pelo homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, que tem fortuna aproximada de US$ 15,4 bilhões. O imóvel dispõe de um escalonamento de 2.322 metros quadrados, vidro à prova de bala e 24 horas de serviço de concierge. O valor da propriedade chegava a US$ 221 milhões, em 2011.



One Hyde Park, em Londres, Inglaterra. O apartamento mais caro do mundo foi avaliado em US$ 221 milhões, em 2011




Fonte: Lugar Certo