segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Terrorismo, baderna, roubalheira e desmando, nunca mais


Posted: 05 Jan 2014 03:40 AM PST
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net 
Por Paulo Chagas

Caros amigos: Acabo de ler o artigo do Sr Clóvis Rossi, publicado na Folha de São Paulo e apresso-me a dizer-lhes que, aparentemente, estamos diante da obra de mais um intelectual orgânico, antecipando sua contribuição para a acomodação da verdade aos interesses do intelectual coletivo.

Ao referir-se ao cinquentenário da contra revolução de 1964, fala de “trevas, nunca mais”, enquanto sabe que seria mais honesto clamar por “terrorismo, nunca mais” ou, melhor ainda, já que o passado pertence à história, deveria aproveitar para abrir os olhos de seus leitores para a baderna, a roubalheira e o desmando que, às claras, já dura 28 anos!

Uma sequência de frivolidades emolduram o texto do Sr Clóvis, a começar pela incoerência de denunciar um “golpe” militar, restritivo da liberdade, mas que lhe permitiu cobrir seu momentos mais críticos, sem restrições de acesso ou movimento, no DKW de seu pai.

Trabalhava para o jornal Correio da Manhã, um dos órgãos de imprensa que mais se esforçaram para que o contra golpe acontecesse, no entanto, confessa, mal sabia o que estava a ocorrer. Um homem de imprensa mal informado desde então!

É coerente ao dizer que o Brasil mudou e que esteve melhor nestes cinquenta anos. É como se tivéssemos escalado o Pão de Açúcar por um lado e descido pelo outro, ou seja já estivemos no alto, com esforço, mas acabamos por voltar ao nível da partida.

Confessa ter se comportado qual uma vivandeira dos quarteis, transformando a rotina militar de promoções e movimentações em notícia de jornal, ou seja, estava a bajular os Generais, tentando decodificar o Almanaque do Exército, algo que só ao Exército interessa, como se daí pudesse tirar ilações políticas.

Confessa também sua conivência com os desmandos dos últimos governos ao negar o interesse, o empenho e o investimento do “Partido” para controlar a mídia, comprando-lhe a consciência e a alma. Fernando Gabeira, personagem importante dessa história cinquentenária, certa feita, comparando o período em que esteve preso com o que militou no PT, publicou que muitos militares diziam que o respeitavam porque deixara um bom emprego para combatê-los com risco de vida, e acrescentou: “Jamais imaginei que seria grato aos torturadores por não me pedirem a alma. Não sabia que dias tão cinzentos ainda viriam pela frente”.

Tem razão, no entanto, o Sr Rossi ao dizer que na democracia petista quem quer grita pelo pedreiro Amarildo, mas ninguém tem coragem de gritar “quem mandou matar Celso Daniel”, ou, “quem matou Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT”!

Tem razão também o jornalista Clóvis ao dizer que encerrado o ciclo militar ainda não se chegou à verdade sobre a guerra ocorrida no período, visto que, só um lado tem compromisso com ela, o outro, o que comprou a alma e a consciência de homens como o Sr Rossi, não tem nem quer qualquer proximidade com ela!

Se nas décadas de 60 e 70 houve uma onda de governos sob mando de militares na América Latina, isto se deve à divisão do mundo, à época, em dois blocos antagônicos. Não havia meio termo, as nações eram alinhadas a um ou outro bloco. Era o período da Guerra Fria, ao qual o mundo deve a sua sobrevivência e a liberdade que, deturpada em nosso País, é desfrutada em nossos dias apenas pela bandidagem, pelos corruptos e pelos oportunistas.

Esta é a “santa rotina” que nos faz penar como cidadãos e ver mudarem, a cada eleição, apenas as moscas que se reproduzem no esterco em que se transformou a política no Brasil.


Paulo Chagas, cidadão brasileiro, dono de sua alma, é General na Reserva!

Livro que denuncia Lula como alcaguete do Dops continua sumido das livrarias de Porto Alegre

Transcrito do Blog do Polibio Braga

O livro "Assassinato de Reputações" continua fora do mercado em Porto Alegre. Neste domingo, a livraria Fnac, shopping Barra, informou ao editor que a previsão de chegada é 15 de janeiro. A seguir, leia resumo elaborado pelo editor no seu site www.polibiobraga.com.br, abordando o principal capítulo do livro, justamente o que denuncia em detalhes o caráter de alcaguete exercido por Lula durante a ditadura militar. Ninguém do PT, sequer Lula, atrevem-se a desmentir o que conta Tuma Júnior, que fala como protagonista, porque acompanhou as deduragens de Lula para seu pai, Tumão, o então todo-poderoso chefão do Dops. Leia:

- Escreve Romeu Tuma Júnior na página 66 do seu livro "Assassinato de Reputação": "Eu vivi essa história com o meu "velho" (o chefão do Dops de SP na ditadura, Romeu Tuma). Sou protagonista; eu era policial (investigador do Dops) não esqueçam". O livro chegou a Porto Alegre nesta segunda-feira. O editor comprou um exemplar, leu, e vai resumir em notas o que considera mais relevante. 

Em 20 páginas (51 a 70) de enorme consistência, o delegado Romeu Tuma Júnior desconstrói por completo a imagem que Lula e o PT forjaram ao longo da sua exitosa carreira de sindicalista e líder político, reduzindo-o a um reles dedo duro da ditadura militar - um traidor da causa operária e dos oposicionistas que acreditaram na sinceridade do que ele proclama até hoje nas assembleias, nas convenções e no governo.

. O título do capítulo em que conta a deduragem diz tudo:"Lula: Alcaguete e aprendiz do Dops".

. O que escreve Tuma Júnior, relatando a ordem de Lula para que seu ministro Tarso Genro deveria mantê-lo secretário nacional da Justiça, como reconhecimento das "relações íntimas" que o presidente sustentava com Tumão, o pai de Tuma Júnior, quando este comandava o Dops de São Paulo, justamente o órgão estadual da repressão, enlace direto com os militares e sobretudo com o general Golbery do Couto e Silva, o ente político de Geisel e da tese da abertura "lenta, gradual e segura":

- Na ditadura, Lula foi um dos mais importantes informantes do Dops, capitaneado pelo meu pai.

. Lula era o que no jargão policial chama-se "ganso (nos sindicatos, a função chama-se Judas ou Judas) e seu nome de guerra era "Barba". Ele foi recrutado por Tumão, antes mesmo de ser preso em 1980. Na prisão, Lula costumava dormir na poltrona da sala de Tumão no Dops. Pouco ia para o xadrez onde estavam seus companheiros, alegando que era "ouvido" a toda hora pelos policiais e militares, o que não deixava de ser verdade. 

. A função era muito perigosa:

- Se soubessem que era informante pessoal do meu pai, Lula estaria morto há muito tempo.

. Mais adiante, Tuma Júnior escreve (página 53)

- Lula era o nosso melhor informante, por isso eu estava na missão de acompanhá-lo em sua prisão. Lula nos prestava iformações muito valiosas sobre as datas e locais de reuniões sindicais, quando haveria greve, onde o pastrimônio das multinacionais poderia estar em risco por conta dessas paralisações. Queríamos informações especiais sobre o líder dos bancários. Luiz Gushikin,um jovem trotskista da facção Libelu.

. Sobre Gushikin, que depois seria seu ministro da Propaganda, mais tarde defenestrado em meio a denúncias, eis o que Lula pensava dele:

- Gushikin é o mais arredio, um louco incontrolável.

. Tuma Júnior conta no livro que Lula entregava tudo de Gushikin.

. A colaboração com a polícia da ditadura militar, incluía acertos com as multinacionais do setor automotivo:

- Lula combinava as greves com empresários e avisava o Dops. Muitas das greves que ele armava com os empresários eram pasra aumentar o valor de venda dos veículos.

. Não foi por acaso que Miguel Jorge, um dos ex-presidentes de montadoras do ABC, virou ministro de Estado, sob Lula.

. Tuma Júnior concede datas, locais, testemunhas, situações - em grande profusão.


. Muito do que ele escreve, é contado de maneira bem mais encoberta nos livros "Jogo Duro", do banqueiro e ex-presidente da Anfavea, Mário Garnero, e "O que eu sei de Lula", de José Nêumanne Pinto. 

LIVRARIAS ESTÃO ESCONDENDO LIVRO DE TUMA JR POR AMEAÇAS DE INVESTIGAÇÃO DO GOVERNO PETISTA?

domingo, 5 de janeiro de 2014


A jornalista Graça During comenta: "Dia destes estava eu numa livraria de Porto Alegre e apesar de já possuir meu exemplar, resolvi perguntar a um dos vendedores se haviam já recebido o livro "Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado", de Romeu Tuma Junior. O rapaz, consultando o sistema, me informou que o estabelecimento fizera o pedido mas que  a mercadoria havia sido extraviada. Ele não tinha maiores detalhes do fato. Hoje (sábado), numa revisteria, também de Porto Alegre, resolvi perguntar pelo livro. Uma jovem senhora informou-me que recebera 100 exemplares e os vendera todos. Então, disse-me ela, encomendou outras 100 unidades e foi informada de que a editora havia sido proibida de lançar novas edições sob pena (a editora) de ter de “haver-se” com três ministérios. Ao ouvir isto, falei-lhe que sou jornalista e que gostaria de fazer uma matéria sobre essa questão. Apreensiva, ela pediu-me que não a mencionasse, por temer retaliação. Mas, o interessante é que ontem (sexta-feira), conversando com uma amiga lojista sobre o livro, uma funcionária interrompeu a conversa afirmando que o livro havia sido proibido e retirado de circulação por conter inverdades!" Como se vê, essa versão é uma petralhice, e a funcionária da livraria ou é uma ingênua, ou faz parte da curriola petralha.

Preço do metro quadrado encerra 2013 com alta de quase 14%, aponta FipeZap

Mesmo com a grande oferta de imóveis encontrada no mercado brasileiro em 2013, os preços do metro quadrado não sofreram impacto e mostraram que ainda têm muita força para crescer no país.

Segundo o Índice FipeZap do mês de dezembro, divulgado nesta segunda-feira, os valores dos imóveis no Brasil encerraram o ano passado com uma alta de 13,7% em relação a 2012.
A marca mostra como a evolução dos preços tem sido contínua, já que o aumento atingido é praticamente o mesmo registrado no acumulado do ano retrasado, que anotou crescimento de 14% sobre 2011.
A pesquisa, que acompanha o preço médio do m2 de apartamentos prontos em 16 municípios brasileiros com base em anúncios da internet, apresentou ainda que, com exceção de Brasília, as demais cidades tiveram aumentos maiores do que a inflação medida no mesmo período.
As altas no acumulado do ano variaram entre 9,5% (em São Bernardo do Campo) e 37,3% (em Curitiba), enquanto o IPCA (inflação oficial) previsto para 2013, segundo o boletim Focus do Banco Central, é de 5,7%.
“Esses números foram impulsionados pelo mercado de trabalho. No Rio de Janeiro, por exemplo, a renda cresceu 12% no mesmo período, enquanto em Porto Alegre subiu 15% e São Paulo, 6%. Então, isso ainda explica essa resiliência do mercado imobiliário no país. Mas, fica a pergunta: até quando o mercado de trabalho vai aguentar?”, analisou Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap, em entrevista ao portal ZAP Imóveis.
A variação dos preços no último mês do ano passado foi de 1% em relação a novembro. No entanto, é a menor alta desde maio de 2013, quando os valores também subiram um ponto percentual. Antes disso, somente o primeiro trimestre havia crescido menos: 0,9%.
“Enquanto houve cidades com uma desaceleração nos preços, outras tiveram altas. É uma sazonalidade natural de um mês para o outro”, completou Zylberstajn.
Dois dos mercados imobiliários mais fortes do país, São Paulo e Rio de Janeiro finalizaram o ano com valorizações acima da média nacional. A capital paulista registrou aumento de 13,9%, enquanto a cidade do Estado vizinho anotou 15,2% de alta.
Ainda segundo a pesquisa, os valores médios do m2 em dezembro ficaram entre R$ 9.937 (Rio de Janeiro) e R$ 3.820 (Vila Velha). Em São Paulo foi de R$ 7.815 e a média das 16 cidades foi de R$ 7.303.
Bairros – Em São Paulo, os imóveis mais caros estão localizados nos bairros da Vila NovaConceição e Jardim Paulistano, na zona sul da capital, com média de R$ 13.599 e R$ 12.818 por m², respectivamente.
O distrito de Artur Alvim (zona leste) permaneceu com os preços mais acessíveis: R$ 3.456.
Já no Rio, o bairro mais valorizado continuou sendo o Leblon (o metro quadrado custa R$ 21.963), pouco acima de Ipanema (com R$ 19.818). Em contrapartida, a região da Pavuna contou, mais uma vez, com o menor custo: R$ 2.203.
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Post originalmente publicado em Zap Imóveis.

ALERTA, PRESSÃO OU VINGANÇA

Carlos Chagas
A presidente Dilma deve  rezar para que não se torne necessário, este ano, enviar ao Congresso qualquer projeto de lei   ou medida provisória de expressão. O risco de ser derrotada é grande. Mesmo devendo contemplar os partidos de sua base parlamentar com os doze ou mais ministérios que precisará preencher com a próxima saída dos ministros-candidatos, parece difícil satisfazer a  goela aberta dos deputados e senadores governistas. Tanto pelas emendas individuais ao orçamento ainda não honradas pelo  tesouro  nacional quanto pela impossibilidade de apoiar mais de um candidato nas eleições para governador, Dilma estará reabrindo velhas feridas e assistindo o aparecimento  de outras.
PT e PMDB não se comporão na maioria dos estados, ou seja, cada um apresentará seu candidato a governador. Junte-se o PP, o PR, o PTB e o PDT, também dispostos a concorrer. Vale o mesmo na disputa para o Senado e a Câmara. As preliminares do  lançamento de pretendentes e os impasses para a seleção de um único nome na maioria dos  estados, fora as exceções de sempre, sugerem sugestivo  slogan para as campanhas:  “em tempo de murici, cada um cuide de si”.
O problema, para a presidente, é que se decidir cuidar apenas dela, ou seja, da reeleição, mais fará aumentar o descontentamento nos partidos  de sustentação do governo. As negociações continuam, mas fazem prever resultados nada animadores. Um alerta, uma pressão, ou melhor, uma vingança,  emergirão da primeira vez que o palácio do Planalto sinalizar a necessidade de aprovação de alguma proposta.
Logo os reclamos vão virar indignação e esta se transformará em derrota parlamentar, tanto faz se os contrariados  pertençam ao PMDB, ao PT ou ao conjunto de outras legendas insatisfeitas. Desfaz-se, assim, o sonho da reforma política revelado por Dilma logo depois das manifestações de junho passado. O diabo é se surgir alguma necessidade urgente de aprovação para inesperadas iniciativas do Executivo.  Liberar recursos para emendas ainda será possível, mas optar por dois ou mais candidatos num só estado,  nem sonhando. Essa história de freqüentar vários  palanques nunca deu certo.
NENHUMA MUDANÇA
As chuvas deram pequena folga, nos últimos dias, revelando a mesma prática de sempre: nos municípios mais  atingidos arrefeceram as providências adotadas pelos poderes públicos e pela própria sociedade para minorar as agruras dos aflitos. Governadores que o digam.

CHARGE DO ALPINO - FAMOSOS SE FILIAM PARA AS ELEIÇÕES DE 2014

GOVERNADORES EM PERIGO PARA REELEIÇÃO


José Roberto de Toledo
Estadão
Em 2010, a eleição nos Estados apontou para a continuidade. Dos 27 governadores, 20 concorreram a um segundo mandato, e 13 deles foram reconduzidos ao cargo. Outros três elegeram seu candidato. Para 2014, a bússola virou de ponta-cabeça. Dos 15 governadores aptos à reeleição, só três podem confiar que estão no rumo certo para voltar ao palácio depois de passarem pelas urnas.
A pesquisa CNI-Ibope divulgada em dezembro forneceu o melhor mapa da sucessão estadual até agora. Pela primeira vez em três anos, todos os governadores foram avaliados simultaneamente. A sondagem não perguntou em quem o eleitor pretende votar, mas revelou o que os governados acham de seus governantes – e essa opinião é menos volátil que a intenção de voto.
A principal conclusão é que o ranking de 2013 é muito pior para a maioria dos governadores do que foi o de 2010: 11 estão devendo, 9 estão numa zona que não pode ser chamada de conforto, e dos 7 que estão realmente bem avaliados, 4 não são candidatos. A chave da pesquisa é o saldo de avaliação. Na eleição passada, ele mostrou-se o melhor fator para prever o resultado das urnas.
QUASE UM VELÓRIO
O saldo de avaliação é o que sobra, ou não, da popularidade do governador após levar-se em conta as opiniões negativas: é a taxa de ótimo e bom, descontada de quem acha o governo ruim ou péssimo. Essa classificação é melhor do que a simples pontuação pela taxa de ótimo/bom porque considera também o tamanho e a intensidade da oposição ao governante avaliado. Carma pesa.
Em 2010, o saldo médio dos governadores era de 31 pontos positivos – uma festa. Agora, é de 4. Quase um velório.
Na eleição passada, nove governadores tinham saldo igual ou superior a 45 pontos. Foi a nota de corte: todos se reelegeram (7 deles) ou elegeram seus candidatos (os outros 2). Hoje, só três governadores estão nessa faixa de quase certeza.

GENOINO TROCA DE ENDEREÇO MAIS UMA VEZ E NINGUÉM SABE POR QUE AINDA NÃO ALUGOU UM APARTAMENTO


Carlos Newton
Os jornais informam que, condenado em regime semiaberto no processo do mensalão, o ex-presidente do PT José Genoino, alegando invalidez, desde 24 de novembro conquistou o regime aberto provisoriamente e já trocou de endereço por pelo menos três vez nos últimos 40 dias. A última mudança ocorreu na sexta-feira (3) e segundo o advogado Luiz Fernando Pacheco a decisão foi comunicada na véspera ao Supremo Tribunal Federal.
Para pressionar a ida de Genoino para São Paulo, em prisão domiciliar, alega o advogado que o ex-presidente do PT tem problemas para encontrar acomodação em Brasília e agora teve de deixar a residência do sogro da filha. “Ele foi uma pessoa generosa que acolheu o Genoino. Mas diante da negativa do STF de autorizar que o Genoino cumprisse pena em São Paulo decidiu-se procurar outro endereço”, disse Pacheco ao Broadcast Político do Estadão, sem revelar o novo local nem de quem seria a propriedade.
FUGINDO DA CADEIA
A verdade é que, desde que houve a ordem de prisão, Genoino tenta se livrar da cadeia. Dizendo que estava passando muito mal, chegou a ser internado no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, mas a equipe médica da Universidade de Brasília constatou que seu estado de saúde não requeria maiores cuidados e lhe deu alta. Logo em seguida, outra equipe médica, da Câmara Federal, confirmou o laudo anterior e lhe negou aposentadoria por invalidez.
O que poucos sabem é que Genoino já é aposentado pela Câmara e recebe cerca de 20 mil reais por mês. O pedido de nova aposentadoria por invalizez foi feito simplesmente para elevar a aposentadoria para 27 mil reais.
Além desse rendimento, ele dispõe também da chamada Bolsa-Ditadura, que lhe garante mais alguns milhares de reais por mês, e tudo sem pagar Imposto de Renda, por ter alegado “cardiopatia grave”.
Esta é a situação financeira de Genoino, que alega ser “pobre, pobre, pobre, de marré deci”. Mas na verdade tem renda suficiente para alugar um belo apartamento em Brasília e parar de chorar miséria. Afinal, esse comportamento patético fica feio para um ex-guerrilheiro.


COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO


Mandona, Dilma quer pilotar até avião

A presidente Dilma Rousseff, que completa agora em janeiro três anos à frente do governo brasileiro, criou uma série de regras extraoficiais que melhor atendem a seu perfil controlador. Segundo gente próxima, em viagens, a cabine do tenente-brigadeiro Joseli Parente Camelo fica aberta para que ela possa entrar e interferir em planos de voos e até sugerir mudança de rotas para desviar de nuvens e evitar turbulências.

Gato e sapato

Autoridade máxima do transporte oficial aéreo desde Lula, o tenente- brigadeiro Joseli se desdobra para atender pedidos absurdos.

Missão impossível

Não foi só uma vez que Dilma mandou Joseli sobrevoar países, e até fazer escala, sem autorização prévia, depois de o avião já ter decolado.

Patente alta

Conhecida pelo pavio curto, Dilma se recusa a viajar com experientes capitães. Só aceita pilotos e copilotos cuja patente é de major e coronel

Só vou com ele

Dilma também não aceita “patentes baixas” na segurança pessoal, e já fez a equipe esperar dentro do carro até o general Amaro aparecer.

Ruralistas x Funai

Diante do conflito entre índios e a população em Humaitá (AM), após o desaparecimento de três moradores supostamente mortos para vingar morte de cacique, a bancada ruralista decidiu pressionar investigações contra Funai e a aprovação da PEC 215, que transfere ao Congresso a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Irritada com pedágios de índios, a população queimou a sede da Funai.

Caixa preta

Deputados alegam que Congresso não pode se omitir sobre denúncias de trambicagem da Funai, que atenderia a interesses estrangeiros.

Sem assistência

O prefeito de Humaitá, José Cidinei (PMDB), fez apelo ao Exército para garantir a assistência dos índios, que foram isolados após a tensão.

Ninguém é de ferro

Se a chefe passeia, eles podem: os ministro da Justiça e Trabalho nem disfarçam “despachos internos”. Com tudo azul na área, saíram.

Mal nas pesquisas

Com medo de sequer ir ao 2o turno na disputa ao governo do Paraná, a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil) agora quer que o senador Roberto Requião (PMDB) desista de se candidatar e componha blocão.

Deixa ver

Os sinais ruins da economia brasileira e o endividamento crescente da população tem freado os partidos aliados de declarar apoio à reeleição de Dilma em 2014, apesar de seu crescimento nas últimas pesquisas.

Além da eternidade

Um engenheiro cubano teria que economizar 399 anos de salário para comprar um carro novo, calcula o blogueiro Yusnaby que, através de servidor de internet na Espanha, mostra o cotidiano dramático da ilha.

Cota feminina

A bancada feminina pressiona pela votação, este ano, da PEC 590/06, que impõe a presença de pelo menos uma mulher na composição das Mesas Diretoras e comissões permanentes na Câmara e no Senado.

Dízimo

O papa Francisco abriu o cofre e liberou R$ 11,7 milhões para quitar parte das dívidas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Apesar da grana enviada pelo Vaticano, a JMJ ainda deve R$ 31,5 milhões a fornecedores.

Já era

O Ministério da Justiça cancelou a licitação que contrataria o sistema de indexação de balística. A Coluna adiantou o suposto direcionamento à Evofinder no processo. Mas a russa não abaixou o valor da proposta.

PODER SEM PUDOR

Estética nua

Eleito governador do Espírito Santo, o austero coronel Marcondes Alves de Sousa, já no palácio, obra de jesuítas, observou a famosa escadaria com esculturas helênicas em mármore, ligando a cidade baixa à cidade alta. Chamou o secretário de Obras:

– Mande limpar a escadaria dessa sem–vergonhice de mulheres nuas.

– Mas, governador – ponderou o secretário – isso tira a estética da escadaria...

– E quem mandou tirar a estética? Tire as estátuas e deixe a estética!

Calendário curto - EDITORIAL ZERO HORA


ZERO HORA - 06/01

A coincidência entre a realização do Mundial e a campanha para as eleições de outubro terá implicações importantes na vida dos brasileiros, de forma direta e indireta, que vão além das mudanças no calendário escolar impostas pela Lei Geral da Copa e na rotina das empresas. Da mesma forma que faltou maior rigor no cronograma de execução de obras nos estádios e em melhorias na área de infraestrutura, também não houve a preocupação necessária com um planejamento que pudesse compensar a mudança no cotidiano por conta desses dois eventos. É importante, portanto, que na retomada gradual das atividades do ano, particularmente no setor público, as consequências da descontinuidade nas atividades habituais sejam devidamente avaliadas, com o objetivo de reduzir o impacto sobre os cidadãos.
No âmbito do poder público, o resultado será visível em diferentes áreas, incluindo algumas essenciais, como a de assistência à saúde, além da educacional. Mais uma vez, porém, os efeitos serão mais visíveis no Congresso, que dificilmente conseguirá enfrentar plenamente uma pauta dominada por extensa lista de temas de interesses da sociedade. Por não terem se planejado adequadamente, pois tinham conhecimento do fato de 2014 ser um ano marcado por eleições e Copa do Mundo, os parlamentares precisarão passar por cima ou examinar a toque de caixa temas em relação aos quais seria procedente uma avaliação mais cuidadosa.
No Congresso, entre as questões pendentes de decisão, estão o Marco Civil da Internet, o Plano Nacional de Educação (PNE), o Código de Mineração e o novo Código de Processo Civil. Isso sem falar em tentativas de resposta para as manifestações de rua, como a intenção de transformar corrupção em crime hediondo. Foi só os processos perderem força para a votação deixar de ser concluída, o que é lamentável. O mesmo desinteresse predominou também em relação à reforma política, levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a chamar para si uma questão importante e emergencial _ a definição sobre a proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas.
O país, que deixou de se planejar adequadamente para adequar sua agenda a um ano atípico, de Copa e eleições, precisa agora tratar de não perder mais tempo, para conter os prejuízos. Tanto o Mundial quanto o pleito de outubro são fatos marcantes de 2014 e importantes para o país, que deve se mostrar agora capaz de aproveitar o calendário apertado com o máximo de eficiência daqui para a frente.

Imprudência tira vidas nas estradas - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE


CORREIO BRAZILIENSE - 06/01
Menos acidentes, menos mortes, menos feridos. As promissoras estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que comparam dados das festas de fim de ano de 2012 e 2013, são um alento. Mas o Brasil precisa estar atento a outras informações.
Primeiro, variação positiva até mais ampla já havia sido registrada no país. O número geral de vítimas de acidentes fatais de trânsito caiu 22% logo após a implantação do Código de Trânsito Brasileiro, de 1997. Mas a curva ascendente foi retomada no ano 2000.

Segundo, a taxa nacional de mortalidade nas vias ainda é das mais elevadas do mundo (22,5 por 100 mil habitantes, contra 12,6, por exemplo, da Argentina). Sem querer tirar o mérito do sucesso da hora, há que se registrar ainda ser ele apenas um flash de breve período dos 365 dias do ano.

É, pois, preciso muito mais. E a Operação Rodovida, responsável pelo êxito atual, nem traz novidades. De acordo com a PRF, foi feito o básico - o que deveria ser permanente. Por exemplo, reforçar a fiscalização nos trechos mais críticos, com procedimentos de inteligência baseados em estatísticas.

Simples assim: identificados os pontos de maior risco de acidentes, deslocaram-se viaturas para esses locais, posicionando-as com grande visibilidade - para intimidar motoristas que necessitam dos olhos da lei para não cometerem abusos. No mais, instruíram-se os agentes para intensificarem as abordagens.

Ou seja, a fiscalização, quando feita, funciona. Por que, então, é falha na quase totalidade do restante do ano? Por falta de pessoal. A carência foi admitida pelo coordenador-geral de Operações da PRF, Stênio Pires. Ele até ressaltou a realização de concurso para a contratação de mil policiais federais em 2013, mas, realista, acrescentou: "Não foi aumento considerável".

Inconcebível é que, em um Estado inchado, com 39 ministérios, setor essencial à vida careça de funcionários. É, portanto, questão que extrapola a competência dos órgãos responsáveis pela segurança nas estradas. Mas não só. Nota-se que o cidadão também poderia, por iniciativa própria, contribuir enormemente para a redução da tragédia do trânsito nacional. Bastaria dirigir com prudência e respeito à lei.

Fica óbvia, aqui, a ausência de outro ingrediente essencial: a educação. A formação dos motoristas brasileiros tem deixado a desejar. A consciência do perigo e a responsabilidade na direção não podem funcionar apenas mediante repressão. Nem a dor das famílias tem sido suficiente para motivar a paz no trânsito.

Vejam que, nos dias finais de 2013 e na virada do ano, o decréscimo de 16,4% no número de mortes nas rodovias federais, em comparação com igual período anterior, representou a preservação de 41 vidas. Além disso, os 650 acidentes a menos reduziram em 290 o número de feridos. Em suma, a PRF tem o caminho para uma viagem segura. Resta à sociedade como um todo fazer a escolha certa. A atual temporada de férias é boa hora para começar a agir.

Atenção com a balança - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 06/01

País tem pior resultado no comércio externo em 13 anos; tendências estruturais e cenário global dificultam rápida reversão desse quadro


Graças sobretudo à perda de competitividade de sua economia, o Brasil teve em 2013 o pior resultado no comércio externo em 13 anos --e há poucas razões para crer em melhoras no horizonte próximo.

O saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) foi de US$ 2,6 bilhões, resultado ainda positivo, mas 87% inferior ao de 2012.

Verdade que boa parte do desempenho ruim deve-se a uma questão em tese pontual, a saber, o maior deficit da história na conta do petróleo. Com baixa produção em 2013, o país deixou de vender o produto e precisou importar mais para atender à crescente demanda interna por combustíveis.

Além disso, uma compra de US$ 4,6 bilhões feita em 2012 só foi contabilizada no ano passado. Assim, considerada de forma isolada, a suposta normalização produtiva da Petrobras neste 2014 poderia elevar o superavit comercial para cerca de US$ 10 bilhões.

As tendências estruturais, porém, são pouco favoráveis. No ano passado, cresceram, por exemplo, as importações de máquinas e equipamentos (6,2%), bens de consumo (4%) e insumos de produção (6,7%), enquanto a indústria local patinou. Já as exportações permaneceram travadas, em particular as de manufaturados. Apenas o setor automotivo teve crescimento nas vendas para a Argentina.

A piora na balança comercial, ademais, ocorre a despeito do câmbio desvalorizado, que encarece importados e favorece as vendas externas. Não é uma surpresa. Como empresas tomam decisões de investimento com base em análises de longo prazo, levará muito tempo até que o real mais barato tenha impacto nas cadeias produtivas.

Some-se a essas outra constatação preocupante: em 2013, o segmento de matérias-primas não conseguiu, como vinha sendo a regra, conter a piora da balança comercial. O país exportou mais soja, milho e minério de ferro, mas a valores menos exuberantes. Desde 2011 os preços das exportações brasileiras caíram 12%. O ápice da demanda chinesa ficou para trás.

O Brasil se defronta com uma realidade difícil. De um lado, ganhar competitividade é um processo lento. De outro, o cenário internacional aponta para preços menos favoráveis. Enquanto isso, celebra poucos acordos comerciais --e perde a chance de abrir portas para seus produtos.

Não se descarta, portanto, que o país volte a ter deficit comerciais como na década de 1990. Seria retroceder a um ambiente de escassez de dólares, instabilidade cambial e pressão inflacionária que se acreditava superado.

Posições discutíveis - EDITORIAL O GLOBO


O GLOBO - 06/01

A política externa brasileira ganhou novos tons com o lulopetismo. Logo de início, Lula desconectou o Brasil da negociação em torno da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca), denunciada como uma iniciativa americana para pôr a América Latina a reboque, engolindo o Mercosul e outros acordos regionais. Mas, como sempre acontece, a proposta apresentada pelos Estados Unidos teria de receber reparos na mesa de negociações. Porém, ao contrário do governo brasileiro anterior, que vinha negociando com Washington, Lula fechou a porta ao maior mercado consumidor do mundo.

Pouco antes de o Brasil dizer não à Alca, sem negociar, os EUA fecharam um acordo de livre comércio com o Chile, sinalizando a tendência que viria a dominar os anos seguintes. Já a diplomacia brasileira, sob o signo lulopetista, preferiu se concentrar na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma liberalização mais ampla do comércio mundial, infrutiferamente.

O Mercosul deve continuar a ser um objetivo permanente da política externa brasileira. Só que seu avanço rumo à maior integração do Cone Sul ficou bloqueado em alguns pontos. O primeiro é externo ao Brasil. Trata-se da crise econômica da Argentina, que levou o segundo pilar da organização a trabalhar contra, erguendo cada vez mais barreiras protecionistas aos produtos brasileiros. Brasília começa a mostrar irritação, mas teme que uma reação mais forte faça desmoronar o que resta do Mercosul. O segundo ponto também tem como protagonista a Argentina: sua resistência à assinatura de um longamente negociado acordo de livre comércio com a União Europeia, que seria um grande alento para o bloco.

O terceiro ponto é a progressiva “bolivarização chavista” do Mercosul, que ainda não se recuperou totalmente da crise provocada pela entrada da Venezuela, com forte apoio brasileiro, que levou ao afastamento do Paraguai.

De todo modo, parece óbvio que o Mercado Comum do Sul não tem a ganhar com o ingresso de um parceiro (mais um) em profunda crise econômica, que valoriza a estatização sobre a iniciativa privada e ainda por cima é ponta de lança do antiamericanismo no continente. Mas é assim que trabalha a diplomacia companheira, atropelando a cautela e o profissionalismo do Itamaraty histórico.

Posições discutíveis deixaram o país mais longe do sonho de consumo de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como, por exemplo, a tentativa de última hora de Brasil e Turquia convencerem o Irã, em 2010, a aceitar travas em seu programa nuclear para evitar uma nova rodada de sanções internacionais. Foi um tiro n’água, pois se deixaram usar pela teocracia persa e foram solenemente ignorados pelos EUA, como previsto.

A ideia de liderar o “Terceiro Mundo” desmorona, atolada na crise do Mercosul, enquanto se multiplica o número de acordos de comércio bilaterais, entre países e blocos. Tanto que o comércio exterior brasileiro começa a refletir esta automarginalização global.

O PT reestatiza estradas - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 06/01

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), reestatizou oficialmente todos os polos de pedágio rodoviários que haviam sido concedidos à iniciativa privada em 1998. As estradas federais, que somam 983 km, voltarão à União e não terão cobrança de pedágio. Os 816 km restantes ficarão a cargo de uma estatal, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).

A medida de Tarso já seria, em si mesma, um contrassenso, pois se sabe há muito tempo que o Estado é incapaz de administrar estradas. Mas seu rompante, uma promessa de campanha, é ainda mais exótico quando se observa que o governo federal, presidido por sua correligionária Dilma Rousseff, vai no sentido totalmente oposto, empenhando-se em atrair investimento privado, ainda que aos trancos e barrancos, para melhorar a intransitável malha rodoviária federal.

O governador justificou sua decisão recorrendo ao surrado recurso de caracterizar os empresários como sanguessugas: "Aqui temos um exemplo dos problemas daquele sistema de pedágio. Milhões de reais circulavam nesta praça de pedágio e não havia sequer o compromisso de fazer acostamento".

As concessionárias, com razão, qualificaram esse tipo de raciocínio de "político e ideológico" - acusam o governo de descumprir contratos, ao interferir nos preços dos pedágios, e pretendem cobrar na Justiça um passivo que dizem chegar a R$ 3 bilhões. Para o presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias, Egon Schunck Júnior, "no Rio Grande do Sul, ao contrário do resto do mundo, a opção é a estatização".

O motivo para a tendência mundial à privatização é simples: estradas administradas pela iniciativa privada são melhores. Números da última pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre a qualidade das rodovias provam isso. De acordo com o levantamento, 84,4% das estradas concedidas a empresas privadas estão em ótimo ou bom estado, enquanto apenas 26,7% das rodovias sob responsabilidade estatal se encontram nessas condições.

O governo petista do Rio Grande do Sul, porém, acredita que terá condições de administrar melhor as rodovias do Estado e de realizar os investimentos necessários. Para isso, criou uma estatal, a EGR, que cobrará pedágio mais barato e ainda fará melhorias.

Os números disponíveis, porém, mostram que esse objetivo não será facilmente atingido. Enquanto as concessionárias investiram nas estradas 55% do que arrecadaram, a EGR conseguiu alocar apenas 34,8%, segundo o jornal Zero Hora. A meta, diz o governo gaúcho, é chegar a 80%, mas a experiência no plano federal indica que, nesse caso, é grande a distância entre desejo e realidade.

O levantamento da CNT mostra que o investimento público federal em rodovias no ano passado, até 8 de outubro, foi de R$ 4,2 bilhões - apenas 33,2% do total autorizado. Na remota hipótese de que todo o investimento permitido tivesse sido executado, ainda assim teria sido insuficiente. Para os especialistas da CNT, seria preciso um aporte da ordem de R$ 355,2 bilhões para todas as obras necessárias na malha rodoviária, como a duplicação de 30 mil km e a construção de outros 18 mil km. O custo da melhoria das estradas e de sua administração é, portanto, insuportável para qualquer Estado - ainda mais para um Estado gigantesco e perdulário.

No caso das rodovias estaduais gaúchas, já se sabe que o fim da cobrança de pedágio resultará na suspensão de serviços de ambulância e guincho. Já as rodovias federais dependerão de recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, cuja situação é de penúria.

No palanque, porém, tudo fica muito mais fácil. Com fanfarra e discursos inflamados, Tarso foi a uma das praças de pedágio, em Carazinho, para simbolicamente retomá-la, recorrendo à demagogia das cancelas levantadas. "Pode passar que é de graça!", gritou o governador para um motorista de caminhão que buzinou ao atravessar o posto. No entanto, passada a festa populista, os gaúchos sabem que esse "de graça" vai acabar saindo muito caro.

2014 começou em 2007 - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO


O Estado de S.Paulo - 06/01

A imagem difundida pelas elites partidárias lembra o quadro clássico de Almeida Júnior: o brasileiro seria uma espécie de Jeca político. Fica sentado ao pé da porta picando fumo, e só se mexe de dois em dois anos para ir votar - isso porque o voto é obrigatório. Nada mais superado, para não dizer falso.

O estudo do Estadão Dados publicado ontem sobre as filiações partidárias mostra que essas elites precisam rever os seus conceitos, sob o risco de serem atropeladas pelos fatos - de novo. Em junho, os protestos da juventude urbana em busca de uma causa já passaram por cima do jequismo político de gabinete.

O Brasil tem 18 milhões de filiados a partidos políticos, e crescendo: 77% dessas filiações ocorreram a partir de 1995. Hoje, 11 em cada 100 eleitores são membros de uma agremiação. Pouco? É o triplo da proporção na Alemanha. Se estivesse na Europa, a taxa brasileira seria a terceira maior do continente.

De onde vem tanta partidarização? Das disputas pelo poder local.

Estudando 18 milhões de registros, o Estadão Dados descobriu que o ciclo eleitoral brasileiro tem sete anos de duração e começa sempre no ano anterior a um pleito municipal. É quando os pré-candidatos a prefeito e a vereador se mobilizam para filiar mais eleitores. Só assim eles se viabilizam no partido e na urna.

Quanto maior é a proporção de filiados a um partido numa cidade, maior a chance de aquela legenda lançar candidato a prefeito. Mais candidaturas, mais prefeituras ganhas. Quanto mais máquinas municipais, mais deputados federais a legenda tende a eleger dois anos depois. Mais deputados eleitos significa mais tempo de propaganda na TV. Sem minutos de TV não se elege um presidente.

Esse ciclo eleitoral de sete anos é um fato histórico. Foi a explosão de filiações ao PT em 2003 que permitiu ao partido aumentar o número de prefeitos eleitos em 2004, que, por sua vez, foram essenciais para formar a bancada petista na Câmara em 2006, o que garantiu tempo de propaganda necessário para Dilma Rousseff se eleger em 2010.

O ciclo se comprova quando analisado na ordem inversa. A candidatura presidencial de Eduardo Campos em 2014 só é possível porque o PSB cresceu em deputados federais em 2010 - e isso se deveu, em boa parte, ao aumento das prefeituras ganhas pelo partido em 2008, o que foi fruto da filiação em massa de 2007.

PT e PSB são os dois únicos partidos grandes que têm aumentado seu poder municipal. Os petistas se beneficiaram da conquista do poder federal e triplicaram seus prefeitos desde 2000. No caso do PSB, o crescimento só começou depois da retomada do controle do partido por Miguel Arraes e seu neto, em 2003. Desde então, o partido conquistou 232% mais prefeituras.

No sentido inverso, desde 2000 o PSDB tem cada vez menos prefeitos e influência na política local. Os tucanos se ressentem da perda da máquina federal para o PT e da falta de uma ação municipalista como a do PSB. Mantêm-se no jogo pela inércia, mas o embalo dos anos 90 está mais fraco a cada eleição. Caciques demais e índios de menos encolhem o partido.

O PMDB é campeão de filiados, e, por isso, de prefeitos. Mas é outro que vive das conquistas do passado. Perde prefeituras e, em seguida, deputados federais. Como confederação de caciques regionais, mantém a hegemonia no Congresso, e seu tempo de TV é o mais cobiçado nas eleições presidenciais. Tudo isso depende, porém, das filiações nos anos que antecedem as eleições municipais. Mas também aí o PMDB tem perdido força.

O próximo ciclo de poder começa logo após esta eleição: as siglas que filiarem mais gente, principalmente nas pequenas cidades, tendem a crescer nos sete anos seguintes. Os demais correm risco de encolher. Assim, 2014 definirá o próximo presidente, mas 2015 determinará quem vai mandar no longo prazo.

É só aparência - PAULO DELGADO


O GLOBO - 06/01

Se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida



Se não for para medir o tempo um relógio no palco desvia a atenção do telespectador. Adereços e interpretação são poderosos veículos do cinema e do teatro. Na política incomodam e não dão conta de desafios.

Um Deus desatento observa a cena brasileira e continua tolerante com originalidades. Compreender menos é mais a moda do que compreender tudo. Caprichos e bastidores expulsam a moderação e a rotina do espetáculo. Glória da propaganda, a deusa da ignorância, que impôs ao país o tom da impetuosidade. Quando as questões públicas são tratadas em permanente estado de eloquência não queira entender o que está de fato ocorrendo.

Como toda pessoa desleixada o país adora improvisação, intuição e experiências parciais. Como essa agora da multa pelo lixo na rua, muito boa iniciativa se o conceito de lixo se estendesse também para as calçadas irregulares definidas pelo interesse da garagem e não do pedestre. Ou para impedir a fratura exposta da cidade com sua farra de pedras soltas brotando de todos os lugares, bueiros armadilhas, misturados a esse asfalto deprimente que vira farofa de buraco por todo lado.

Sem paciência para a prevenção o policiamento ostensivo é só aparência. Parou na virtude da intenção e, intimidador, avisa que é dono do pedaço e da linha que traçou para cruzar. A calamidade dá-lhes prazer. É a infelicidade que patrulham em desrespeitosas abordagens; transmitem sensação de insegurança seus pelotões e comboios em passeata, carros sobre as calçadas, prontos para o exagero e a negligência, em hierarquias superpostas, luzes acessas, uniformes diversos, municipais, estaduais, federais, tornando um serviço relevante uma casta armada incompreensível.

A expansão urbana é sem limites, os adensamentos, desleixados, a autoridade intimidada por construtores que por razões desconhecidas de juízes nem se dão conta de que apodrecer a vida dos outros é tão fora da lei como se deixar apodrecer.

A regularização das favelas, se abertas à especulação imobiliária, melhor deixar como está; para não ver o Estado subjugado reconhecer escritura de invasão ilegal e perigosa de outrora ao bambambã invasor legal de agora, construtor de pensões para esses Lévi-Strauss démodés e fãs da frouxidão legal dos trópicos. A regularização em áreas de risco não pode ser reocupação, mas sim forma de dar legitimidade à indenização e desapropriação por interesse público, concedendo paz social à remoção, sem o teatrinho da circulação de classes nos morros.

É notória a melhora das coisas, mas se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida.

O Brasil precisa abandonar o jogo do teatro democrático, pensar a sério com o que se preocupar e botar um fim nesse progresso doloroso a que se acostumou.

Última oportunidade - VALDO CRUZ


FOLHA DE SP - 06/01

BRASÍLIA - Depois do descanso de final de ano, Dilma Rousseff volta hoje ao batente. Pela frente, toda montagem de acordos políticos para armar uma ampla aliança em torno de sua campanha pela reeleição.

Entre seus aliados, muita gente diz que esta pode ser a última grande oportunidade para tirar da petista benesses e dividendos políticos. Depois, se for reeleita, ela pode reencarnar a mandatária durona do primeiro ano de mandato.

Aquela que jogava pesado e resistia às pressões dos partidos de sua base de apoio no Legislativo. A que ficou famosa pela faxina na Esplanada dos Ministérios, quando ministros foram demitidos em série.

Depois, a dura realidade de governo, com queda de popularidade e dificuldades na economia, tornou a presidente mais flexível e mais aberta ao diálogo --com seus aliados e também com o setor empresarial.

Então, confidencia um peemedebista, o "negócio" é aproveitar o momento e aumentar já o espaço no governo com a reforma ministerial. O PMDB, por sinal, quer emplacar mais ministros, só que outros aliados desejam colocar pelo menos um, como o PTB e o novo Pros.

Em jogo, uma moeda disputada. O tempo de TV dos partidos na propaganda eleitoral. Dilma quer ter mais do que o dobro do tempo de todos seus adversários juntos. Uma tática para sufocá-los na largada.

Enfim, o fato é que, entre seus apoiadores, é quase consenso que, sem a obrigação de ser reeleita, Dilma pode ser mais Dilma num eventual segundo mandato, ouvindo menos, o que já tem feito, seu mentor Luiz Inácio Lula da Silva.

Aí, diz um observador palaciano, o governo tende a gastar mais, o número de ministérios vai cair, a vida de petistas e aliados ficará mais difícil e as broncas só vão aumentar.

Um amigo presidencial tem visão oposta. Diz que Dilma aprendeu com seus erros e fará um segundo mandato melhor. A conferir.

Jornalismo é contraponto - CARLOS ALBERTO DI FRANCO


O Estado de S.Paulo - 06/01

Entramos em ano eleitoral. Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do marketing dos políticos. Assiste-se, frequentemente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferramenta importante para a transmissão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação. Os programas eleitorais, mais uma vez, venderão uma bela embalagem, mas, de fato, tentarão fugir da discussão das ideias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o reverso a essa tendência.

Jornalismo é contraponto. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os candidatos. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos de um espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia verdadeira e amadurecida.

Por isso uma cobertura eleitoral de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. Não basta um painel dos candidatos, é preciso cobrir a fundo as políticas públicas que mexem com a vida das pessoas. É importante fixar a atenção não nos marqueteiros e em suas estratégias de imagem, mas na consistência dos programas de governo.

O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa. Na prática, não obstante a teoria da agenda-setting (Maxwell McCombs e Donald Shaw, formuladores da hipótese, afirmam que o debate público é determinado pelas pautas dos jornalistas) atribuir à imprensa uma influência decisiva na determinação da agenda do público, tal poder, de fato, passou a ser exercido pelos políticos. O jornalismo de aspas, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.

Outros desvios éticos podem comprometer a qualidade da cobertura eleitoral. Sobressai, entre eles, o perigoso jornalismo de dossiê. Os riscos de instrumentalização da imprensa são evidentes. Os protagonistas do teatro político não medirão esforços para fazer a mídia, à sua revelia, destilar veneno nos seus adversários. Por isso é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre uma pauta investigativa: checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? Trata-se de eficiente terapia no combate ao vírus da leviandade.

O esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer seu intransferível dever de denúncia. A sociedade quer um quadro claro, talvez um bom infográfico, que lhe permita formar um perfil dos candidatos: seus antecedentes, sua evolução patrimonial, seu desempenho em cargos atuais e anteriores, etc. Impõe-se também um bom levantamento das promessas de campanha. É preciso mostrar os eventuais descompassos entre o discurso e a realidade. Trata-se, no fundo, de levar adiante um bom jornalismo de serviço.

Os políticos, pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com o rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Além disso, contam com a amnésia coletiva. O jornalismo de qualidade deve assumir o papel de memória da cidadania. Precisamos falar do futuro, dos projetos e dos planos de governo. Mas precisamos também falar do passado, das incoerências e das ambiguidades.

Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essas reações nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Recentemente, um condenado do mensalão se referiu à imprensa que desencadeia a pressão popular contra homens públicos aéticos e governantes corruptos comparando-a, com cinismo, à "ditadura militar". Tais declarações, característica de políticos apanhados com a boca na botija, não devem preocupar. Afinal, todos, independentemente do seu colorido ideológico, procuram o bode expiatório para justificar seus crimes, deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! O grito é uma manifestação de desprezo pela verdade.

Personalidades públicas, inúmeras, têm procurado usar a mídia. Afirmam e depois, cinicamente, desmentem o que afirmaram. Nós não podemos ficar reféns desse jogo. Os meios de comunicação existem para incomodar. Um jornalismo cor-de-rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública. Nosso compromisso não é com as celebridades, mas com a verdade, com a informação bem apurada, com os leitores. E nada mais.

O Brasil está passando por uma profunda mudança cultural. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Mas uma coisa é a miséria do homem e outra, totalmente diferente, é a indústria da corrupção que está aí. Esta, sem dúvida, deve e pode ser combatida com os instrumentos de uma sociedade civilizada. Transparência nos negócios públicos, ética e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las.

'Nervosinhos' - AÉCIO NEVES


FOLHA DE SP - 06/01

Ao antecipar o anúncio do cumprimento do superavit primário, na sexta-feira, o ministro Guido Mantega agiu como aquele chefe que gosta de contar uma piada para desanuviar um ambiente carregado. Todo mundo dá uma gargalhada forçada, por obrigação, a reunião termina, as pessoas vão embora, mas os problemas continuam sobre a mesa sem qualquer solução à vista.

Com base apenas em fatos recentes, preparei aqui uma lista resumida de cinco motivos para que o ministro possa entender por que os brasileiros estão "nervosinhos" com a situação da economia.

1) Fragilidade no superavit primário: o resultado foi atingido com ajuda de receitas extras, como o bônus da privatização do campo de petróleo de Libra, que não vão se repetir em 2014, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais duro de ser alcançado ao longo do ano.

2) Queda na balança comercial: divulgados na última semana, os números da balança comercial brasileira tiveram o pior desempenho em 13 anos.

3) Desvalorização da Petrobras: para tristeza da memória de tantos nacionalistas que se recordam da campanha "O petróleo é nosso", em 2013 a estatal foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor de mercado em termos nominais, segundo a consultoria financeira Economatica. Em apenas três anos, o governo Dilma conseguiu a façanha de reduzi-la a menos da metade do seu valor. Entre os motivos, está a gestão orientada para render dividendos políticos ao Partido dos Trabalhadores.

4) Recorde na carga tributária: enganou-se quem acreditava que a situação dos impostos no Brasil não podia mais piorar. A Receita Federal divulgou a carga tributária de 2012, que bateu mais um recorde e chegou a 35,85% da renda nacional.

5) PIB em baixa, inflação em alta: a bravata do "pibão" na casa dos 4%, prometidos para 2013, deve acabar reduzida a um humilde "pibinho" abaixo de 2,5%. Além disso, o ano de 2013 ficará conhecido como aquele em que a inflação, de péssima lembrança, voltou a assombrar as feiras e os supermercados.

Essa é a realidade que as autoridades se recusam a admitir publicamente.

Em junho, a presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de agir como o Velho do Restelo, personagem de Camões que representa o pessimismo. A economia, entretanto, continuou à deriva. Agora, a presidente reclama de uma suposta "guerra psicológica", "capaz de inibir investimentos e retardar iniciativas". Já para o ministro Guido Mantega, são os "nervosinhos" que atrapalham o sucesso dos planos formidáveis do governo.

As crianças costumam ter amigos imaginários. Os petistas cultivam os inimigos imaginários. Assim, fica mais fácil livrar-se das responsabilidades para as quais foram eleitos.