domingo, 7 de julho de 2013

charge do Sinovaldo


Esta charge do Sinovaldo foi feita originalmente para o

Eric Clapton & Jeff Beck - Shake Your Money Maker (Live from Crossroads ...

Coceira nas costas LUIS FERNANDO VERÍSSIMO


ESTADÃO - 07/07

Quem sofre de coceira nas costas recorre a qualquer meio para acabar com o tormento

A CCC, coceira crônica nas costas, longe do alcance das nossas unhas, é um martírio constante. Quem sofre de CCC vive pedindo que alguém lhe coce as costas e, na falta de alguém, recorrendo a qualquer meio para acabar com o tormento.

É conhecido o caso trágico daquele agente do governo dos Estados Unidos encarregado de negociar com os índios peles-vermelhas no oeste americano que, depois do acordo concluído, quando o cachimbo da paz com sua haste longa lhe foi passado, não aguentou e usou o cachimbo para coçar as costas. Dos seus restos comidos por lobos só sobrou o escalpo.

A CCC provoca situações embaraçosas. É comum ver-se pessoas esfregando as costas numa quina de parede ou, em casos extremos, rolando pelo chão para aliviar a coceira. O que, obviamente, prejudica sua vida social.

— Cheguem para trás. É um ataque epilético!

— Não, não. É coceira nas costas.

A CCC também causa mal-entendidos. Como no caso daquele casal cujas vozes eram ouvidas em todo o prédio.

— Aí, aí. Um pouco mais para o lado.

— Assim? — Mais rápido. — Está bom assim?

— Está. Está! — Mais rápido?

— Não, assim está bom. Só um pouco mais para...

— Assim? — Isso! Ai, meu Deus. Sim! Sim!

O casal ficou com fama de ter uma vida sexual movimentadíssima, quando tratava-se apenas de CCC.

Pelo menos você sabe que presentes dar para alguém que tem CCC: qualquer objeto que lhe permita coçar as própria costas. Uma colher de madeira comprida, um telescópio portátil, um pedaço de antena... Até um cachimbo da paz.

Chegou a hora do Parlamentarismo


Roberto Nascimento
Uma nova etapa do processo político foi inaugurada. Os jovens sinalizaram que querem mudanças em todos os níveis, principalmente em relação à corrupção ativa e passiva, que drena bilhões dos cofres públicos para o ralo das contas secretas nos paraísos fiscais, justamente o que falta para Educação e Saúde.
Se o movimento vai arrefecer, se vai parar, não importa, pois o primeiro passo foi dado. Não adianta mais mentir para a juventude, que eles não acreditarão. Uma grande marcha começa com o primeiro passo. Todos estão atônitos e perplexos com o povo nas ruas. Quem em sã consciência pode ser contra os ventos de mudança?
Creio que o sistema presidencialista esgotou-se completamente. É chegada a hora do regime parlamentarista, que não tem prazo fixo como o atual. Perdeu-se a confiança, o gabinete cai e imediatamente são convocadas novas eleições. Os aprendizes de feiticeiros, como sempre caminham em direção contrária ao povo nas ruas, e agora propõem a coincidência de eleições para todos os níveis, uma forma de confundirem o eleitor e ao mesmo tempo proporcionar a prorrogação dos mandatos de prefeitos, vereadores ou de deputados federais e estaduais.
Alea jacta est, como dizia Cesar.

Tarso, agora, até já repete Olívio. É que ele também perdeu uma fábrica de carros. A Foton foi embora porque foi tratada com descaso pelo Piratini.


Enquanto o governador passeia na Europa para discutir a crise mundial, o RS perde outra fábrica de veículos, novamente por desídia e incompetência de um governo do PT. Pela segunda vez um governador do PT prejudica Guaíba.

Tarso Genro, seu governo e o PT do RS, tentam desesperadamente descolar da crise política derivada do mensalão e que tomou conta das ruas. A marca está cravada em fogo nas costas dos petistas, conforme demonstra o video do link a seguir, gravado dia 2 em Salvador, nos atos de rua pela "independência" da Bahia. CLIQUE AQUI para ver e ouvir o povo gritando "O PT roubou", depois de ter expulsado os petistas das ruas. 

- Nos últimos 15 dias, como agora, quando viajou para a Europa a fim de discutir problemas mundiais, o governador Tarso Genro esqueceu os problemas do seu governo e do RS, dedicando-se a discutir problemas brasileiros decorrentes das manifestações de rua. É sua a responsabilidade pela perda da Foton, como foi de Olívio a perda da Ford. O governo do PT do RS é um governo que não faz, como costuma repetir um ex-secretário de Tarso, o deputado Beto Albuquerque.

No mesmo dia em que o governador Tarso Genro embarcou para nova tertúlia cultural em Lisboa, Portugal, onde ficará quase uma semana para discutir a grave crise econômica mundial, tudo por conta dos contribuintes gaúchos, a fábrica de caminhões Foton Motor roup, de origem chinesa e uma das líderes mundiais do setor, desistiu do Rio Grande do Sul depois de oito meses de conversação com o governo do Estado. Nessa sexta-feira, a empresa informou que assinou contrato com o Rio de Janeiro. 

. O vice-presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Luiz Carlos Paraguassu, alinhou assim os motivos para a desistência da negociação:

- Falta de agilidade do Estado em dar continuidade ao projeto. “O processo estava andando bem, mas começou a demorar. Nos últimos 15 dias não andou mais e muitas coisas que precisavam ser definidas, como o local da fábrica, estagnaram. O Rio foi rápido e em três semanas já tinha tudo definido.

. A previsão era de que a fábrica iria iniciar a produção com 12 mil caminhões anuais até o oitavo ano entre veículos leves e extrapesados. Apontada como a maior e uma das mais valiosas companhias chinesas, a empresa oferece serviços e produtos para mais de 90 países e mantém 156 concessionárias globais.

Incêndio de grandes proporções destròi o Mercado Público de Porto Alegre

Polibio Braga

Um Incêndio de grandes proporções atingiu desde às 20h deste sábado o Mercado Público de Porto Alegre. O fogo começou pelo segundo andar e atingiu 50% do prédio. pelas informações da Radio Gaúcha, que estava no local, o número de bombeiros era insuficiente para combater o incêndio, além disso os equipamentos são poucos e obsoletos. Não há informações sobre vitimas.

O mercado sofreu com as enchentes da cidade, especialmente a de 1941, e com novos incêndios em 1976 e 1979. Na administração de Telmo Thompson Flores correu o risco de ser demolido para construção de uma avenida, mas o clamor popular fez com que a decisão fosse reconsiderada. (A foto acima é do site do jornal Zero Hora). 

- No ano passado, o governo petista de Tarso Genro gastou mais de R$ 66,4 milhões em publicidade, enquanto os investimentos educação, saúde e até mesmo no combate a incêndios foram pífios. Em 2013, os gastos com publicidade do governo gaúcho serão 193% maiores que nos nos anos anteriores. O Rio Grande do Sul está parado, sem investimentos, sem atrair novas fábricas, sem dar o piso nacional aos professores e sem ao menos dar condições mínimas aos bombeiros para trabalharem de forma digna, com caminhões de combate ao fogo antigos (ontem eram sete carros em frete ao Mercado Público, mas apenas dois tinham escadas/mangueiras de combate as chamas). O prefeito de Port Alegre, José Fortunati (PDT), assim que começou o incêndio já estava no local enquanto o governador viajava mais uma vez para Europa, Portugal, participando de mais um seminário inútil para o RS, um seminário que trata das "Relações ibero-americanas no contexto da crise da União Europeia". Este é o desgoverno Tarso Genro, no Rio Grande, no Brasil, no Mundo!

Notícia: Teles terão que informar à polícia localização de celular


Posted: 06 Jul 2013 12:07 PM PDT
Vem aí uma proposta da Anatel capaz de gerar bastante discussão, embora a agência tenha decidido aceitar contribuições da sociedade apenas por 15 dias: a determinação para que as operadoras móveis informem a localização de celulares à pedido dos órgãos de segurança pública. 

Formalmente trata-se de uma alteração pequena no regulamento do Serviço Móvel Pessoal, a fim de incluir que as prestadoras devem informar, após solicitação dos responsáveis pelos serviços públicos de emergência, localização da estação móvel que originou chamada ou mensagem de texto. 

Além disso, fica pré-determinado que essa localização – a ser dada a partir da triangulação das estações radiobase – deve ter precisão de, no mínimo, 60 metros em 67% dos casos – e de 300 metros em 95% deles, de acordo com o texto colocado em consulta pública. 

O relator da proposta, o substituto de conselheiro Marcos Paolucci, defendeu uma consulta à sociedade pelo prazo mínimo legal de 10 dias. Ele sustentou que “essa redação é fruto de entendimento entre órgãos de segurança, Anatel e prestadoras”. 

O prazo curto foi motivo de controvérsia durante a votação do Conselho Diretor da Anatel. Faz sentido. A julgar pela justificativa do relator, faltou o entendimento com os principais interessados em qualquer mudanças nesse regulamento: os usuários. No fim, optou-se por fazer a consulta por 15 dias. 

É certo que uma das justificativas é o socorro de urgência a pessoas que tenham sido vítimas de sequestros relâmpagos, por exemplo. No entanto, o regulamento proposto não faz menção nenhuma aos usuários ou ao tipo de situação para essa possibilidade, apenas determina que qualquer pedido feito pela polícia deve ser atendido.

Ato contínuo, a mesma proposta prevê que serão aceitas no Brasil chamadas para os telefone de emergência utilizados na Europa e nos Estados Unidos. Assim, quem quiser ligar para a polícia poderá, quando efetivada a mudança, ligar para o 112 ou 911 que o efeito será o mesmo do atual 190. 

Nesse caso, a alteração é motivada pela Copa do Mundo a ser realizada no país no ano que vem – e para a qual são esperados cerca de 600 mil turistas estrangeiros. Dessa forma, ao serem discados aqueles números a chamada será transferida para a Polícia Militar mais próxima da ERB de onde a ligação teve origem.


Um BLUE com o grande Buddy Guy "Damn Right, I've Got the Blues" on Guitar Center Sessions

Collor quer diminuir poder de fiscalização do TCU


09:15:01

Além disso, defende punição para auditores responsáveis pelas fiscalizações


Senador alagoano apresentou duas propostas para submeter as decisões do tribunal, como paralisações de obras, ao crivo do Congresso. 

Com duas propostas, senador pretende diminuir o poder de fiscalização da corteDesde que assumiu a presidência da Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, o senador Fernando Collor (PTB-AL) tem feito barulho nas críticas ao trabalho dos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU). Agora, além de disparar contra os profissionais, ele decidiu apresentar duas propostas para reduzir os poderes e autorizar punição criminal aos servidores da corte de contas e para evitar as paralisações de obras suspeitas de desvio de dinheiro e superfaturamentos de preços. ...

São duas frentes apresentadas por Collor. A primeira é um projeto de lei que vincula a suspensão de uma obra à necessidade de aval do Congresso. Atualmente, após a recomendação feita por um auditor, o ministro responsável pela fiscalização pode embargar o empreendimento até que as correções necessárias sejam feitas. O texto foi apresentado na quarta-feira (3) no Senado.

O TCU se baseia no inciso dez do artigo 71 da Constituição Federal para poder sustar a execução do ato impugnado caso o órgão ou entidade adote as providências necessárias para corrigir as irregularidades. O texto constitucional estabelece também que a decisão deve ser comunicada à Câmara e ao Senado. Para críticos do tribunal, esse trecho da Carta Magna não dá poderes para paralisar as obras.

Mesmo assim, a corte afirmou, em nota divulgada em maio para rebater críticas ao trabalho, que procura dar prioridade ao “diálogo com os gestores públicos, permitindo a correção dos problemas sem a necessidade de paralisação dos empreendimentos”. Citou, na mesma nota, por exemplo, que apenas 0,6% do total de contratos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) parados foram a pedido do órgão.

Punições

A outra proposta de Collor é uma emenda ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, ainda em análise na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso. A sugestão inclui a punição criminal, cível e administrativa para auditores de tribunal pelo “exercício irregular” na fiscalização de obras e por danos ao Erário, “inclusive aqueles decorrentes da paralisação ou atraso” das construções.

Associações de auditores consideram as propostas um contrassenso em um período de protestos por menos corrupção e melhores condições sociais. “É absurdo, é o sinal verde para a corrupção no Brasil”, disse o presidente da União dos Auditores de Controle Externo (Auditar), Leonel Munhoz Coimbra, ao Congresso em Foco na tarde de quinta-feira (4). A Associação Nacional dos Auditores dos tribunais de contas (ANTC) considerou as medidas um incentivo à corrupção e uma mordaça aos inspetores e auditores.

Para Munhoz, o objetivo é dificultar a fiscalização. “Em tese, a intenção é não paralisar uma obra em que haja irregularidades, com desvio de recursos públicos ou superfaturamentos”, disse ele.

A emenda à LDO foi apresentada em 19 de junho pela Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida por Collor. O projeto para modificar a Lei Orgânica do TCU foi protocolado ontem, segundo a Auditar e a ANTC. O gabinete do senador não soube precisar a data do projeto, que ainda não aparece no sistema de consultas do Senado pela internet.

Leviandade

Apesar disso, os assessores de Collor disseram que a justificativa contrapõe os temores dos auditores, segundo os quais haverá facilidades para a corrupção. “Esta iniciativa não tem qualquer permissividade com a coisa pública”, escreveu o senador no projeto de lei. “As auditorias e fiscalizações continuarão a ser realizadas normalmente e as práticas danosas ao Erário serão reprimidas”, continuou ele.

Para Collor, a emenda à LDO vai punir tanto o auditor que agir desprezar “sinais claros de malversação de recursos” quanto quem agir com “leviandade de apontar irregularidades de maneira infundada”. Na manhã desta sexta-feira (5), Collor deve fazer um discurso no plenário do Senado sobre o assunto.
Fonte: José Cruz/ABr/Congresso em foco - 06/07/2013

Irregularidades - Servidor do IML usa viatura para ir a bares


19:39:42

Chefe da Seção de Apoio à Perícia foi flagrado pelo Correio circulando com carro descaracterizado em momentos de diversão. E tudo com a conivência do diretor do instituto. A Corregedoria da Polícia Civil vai apurar a denúncia

Na quarta , Aldair (D) e o diretor-geral do IML, Ricardo Frade (E), se encontraram em um bar de Taguatinga
Nos últimos dias, milhares de brasileiros foram às ruas lutar, entre outras reivindicações, pela moralização dos serviços públicos no país. Mas, no Instituto de Medicina Legal (IML), um funcionário do alto escalão parece fazer vista grossa ao clamor popular. Esta semana, o Correio flagrou o chefe da Seção de Apoio à Perícia, Aldair Nunes, usando uma viatura descaracterizada do departamento para ir a bares e restaurantes à noite. Uma instrução normativa da Polícia Civil proíbe que carros oficiais da corporação sejam retirados do pátio para fins pessoais (confira O que diz a lei).

O Logan prata, placa JJC-3358-DF, deveria estar à disposição dos trabalhadores do IML nos deslocamentos para cartórios, varas de registros, Ministério Público, Secretaria de Ação Social, entre outras instituições. Pelas normas, Aldair teria a obrigação de pernoitar o carro pertencente ao Estado em uma unidade policial mais próxima da sua residência e, mesmo assim, somente com justificativa. Além disso, não é permitido ao servidor usar a viatura para ir a estabelecimentos comerciais. Na quarta-feira, Aldair encerrou o expediente mais cedo — saiu às 17h, quando deveria ter cumprido horário até as 19h — e dirigiu até um bar chamado Amarelinho, na CNB 13, em Taguatinga Norte. Leia mais

Fonte: Correio Braziliense - 06/07/2013

Delta cria nova empresa para participar de licitações



Firma já disputa contrato de R$ 3,8 bilhões em São Paulo


Envolvida em escândalo milionário de desvio de recursos públicos por meio de esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira e com dívida de quase R$ 200 milhões, a construtora Delta, que tem o empresário Fernando Cavendish como sócio, abriu uma nova empresa para participar de licitações públicas. ...

A Técnica Construções S.A foi criada em fevereiro deste ano para atender ao plano de recuperação judicial das cinco empresas do grupo Delta. A informação foi publicada nesta sexta-feira pelo jornal “O Estado de São Paulo”.

A Técnica já participa de duas licitações em São Paulo: um contrato de R$ 3,8 bilhões de Parceria Público-Privada (PPP) de operação, manutenção e expansão do sistema de reservatórios da Bacia do Alto Tietê, e outro de R$ 54,6 milhões da Secretaria de Transportes, para duplicação de rodovia.

Concorrente da Delta na licitação do Tietê, a construtora Odebrecht apresentou recurso pedindo a impugnação do consórcio com participação da Técnica, alegando que a eventual contratação da empresa "causaria irreparável prejuízo ao erário", em função de seu histórico e origem societária.

A Técnica contra argumentou que não há impedimento legal para sua participação, alegando que sua criação foi aceita pela Justiça e pelo Ministério Público no âmbito da aprovação do plano de recuperação judicial da empresa.

Pot Thiago Heroy
Fonte: O Globo - 06/07/2013

Um crime doentio, febril


A Reforma do Hospital Dr. Carlos Macieira, em São Luís, deveria ter sido concluída em 2010. Não foi e já consumiu 108 milhões de reais dos cofres públicos.

Duas empreiteiras dos mesmos donos, a Fujita Engenharia e a Star, reveza-se no controle da obra
Há pouco mais de 20 dias, meia dúzia de deputados estaduais de oposição foi à Justiça Federal do Maranhão cumprir um dos mais antigos e inúteis rituais de ação política no estado: denunciar um esquema de fraude administrativa de desvio de dinheiro público. As operações suspeitam os oposicionistas, podem ter sido montadas para alimentar o caixa 2 do grupo político do Senador José Sarney, no comando do Maranhão há décadas.

Nas páginas da denúncia apresentada pelos parlamentares descortina-se um esquema irregular de repasses milionários a uma inexplicável, longa e cara reforma de hospitais. Iniciadas em 2009, as obras nunca concluídas do Carlos Macieira, a maior unidade pública do estado, custaram aos cofres maranhenses até agora, 108, 7 milhões de reais. Outro hospital público, o Aquiles Lisboa, especializado em pacientes com hanseníase, virou um sorvedouro de dinheiro do contribuinte graças a uma reforma que dura quatro anos ao custo de 11,4 milhões de reais. No centro dessa fantástica contabilidade está Ricardo Murad, cunhado de Roseana Sarney, por ela nomeado secretário estadual  de Saúde em 20 de abril de 2009. ...

Irmão de Jorge Murad , marido de Roseana, Ricardo esperou oito meses para iniciar o esquema milionário de injeção de verbas no Carlos Macieira, instituição que, como quase tudo no Maranhão, homenageia um integrante do clã. O médico que dá nome ao hospital é sogro de Sarney, avô da governadora. Sob alegação jamais justificada de estado de emergência, o secretário contratou sem licitação em dezembro de de 2009, uma empreiteira do Ceará, a Fujita Engenharia. O contrato previa um investimento de 38,6 milhões de reais nas obras de reforma e ampliação do Hospital.

O prazo de execução: 180 dias. No mesmo mês o governo maranhense adiantou à construtora  cearense 2 milhões de reais. A partir dos termos do contrato, portanto, as obras do hospital deveriam estar prontas em junho de 2010. Em agosto daquele ano, contudo, o Diário Oficial do Estado publicou um aditivo para reduzir o valor do contrato a 26,5 milhões de reais, de modo a garantir o andamento da obra, apesar do atraso de dois meses.

Durante o ano de 2010, a Fujita Engenharia recebeu , além dos 2 milhões de reais pagos em dezembro de 2009, mais 23,6 milhões, embora a execução da obra continuasse lenta. Em 7 de junho de 2011, um ano depois de estourado o prazo de 180 dias do primeiro contrato firmado com a construtora, Murad decidiu abrir uma licitação para a mesma obra no hospital. A vencedora foi a Fujita, incrivelmente chamada a realizar o mesmo serviço, reforma e ampliação do hospital, a partir de um novo contrato, desta vez equivalente a 39,5 milhões de reais, com prazo estabelecido de 600 dias (um ano e oito meses) para entrega da obra. Ou seja, além de não ter sofrido nenhuma sanção do governo maranhense por ter recebido cerca de 26 milhões de reais para tocar uma obra emergencial que nunca saiu do papel, a construtora acabou vitoriosa no processo licitatório aparentemente montado para favorecê-la.

Um ano depois, em 6 de julho de 2012, a Fujita seria contemplada com uma prorrogação do prazo de 120 dias, além de um adicional de 6 milhões de reais a título de aditivo contratual. Assim, o valor total do contrato subiu a 45,6 milhões de reais. Tanta generosidade passou a causar desconfiança entre a oposição e os poucos blogs de jornalismo que conseguem furar o controle da mídia no estado, quase toda nas mãos dos Sarneys e aliados, sem falar na forte influência do clã sobre o judiciário, a polícia e o Ministério Público locais. Antes da realização de uma auditoria nas obras, capaz de verificar como foi aplicado a dinheirama repassada à Fujita  Engenharia , um misterioso incêndio 45 dias depois do aditivo repassado à empreiteira transformou em cinzas provas da reforma que nunca existiu. Dali a dois meses, em outubro de 2012, Murad decidiu rescindir o contrato com a empreiteira. para a Fujita nenhum problema: a construtora já havia recebido todos os pagamentos.

A partir de então, iniciou-se um processo licitatório que beneficiaria outra empresa do Ceará, a Star Construções, com o novo contrato de reforma e ampliação do Carlos Macieira. Coincidentemente, a Star funciona no mesmo endereço da Fujita em Fortaleza. e não por acaso: os donos de ambas as empresas são os irmãos Carlos Roberto e Lisandro Fujita. Em 9 de janeiro passado, a Star Construções foi contratada a partir de um pregão presencial aberto pela Secretaria de Saúde. Para essa nova fase da interminável reforma do hospital, o governo maranhense destinou mais de 35, 5 milhões de reais. Ao mesmo tempo, Murad abriu uma nova licitação para construção de hospitais de cem leitos em quatro municípios maranhenses: Imperatriz, Caxias, Pinheiro e Santa Inês. Ganha um prato de arroz de cuxá quem adivinhar o vencedor da concorrência. A Star levou e vai tocar os projetos avaliados em 41,8 milhões de reais.

Em Outro Hospital, o Aquiles Lisboa , a ONG de um aliado dos Sarneys recebe 5 milhões de reais.

Processo semelhante ocorreu no Hospital  Aquiles Lisboa, também de São Luís. Em 3 de novembro de 2009, a Secretaria de saúde fechou sem licitação contrato de 5,1 milhões de reais com a Cruz Vermelha Brasileira para a prestação de serviços médicos no hospital. Em 9 de abril de 2010, outro contrato no valor de 803,7 mil reais para o mesmo hospital, desta feita para serviços de reforma, foi acertado com a empreiteira Coteb. Não parou por ai. Em 2011, após o encerramento do contrato com a Cruz vermelha, Murad firmou um termo de parceria com Associação Tocantina para o desenvolvimento da Saúde – Bem Viver no valor de 5,1 milhões de reais, com pagamentos mensais de 429 mil reais. O responsável pela Bem Viver é o deputado estadual Antonio Pereira (DEM), um dos principais operadores da família Sarney na Assembleia Legislativa do Maranhão. Em 10 de maio de 2012,  a parceria da Associação de Pereira com o governo estadual foi corrigida para 5,5 milhões de reais para o mesmo serviço no hospital Aquiles Lisboa.

Apesar de tanto dinheiro disponível, o lugar está quase em ruínas e funciona apenas em uma das casas do complexo. Homens, mulheres e crianças dividem o mesmo espaço e ha um único banheiro para todos, inclusive para os visitantes. Ainda assim, o gasto mensal de manutenção do hospital é de 500 mil reais. Embora o Mal de Hansen, conhecido popularmente como Lepra, seja uma enfermidade dos tempos bíblicos, o Maranhão é o quarto estado brasileiro com maior índice de incidência da doença no país. Perde apenas para Mato Grosso, Tocantins e Rondônia. Em 2012, dos 29 mil casos de hanseníase detectados no Brasil, 3.302 ocorreram no Maranhão, 305 deles em menores de 15 anos de idade.

“Tudo isso é mais um escândalo”, afirma, resignado, o deputado estadual Marcelo Tavares, do PSB, um dos autores das denúncias. Segundo ele, graças ao prestígio de Sarney no governo federal, a governadora Roseana conseguiu 1 bilhão de reais do BNDES, de um total de 3,8 bilhões a serem emprestados no médio prazo, com a justificativa de reformar hospitais no estado. Procurado por Carta Capital, Murad preferiu não prestar informações sobre as obras.

Por Leandro Fortes
Fonte: Carta Capital - Edição 755 - 06/07/2013

‘Não tem nada de mais’, um texto de Carlos Alberto Sardenberg


PUBLICADO NO GLOBO DESTA QUINTA-FEIRA
CARLOS ALBERTO SARDENBERG
Dez anos atrás, em uma estrada na Inglaterra, o consultor Chris Huhne excedeu-se um pouco na direção de seu BMW. Nem foi tanto assim: estava a 111 km/hora, quando o limite era de 95km. Mas a câmera flagrou e a multa chegou à casa de Huhne.
Nem era tanto dinheiro, mas os pontos fariam com que ele perdesse sua carteira de motorista. Como sua mulher, a economista Vicky Pryce,  estava com pontuação baixa, pediu a ela que assumisse a culpa. Não custava nada, não é mesmo? Quanta gente não faz isso?
Vicky topou e a vida seguiu. Seguiu bem. Huhne tornou-se ministro do Meio Ambiente e Vicky, economista chefe do governo de David Cameron. No pessoal, porém, as coisas se complicaram. Huhne se encantou com uma assessora de campanha e separou-se da mulher com quem estava havia 26 anos.
Acontece, não é mesmo? Vicky, porém, parece não ter se conformado. Não se sabe se por vingança ou por descuido, em 2011, contou em uma entrevista ao jornal Sunday Times aquele episódio da troca da multa.
Para encurtar a história: Huhne teve de renunciar ao cargo de ministro, foi processado por obstrução à justiça e condenado, no início deste ano, a oito meses de prisão.
Ministros não podem se comportar desse modo, mesmo antes de serem ministros, tal foi a conclusão política e ética. Parece meio sem sentido,  mas, lembrem-se: pelas regras de nosso Congresso, se o parlamentar cometeu um crime antes de ser parlamentar, não tem nada demais, não é caso de quebra do decoro parlamentar.
Por isso mesmo, contamos esta história. No último sábado, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, mandou chamar um jatinho da FAB para Natal e lá mandou embarcar, na sua companhia, a namorada, um cunhado, uma concunhada, um filho e dois enteados. Toca para o Rio de Janeiro, ordenou.
No Rio, a comitiva passeou e no domingo foi ao Maracanã ver o Brasil ser campeão. Todos embarcaram de volta à noite, incluindo-se na comitiva um amigo do cunhado.
Ontem, a Folha de S. Paulo contou a história. O deputado Henrique Eduardo Alves respondeu ainda de manhã. Disse que ele tinha serviço no Rio ─ um almoço com o prefeito Eduardo Paes e o senador Aécio Neves, no sábado ─ por isso tinha direito ao jatinho. Mas disse que embarcar todo aquele pessoal foi um “equívoco” e que “por dever, imediatamente, o corrige”. Como? Vai pagar as passagens. Do próprio bolso!
Quer dizer que ele não sabia que não podia levar a turma no jatinho? E que só ficou sabendo depois que a história saiu na imprensa?
Imaginemos a cena. O assessor leva o jornal ao deputado e ele, intrigado: mas por que essa publicidade toda? Não posso levar ninguém no jatinho do FAB? E o assessor: Infelizmente, não pode, senhor presidente. E ele: puxa, por que não me avisaram antes? Mas não tem problema, eu pago as passagens.
O deputado acrescentou que já mandara apurar o “valor médio” das passagens e que reembolsaria a FAB. E tudo resolvido. Qual é? Não tem nada demais, pessoal, está pago.
Reparem: depois de todas as manifestações que colocaram os políticos na marca do pênalti, o presidente da Câmara acha que não tem nada demais usar o jatinho da FAB, pago com o dinheiro dos manifestantes, numa viagem do seu pessoal no final de semana.
Mostra como o patrimonialismo está na alma dos políticos. Se você não pode usar o dinheiro público, de que serve ser autoridade, não é mesmo?
Apanhado, o deputado classifica o uso do dinheiro público em benefício pessoal como um simples “equívoco”, a ser resolvido ali no ato, “por dever”.
Quer dizer que se um homem público desviar o uso de dinheiro público ─ pois é disso que se trata ─ admitir o erro e pagar, conforme a conta que ele mesmo faz, fica tudo bem?
O britânico Chris Huhne deveria ter consultado os políticos brasileiros. Diriam a ele: admita o erro, pague a multa de novo, devolva a carteira num ato solene e deixe a cena do crime, quer dizer, do caso, com ar altivo.
Também pelos padrões de Henrique Eduardo Alves, os dois ministros do governo alemão que se demitiram depois de terem sido acusados de plágio em teses acadêmicas, apresentadas muitos anos atrás, foram dois idiotas. Era só admitir o equívoco. E devolver os títulos universitários.
A sério: nesse ambiente de resposta às ruas, cabe um boa moralização no uso de veículos pelas autoridades. As regras atuais são vagas o suficiente para permitir qualquer farra. Mas a ética política deve ou deveria valer mesmo sem regras escritas

Se o estamento governamental-burocrático e patrimonialista, por aqui chamado "classe política", ouvisse Antônio Ermírio, o País estaria melhor na educação e na saúde

Antonio Carlos Prado
Antonio Carlos Prado é editor executivo da revista ISTOÉ


Avesso a celulares e adepto de conversas olhos-nos-olhos curtas e produtivas, o empresário paulista Antônio Ermírio de Moraes, um dos proprietários do conglomerado de 96 empresas que integram o Grupo Votorantim, “foi pra rua” diversas vezes como um solitário idealista a enxergar bem demais e longe demais. Pisou asfalto e amassou barro acalentado sobretudo por três inabaláveis crenças – as duas primeiras são as de que é imprescindível melhorar a educação e o sistema de saúde para melhorar o País. A terceira fé desse católico fervoroso é a soma das duas anteriores: Antônio acredita no Brasil. Ele não se cansava de repetir “(...) o brasileiro é tolerante. Se o Brasil tivesse sido colonizado por espanhóis, eles já tinham posto fogo na nação.” Antônio sabe que a Revolução Francesa começou com o aumento do preço do pão e foi dar no Terceiro Estado. Se o estamento estatal-burocrático e patrimonialista, que por aqui ganhou o elegante rótulo de “classe política”, ouvisse esse empresário econômico nas frases, mas esbanjador de dados e estatísticas corretos a cimentar suas teses, o País estaria de fato mais educado e saudável.
Uma das incontáveis ocasiões em que Antônio pisou asfalto era sábado de manhã. Abriu o jornal e uma notícia lhe gritou “vem pra rua”: o Colégio São Bento, um dos mais tradicionais do Brasil, localizado no centro de São Paulo, ia fechar as portas porque seu prédio apodrecera e os recursos financeiros haviam minguado. Antônio se dirigiu imediatamente a pé para o colégio e foi barrado pelo frade que o atendeu porque o religioso pensou que ele estava ali para vender mercadorias, mas se viu salvo pelo diretor que o reconheceu e lhe perguntou: “Em que posso ajudá-lo, dr. Antônio?” Era o inverso: o empresário salvou o São Bento. Antônio amassou barro na gigantesca favela de Heliópolis, uma das maiores da América do Sul, vinte e quatro horas depois que um incêndio a flagelara ainda mais. Olhou escombro e cinza pessoalmente. Conversou com o maestro Silvio Baccarelli. Entrou-lhe por um ouvido e saiu-lhe pelo outro a fala do bloco dos políticos acomodados de que a favela queria escola de samba. E, juntamente com o maestro, formou uma orquestra sinfônica na qual ingressou o garotinho que “pintava” como futuro líder do tráfico – o menino cresceu e tornou-se músico profissional. A orquestra foi premiada em Berlim. O São Bento e a favela são só dois exemplos de como Antônio acreditava no poder transformador social da educação. E acreditava no Brasil.
Durante quatro décadas, incansavelmente, o empresário ia “pra rua” e pessoalmente administrava o Hospital Beneficência Portuguesa, referência na área da saúde, do qual era mantenedor. Certa vez notou desperdício de esparadrapo e provou que haviam gasto em três meses sete mil metros quadrados do produto. Ele punha ordem na casa. Esse é o Antônio que acredita no Brasil acreditando na melhoria dos hospitais. Para finalizar, o Antônio católico foi “pra rua” e salvou a Catedral da Sé, juntamente com os banqueiros Lázaro de Mello Brandão, Olavo Setubal e José Safra. Um dos traços do caráter do empresário era manter-se no maior anonimato possível em relação às suas obras sociais – mas tanto fez que alguns de seus atos não tinham como não se tornarem públicos. Essas e outras caminhadas estão na excelente biografia “Antônio Ermírio de Moraes – Memórias de um Diário Confidencial”, escrita pelo amigo de 35 anos e Ph.D. em sociologia pela University of Wisconsin, José Pastore. Leitura obrigatória em Brasília e para os manifestantes de todo o País. Dá sim para acreditar no Brasil.
Antonio Carlos Prado é editor executivo da revista ISTOÉ

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Ayres Britto defende que 'nenhum tema pode ser blindado'

Jorge Antonio Barros - 
6.7.2013
 | 
22h26m

 O ex-presidente do STF e ministro aposentado Ayres Britto lotou hoje à noite a Casa da Liberdade, centro cultural do Instituto do Voto, no Centro histórico de Paraty, onde deu palestra a uma plateia bacana e atenta. Britto sinalizou com simpatia à onda de manifestações no país.
Ele lembrou que o direito brasileiro assegura a todos os cidadãos o direito de reunião e de manifestação.

-- Não pode haver tema tabu. Nenhum tema pode ser blindado -- afirmou Britto, citando o caso em que foi favorável à liberdade de expressão para a marcha da maconha e acabou lendo no Twitter alguém escrever que "os velhinhos do STF são maconheiros". A plateia caiu na gargalhada.

Cartas de Buenos Aires: Imateriais e notáveis, por Gabriela Antunes


Dizem que, na esquina das ruas Paraguay e Scalabrini Ortiz, a apenas uns 150 metros da casa de sua família no bairro de Palermo, no octogenário café Varela Varelita, hoje tomado por estudantes de teatro, personalidades locais e “habitués”, o jovem Che Guevara, que trabalhava então numa banca de revistas, se ajeitava junto à janela para tomar um café e sonhar com o mundo.
Cafés sem cara, sem marca, de cadeias estrangeiras ou “notables”, como se diz por aqui, desses nos quais escritores como Borges e Cortázar imaginaram grandes novelas. Nos bairros tradicionais, como Almagro, Boedo, Centro, Boca, Palermo, Caballito e tantos outros, há lugares que, para muita gente daqui e de fora, se tornaram verdadeiras paixões: Las Violetas, Café Margot, El Gato Negro, El Banderin, La Biela, escolha o seu.
Esse ato aparentemente solitário é tão emblemático da vida na capital que periga virar patrimônio imaterial da humanidade. A candidatura oficial foi recentemente apresentada pela prefeitura de Buenos Aires à Unesco. “O hábito social de tomar café tem a ver com a tertúlia, a cultura, a literatura e a música”, justificou na candidatura o Ministro de Cultura da cidade.
Pela manhã, à tarde ou mesmo à noite, argentinos se sentam em cafés da moda, antigos armazéns ou até mesmo sorveterias para ler o jornal, um livro, olhar o celular ou simplesmente fingir que na metrópole parou o tempo e que, neste século, vamos mais devagar.
O amor por estes estabelecimentos é tão grande que virou ONG, com apoio dos vizinhos do bairro. A #54Bares mantém uma lista dos bares e cafés mais tradicionais da cidade e chega a oferecer um tour para promover essas emblemáticas casas portenhas. A preservação desses estabelecimentos é assunto sério e ganhou comissão de proteção e promoção graças a uma lei da cidade de 1998.

O Gato Negro, na famosa Av. Corrientes, entre os "notables".

O café mais antigo da cidade é o queridinho dos brasileiros em visita à capital, o Tortoni, que senta suas colunas de mármore, vitrais franceses e mobiliário de carvalho sobre a tradicional Avenida de Mayo e viu desfilar por seus salões ninguém menos que Carlos Gardel.
De manhã para acordar, ou no meio da tarde com pão de queijo, os brasileiros são os maiores consumidores de café do mundo, consumindo em média dois quilos de café ao ano, um a mais se o compararmos ao argentino.
Entretanto, um café argentino rende mais, pois ele vem acompanhado de uma pausa, um suspiro disfarçado, um pensamento melancólico dissimulado, este mesmo patrimônio imaterial e notável que faz de Buenos Aires a cidade dos cafés. Mas, mais que isso, é a cidade do café contemplativo, apesar do acesso ao wi-fi.

Gabriela Antunes é jornalista e nômade. Cresceu no Brasil, mas morou nos Estados Unidos e Espanha antes de se apaixonar por Buenos Aires. Na cidade, trabalhou no jornal Buenos Aires Herald e mantém o blog Conexão Buenos Aires

Henrique e Renan não me representam


Sugestão para um plebiscito simples: os presidentes da Câmara e do Senado devem renunciar? Sim ou não?

RUTH DE AQUINO
05/07/2013 21h14 - Atualizado em 05/07/2013 21h35


Sugestão para um plebiscito simples e objetivo: os presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devem renunciar? Sim ou não? Henrique e Renan agora querem ouvir a voz das ruas, embora tenham sido eleitos em voto secreto por seus companheiros. Que tal perguntar ao povo se Renan & Henrique têm estofo ético para presidir o Legislativo e conduzir a moralização?

Os dois usaram jatos da FAB para lazer pessoal e da família em fins de semana. Henrique foi de Natal ao Rio de Janeiro com filho, noiva, cunhado, concunhada e enteados para assistir à final Brasil x Espanha no Maracanã. Quanta generosidade com a verba alheia. Num Brasil já conflagrado por protestos, Renan foi com a mulher, no dia 15 de junho, de Maceió a Trancoso, na Bahia, para o casamento da filha do amigo Eduar­do Braga (PMDB-AM), líder do governo no Senado.

São os aviões da alegria, transportando com nosso dinheiro políticos profissionais que vivem em outro mundo, dissociados da realidade, divorciados da moralidade, alheios ao anseio popular. A casta superior do País Partido.

E as desculpas? Henrique tinha um “encontro oficial” na casa do prefeito do Rio, Eduardo Paes, no sábado, véspera da final da Copa das Confederações: “Não era turismo”. Renan disse que o casamento na Bahia foi um “compromisso de representação”. “Sou um presidente de Poder”, disse Renan, “na lei não há nada que diga que só posso usar avião da FAB a serviço.”

Seu padrinho e mentor se chama José Sarney. Em agosto de 2011, Roseana Sarney cedeu um helicóptero da PM para levar o pai a sua ilha particular de Curupu. Ministros do STF desaprovaram como “desvio de finalidade” o uso pessoal de aeronave destinada à segurança e à saúde do povo. Lembremos a resposta de Sarney: “Tenho direito a transporte de representação, e não somente a serviço. É chefe de Poder”. Renan só deu um “copia e cola”.

Um decreto presidencial de 2002 restringe o uso a “segurança e emergência médica; viagens a serviço; e deslocamentos para o local de residência permanente”. Henrique pediu desculpas pelo “equívoco” de ter dado carona. Prometeu devolver R$ 9.700 aos cofres públicos. O jornalFolha de S.Paulo fez cotação com as empresas TAM e Líder Aviação, que fazem frete particular. Nas mesmas datas, trechos e passageiros, o valor mais baixo foi de R$ 158 mil. Renan achou – e continua achando – que pode usar aviões da FAB para ir a casamento na Bahia. Só depois do barulho e da pressão, ele disse que devolveria R$ 32 mil aos cofres públicos.
Aviões da alegria transportam
com nosso dinheiro políticos que
vivem alheios, em outro mundo 
Em 2004, o filho do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Luís Cláudio Lula da Silva, usou um avião da FAB para uma excursão de amigos ao Palácio da Alvorada. No governo Fernando Henrique Cardoso, seis ministros usaram a FAB para ir com as famílias a Fernando de Noronha e foram condenados a ressarcir os gastos.

Deveríamos encher um Boeing com esses políticos profissionais e mandá-los a uma reeducação intensiva. Um reformatório da vida real, onde pegassem ônibus e trem, usassem o SUS, matriculassem filhos na escola pública.

Não precisamos desmoralizar os políticos. Eles desmoralizam a si próprios em golpes contra a cidadania. Alguém lembra o escândalo dos cartões corporativos em 2008 ? A ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, foi demitida por gastar R$ 175 mil só com aluguel de carros. O ministro do Esporte, Orlando Silva, usou cartão corporativo, com brasão da República, para levar a família a um hotel de luxo em Copacabana... e até para comprar uma tapioca recheada de queijo coalho e manteiga da terra.

E os gastos de Rosemary Noronha com cartão corporativo? O jornal O Globo pede há seis meses acesso ao extrato da ex-servidora e secretária de Lula em São Paulo. A Presidência da República não vai liberar. Os gastos foram classificados como “reservados”.
Esta é a verdadeira reforma política: a reforma da cabeça de quem habita o Palácio do Planalto e o Congresso. A maioria tem ensino superior, mas não aprendeu o bê-á-bá: distinguir o público do privado.

Só um país da carochinha admite que Henrique e Renan elaborem sugestões para um plebiscito. Em janeiro, ÉPOCA revelou que, de acordo com a Polícia Federal, o empreiteiro da construtora Gautama pagou propina a assessores de Renan e Henrique por um contrato de R$ 77 milhões para construir uma barragem em Alagoas. Uma obra que recebeu R$ 30 milhões e parou. Renan amargou neste ano um repúdio inédito: 1,5 milhão de assinaturas de brasileiros exigiram sua saída da presidência do Senado.

Não é pelos 20 centavos, nem pela tapioca, nem pelos jatos da FAB. É pela transparência e decência. Não, Renan e Henrique, os senhores não me representam. Precisa explicar ou tem de desenhar? 

Veja quanta ganha um professor, comparado à remuneração de um parlamentar


Francisco Bendl
Alguém de fora poderia pensar que esta reclamação atual contra os políticos seria um sintoma de desestabilização da democracia, sempre frágil neste País. No entanto, para os que vivem no Brasil, há um culpado somente: os próprios parlamentares.
Vou apenas citar um exemplo de como o PT elaborou a política brasileira com base nos seus aliados do momento, aqueles restolhos de partidos que se venderam por cargos quaisquer.
Quanto seria o salário de um professor do Magistério Público em nível nacional, a sua média (refiro-me ao Ensino Fundamental e Médio)?
Mil e duzentos reais, um pouco mais, um pouco menos? Claro, há quem perceba valores mais altos, mas são os que estão em fim de carreira, os inativos, merecidamente.
Vamos lá, então, para encurtar a questão: R$ 1,5 mil mensais, salário médio do professor no Brasil. Confrontemos com os vencimentos de um senador da República, no período de janeiro a maio, por exemplo. De modo que não me acusem de bairrista, um senador gaúcho, Paulo Paim. E como é do partido do governo, PT, certamente deve ser econômico em seus gastos.
Um professor ganharia então, nesses cinco meses do ano, até maio, 1,5 mil X 5= R$7,5 mil. É o que recebe para aluguel, locomoção, roupa, remédios, comida, material escolar etc.
Os vencimentos do senador em tela foram de R$ 26,7 mil X 5 = R$ 133,5 mil. Ou seja, um professor recebe CINCO E MEIO POR CENTO dos proventos de um parlamentar!
DOIS E MEIO POR CENTO!!!
E tem mais, muito mais: o diligente senador gaúcho do PT gastou, até maio, a título de despesas pessoais e de seu gabinete, viagens, passagens aéreas, alimentação, hotéis e aluguel de automóveis, a quantia de R$ 163, 2 mil, que dividida mensalmente pelos cinco meses corresponde à média de R$32,6 mensais!
O senador Paim – lembram dele, aquele que se intitulava como defensor dos aposentados, e hoje passeia pelo País e exterior? – ganha mensalmente R$ 60 mil para não fazer nada.
E a confrontação em percentuais com o senador, que embolsou dos cofres públicos em cinco meses, a soma de R$ 300 mil, e um professor, com seus R$ 7,5 mil, na verdade chega a apenas DOIS E MEIO POR CENTO!
Não se trata de questionar a democracia, trata-se de, imperiosamente, fazê-la ser do povo para o povo e pelo povo, apenas isso.