Celso Serra
No presídio situado nas terras do Ducado dos Sarney morreu um, dois, dez, vinte, trinta. Morreram assassinados e os corpos, mutilados, foram retirados do presídio. Mas, como em um espetáculo de mágica, ninguém viu. Todos os agentes públicos eram cegos.
Ninguém também ouviu coisa alguma. Todos os agentes públicos eram cegos esurdos. Como também eram mudos, ninguém falou nada.
Sendo cegos, surdos e mudos, ninguém sabia de nada. Nem os funcionários do presídio nem a alta cúpula da administração do Maranhão.
No dicionário da língua portuguesa “maranhão” significa “mentira bem engendrada”.
No caso, o silêncio absoluto sobre as mortes violentas assumiu os ares de uma mentira bem engendrada. Mas os fatos macabros, em elevado número, acabaram vindo à tona. O clã dos Sarney, embora tenha realizado esforço descomunal, não conseguiu mantê-los ocultos, apenas retardou a divulgação e o domínio público.
No Maranhão, só depois das 60 mortes no ano que findou e do relatório do Conselho Nacional de Justiça, foi possível o país tomar ciência da tragédia de dor e sangue que vinha ocorrendo sob as barbas e total inércia da cúpula da administração estadual.
NÃO TEM JEITO
Toda a nação tem a impressão que no Maranhão é assim mesmo, não tem jeito. O Maranhão é recordista absoluto (olímpico) da pior renda per capita do país. Chega em segundo no pior IDH estadual. Saneamento básico, ninguém do povo sabe o que é.
Porém, todos sabem que se nada mudou em cinquenta anos de domínio do clã Sarney, nada irá mudar… Faz bem para a saúde deixar tudo para lá…
O governo federal e o estadual estão muito ocupados com o momento político, afinal, este é um ano de eleições e, acima de tudo, o poder deve ser mantido. Por esta razão, não tiveram tempo para agir ou ficar, nem um pouquinho, chocados com cenas de cabeças rolando entre corpos dilacerados. Afinal, as carnes retalhadas eram de pouca importância, meros presidiários.
O governo Roseana Sarney insistiu e continua a insistir em acusar até mesmo relatório oficial do Conselho Nacional de Justiça de difundir “inverdades”. O governo da presidenta Dilma para, ouve, nada faz.
Aparentemente, não toma partido. Mas, ao assim proceder, passa a impressão de que tomou partido de dois poderosos aliados políticos: o o clã Sarney e o PMDB.
E essa impressão poderá estar maculando o currículo da velha guerrilheira que, segundo é de conhecimento público, na juventude, pegou em armas para combater a injustiça. O tempo mudou Dilma?
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