segunda-feira, 12 de novembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Albrecht Dürer na Coleção Albertina, Viena: 1502 e 1503


 Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
12.11.2012
 | 12h00m

Como apresentar Albrecht Durer? Gravurista, pintor, desenhista, escritor? Ou tudo isso junto e num nível absolutamente impressionante?
Albrecht Dürer nasceu em Nuremberg no ano de 1471. Seus avós eram húngaros, de nome Thürer. Quando foram viver na Alemanha, em meados do século XV, trocaram o nome para Dürer. Seu pai, que tinha o nome que daria ao filho, Albrecht, era ourives, e foi trabalhar como assistente de um grande nome na área, Hieronymous Helfer.
Em 1468 casou-se com Barbara, filha de Helfer. O casal teve dezoito filhos, dos quais Albrecht foi o segundo. Um outro filho do casal, Hans, também foi artista de renome.
Aos 15 anos o nosso Albrecht foi trabalhar como aprendiz no ateliê de Michael Wolgemut, o mais importante pintor da cidade. Foi sob a orientação de Wolgemut que Albrecht aprendeu a pintar, a entalhar e a se interessar por gravuras em cobre.
Terminado o período de aprendizado, em 1490, Albrecht partiu para o seu ‘Wanderjahre’: o ano em que o aprendiz sai em viagem para aprimorar sua técnica.
Dürer passou temporadas em Colmar, na Basileia, uns meses nos Países Baixos e regressou a Nuremberg em 1494. Aprendeu um pouco mais sobre a gravura em metal e a fazer desenhos para xilogravuristas. Quase não há nada desses anos que possa ser atribuído a ele com segurança.
Em 9 de julho de 1494 ele casou-se com Agnes Frey, celebrando o contrato arranjado entre as famílias durante sua ausência. O casamento, ao que tudo indica, não foi um sucesso e três meses depois Albrecht foi para Veneza, onde estudou as obras de Mantegna, Antonio Pollaiuolo, Lorenzo di Credi e outros.
Voltou para casa em 1495 e em Nuremberg parece ter vivido e trabalhado nos dez anos seguintes, anos em que produziu suas mais notáveis gravuras. Das quais falaremos nesta semana. Mas hoje ficamos na pintura:
A Lebre: Os pelos da lebre crescem em várias direções. Ela não tem uma cor única, mistura pelos escuros e claros. Pois Dürer fez um desenho detalhado, quase científico, do pequeno animal e o banhou com uma luz difusa e suave que acentua suas orelhas e partes do corpo.
Como ele conseguiu isso? Esboçando a imagem do bicho e passando em seguida uma aguada castanho claro. Depois, com muita paciência, ele criou a textura da pele do animal com pinceladas escuras e claras de aquarela e gouache. Fez refletir em seus olhos o brilho da janela e não esqueceu os longos e finos bigodes do animalzinho. 

Tão simples, não é? 

guache e aquarela sobre papel, 25.1 × 22. cm, 1502, assinado

O Grande Tufo de Relva: Dürer fazia esses estudos da natureza como preparação para suas gravuras. O detalhe, a minúcia, as alterações nos tons eram importantíssimos para que ele pudesse, depois, se basear nos detalhes que deixara no papel para o risco que faria no metal, mais profundo, mas raso...
Nesta obra, Dürer usou aquarela, técnica que permite rapidez, pois ela seca depressa e com isso permite uma camada sobre a outra, facilitando os tons sutilmente diferentes, o que diferencia uma planta da outra. Usou nankin com bico de pena e detalhou as raizes mergulhadas no alagado. É tão perfeito o desenho que botânicos reconhecem, pelo nome, as variadas espécies. 

aquarela, tinta da China, bico de pena, sobre papel, 40,8cm x 31,5 cm, assinado

Coleção Albertina, Viena, Áustria

Nenhum comentário:

Postar um comentário