Muitos clientes foram nas últimas semanas a bancos públicos e privados em busca de taxas de juros mais baixas em diversas linhas de crédito, mas se decepcionaram.
Em razão dos critérios usados pelas instituições para analisar o perfil de endividamento e o risco de calote de cada cliente, são poucas as pessoas que, de fato, conseguem se beneficiar das menores taxas
Ao deixar o mutirão dos endividados na quinta-feira passada, em São Paulo, onde esteve para renegociar os débitos e "limpar o nome", Alessandro Prata, 36, não entendia por que um dos bancos não ofereceu "condições favoráveis" para o pagamento. "Sou cliente há 20 anos, mas o banco não analisou isso. Eles só valorizam quem tem mais poder aquisitivo. Estou decepcionado", afirmou Alessandro Prata.
A indignação do vendedor é a mesma de muitos usuários do sistema financeiro que, nas últimas semanas, estiveram em bancos públicos e privados em busca de taxas de juros mais baixas em diversas linhas de crédito, como financiamento de automóvel e crédito pessoal.
Ocorre que, em razão dos critérios usados pelas instituições para analisar o perfil de endividamento e o risco de calote de cada cliente, são poucas as pessoas que, de fato, conseguem se beneficiar das menores taxas.
Entre as características dos tomadores de crédito avaliadas pelos bancos estão: salário, idade, empregabilidade, comprometimento da renda com dívidas, volume de investimentos na instituição e histórico de pagamentos (se já passou cheque sem fundo ou atrasou prestações).
O cliente que tem mais de 30% da renda comprometida com dívidas costuma ser visto como de alto risco.
Modelos
Os bancos têm modelos estatísticos que analisam, por exemplo, a probabilidade de um cliente que deu cheque sem fundo há dez anos ficar inadimplente hoje. "É uma chance pequena, mas, se ele fez isso há um ano, a probabilidade costuma ser maior", disse Maria Dolores Oliveira, diretora de modelos analíticos da Boa Vista Serviços.
Segundo ela, outra informação importante é se ocorreram diversas consultas de crédito em um período curto, significando que o cliente está em busca de crédito.
O banco também considera quais são as chances reais de o cliente conseguir tratamento melhor na concorrência. Se o cliente recebe o salário em outra instituição ou tem investimentos na concorrência, o banco pode decidir oferecer mais vantagens para retê-lo.
Fonte: Folha de S.Paulo
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