Scott Moore (Diário do Centro do Mundo)
Para encurtar a história, detesto, como todo bom inglês, os escoceses. E também os franceses, os alemães e os americanos, admito. O Boss diria que o resto nós desprezamos, mas é um exagero. Mesmo achando os escoceses ridículos com aquelas gaitas de foile e as saias de tia solteirona, sem contar o sotaque horrível.
Um torcedor emocionado
Mas, mesmo assim, admito que me comovi ao ver Rod Stewart chorar com a vitória épica de seu rústico Celtic sobre o Barcelona de Little Messi. Quase chorei. Quanto Rod, a Garganta de Lixa, venera o Celtic eu já sabia. Em 1981, quando éramos jovens, ele e eu, fui a um show de Rod no Apolo Theatre, e na bateria da banda estava, naquela parte redonda, o distintivo do Celtic. No final do espetáculo, num telão passaram imagens de grandes momentos do Celtic, e Rod fez os números do bis com a camisa verde de seu time.
A emoção de Rod confirmou em mim uma opinião. O torcedor é muito mais importante que o jogador, mesmo ganhando uma fração ridícula do que este ganha. O torcedor, mesmo velho, mesmo encarquilhado, mesmo gasto como Rod, tem a pureza de uma criança. O jogador, ao contrário, tem a alma vendida e insensível de um mercenário. Até minha mulher, Chrissie, que discorda de mim em tudo, concorda nisso.
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CRISTIANO RONALDO
CRISTIANO RONALDO
Escrevi outro dia sobre Cristiano Ronaldo, o Topete de Laquê. Ronaldo teve uma crise de melancolia porque os 10 milhões de euros que ganha por ano são menos do que o dinheiro que o Barcelona paga a Little Messi.
Na Espanha, um em cada dois jovens está desempregado. Milhares de ordens de despejo resultaram, em poucos dias, em dois suicídios de pessoas que teriam que morar na rua. Para seguir no euro, os governantes da Espanha estão se deixando sodomizar economicamente por aquela alemã sinistra. Mesmo assim, Ronaldo tem um drama existencial.
Ladies & Gentlemen: tenho vontade de bater, fisicamente, em Cristiano Ronaldo. Nada que machuque: uma bofetada justa, ensudercedora, que por alguns segundos deixe a marca de meus dedos naquele rosto perfumado. O Boss me disse que existe, em Portugal, uma palavra justa para isso: paneleiro.
Em meio ao exército de mercenários que domina os campos do mundo, um torcedor como Rod Stewart traz alento a quem, como eu, ama o futebol.
Rod poderia ficar ridículo ao chorar. Aquela cabeleira falsa misturada a lágrimas tinha tudo para virar piada. Mas Rod, por alguns momentos, pelos breve segundos em que as lágrimas caíram em seu rosto e só sumiram com um lenço, por uns poucos instantes, eu dizia, Rod Stewart devolveu a nobreza, o caráter, a dignidade a um esporte inteiramente corrompido pelo dinheiro.
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