segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Líder do PT diz que condenações de Dirceu e Genoino foram injustas


Para Jilmar Tatto, houve ‘condenação política’; defesa de Genoino diz que pena é injusta


BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP), lamentou nesta segunda-feira as penas fixadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o ex-ministro José Dirceu e para o ex-deputado José Genoino, no julgamento do mensalão. Para Jilmar Tatto, foi uma "condenação política".

Sobre Dirceu, que ganhou quase 11 anos de prisão em regime fechado, Tatto lembrou que ele lutou contra a ditadura militar.- Foi cometida uma grande injustiça com esses dois companheiros. Tem que se respeitar a decisão do Supremo, mas recebo esta decisão com indignação e muita dor, porque eles foram injustiçados. Foi uma condenação política. Mas o Supremo também erra, as instituições erram, errou no caso da Olga Benário (com os nazistas) - disse o líder do PT.
- Dirceu lutou sempre pela liberdade, pela democracia e contra a ditadura e está passando por isso. E o Genoino não tem um centavo, só quem não o conhece pode achar que ele quis comprar um deputado para votar - disse Tatto.
Para defesa de Genoino, pena é injusta
Luiz Fernando Pacheco, advogado de defesa do ex-deputado José Genoino, disse que a pena aplicada nesta segunda-feira pelo STF a seu cliente é injusta e que sua condenação “contraria toda a prova dos autos”. Segundo o advogado, Genoino discorda “firme e energicamente” da decisão e continuará tentando provar inocência junto à Corte, mas o advogado não dá detalhes sobre qualquer tentativa de ingressar com recurso, a curto, médio ou longo prazo.
“A aplicação da pena é apenas a decorrência maior da injustiça já antes perpetrada. Sua condenação contraria toda a prova dos autos. Irresignado, o acusado viverá até o fim de seus dias. E isso quer dizer que continuará batalhando junto ao Supremo a causa de sua inocência. Condenação sem o mínimo indício de prova merece reparação seja quando for, onde for e de quem for”, diz parte da nota assinada pelo advogado.
Nela, Pacheco ainda enaltece a figura e política e pessoal de Genoino. Diz que se trata de homem público reconhecido pela ética e moralidade, além de “exemplo de bom servidor, de pai, de marido e de avô”. O advogado ainda lembrou da relação com os companheiros. “Exemplo de amigo, de companheiro de seus companheiros, de fraterno porém corajoso lutador, que não esmorece e nem esmorecerá jamais diante de qualquer que seja a adversidade”.
Sem qualquer declaração de Genoino, a nota ainda enaltece sua trajetória política. Diz que seu cliente atuou na guerrilha, foi preso e torturado. “ (Genoino) não se imperssiona com a condenação de agora”. Por fim, o advogado diz que terá paciência é se submeterá à decisão do STF, mas ressaltou: “Subserviência, jamais!”.
Família de Genoíno está "indignada"
Irmão de Genoíno, o vice-líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), disse que sua família está "indignada" com a decisão. Ele conversou nesta segunda-feira com o irmão e com a mãe de 88 anos, dona Laís, que mora no Ceará.
- Quem conhece o Genoíno, a família, principalmente minha mãe de 88 anos, só pode estar muito indignado. Ainda espero que a Justiça seja feita. Se tem três pessoas que vocês podem colocar no grau de políticos honestos, ele (Genoíno) está entre os três - disse Guimarães.
Constrangido, Guimarães aceitou falar rapidamente sobre a situação de Genoíno depois de fazer um discurso, da tribuna da Câmara, sobre os problemas da seca no Nordeste.
Senador petista cobra julgamento do mensalão mineiro
Já o senador Jorge Viana (PT-AC) diz que todos devem aplaudir a iniciativa das instituições brasileiras de combater a corrupção. Ele diz que o Brasil sai maior desse processo, mas não sabe se o Supremo e o Ministério Público saem sai maiores ou menores, por terem dado um tratamento completamente diferente ao processo do mensalão mineiro, que também movimentou um soma gigantesca de recursos para financiamento de partidos.
- Esse julgamento começou e termina com algumas perguntas sem respostas. Decisão transitada em julgado, o que não é o caso, a gente não discute. Mas há uma pergunta inicial sem resposta: o mesmo Supremo e o mesmo Ministério Público deram um tratamento completamente diferenciado para o mensalão original, que começou em Minas Gerais - disse Jorge Viana. - Sempre aprendemos que só se pode condenar uma pessoa com provas indiscutíveis e irrefutáveis. Não estou fazendo defesa, mas as provas contra o Zé Dirceu não apareceram. O Genoíno é tão íntegro e honesto quanto os que o estão mandando para a cadeia - completou.
O líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP), foi lacônico:
- Vamos respeitar a decisão do Supremo. A pena que saiu combina com o senso comum.

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