segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mundo velho sem fronteira, por Carlos Brickmann



Carlos Brickmann, Brickmann & Associados
O Supremo Tribunal Federal determinou a apreensão do passaporte dos condenados no processo do Mensalão. A Polícia Federal foi informada de que os condenados só podem deixar o país com conhecimento e autorização da Justiça.
Então, tá. O Brasil não produz fuzis AR-15, as bazucas e metralhadoras antiaéreas encontradas com bandidos são fabricadas no Exterior, a maior parte da cocaína aqui consumida vem de outros países. Nada disso, reafirme-se, é importado legalmente: entra numa boa, e em fartas quantidades, apesar das proibições.
Um único avião sem piloto comprado para patrulhar a fronteira seca do Brasil foi apresentado à imprensa e em seguida alojado num confortável hangar, onde passa sua vida útil sem ter dado, em mais de um ano, um simples e singelo voo. Por que? Não se sabe; mas tudo que não devia continua cruzando a fronteira.
Se cruza para dentro, por que não para fora? O médico Roger Abdelmassih, condenado a muitos e muitos anos de prisão, está desaparecido. Pode estar fora do país, conforme se especula; talvez esteja em algum lugar desse nosso imenso território, livre, leve, solto e bem protegido. Fora ou dentro, é a mesma coisa: nossa Polícia não tem a menor ideia de onde esteja, com ou sem passaporte.
Como disse o médico de Carlos Lacerda para convencê-lo a suspender uma greve de fome, tenta-se representar Shakespeare no país de Dercy Gonçalves. Baixam-se normas como se por aqui tudo funcionasse. Mas aqui é Brasil.
Se não querem que os condenados fujam, não são proibições que vão impedi-los.

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