quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Planos de Saúde Compra da Amil deve estimular novas fusões, dizem analistas



Aumento de renda e potencial de expansão tornam país atraente

A venda da Amil à gigante americana UnitedHealth por quase R$ 10 bilhões, anunciada na segunda-feira, deve marcar o início da consolidação do setor de planos de saúde no Brasil, com a entrada de novos grupos estrangeiros. Segundo especialistas, esse interesse se explica pelo aumento de renda dos brasileiros nos últimos anos e, ao mesmo tempo, pela ainda baixa penetração dos convênios médicos no país: são cerca de 48 milhões de clientes, para uma população de quase 200 milhões - o equivalente a 25%, contra 80% nos Estados Unidos. ...

Para o analista do setor de saúde do BB Investimentos, Mário Bernardes Júnior, aderir aos convênios hospitalares é "o próximo passo natural" de uma população que está empregada e ganhando mais, o que mostra o potencial de crescimento do segmento.

- As aquisições podem ser feitas por grupos estrangeiros ou grupos maiores que já atuam no Brasil. As perspectivas para o setor são muito boas nos próximos cinco anos. Nas regiões Norte e Nordeste, onde houve maior ascensão da classe D para a C, devem ocorrer muitas fusões - diz Bernardes.

Entre as empresas de capital nacional cotadas para liderar o movimento de consolidação, estão SulAmérica, Bradesco Saúde e Porto Seguro, segundo a equipe de análise da corretora Coinvalores, liderada por Sandra Peres. A entrada das estrangeiras deve ocorrer somente por meio de aquisição, como no caso da Amil, que é presidida por Edson Bueno, e não começando do zero, devido a dificuldades regulatórias.

O mercado de convênio médico tem índice de concentração baixíssimo no país. Estão ativas hoje quase 1,6 mil empresas e a maior, a Amil, detém só 9% do total de beneficiários. Arthur Barrionuevo, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), diz que aumentar um pouco a concentração é positivo para o consumidor:

- Se a empresa de saúde tem uma carteira de segurados recheada, o poder de barganha com os hospitais aumenta. Isso tende a reduzir o preço ao consumidor.

"Brasil atrairá capital estrangeiro"

Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), diz que desde 2003 houve uma concentração de investimentos estrangeiros diretos no setor de serviços como um todo por causa do modelo de crescimento adotado pelo país:

- Nosso motor é o mercado interno, que é motivado pela renda e pela distribuição da renda. Naturalmente, o Brasil vai atrair capital estrangeiro.
 
Por: Roberta Scrivano
Fonte: Jornal O Globo - 10/10/2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário