quarta-feira, 10 de outubro de 2012

À espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar até título de livro



Condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal, José Dirceu apertou de novo o gatilho do trabuco que só dispara bravatas. Num manifesto delirante, o único guerrilheiro do mundo que confunde cano com coronha acusa a elite reacionária e a mídia golpista de terem forçado o STF a enxergar um prontuário de bom tamanho onde existem uma folha de relevantes serviços prestados à nação e a biografia de matar de humilhação um Che Guevara.
Desde 1968, Dirceu nega com veemência qualquer pecado que lhe atribuam ─ é capaz de jurar de pés juntos que jamais cometeu sequer infrações de trânsito. É compreensível que simule indignação ao ser castigado por delinquências de grosso calibre que sempre debitou na conta da inventividade perversa da oposição. Com a placidez de um doutor em estelionato, ele nega até o que está registrado em vídeo.
Como demonstram o texto e as imagens na seção Vale Reprise, foi o que fez no programa Roda Viva quando entrou em pauta o episódio da agressão sofrida pelo governador Mário Covas em 1° de junho de 2000. Alguém que passou anos negando que era quem é jamais admitirá que foi chefe de quadrilha. Vai morrer murmurando que é uma vítima dos capitalistas selvagens aos quais hoje serve com muita aplicação fantasiado de “consultor”.
Surpreendentemente, o manifesto da semana poupou o Brasil que presta da ameaça recorrente: desta vez, permanecerão aquartelados os “movimentos populares” e as “forças progressistas” que o guerrilheiro de festim promete mobilizar há mais de 40 anos ─ e nunca foram vistas fora da imaginação do comandante. Desde a descoberta do mensalão, Dirceu só apareceu na rua à frente de uma multidão no último domingo. Eram companheiros incumbidos de escoltá-lo na rota da seção eleitoral para que pudesse votar sem ser constrangido por manifestações hostis.
Sozinho ou mal acompanhado, o ex-capitão do time de Lula garante que não vai sossegar até provar que é inocente. “Minha sede de justiça será minha razão de viver”, avisa a última frase do manifesto. A editora Record deveria ampliar-lhe a folha corrida com outra ação judicial: à espera da sentença, o condenado por corrupção resolveu furtar o título do livro de memórias de Samuel Wainer.

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