quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Como se fazia a Educação, à moda antiga



Judith Imbassahy
Antonio Santos Aquino perguntou e eu respondo: minha educação foi feita por mim, começando a ler os livros de meu avô. Eram de Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz. Digo de meu avô, porque perdi meu querido pai aos 11 anos e minha mãe teve que trabalhar na década de 40, para poder ganhar dinheiro e dar a mim e meu irmão uma boa educação. Educação essa que ficava a cargo de minha avó uma mulher corajosa e ”avant-garde“, sem preconceitos (aproveito aqui para dizer que ela recebia todos, indiferente da cor e do status) ajudando muitos, amadrinhando tantos…

Pois bem, estudamos nos melhores colégios, aprendi francês e música e sim, tive, com muito sacrifício por parte dessa família extraordinária e bondosa, que foi rica e empobreceu com a maior dignidade ao tentar tudo para salvar meu pai, uma educação esmerada, cuidada, eu diria que nem tanto esmeralda, mas uma belíssima turmalina verde. Com isso aprendi o respeito, a falta de preconceito e o grande amor que dediquei a meus filhos e a minha neta, nascida em criada em minha casa.
Com mais dificuldade dei o que recebi para meus filhos e ainda para minha neta querida, que acaba de se formar na Escola Superior de Propaganda e Marketing.
Minha vida nunca foi um mar de rosas, mas eu nasci com o dom de otimizar tudo, e essa leveza faz com que muitos pensem que foi fácil. Não foi, mas valeu cada minuto, e ainda está valendo. Empenhei muitas vezes as joias que recebi de minha mãe para comprar livros de música que não se encontravam aqui. Chorei na Caixa (“prego”) quando perdi algumas valiosas e belas. Valeu?
Sim. Foram-se os anéis e ficaram os dedos de pianista.
A vida não passou por passar, vivi cada segundo e ainda estou na pista (desculpe a meia vulgaridade desse “na pista”), mas é verdade.
Pois é, Aquino, minha educação foi assim. Esmerilhada, Esmeralda, Esmerada.

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