segunda-feira, 5 de novembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Ópera Margrave: Semana dos Teatros de Ópera


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
5.11.2012
 | 12h00m

Hoje vamos a Bayreuth, na Alemanha. Cidade de tamanho médio que se tornou mundialmente célebre graças ao Festival Richard Wagner, ou simplesmente Festival de Bayreuth. Esse é seu lado brilhante. Tem o lado negro: a associação com Hitler e o nazismo. Mas isso já está morto e enterrado e a linda cidade tem uma vida cultural intensa onde não há mais lugar para os brutos.
Nós vamos entrar em Bayreuth muito antes de Wagner. Mais precisamente em 1750 quando foi inaugurada a Ópera dos Margraves, uma obra-prima da arquitetura teatral.
Margrave era o título que se dava aos príncipes soberanos de pequenos estados fronteiriços com a Alemanha, tal como Brandenburg. Corresponderia a Marquês, mas o Margrave tinha, como soberano de um estado, forças militares e a obrigação de zelar pelas fronteiras.
Em 1731 o Margrave Friedrich de Brandenburg-Bayreuth casou-se com Wilhelmina, a irmã preferida de Frederico, o Grande. Mulher de variados talentos, ela deixou sua marca em Bayreuth como escritora, compositora, atriz e diretora musical e foi o verdadeiro mestre-de-obras do teatro que pediu a seu marido para erguer.


Em maio de 1748 ela escreveu para o irmão: “Fui visitar as obras do teatro e sai de lá encantada. Bibiena reuniu no teatro a quintessência do gosto italiano e do gosto francês e é preciso lhe fazer justiça – ele é grande em seu ofício!”
Ela se referia a Giuseppe Galli Bibiena (1696/1757), arquiteto originário de Bolonha, o de maior renome em seu tempo como arquiteto de teatros. A planta exterior do edifício, todo em arenito, é assinada por Joseph Saint-Pierre, arquiteto da corte, mas o interior foi da autoria de Bibiena e seu filho Carlo.


A Ópera Margrave é o único teatro barroco inteiramente preservado ao norte dos Alpes e que conservou sua planta original: 500 pessoas podem se reunir sob seu teto para ouvir a música barroca com uma acústica perfeita, pois seu auditório conserva os materiais originais.
A sala em forma de sino tem três andares de camarotes feitos em madeira e decorados com telas pintadas que falam de acontecimentos especiais da corte de Brandenburg.
O governo federal alemão pediu oficialmente à UNESCO que o incluísse na lista de Patrimônio Universal da Humanidade.

 

Os atributos especiais são a acústica perfeita; sua localização no espaço urbano; a fachada barroca do século XVIII; a estrutura original do telhado com pé direito de 25 metros; a elegância do saguão ceremonial; e as dimensões do palco, com os materiais originais que fazem de sua acústica a maravilha que é.
Não é preciso dizer que a Ópera dos Margraves sofreu restaurações internas, sobretudo nos estofamentos, na fiação elétrica, canalização, extintores, etc.
A municipalidade de Bayreuth encena um Festival de Som e Luz onde quem recebe o público é a 'Margravina Wilhemina', que conta toda a história do teatro. Pelo que li, é muito interessante.

Bayreuth, Baviera, Alemanha

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