terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Turbulência - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 10/12

BRASÍLIA - Ok, a Anac tem de cuidar dos interesses dos passageiros e punir as empresas que passem dos limites. Logo, faz sentido multar a Gol em R$ 2,5 milhões (até agora) por causa do caos do fim de semana. E os feriados de Natal nem começaram, a Copa é só no ano que vem...

Mas... a culpa do caos aéreo não é de uma só companhia, nem só das companhias. Sem falar nas condições meteorológicas, a culpa é também do governo, da infraestrutura, da falta de investimentos.

Como toda hora sobem e descem aviões no Alasca, já no círculo polar, debaixo de neve, e basta chover forte para pousos e decolagens serem interrompidos nos principais centros brasileiros? Porque faltam condições, tecnologia, equipamentos.

E o caos dos aeroportos ilustra a própria situação do setor aéreo, provocando uma nova comparação constrangedora para o país.

Como é que Cingapura e Dubai, por exemplo, têm as melhores companhias aéreas e os melhores aeroportos do mundo, com índices invejáveis de turismo, enquanto o Brasil enterra uma empresa atrás da outra, não consegue ter ao menos um aeroporto entre os cem primeiros mundiais e não atrai turistas?

Sem contar a velha Panair e várias pequenas, que nem dá para citar, o cemitério do setor inclui Vasp, Transbrasil e Varig (não venham me dizer que está viva, por favor...).

O país, que já teve quase 20 companhias, hoje tem muito menos e depende de Tam, Gol, Avianca e Azul, todas com desempenho financeiro mais ou menos --ou mais para menos--, apesar das seguidas promoções e dos aviões lotados. É o custo Brasil! Entre outros...

O mercado quer é retorno e é por isso que, independente das limitações da lei, ninguém quer investir na aviação aqui. Na Latam, grosso modo, a Tam tem frota e faturamento muito maiores, mas as ações da Lan valem mais. E como é que o Brasil quer ser tudo o que diz, ou pensa que é, sem marca(s) aérea(s) forte(s)?

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