Blog do Celio Pezza
O descaso com a medicina no Brasil
Napoleão Bonaparte dizia que, no dia do Juízo Final, os médicos teriam que responder por mais vidas do que os generais. Isso foi dito em uma época em que Napoleão não conhecia o Brasil e suas características especiais. As notícias recentes sobre a qualidade dos médicos em nosso país são mais do que alarmantes. São aterrorizantes! Vejamos a situação: existem médicos que se formam fora do país, em especial em Cuba, Argentina e Bolívia. As escolas argentinas e bolivianas são particulares e os brasileiros que as procuram são aqueles que normalmente não conseguiram uma vaga no Brasil. Já em Cuba, a mais famosa é a Escola Latino Americana de Medicina de Havana, onde os alunos são escolhidos não por mérito e sim por afinidade ideológica. Existe um exame para habilitar este diploma obtido fora do país e, em 2011, dos 782 médicos formados fora do Brasil, apenas 98, ou seja, 12,5% foram aprovados. Apesar destes péssimos índices, muitos destes médicos estão clinicando normalmente em nosso país, graças a medidas judiciais e a uma disposição do próprio governo federal para revalidar diplomas estrangeiros, alegando falta de médicos no país. O CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) divulgou uma nota pública sobre o assunto dizendo que esta avaliação política dos diplomas estrangeiros coloca em risco a saúde da própria população e não soluciona o problema da falta de médicos em algumas regiões do país. Por outro lado, vamos ver a situação dos médicos formados no Brasil. Em 11 de novembro deste ano, a própria CREMESP realizou em São Paulo uma avaliação em todos os formandos em escolas do estado de São Paulo. Dentre os 2.411 participantes, 54,5%, ou seja, 1.311 foram reprovados em um exame tido com básico e fácil, onde a nota de aprovação era de 60% de acertos. O problema é que, todos estes médicos reprovados e sem a mínima condição de exercer a medicina, não tiveram seu registro impedido e estão por aí, clinicando normalmente. Não existe a divulgação dos nomes dos reprovados nem o impedimento legal, ou seja, a medicina está uma bagunça. O Conselho assume que os médicos não tem a mínima condição de clinicar, atestam que as escolas estão formando profissionais incompetentes, mas nada de concreto acontece. Ou seja, estamos num beco sem saída: os médicos estrangeiros são um desastre e mais da metade dos nacionais também. O Brasil já tem 196 cursos de medicina, sendo o segundo país do mundo, só perdendo para a Índia, que tem uma população seis vezes maior. Qual a vantagem em ter inúmeras faculdades formando médicos totalmente despreparados? Acho prudente e urgente que o CFM (Conselho Federal de Medicina), os Conselhos Regionais e o MEC se reúnam e resolvam de uma vez por todas esta situação. É inadmissível e revoltante continuar a formação de médicos sem a mínima condição de exercer a profissão e depois deixá-los cuidar de nossa saúde.
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