quinta-feira, 4 de outubro de 2012


Na margem direita do Sena, Montmartre se debruça sobre Paris. É um lugar que tem sido, há muitos e muitos anos, o cadinho da criatividade e o refúgio dos visionários que têm vindo parar aqui nesta cidade. Dizem que Montmartre foi local sagrado para os druidas. Há traços de dois templos construídos durante a ocupação romana. Um deles dedicado a Mercúrio, o deus do comércio e das viagens e outro dedicado a Marte, o deus da guerra e um dos mais cultuados entre os deuses das forças de ocupação.
Batizado com o sangue de um santo, Montmartre significa, literalmente, "Monte de um mártir". Reza a história da época que São Denis (também conhecido como Dionísio), o bispo de Paris, foi decapitado ali no ano 272” (do artigo “Os Profetas de Montmartre”, de Alamandra),
A história de Montmartre é muito rica e vale a pena ser estudada. Ali nasceram quase todas as escolas de estilo dessa cidade magnífica. Inclusive os Simbolistas, que lideraram um movimento avant-garde em direção ao chamado Art Nouveau, ao Impressionismo e ao Pós-Impressionismo.
A arte ocidental começava a ser influenciada pela arte oriental e a grande tradição dos pintores e seus cavaletes cedeu espaço para outros meios, tais como tecidos, madeira, vidro e litografias. Montmartre colaborou para o amálgama de influências políticas, místicas e artísticas.
É conhecido que muitos nomes famosos se inspiraram em Montmartre, entre eles Van Gogh, Renoir, Matisse, Picasso, e tantos outros. Mas aqui falo de seu lado sublime e esotérico que foi muito bem representado pelo grupo Os Nabis. O que os unia era o credo: “ a simplificação da forma e a exaltação da cor “.
Trabalharam numa grande variedade de materiais acreditando que os acessórios usados no dia a dia das pessoas deviam ter estilo e forma artística. Usavam artifícios tais como margens muito definidas para limitar e centralizar os assuntos do qual tratavam, e os acentuar como expressões da visão do artista, que devia ser sempre mais que uma simples representação agradável. Tinha que ter um sentido.


Um dos mais conhecidos "profetas" foi Ker Xavier Roussel, nascido em 1867 e falecido em 1944. Ele é um excelente exemplo do que foi dito acima e a sua obra que hoje apresentamos, uma litografia, “Ensinando o cão”, nos mostra a influência japonesa, as bordas limitadoras do espaço, as cores bem definidas sem serem agressivas e o tema doméstico, cotidiano, retrato de uma cena comum na vida dos parisienses. A arte tinha que ser isso: retratar a beleza da simplicidade, rezava o credo dos Nabis.
Litografia em quatro cores: preto, verde, castanho e marfim, com 32.5 x 19.2 cm.

Acervo National Gallery of Victoria, Melbourne, Australia

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