RASPADINHAS

20/09/2012 

Hélio Garcia
Falei outro dia sobre a putaria das aposentadorias brasileiras, en passant. É incrível como abóbrinhas brotam aos borbotões neste país de quinta. Terra boa, não? A nova notícia dá conta que o (des)governo federal lançará uma nova loteria instantânea para financiar o pagamento das aposentadorias e pensões que serão concedidas por meio dos, olhem que nominho bonito, Regimes Próprios de Previdência Social, instituídos nos Estados, Municípios e no Distrito Federal.

A raspadinha será implementada logo após o Mistério, ops, Ministério da Fazenda autorizar a modalidade. A CEF vai administrar os bilhetes e o MinPre (mistério, ops, ministério da previdência) ficará responsável pela fiscalização da distribuição dos recursos para os regimes. Aliás, é interessante esse negócio de regime nestas planuras tupiniquins. Normalmente se fala em regime para emagrecer. Neste caso, parece (tenho certeza!) que é mais um regime de engorda (dos apaniguados, naturalmente). Mas continuemos com a notícia. O diretor do DRPSP do MPS (eta petralhada para gostar de siglas) Departamento dos Regimes de Previdência no Serviço Público do Ministério da Previdência Social (ufa!), Otoni Guimarães, argumentou que os sistemas próprios precisam de fontes para seu custeio a fim de reduzir de forma mais ágil o atual déficit, “que é repassado para toda a sociedade”. O Conaprev, mais uma sigla, é o Conselho Nacional dos Dirigentes de Regimes de Previdência no Serviço Público do Brasil. Seria mais justo se se chamasse Cuprev, pois é a retaguarda de todos que está na reta. Esse conselho reiterou os termos previsto em outro projeto de lei que autoriza os Estados e DF a explorarem as loterias, desde que pelo menos 30% dos recursos arrecadados sejam destinados aos regimes próprios.

Segundo o MinPre, a situação atuarial da previdência apresenta, conjuntamente, déficit de R$ 2,6 trilhões. Já lembrei a vocês a cagada operacional da concessão de aposentadoria aos trabalhadores rurais. Aproveito para lembrar mais uma, anterior. O Imperador do Maranhão, Sir Ney, quando presidente, concedeu um salário mínimo aos idosos de mais de 60 anos que não tivessem aposentadoria. Quer dizer, de quem nunca recolheu porra nenhuma. Medida justa, mas não para ser paga pelo caixa da previdência. Mais uma medida de assistência social que deveria ser provida em outra rubrica. Sem contar a grana preta do caixa da previdência que o estadista(?) JK torrou para construir a Novacap (Brasilia). E dizem que a previdência está falida. Depois vocês vão falar que este redator é intolerante e irritadiço com essa cambada de filhos da puta.
Se a coisa pegar, voltaremos aos bons tempos do matagal púbico da Claudia Ohana. As “raspadinhas” é que não vão querer financiar aposentadorias…
(1) Fonte: O Dia

(2) Foto: Perto dessa moçoila,   a fartura de Claudia Ohana, pode ser considerado um relés “matinho”.

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