quinta-feira, 20 de setembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Bizâncio em Veneza: A Basílica de São Marcos (Parte I)



Depois das Procuradorias, do Campanile e da Torre do Relógio, vamos visitar, como dizem os franceses, “à vol d’ oiseau”, a esplêndida, a maravilhosa, a única em seu gênero, a Basílica de São Marcos. Impossível, e vocês sabem muito bem disso, descrever esse tesouro em um dia. Nem nos dois que vou usar...
A Basílica é um verdadeiro monumento pela sua história, pela majestade de sua fachada, por seu interior esplendoroso, laboratório onde durante séculos grandes artistas deixaram sua marca. O caráter bizantino que a distingue é notável também pelos mosaicos que contam a história de São Marcos, assim como episódios do Antigo e do Novo Testamento.


No local onde está esse monumento à criatividade do Homem, havia uma igreja que pertencia ao Palácio dos Doges. Foi destruída em um incêndio após uma revolta popular. Ainda tentaram a reconstrução, mas outra vez foi arrasada pelo fogo. Ainda podemos ver, no interior da basílica, restos dessas construções. 
Foi quando decidiram que mais valia usar o dinheiro da República na construção de uma Basílica. A construção foi iniciada em 1063 e consagrada em 8 de outubro de 1094, quando o corpo de São Marcos, dentro de uma arca em mármore, foi colocado em uma cripta sob o altar-mor (abaixo: mosaicos numa das lunetas externas retratam a chegada do corpo de São Marcos e a veneração do Doge e outras autoridades).


O que faz dela uma igreja bizantina não é somente sua rica decoração, mas a planta em cruz grega: a nave central longitudinal bem maior que os braços transversais, que se dividem em três pequenas naves. Sobre a cruz se apoiam as cinco cúpulas, símbolo da presença de Deus. A planta foi inspirada na Basílica dos Doze Apóstolos, de Constantinopla (atual Istambul). As cúpulas, no século XIII, foram recobertas por cúpulas mais altas, em madeira, revestidas de chumbo, de modo a serem vistas ao longe.


Continuamente acrescida de mármores, colunas e estátuas, sua decoração em mosaicos começou em 1071. É o que torna a basílica muito especial, a qualidade e beleza de seus mosaicos. Nada supera em magnificência arquitetônica a sua variedade. É estonteante. O ouro que serve de fundo para os mosaicos dá unidade ao conjunto, mas não é essa sua única função: é a cor do Divino, imagem da Luz que para os teólogos e padres da Igreja medieval, era o próprio Deus. São 4 240 m2 cobertos pelos mosaicos...
Seu piso é como um grande tapete oriental. Os pedaços de mármore formam figuras geométricas variadas e também animais, pavões, pombos, águias, galos, raposas. Após a conquista de Constantinopla, em 1024, Veneza pode dispor de grande quantidade de pedras, nas mais variadas cores, cada uma carregando seu simbolismo: mármores de muitos tipos, pórfiro vermelho (símbolo do poder imperial), alabastro, jaspe, em estátuas e nas dezenas de colunas que, em sua maioria, apenas ornamentam os vários espaços da basílica.
Para acessar a igreja descemos uma escada... Ela fica, nos últimos dados que li, 23 cm abaixo do solo da praça. Amanhã continuaremos a falar da Basílica. E na semana que vem, do Palácio dos Doges, de seus labirintos, da prisão, da curiosa ponte dos Suspiros e de vários tesouros bizantinos que ainda bem foram saqueados: estivessem em Constantinopla em 1453, talvez não existissem mais...
Deixo a imagem de San Marco e do Leão Alado de Veneza para alegria dos olhos de vocês e alívio de meu coração: fiquei mais de 6 horas sem luz e achei que hoje não teríamos Obra-Prima... Peço desculpas pelo texto descozido, mas nem sei como consegui ainda escrever a tempo... Até amanhã.


Piazza San Marco, Veneza

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