Polícia irá investigar porque policiais trocou tiros com os bandidos em situação com reféns
RIO — A mulher que foi baleada em um tiroteio dentro do Posto de Assistência Médica (PAM) de Coelho Neto, na Zona Norte do Rio, está internada em estado grave. Cláudia Lago de Souza, de 33 anos, está na UTI do Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, onde foi operada no começo da noite de terça-feira.
Cláudia foi ferida enquanto era utilizada como escudo por um bandido em fuga, que invadiu o PAM quando fugia da polícia. Ela estava na unidade para procurar atendimento médico para seu filho de dez anos. Após o tiroteio, o criminoso invadiu uma escola particular e sequestrou um ônibus que levava estudantes em excursão, de onde saltou fugindo para o Morro da Pedreira.
Segundo o comandante do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Rogério Leitão, será instaurado um procedimento para apurar por que um dos policiais trocou tiros com os bandidos dentro do posto de saúde:
— Foi uma questão de momento, mas o ideal é que não se coloque o cidadão em risco. Na hora da ocorrência, é muito difícil fazer uma avaliação rápida. O bandido, sim, foi covarde. Ele entrou no posto, fez reféns e saiu atirando.
A direção do Hospital Estadual Carlos Chagas informou que a cirurgia de Cláudia terminou às 18h40m, quatro horas e meia depois de iniciada. De acordo com os médicos, o projétil entrou pelo abdômen e saiu pela nádega, perfurando e obstruindo o intestino, o reto e o baço da mulher, que sofreu ainda fratura exposta da região sacra.
Dupla havia roubado carro
Segundo a Polícia Militar, o bandido e um comparsa, identificado como Leonardo Carvalho, estavam em um automóvel Gol quando foram surpreendidos por uma viatura do 41º BPM (Irajá) na Avenida Automóvel Clube. Os policiais teriam sentido o cheiro de maconha ao parar do lado do carro. Quando receberam a ordem de encostar, os bandidos fugiram. Os PMs foram em perseguição, e os dois trocaram tiros até que o Gol bateu em uma mureta do lado de fora do PAM de Coelho Neto. Carvalho, de 24 anos, que estava ferido, ficou no carro.
Os policiais cercaram a unidade e foram atacados com disparos. No tiroteio, Cláudia foi feita de escudo humano e acabou baleada. Ela foi atingida no abdômen e socorrida pelos médicos do posto. O bandido ferido também chegou a ser levado para o Hospital Carlos Chagas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. O outro suspeito conseguiu fugir. Ele pulou o muro e invadiu o colégio particular na Rua Barra Mansa, onde um grupo de crianças estava embarcando em um ônibus para uma excursão. O criminoso entrou no veículo e, ameaçando o motorista com uma arma, o obrigou a levá-lo, sem liberar os alunos ou professores, até o Morro da Pedreira. Em um dos acessos à comunidade, ele desceu do veículo e fugiu.
— Fui obrigado a dirigir até a comunidade. Meu medo era de que a polícia viesse atrás e acontecesse um tiroteio. As professoras distraíram as crianças e elas quase não perceberam o que estava acontecendo —contou o motorista Marco Antônio Pereira, de 56 anos.
O caso foi registrado para a 30ª DP (Marechal Hermes). O órgão informou ainda que as consultas no PAM foram interrompidas e serão reagendadas, mas o posto será reaberto normalmente na quinta-feira. Permaneceram no posto médico durante a tarde apenas os funcionários administrativos, que estão prestando informações à PM. A secretaria pede que os pacientes que tenham consultas marcadas para esta terça-feira e a quarta não compareçam à unidade. Eles devem aguardar o contato das equipes do PAM informando a nova data do atendimento.
Em 2011, bandidos em fuga invadiram escola e usaram crianças como escudo
No dia 8 de abril de 2011 dois bandidos invadiram a Escola Municipal Astrogildo Pereira, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, depois de assaltar algumas pessoas na rua do colégio. Os criminosos estavam fugindo e entraram na unidade para se esconder dos policiais.
Os dois estavam desarmados, mas mesmo assim fizeram crianças de escudo. Depois da negociação com os agentes da polícia, eles se entregaram e foram levados para a 34ª DP (Bangu). Alguns alunos ficaram muito nervosos durante a invasão. Em estado de choque, uma professora teve que ser atendida em um hospital.
No dia 15 de fevereiro de 2012, cerca de 50 alunos da Escola Municipal Grandjean Montigny, na Pavuna, entraram em pânico quando três traficantes, que fugiam de uma operação policial no Morro do Chapadão, invadiram o colégio. De acordo com a diretora Vânia de Almeida Brivo, parte dos estudantes — com idades de 4 a 10 anos — estava no pátio, esperando o horário de entrada, quando os bandidos pularam o muro nos fundos da escola. A diretora contou ter levado os alunos e os funcionários para o auditório para protegê-los.
PMs entraram no colégio e, ao vasculhá-lo, detiveram um dos invasores, um menor, com uma mochila cheia de drogas. Os outros dois criminosos, que provavelmente estavam armados, escaparam. A escola, que tem cerca de 700 alunos da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental, fica próxima a uma das entradas do Chapadão. Na hora da invasão, cerca de 30 PMs faziam uma operação na comunidade para prender traficantes que festejavam o aniversário do chefe do bando, Luiz Fernando Nascimento Ferreira.
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