Por:Fabrício Carpinejar e Mário Corso
Não é tão difícil entender a contratação do Fernandão como técnico. Ele entra no vácuo da melancolia: Dorival. O Roth, pelo menos, inspirava uma ojeriza difusa, uma vontade de xingá-lo. Dorival transparecia a modorra feito gente. A grama onde pisava murchava, dando um trabalho extra aos jardineiros.
Fernandão significou a aposta para exorcizar a depressão, a falta de ânimo, um nome para retomar a virilidade que Dorival esqueceu nem sabe aonde, mas que nunca chegou à Porto Alegre. Além disso era a única chance da direção fazer um erro duplo, isso não passa todo dia na frente: improvisar um técnico e queimar um gerente de futebol. Dois coelhos com uma só caixa-d’água, como diria o saudoso Vicente Mateus.
A direção caiu no senso comum do brasileiro, acha que técnico qualquer um pode ser. O engano vai ser visto ao longo do segundo semestre e já começou. Claro que o problema era anímico, que faltava comando fora e dentro de campo. Mas precisávamos prioritariamente dum estrategista não de um motivador de vendas. O Internacional gasta fortunas trazendo os melhores soldados e economiza para pagar o general. Seguramente é o melhor plantel do país, mas que ninguém consegue fazer disso um time. Pior, trazemos alguém de dentro, comprometido emocionalmente – no melhor sentido, são amigos – com atletas que talvez tenham que ir cuidar dos netos. São legendas queridas, que ajudaram muito, mas que é hora de uma mão firme de fora dizer que basta.
A gestão Luigi será conhecida futuramente como o tempo do Banco Imobiliário. Vence quem mais compra e vende. Aliás, é uma direção marcada pelos negócios. A infindável novela da reforma do estádio, agora a briga contra a interdição do estádio, as grandes aquisições internacionais como Diego Fórlan. Se o campeonato brasileiro não fosse de pontos corridos e sim de saldo entre compra e venda estaríamos em primeiro. Janela de contratações existe para os outros clubes, aqui é porta. Jajá é contratado e logo é vendido. Oscar teve larga defesa em tribunal para ser negociado secretamente com Chelsea.
Inter foi escola de futebol até 2010. Hoje é MBA de gestão empresarial. Ocupa mais o caderno de economia do que do esporte.
O torcedor vê o Inter na vitrine mas nunca em campo. É como presente de aniversário onde a caixa gigantesca guarda uma lembrança simbólica.
Fernandão é um capitão improvisado de treinador, um atacante defendendo pênalti. Seu treino é secreto porque não existe treino. Há uma carência de liga emocional entre os jogadores, de entrosamento mínimo, de saída coletiva, de jogada ensaiada. Seus comandados jogam cada um por si, sem antevisão do posicionamento do colega. O colorado é uma cabra-cega pastando no Beira Rio.
E a situação deve se agravar. Se Fernandão não firmava o time com ralas opções, não acertará de modo nenhum com o excesso de ofertas. No Gre-Nal, por pouco não colocou vinte e dois jogadores na partida. Tentou reverter o resultado desfavorável sacando do banco Dagoberto, Dátolo, Rafael Moura…
Quando voltar D`Alessandro do departamento médico, o que ele fará?
Ele não resolverá complexidades pois se complica todo em questões simples. A zaga, por exemplo. Precisava valorizar o sangue novo, como Rodrigo Moledo e Juan, mas insiste em compor a dupla com Bolívar e Índio.
Como provavelmente o Internacional não vai mudar de técnico, nossa previsão para o torcedor no segundo semestre:
- Você se aproximará da esposa como nunca antes e assistirá comédias românticas no final de semana.
- Não perderá nenhum tema de seus filhos.
- Reencontrará amigos do colégio.
- Conversará mais com a sogra.
- Cogitará se tornar síndico.
- Não perderá nenhum tema de seus filhos.
- Reencontrará amigos do colégio.
- Conversará mais com a sogra.
- Cogitará se tornar síndico.
Porque da poltrona da TV ou do estádio, o fanático desejará distância. Bom, para não alardear que somos pessimistas, acho que uma vaga para a Copa Sul-Americana sai.
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