Internacional
José Antonio Lima
Oriente Médio
27.08.2012 11:01
Acuado pelas sanções e pressão pública dos Estados Unidos e da União Europeia por conta de seu programa nuclear, o Irã encontrou um caminho inusitado para tentar furar o cerco das potências ocidentais. Teerã quer ressuscitar o prestígio do Movimento dos Países Não Alinhados (MNA), criado no auge da Guerra Fria, mas hoje insignificante, para legitimar suas pesquisas atômicas e contrapor o que chama de “política de intimidação” de Washington.
Na estratégia iraniana, esta semana é decisiva. O país sedia a conferência de chefes de Estado do MNA como presidente rotativo da instituição (posto assumido no domingo 26) e receberá em seu território representantes dos 120 membros do MNA, muitos deles chefes de Estado, e de outros 17 observadores, incluindo o Brasil. Diversos locais de Teerã receberam novas pinturas, moradores de rua foram removidos e a cidade terá cinco feriados entre 28 de agosto e 1º de setembro para facilitar o deslocamento das autoridades. A intenção do Irã é impressionar, para buscar seus dois objetivos na conferência: abrir caminhos para romper o isolamento econômico imposto pelas duras sanções ocidentais e moldar o discurso e as causas dos não alinhados a seus interesses particulares.
No campo econômico, a estratégia do Irã será criar parcerias com o “Terceiro Mundo”. O país pretende abrir setores de sua economia para investidores estrangeiros e oferecer ajuda a nações menos desenvolvidas. Segundo afirmou o ministro da Indústria do Irã, Mehdi Ghazanfari, à agência Mehr, os participantes da conferência serão apresentados ao potencial mineral, econômico e industrial do Irã e receberão ofertas para a realização de parcerias técnicas e no campo da engenharia. Não devem faltar interessados. Durante a semana, o secretário do Ministério do Exterior do Paquistão, Munawar Saeed Bhatti, afirmou que as sanções internacionais não podem impedir a cooperação econômica entre os países do MNA.
No campo político, o Irã fará um lobby também intenso. A intenção do país, como afirmou o ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, é “pavimentar o caminho para a expansão das causas da República Islâmica”. Para isso, o país pretende transformar a conferência no “ponto de virada” na história do MNA, fazendo da hoje inócua organização um fórum respeitado internacionalmente.
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