segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Carlos Brickmann: inabilidade do governo em lidar com a onda de greves de funcionários levou a uma situação de perde-perde



Policiais em greve fazem protesto (Foto: Futura Press / AE)
Policiais federais em greve fazem protesto: pode ou não pode? (Foto: Futura Press / AE)
DIREITO À GREVE, DIREITO AO SERVIÇO
Vamos, juntos, imaginar o avanço das tropas aliadas na Alemanha, nos dias finais da Segunda Guerra Mundial. Num determinado momento, o Conselho da Tropa informa que os soldados entraram em greve por aumento salarial e só retornarão aos combates depois que suas reivindicações forem atendidas.
Pode ou não pode?
Pulemos algumas décadas, troquemos o Norte pelo Sul e veremos que agentes federais entraram em greve por aumento salarial, suspenderam o policiamento das fronteiras e colaram cartazes nos pontos de entrada do Brasil informando a contrabandistas e narcotraficantes que podem trabalhar à vontade, pois não serão reprimidos.
Pode ou não pode?
A inabilidade do governo federal, que não se mexeu até a situação chegar a este ponto, levou o país a uma situação de perde-perde: se der o aumento pedido pelos funcionários em greve, não terá como pagá-los; se não der o aumento, a greve continuará gerando problemas insolúveis.
Já há falta de remédios, por causa da greve da Anvisa; já há indústrias com problemas, por falta de componentes importados; as exportações também sofrem, porque estradas e aeroportos, que já não são lá essas coisas, funcionam ainda pior do que antes. Negociação? É com o mesmo pessoal que viu as universidades federais fecharem por três meses e não conseguiu negociar com os professores.
E que é que o governo propõe?
Depende: até agora, pagou direitinho o salário de quem não trabalhou. Hoje ameaça demiti-los. Vai da moleza ao confronto sem passar pela negociação.

Prepare seu coração
Prepare-se: a coisa vai piorar (Foto: Marcelo Camargo / ABr)
Prepare-se: a coisa vai piorar (Foto: Marcelo Camargo / ABr)
Os funcionários em greve rejeitaram até agora as propostas do governo. Isso significa que estradas federais, postos de fronteira, aeroportos, fiscalização de importações e exportações, todos esses setores vão piorar, jogados às traças.

Tensão capital
Só isso? Não: o Movimento dos Sem-Terra resolveu promover manifestações em Brasília, o que obrigou a presidente Dilma Rousseff a deixar o Palácio do Planalto pela porta dos fundos, com a segurança em alerta total.

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