Meu grande amigo John vai casar-se em breve com seu parceiro Gary. Semana passada, o casal comemorou a “Stag Night”, que corresponde à nossa despedida de solteiro. A farra foi em Manchester, e eu ainda não acredito que a perdi...
Desde os nossos tempos de mestrado em Nottingham, escuto John falar sobre o sonho de ser pai. Agora que encontrou o parceiro para a vida, seus planos imediatos se resumem ao reconhecimento do direito pela Justiça.
Aqui na Inglaterra, a adoção de crianças por casais gays, como no caso de John e Gary, vem-se tornando cada vez mais comum. O fato, garantem especialistas, contribuiu para o aumento de 6% no número de adoções no ano passado: quase cinco mil, de acordo com as estatísticas do Governo.
Ainda assim, segundo a British Association for Adoption & Fostering, existem hoje mais de 4 mil crianças em todo o Reino Unido à espera de adoção. A maioria delas, na faixa dos meses de vida até os 4 anos de idade.
Graças à política de incentivo à adoção do Governo inglês, dois terços dessas crianças já estarão integradas a uma família antes de apagar as velas do quinto aniversário.
Por aqui, o único pré-requisito para adotar uma criança é ser maior de 21 anos e ter condições de proporcionar-lhe uma vida estável e amorosa.
As condicões financeiras não constituem grande problema, nem excluem um candidato mais carente, já que o Governo oferece benefícios para aqueles que, por exemplo, ainda não possuem casa própria.
Também não há uma idade limite para tornar-se pai ou mãe adotivos. O importante é demonstrar vontade, e, obviamente, ter saúde e energia para poder cuidar da criança, condições avaliadas em um check-up médico logo no início do processo.
Desde o primeiro contato com a agência de adoção, passando pelas visitas dos assistentes sociais, até à decisão final da Justiça, meus amigos devem esperar coisa de oito meses.
Para eles, tempo demais; não para muitos estrangeiros que vivem aqui, quase unânimes em considerar o processo de adoção inglês um exemplo de agilidade e eficiência.
Enquanto os dois se preocupam com a papelada e tentam administrar a ansiedade, só consigo pensar que serei “titia” muito em breve…
Mariana Caminha é formada em Letras pela UnB e em jornalismo pelo UniCEUB. Fez mestrado em Televisão na Nottingham Trent University, Inglaterra. Casada, mora em Londres, de onde passa a escrever para o Blog do Noblat sempre às segundas-feiras. Publicou, em 2007, o livro Mari na Inglaterra - Como estudar na ilha...e se divertir
Nenhum comentário:
Postar um comentário