MEDO
Em Caxias do Sul (RS), as pessoas correram
aos postos para tomar a vacina
Números do Ministério da Saúde estão revelando uma situação preocupante. O H1N1, vírus causador da gripe suína – também conhecida como gripe A – voltou a atacar com força no País neste ano. No boletim divulgado na última quinta-feira 26, o Brasil já contabilizava, em 2012, 210 mortes provocadas pela doença. O número é sete vezes superior ao registrado durante todo o ano passado (30 óbitos). As mortes não estão distribuídas igualmente pelo País. O maior índice está na Região Sul, responsável por 65% dos casos. Também há uma rápida evolução em alguns Estados. Em São Paulo, o total de mortos dobrou nos últimos 18 dias. Pulou de 14 para 29.
Governo e especialistas descartam a ocorrência de uma epidemia nos moldes da que ocorreu em 2009, ano em que o H1N1 aterrorizou o mundo e, no Brasil, fez mais de dois mil mortos. De fato, é preciso se acostumar com a ideia de que o vírus chegou para ficar. “Vamos assistir à volta do H1N1 sempre. É assim que o vírus de qualquer gripe funciona”, diz João Toniolo Neto, diretor do projeto Vigilância Epidemiológica da Gripe, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mas o índice elevado de mortes deixa claro que falhas importantes estão ocorrendo no esquema de prevenção criado pelo Ministério da Saúde a partir das normas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. O programa prevê campanhas de prevenção, disponibilização da vacina a grupos mais vulneráveis (gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas, entre eles) e acesso ao osetalmivir (nome comercial Tamiflu), antiviral que combate o H1N1 e outros vírus da gripe.
No entanto, o que se observa neste ano é um relaxamento em relação às medidas preventivas que devem ser adotadas no dia a dia (proteger com lenços a boca e o nariz ao tossir e espirrar, por exemplo) e também no que diz respeito à vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, em muitas das cidades que estão enfrentando os surtos o índice de pessoas que deveriam se vacinar ficou abaixo do ideal. Ou seja, parte de quem obrigatoriamente necessita estar protegido não está. Além disso, segundo médicos, também há óbito entre os que não integram os grupos mais vulneráveis e, portanto, não são orientados oficialmente a tomar a vacina. “Boa parte dos óbitos é de adultos jovens”, afirma a infectologista Nancy Bellei, da Unifesp. “Vemos maior circulação do vírus nessa faixa etária.”
É por essa razão que especialistas defendem que a vacina seja dada também a essa população. Outra demanda é que se dê maior atenção para os Estados mais atingidos. “A Região Sul precisa ter uma campanha de vacinação que atenda à maior parte da população”, diz a médica Maria Rita Passos, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (RS), instituição referência no tratamento da gripe A.
Governo e especialistas descartam a ocorrência de uma epidemia nos moldes da que ocorreu em 2009, ano em que o H1N1 aterrorizou o mundo e, no Brasil, fez mais de dois mil mortos. De fato, é preciso se acostumar com a ideia de que o vírus chegou para ficar. “Vamos assistir à volta do H1N1 sempre. É assim que o vírus de qualquer gripe funciona”, diz João Toniolo Neto, diretor do projeto Vigilância Epidemiológica da Gripe, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mas o índice elevado de mortes deixa claro que falhas importantes estão ocorrendo no esquema de prevenção criado pelo Ministério da Saúde a partir das normas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde. O programa prevê campanhas de prevenção, disponibilização da vacina a grupos mais vulneráveis (gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas, entre eles) e acesso ao osetalmivir (nome comercial Tamiflu), antiviral que combate o H1N1 e outros vírus da gripe.
No entanto, o que se observa neste ano é um relaxamento em relação às medidas preventivas que devem ser adotadas no dia a dia (proteger com lenços a boca e o nariz ao tossir e espirrar, por exemplo) e também no que diz respeito à vacinação. De acordo com o Ministério da Saúde, em muitas das cidades que estão enfrentando os surtos o índice de pessoas que deveriam se vacinar ficou abaixo do ideal. Ou seja, parte de quem obrigatoriamente necessita estar protegido não está. Além disso, segundo médicos, também há óbito entre os que não integram os grupos mais vulneráveis e, portanto, não são orientados oficialmente a tomar a vacina. “Boa parte dos óbitos é de adultos jovens”, afirma a infectologista Nancy Bellei, da Unifesp. “Vemos maior circulação do vírus nessa faixa etária.”
É por essa razão que especialistas defendem que a vacina seja dada também a essa população. Outra demanda é que se dê maior atenção para os Estados mais atingidos. “A Região Sul precisa ter uma campanha de vacinação que atenda à maior parte da população”, diz a médica Maria Rita Passos, do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre (RS), instituição referência no tratamento da gripe A.
No Sul do País, além das baixas temperaturas, que incentivam as pessoas a ficarem em lugares fechados, tornando-as mais suscetíveis à contaminação, a maioria dos óbitos foi em casos de pacientes que receberam o remédio tarde demais. “As pessoas até vão para o hospital, mas voltam para a casa sem o osetalmivir”, diz Maria Rita. Infelizmente, trata-se de um problema frequente em todo o País, grande parte em razão de uma herança do ano da pandemia, em 2009. Naquela ocasião, como o mundo ainda tentava entender como funcionava tanto o H1N1 quanto o Tamiflu, a recomendação era a de que a medicação fosse prescrita com moderação. Temia-se que, se a droga fosse ministrada sem cautela, o vírus poderia se tornar resistente à única arma eficaz contra ele. Três anos depois, porém, o medo se mostra infundado. “Por isso, o medicamento deve ser administrado o mais rápido possível”, afirma Jarbas Barbosa, coordenador da Secretaria de Vigilância em Saúde, ligada ao Ministério da Saúde.
Hoje, orienta-se o fornecimento de Tamiflu para as pessoas que apresentarem febre, falta de ar e tosse, mesmo sem a comprovação de ocorrência de gripe A. Essa é uma das principais mudanças estabelecidas pelo Protocolo de Tratamento do Influenza, emitido pelo Ministério da Saúde em 2011. O problema é que a informação ainda não está disseminada nas unidades básicas de saúde, normalmente a primeira porta de atendimento dos casos. “Ainda há uma resistência quanto à administração do medicamento”, lamenta Maria Rita.
As consequências da falta de tratamento imediato podem ser terríveis. A própria Maria Rita lembra, por exemplo, do caso de uma criança da qual cuidou. Ela havia sido atendida em outro local, mas foi para casa sem o remédio. Três horas depois chegou ao hospital onde a médica trabalha. Seu estado era tão grave que foi encaminhada diretamente para a UTI. A analista técnica gaúcha Andrea Guerreiro, 42 anos, felizmente teve outra experiência. Ela recebeu o medicamento assim que chegou ao hospital, sem nem mesmo fazer o exame que comprova a infecção pelo H1N1. “Fui atendida em duas horas e saí com o osetalmivir na mão”, diz ela, hoje já recuperada.
Hoje, orienta-se o fornecimento de Tamiflu para as pessoas que apresentarem febre, falta de ar e tosse, mesmo sem a comprovação de ocorrência de gripe A. Essa é uma das principais mudanças estabelecidas pelo Protocolo de Tratamento do Influenza, emitido pelo Ministério da Saúde em 2011. O problema é que a informação ainda não está disseminada nas unidades básicas de saúde, normalmente a primeira porta de atendimento dos casos. “Ainda há uma resistência quanto à administração do medicamento”, lamenta Maria Rita.
As consequências da falta de tratamento imediato podem ser terríveis. A própria Maria Rita lembra, por exemplo, do caso de uma criança da qual cuidou. Ela havia sido atendida em outro local, mas foi para casa sem o remédio. Três horas depois chegou ao hospital onde a médica trabalha. Seu estado era tão grave que foi encaminhada diretamente para a UTI. A analista técnica gaúcha Andrea Guerreiro, 42 anos, felizmente teve outra experiência. Ela recebeu o medicamento assim que chegou ao hospital, sem nem mesmo fazer o exame que comprova a infecção pelo H1N1. “Fui atendida em duas horas e saí com o osetalmivir na mão”, diz ela, hoje já recuperada.
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