http://escritorluiznazario.wordpress.com/2014/08/30/artistas-boicotadores-de-israel/
Politicamente, os 55 artistas que exigem da Fundação Bienal de São Paulo a retirada do apoio que Israel deu ao evento em sua 31ª edição, para a qual foram selecionados, estão mais atrasados que o Anão Diplomático, que já autorizou o retorno de seu embaixador a Tel-Aviv, após as tão “necessárias” consultas empreendidas durante o conflito provocado pelos terroristas do Hamas em Gaza.
Numa Carta Aberta à Fundação Bienal, eles escrevem que “ao aceitar esse financiamento [não especificado no texto], o nosso trabalho artístico exibido na exposição é prejudicado [sic] e, implicitamente, usado para legitimar agressões e violação do direito internacional e dos direitos humanos em curso em Israel [sic]“. Ou seja, o “dinheiro sujo” de Israel prejudica o trabalho e corrompe as boas intenções desses artistas puros…
Puros de alma como os “cristãos velhos de sangue limpo” e os “arianos de sangue puro”, eles recaem na noção mística primitiva aplicada aos judeus pela Inquisição e revivida pelo Nazismo, segundo a qual os judeus são os “contaminadores” do mundo.
Os artistas boicotadores de Israel seguem igualmente os métodos que os nazistas inauguraram em 1933 nos chamados Boicotes aos Judeus, com a diferença de que hoje essas práticas antipáticas da extrema-direita são redimensionadas para um movimento cool e pós-moderno: o Boicote ao Estado Judeu, também chamado de BDS (Boycotts, Divestment and Sanctions against Israel), articulado pelos militantes palestinos.
Como que dotados de um faro apurado de cães de caça, os artistas engajados no BDS detectaram que “a Fundação Bienal de São Paulo aceitou dinheiro do Estado de Israel” e apontaram seus dedos duros: “o logo do Consulado de Israel aparece no pavilhão da Bienal, em suas publicações e em seu website”. Oh!
Selecionados por uma Bienal que descobrem estar assim “contaminada pelo dinheiro de Israel”, os 55 artistas ingratos (incluindo eventuais judeus que desprezam seu povo) exigem agora, num ultimátum, que aquela Fundação “amiga de Israel” escolha: ou ela devolve o que recebeu de Israel, ou eles retiram suas obras da exposição. Como são importantes!
Tivessem coerência ideológica, e não quisessem de fato expor seus trabalhos dentro de uma Bienal “amiga de Israel” para “legitimar” com suas obras ditas artísticas “agressões e violação do direito internacional e dos direitos humanos”, de que culpam exclusivamente o Estado Judeu, como bode expiatório do mundo assim “purificado” por um ódio que se quer universal, eles é que simplesmente se retirariam do evento.
Poderiam então montar uma Bienal paralela de protesto, para a qual certamente encontrariam generoso financiamento das ditaduras do Oriente Médio que exterminam homossexuais, lapidam mulheres e usam crianças como carne de canhão. Esse apoio não prejudicaria em nada seus trabalhos sensíveis apenas ao contato com o “maldito” Estado de Israel.
Mas isso logo não lhes bastaria, pois o que esses artistas querem mesmo é perseguir Israel: “Rejeitamos a tentativa de Israel de se normalizar dentro do contexto de um grande evento cultural internacional no Brasil”, afirmam delirantes, querendo que o mundo pregue no peito do Estado Judeu uma enorme estrela amarela.
Com empáfia, os artistas boicotadores de Israel demonstram odiar esse Estado acima de todos os outros, sobre os quais não veem pesar quaisquer “agressões e violação do direito internacional e dos direitos humanos”, incluindo o Brasil entre os Estados campeões da Justiça da chamada “comunidade internacional”.
Não convém lembrar os 50 mil assassinatos anuais que ocorrem no país-sede da Bienal, recriminado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos pelo desrespeito aos indígenas em Belo Monte e pela ONU por toda a barbárie reinante em seus presídios superlotados, verdadeiras masmorras medievais, segundo o próprio Ministro da Justiça do atual governo, que nada faz para mudar a situação.
Os artistas alérgicos ao “dinheiro do Estado Judeu” não são afetados com os prêmios, apoios, bolsas e pagamentos que recebem de seus e de outros Estados violadores dos Direitos Humanos. Só um Estado os incomoda no mundo. “Israel é a nossa infelicidade”, pensam com amargura os 55 paladinos da ética ao se juntar, para aliviar seus corações, ao que há de mais retrógrado e de podre no mundo atual.
FONTE DAS FRASES CITADAS
FILHO. Celso. Em carta aberta, artistas repudiam apoio de Israel à Bienal de São Paulo. O Estado de S. Paulo, 29 Agosto 2014. Disponível em: http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,em-carta-aberta-artistas-repudiam-apoio-de-israel-a-bienal-de-sao-paulo,1551594.
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