sexta-feira, 5 de setembro de 2014

OBRA-PRIMA DO DIA (ENGENHARIA) A Co-Catedral da Ordem dos Cavaleiros de Malta


Valletta, capital da ilha de Malta, deve sua existência aos Cavaleiros de São João que a planejaram como refúgio para os cruzados feridos e peregrinos desamparados durante as Cruzadas do século XVI.  Antes da chegada dos Cruzados, o Monte Sceberras, onde se ergue Valleta, era uma faixa estreita e árida de terra entre duas enseadas.


No início do século XVI havia uma única edificação: uma pequena torre de vigia chamada Sant'Elmo. Juntos, o Grande Mestre da Ordem, La Valette, o Papa Pio V e Felipe II de Espanha, decidiram que era necessário providenciar defesas adequadas para que os Cavaleiros da Ordem de São João não perdessem aquele importante posto avançado no Mediterrâneo.
Os trabalhos para a criação dos primeiros bastiões começaram em março de 1566. Só depois disso, foi possível prosseguir com os mais importantes edifícios: a Sacra Enfermaria, o Palácio Magisterial, os Sete Albergues ou Pousadas para Abrigo dos Cavaleiros e a Igreja de São João.



A nova cidade, com seus bastiões seguros e fossos profundos, tornou-se uma fortaleza de importância estratégica. As ruas da cidade, planejadas com a defesa em mente, têm uma planta algo irregular: algumas descem tanto mais inclinadas quanto mais próximas da ponta da península. As escadas em certas ruas não têm as dimensóes normais já que foram criadas para permitir que os cavaleiros, em suas armaduras, pudessem subir seus degraus. Acima, rua típica de Valletta.



Dentre seus belos edifícios, o mais imponente e importante é a Igreja de São João (acima), mais conhecida como Co-Catedral de S. João, construída entre 1573 e 1578. Incumbida pelo Grão-Mestre Jean de la Cassière em 1572 como igreja conventual da Ordem dos Cavaleiros de S. João do Hospital - conhecidos como Hospitalários ou Cavaleiros de Malta - a Igreja foi desenhada pelo arquiteto militar maltês Gerolamo Cassar que delineou alguns dos edifícios mais proeminentes de Valetta.

A catedral é uma joia. Conhecida como o primeiro exemplo perfeito do estilo Barroco, ela define claramente o papel espiritual e militar de seus patronos.



Nas paredes desenhos esculpidos em suas pedras; no teto em abóbada e nos altares laterais as pinturas referem-se à vida de São João. A nave central, com afrescos de Mattia Preti é, por si só, uma obra-prima.



Tendo sido o local do sepultamento de vários príncipes europeus, o chão da catedral é pavimentado com mais de 300 lápides em mármore.



Entre seus tesouros está o famoso quadro de Caravaggio sobre a decapitação de São João (abaixo). É o maior quadro do artista (3m65 x 5m18) e o único que ele assinou. Considerada a sua obra mais importante, Caravaggio colocou na tela o momento no qual São João é decapitado a mando do rei Herodes para satisfazer o pedido lúbrico da dançarina Salomé. A cena trágica se passa no pátio de uma prisão e é observada por dois prisioneiros através de uma grade, enquanto uma jovem e um velho estão a postos com uma bandeja nas mãos à espera da cabeça cortada. O sangue escorre do pescoço de São João para a borda da tela e foi no sangue que Caravaggio assinou seu nome.




Igreja Conventual da Ordem de São João do HospitalValletta, Malta

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