A Coluna de Trajano foi erguida para comemorar a conquista da Dácia (território às margens do Danúbio, hoje Romênia), uma grande vitória do Imperador Trajano. Em ordem absolutamente cronológica, estão esculpidas na coluna as diversas etapas da guerra.
Esse tipo de coluna, criado pelos romanos que o chamaram de “coclide” (nome que se origina na palavra “chioccola”, caracol) tem as seguintes características: o fusto (ou corpo) é composto por 18 blocos em mármore de Carrara e é decorado por uma frisa contínua em baixo-relevo, com 200 metros de comprimento, e que o envolve em espiral até o topo.
No interior, oco, uma escada espiralada de 185 degraus, com 43 pequenas aberturas por onde passam luz e ar, leva ao topo e ao capitel, que conclui a decoração. Originalmente a estátua em bronze de Trajano reinava em sua coluna. Mas em 1588 o papa Sixto V, mandou retirar a estátua do Imperador e fez colocar no lugar uma estátua de São Pedro, também em bronze.
A localização da coluna pôs à prova a engenhosidade dos romanos: como fica num pequeno pátio nos fundos da Basílica Ulpia, entre o que se supõe fossem duas bibliotecas, ali ergueram uma galeria aberta para facilitar a visão dos baixos-relevos.
Para ler toda a história o visitante pode contornar a coluna por essa galeria ou, se quiser, e aí mais uma vez impressiona a extraordinária criatividade dos escultores, pode ficar parado e seguir uma ordem vertical, posto que a sobreposição das cenas obedece a uma lógica coerente. (É recomendável o uso de binóculos).
Em nossos dias, a vida do pesquisador interessado está muito facilitada: moldes numerados, em gesso, de toda a frisa, podem ser examinados com conforto e boa visibilidade no Museu da Civilização Romana, em Roma. Curiosidade: esses moldes foram mandados fazer por Napoleão III, em 1861. Há outros moldes, em museus de Londres e Bucareste.
Abaixo, foto do relevo número 16 que retrata um posto avançado do exército romano:
A Coluna Trajano foi uma novidade absoluta na Arte Antiga e tornou-se um ponto de vanguarda na história da escultura romana.
Pela primeira vez na arte daquele povo nascia uma expressão artística totalmente original, em todos os aspectos, apesar de culturalmente ser uma continuação do rico passado artístico das culturas mediterrâneas.
Inaugurada em 12 de maio de 113, conforme inscrição em sua base, com os episódios que apresenta talvez baseados nos “Comentários” de Trajano (infelizmente desaparecidos), uma de suas funções seria, pelo menos assim contam os registros da época, guardar as cinzas de Trajano após sua morte.
Mas seu objetivo mais importante era marcar os feitos militares do Imperador, para que ele ficasse para sempre conhecido como grande comandante.
A Coluna de Aureliano, inspirada na de Trajano, da qual falaremos amanhã, relata cenas de barbárie por parte do inimigo e dos soldados romanos; já a de Trajano mostra um exército romano organizado e sob as ordens do Imperador, clemente com os perdedores.
Apesar da destruição do Foro Trajano, a coluna sobreviveu no local onde foi erguida. Um documento do Senado Romano, de 1162, faz da Coluna Trajano propriedade pública e proíbe qualquer dano ao monumento.
Foro Trajano, Roma, Itália
Nenhum comentário:
Postar um comentário