sábado, 17 de novembro de 2012

Movimentação de Israel assemelha-se a operação de 2008



Para a agência de análise geopolítica Stratfor, eventual incursão terrestre seria semelhante a que foi realizada quatro anos atrás

Confrontos entre palestinos e israelenses em Gaza
Confrontos entre palestinos e israelenses em Gaza (Mohamad Torokman / Reuters)
Desde quarta-feira, as forças aéreas de Israel continuam a bombardear alvos na Faixa de Gaza, em represália aos foguetes lançados pelo grupo terrorista palestino Hamas contra os israelenses. No entanto, até agora, as forças terrestres ainda não fizeram um incursão no território palestino, apesar da mobilização de milhares de reservistas. Há quatro anos, a operação israelense 'Chumbo Fundido' também começou com ataques aéreos semelhantes aos desta semana. Depois, houve a invasão terrestre.
Os ares de déjà vu da nova operação, chamada 'Pilar de Defesa', levaram a agência de análise geopolítica Stratfor a avaliar a probabilidade de uma nova invasão por terra. “Se a campanha aérea se transformará em um ataque terrestre vai depender em grande parte da missão que o Exército israelense está tentando cumprir”, diz o artigo. Declarações oficiais do Exército de Israel já enfatizaram que seu objetivo é conter a habilidade dos militantes de Gaza de atacar os israelenses com foguetes - particularmente os novos Fajr-5, de longo alcance. A missão era a mesma durante a Operação Chumbo Fundido, e, segundo a Stratfor, uma análise de como ela se desenrolou pode dar pistas do que está por vir.

A operação 'Chumbo Fundido' pode ser separada em duas fases distintas: uma feita pelo ar e outra por terra. A fase de ataques aéreos durou cerca de uma semana e tinha como alvo rotas de contrabando de foguetes, locais de armazenamento de mísseis e posições de tiro. Essa estratégia é muito semelhante à que o Exército está seguindo agora, de acordo com a avaliação da Stratfor. A segunda fase, por terra, consistiu na invasão de territórios palestinos, a fim de bloquear a passagem de suprimentos e informações logísticas de membros do Hamas em direção a Gaza. As forças israelenses também entraram em regiões estratégicas da cidade de Gaza, especialmente áreas rurais, a fim de isolar a região e desmantelar pontos de lançamentos de mísseis e estruturas de comando do Hamas. Israel não se aventurou em grandes centros populacionais para evitar mais mortes e danos à estrutura urbana das cidades. Alguns ataques aéreos ainda foram realizados simultaneamente, para reforçar a fronteira entre Gaza e Egito, onde está localizada a rota estratégica de Philadelphi - que liga o território palestino ao Sinai egípcio e serve para abastecer as milícias de armas e foguetes.

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Uma eventual incursão terrestre agora seria muito parecida à operação de 2008 em termos táticos, diz a Stratfor, já que a invasão foi considerada um sucesso, e a missão do Exército continua a mesma. Mas há algumas diferenças importantes, pondera. Em 2008, as forças israelenses receberam uma ajuda crucial do Egito para bloquear a fronteira com Gaza, o que será muito mais difícil desta vez, já que o governo egípcio possui ligações muito mais fortes com o grupo terrorista Hamas e os palestinos. Israel teria que ocupar a fronteira entre Gaza e Egito - pois os ataques aéreos não seriam suficientes para bloquear a região -, expandindo as medidas tomadas em 2008 e podendo ainda criar um mal-estar com as forças egípcias. Além disso, atualmente, os novos Fajr-5 têm capacidade de alcance muito maior do que os mísseis de quatro anos atrás, fazendo com que uma mobilização maior de militares seja necessária. Também deve ser considerado que os militantes palestinos podem ter aprendido com seus erros durante a operação anterior e tomado medidas mais avançadas para reagir aos ataques de Israel. A poucos meses das eleições gerais no país, o premiê Benjamin Netanyahu está claramente em posição delicada.
Sobre a estratégia do Hamas, a agência considera que ter Jerusalém como alvo é uma manobra “extremamente arriscada”. “É que as realidades geográficas do Oriente Médio colidem verdadeiramente: uma rajada de vento pode significar a diferença entre um ataque direto a um prédio do governo israelense, a um bairro palestino ou a um local sagrado islâmico”.

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