Jorge Bastos Moreno, O Globo
Quando o ministro Lewandowski levantou-se da cadeira e saiu da sessão em protesto contra o relator Joaquim Barbosa, a comunidade jurídica do país pensou estar diante, novamente, de um gesto de ousadia e coragem que marcou a história da Suprema Corte e do próprio país: ao ver o STF aprovar, contra um único voto, o seu, a lei de censura prévia, o então ministro Adauto Lúcio Cardoso, numa encenação cinematográfica, levantou-se da cadeira, arrancou a toga e a jogou no meio do plenário, como o pantaneiro costuma fazer com as redes de pescar, às margens do Rio Cuiabá. E nunca mais voltou.
Mas Lewandowski não fez isso. Prevalece, portanto, ainda, na literatura jurídica do país, o vaticínio do mestre Evandro Lins e Silva, no livro-depoimento “O salão dos passos perdidos”: “A verdade, parece-me, é que a atitude do ministro Adauto Lúcio Cardoso foi única, continua única, e provavelmente nunca se repetirá”.
Lewandowski saiu, mas se esqueceu de não voltar.
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