sábado, 17 de novembro de 2012

Duas histórias de derrotas eleitorais



Carla Kreefft
Sempre no fim de uma eleição, é natural que os vitoriosos ocupem espaço na mídia, falem de seus planos e avaliem os motivos que asseguram suas vitórias. Não há nada de errado nisso. O eleitor tem uma curiosidade sobre os eleitos que merece atenção.
O que não é muito comum é ver na mídia espaço para os derrotados. Mas é preciso ressaltar que, muitas vezes, a derrota pode ser mais significativa do que uma vitória.
Considerando as eleições de outubro deste ano, há derrotas que merecem alguma atenção. São Paulo e Belo Horizonte são locais em que o resultado das urnas aponta para duas situações diferentes. Na capital paulista, a derrota de José Serra (PSDB) para Fernando Haddad (PT) tem mais peso para a pessoa do que para o partido. Serra foi vencido por Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência da República, em 2002. O tucano voltou a ser derrotado em 2010 concorrendo com Dilma Rousseff (PT), a candidata de Lula. E, agora, na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o candidato apadrinhado por Lula, o ex-ministro Fernando Haddad (PT), vence Serra.
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RENOVAÇÃO
A incapacidade do tucano de abater seu maior rival ficou evidente, o que levou à necessidade de algumas lideranças do PSDB falarem em renovação, como o senador Aécio Neves e o deputado federal Sérgio Guerra, que comanda a sigla nacionalmente. Mas, na verdade, o PSDB não tem um discurso envelhecido. Ao contrário, o partido demonstra um certo vigor ao puxar para si a bandeira da ética em face da complicada situação do PT com o mensalão. Os tucanos também buscam consolidar uma imagem de bons gestores. E, embora os dois caminhos não estejam consolidados, são boas opções eleitorais.
Já José Serra não deverá ter pela frente muitas oportunidades mais, pelo menos no Executivo. Um futuro mandato de senador em 2014 talvez seja a melhor oportunidade para o paulista. Ou seja, ele perdeu muito mais do que o seu partido.
Em Belo Horizonte, a derrota de Patrus Ananias diante de Marcio Lacerda (PSB) foi pesada. O partido deixa a prefeitura depois de 20 anos e de duas eleições atrapalhadas e, agora, carrega muito mais o gosto amargo do fracasso. Até 2008, Belo Horizonte era a capital em que o PT navegava com mais tranquilidade. Mas uma aliança complicada conduziu à prefeitura um socialista cercado pelo PT e PSDB. Em 2012, PSB e PSDB ficaram, e o PT saiu.
Não seria demais afirmar que o partido caminhou para a sua própria derrota. Já Patrus Ananias, que foi escolhido como candidato na última hora, mostrou ser um homem devotado ao partido e que tem boa aceitação popular. A sua candidatura ajudou a reunificar a legenda que, certamente, saiu muito mais combalida do que ele.

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