Roberto Monteiro Pinho
De acordo com os dados divulgados no dia 29 de outubro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os tribunais brasileiros resolveram 26 milhões de ações em 2011, o mesmo volume de processos que ingressaram ao longo do ano, o que indica crescimento de 7,4% em relação a 2010. Analisando o Relatório, se conclui que o aumento continua insuficiente para reduzir o estoque de casos pendentes na Justiça. O principal motivo é o aumento da demanda, que só no ano passado o número de casos novos subiu 8,8%, atingindo quase 90 milhões.
Essa é a oitava edição do Relatório, iniciado em 2006, e apresenta diagnóstico dos diversos seguimentos da Justiça brasileira, com indicadores sobre demanda, produtividade, pessoal e despesas. O levantamento feito pelo CNJ revela que a maior causa de morosidade que atravanca a celeridade processual, é a quantidade de execuções de títulos extrajudiciais fiscais – correspondentes a 35% do total de processos que tramitaram na 1ª instância em 2011, apresentando taxa de congestionamento de 90%.
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INSS NA LIDERANÇA
INSS NA LIDERANÇA
Na Justiça Federal, na qual tramitam processos envolvendo empresas e órgãos federais, a liderança cabe ao INSS, com 34,35% dos processos, ante 12,89% ligados à Fazenda Nacional, 12,71% da Caixa Econômica Federal, 11,51% da União e 2,01% da Advocacia-Geral da União. Em todos esses casos, um aberratio juris, o advogado que fez a captação e sustentou o processo durante anos, não tem seus honorários incluídos na fatia destinada ao INSS e a Fazenda, em flagrante arrepio ao direito de sua verba alimentar.
Outro dado alarmante é a despesa da Justiça que atingiu R$ 50,4 bilhões no ano passado, o que mostra aumento de 1,5% em relação a 2010, desconsideradas as inclusões de tribunais feitas no relatório relativo a 2011. Aproximadamente 90% desta despesa correspondem a gastos com recursos humanos (R$ 45,2 bilhões), considerando todos os servidores ativos, inativos, servidores que não integram o quadro efetivo, além de gastos com ajuda de custo, diárias, passagens e auxílios.
Em suma, do orçamento anual, 93% são consumidos pela folha salarial, contemplando os altos salários do Judiciário. O relatório traz ainda recomendações ao Poder Judiciário, com base nos dados apurados. Entre elas, está a criação de indicadores que mensurem o tempo processual, já que a “celeridade e o tempo de processo são questões muito levantadas e cobradas pela sociedade”.
A ideia é informar à população a diferença entre a data de distribuição de um processo e a sua data de baixa. A medida, conforme destaca o documento, “possibilitará a criação de faixas de intervalo de tempo processual, ou seja, dividir o quantitativo de acordo com o seu tempo de duração”.
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