segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Punidos, mas com os salários preservados, por Carlos Brickmann



Carlos Brickman, Brickmann & Associados
Lembra do ex-senador Demóstenes Torres, do DEM goiano, um feroz parlamentar que, segundo elogio de um de seus amigos, estava sempre pronto a apontar o dedo contra os adversários? Demóstenes, acusado de ligações perigosas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, já perdeu o mandato. E acaba de ser suspenso de suas funções no Ministério Público de Goiás, cargo ao qual retornara em 13 de julho, depois de ser cassado por seus companheiros senadores.
A Corregedoria-Geral do Ministério Público goiano instaurou quarta-feira um processo administrativo disciplinar contra o procurador, para apurar se violou seus deveres funcionais. Demóstenes fica suspenso até o julgamento final do caso.
Feliz com a demonstração de que até os cidadãos acima de qualquer suspeita podem ser punidos ao violar a lei? Calma! O procurador Demóstenes Torres está suspenso, não precisa trabalhar, mas o salário integral, próximo de R$ 25 mil mensais, continua sendo religiosamente creditado em sua conta.
Digamos que, graças aos problemas que teve ao ser descoberto, se livrou das consequências do pecado original e foi dispensado de ganhar o pão com o suor de seu rosto.


A propósito, a presidente Dilma Rousseff negou-se a aceitar o pedido de exoneração do ex-deputado José Genoíno, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo do Mensalão, que continua portanto ocupando seu lugar no Ministério da Defesa, sob as ordens do ministro Celso Amorim.
Punidos, sim; mas mal pagos, nunca.
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O alto-comando do PSDB estuda como representar à Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por participação no caso do Mensalão. Se José Dirceu foi considerado culpado pelo Supremo Tribunal Federal, por que Lula estaria fora do processo?
"Dirceu e Lula agiram em conjunto e não há como isolar as ações de ambos", diz o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias. "Lula sabia do esquema, participou de toda a farsa e, no mínimo, cometeu crime de responsabilidade".
DEM e PPS concordam com a representação, mas acham melhor esperar o fim do atual julgamento.
Há uma entrevista de José Dirceu à revista Playboy, em 2006, guardada como preciosidade pelos adversários de Lula. Nela, em destaque, está uma frase de Dirceu: "O Lula não dá cheque em branco pra ninguém. Ele delega, mas controla, cobra. Sabe de tudo o que acontece. Quem acha o contrário nos subestima".

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