O jornalista argentino Jorge Lanata, um dos principais nomes da imprensa argentina teve suas reportagens apagadas de todos os computadores de sua equipe pela polícia política do ditador Hugo Chávez. Um dos mais conhecidos jornalistas da Argentina, colunista do jornal Clarín e apresentador do programa "Periodismo para Todos" (Jornalismo para Todos) no canal El Trece, Jorge Lanata foi detido no final da tarde desta segunda-feira no aeroporto de Caracas, quando se preparava para voltar a Buenos Aires. Lanata e sua equipe foram levados por agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional) ao subsolo do aeroporto, onde foram interrogados por cerca de duas horas. Segundo o jornalista, o material jornalístico que existia em computadores, tablets e celulares carregados por ele e sua equipe de produção foi apagado. "Apagaram tudo", disse Lanata antes regressar à Argentina: "Foi insólito. Nos acusaram de espionagem. Nos interrogaram, principalmente eu e Nicolás Wiñazki (jornalista do Clarín). Examinaram exaustivamente os equipamentos e recolheram nossos passportes". Detido por volta das 16h30 (18 horas em Brasília), o grupo só foi liberado para pegar o avião de volta a Buenos Aires pouco antes das 19 horas locais. Jorge Lanata e sua equipe estavam na Venezuela desde a semana passada para cobrir a eleição presidencial de 7 de outubro, na qual Hugo Chávez conquistou seu quarto mandato. Crítico contumaz do autoritarismo do caudilho venezuelano, e também da administração da peronista populista muito incompetente Cristina Kirchner, Lanata exibiu neste final de semana na TV argentina uma reportagem especial sobre o enriquecimento da família Chávez desde sua chegada ao poder, 14 anos atrás. O programa mostrou a evolução patrimonial de parentes e pessoas próximas a Hugo Chávez, além dos diferentes cargos que ocuparam ao longo do tempo. Em uma entrevista do ex-deputado chavista Rafael Jiménez, o clã foi denunciado por corrupção. "Os carros, os luxos, as casas. A maneira como eles mudaram dramaticamente seu modo de vida é uma coisa que está à vista de todos", disse o antigo parlamentar. Horas depois do episódio no aeroporto de Caracas, o embaixador da Argentina na Venezuela, Carlos Cheppi, negou que tivesse havido uma detenção. Em entrevista à TV pública argentina, ele afirmou que tudo não passou de um procedimento de rotina e que Lanata havia feito uma "provocação" aos agentes, ao exibir uma "pasta" do serviço de inteligência chavista. Cheppi também negou que dados da equipe do jornalista tivessem sido apagados. "Quando nós atuamos, rapidamente o liberaram e me asseguraram que os dados não foram subtraídos nem apagados", declarou o embaixador, que disse ter conversado com o ministro do Interior da Venezuela, Tareck el Aissami.
Nenhum comentário:
Postar um comentário