domingo, 16 de setembro de 2012

CRÔNICA



“Engenheiro”
Ao ler o sempre agradável texto do Luiz Berto, Mané Peito-de-Aço, 11/09, lembrei de um saboroso “causo” contado por amigo muito próximo. Poitado em Porto Velho, Rondônia, portanto era eventualmente porto-velhaco, tinha uma boa empregada, Maria do Perpétuo Socorro, que nunca tinha posto um par de sapatos na vida. Os dedos dos seus pés pareciam que estavam gargalhando. Tinha o hábito de por a mão na cintura, como uma alça de xícara, e a barriga empinada para a frente. Quando uma vez perguntada pelo amigo porque essa barriga tão para a frente, simplesmente respondeu: – Prá trás já tem a da “pelna”.
Um dia a moçoila chega e diz: – Sô Patrão. Eu astro (outro) que vi o dringo! Perguntada sobre o que era o dringo, respondeu: – é aquele bicho que escavuca a terra cheio de sordado em riba”. Meu amigo ficou sem saber se era um trator ou um carro de combate da 3ª companhia de fronteira, porque era época da construção da estrada BR 23, pois o Exército Brasileiro era o encarregado da obra e a turma que trabalhava lá, desde os engenheiros até os peões, eram tratados por “berreiros”. Passavam meses no mato, longe dos prazeres da carne e enfraqueciam-se por qualquer criatura que não tivesse peruzinho. Maria dizia que não participava das andanças, porque era noiva de um sujeito muito sério e respeitável, que ela informou ser engenheiro. Um dia, Maria dirigiu-se a ele, dizendo: – Sô patrão, o noivo tá aí fora, veio lhe conhecer. Meu amigo não teve dúvidas e disse à Maria para mandar ele tentrar. – Mando não, sô patrão, que ele se vexa. Meu amigo então foi lá fora, e encontra um cara descalço, de cócoras, com uma folha de capim na boca. Cumprimentou-o com um aceno de cabeça, o qual também respondeu com a cabeça. Como o sujeito não dissesse nada, perguntou:
– Então o sr é engenheiro. A resposta veio:
– Nhô sim.
– E o que é que o sr. faz?
– Faço engenho, né memo?

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