Joshua Reynolds pintou mais de 2000 retratos e quadros históricos. Poucas foram as pessoas de renome de seu tempo, e que viviam na Inglaterra, que ele não tivesse retratado. Edmund Burke, Oliver Goldsmith, Laurence Sterne, David Hume, a Sra. Siddons, Samuel Johnson, são alguns nomes. Seus quadros estão em quase todos os maiores e mais importantes museus do mundo.
Além da intelectualidade, que ele favorecia, também aristocratas, membros da alta sociedade, militares, damas da sociedade e damas de reputação questionável, eram centenas as encomendas que recebia. Chegou a pintar mais de 100 quadros por ano. Naturalmente, para manter esse ritmo de produção, teve que contratar ajuda para montar os cenários, que eram importantíssimos para o gosto da época. Além disso, ainda havia as cópias: em seu estúdio havia artistas contratados para fazer as cópias de retratos encomendadas por amigos e parentes do retratado.
Era comum Reynolds pintar o rosto e as mãos do modelo, esboçar o quadro todo e que seus assistentes o completassem. Para pintar o rosto ele trabalhava várias sessões, de uma hora cada. Já o resto do quadro podia ser feito pela equipe que trabalhava em seu estúdio, sem “incomodar” o cliente.
Sua obra pode ser dividida em dois tipos: a primeira foi onde ele lutou para elevar o gênero “retratos”. São composições um tanto pomposas, com figuras alegóricas e detalhes da mitologia clássica. O Retrato da Sra. Siddons, mostrado ontem, é um dos melhores exemplos dessa linha.
O outro ele usava para pintar pessoas de sua intimidade, que conhecesse bem, não há atributos espetaculares e são psicologicamente sutis. Os retratos de crianças e de senhoras são líricos e naturais; nos retratos dos homens há sempre um detalhe que leva o espectador a perceber qual a atividade favorita do retratado, sua personalidade, seu intelecto.
Reynolds, um apaixonado pela cor, dedicou-se a experimentar novos pigmentos, resinas, ceras, óleos de todo tipo, betumes, o que, infelizmente, fez com que muitos de seus trabalhos envelhecessem mais rápido que os retratados.
Mas nada tira dele, além de seu grande talento, duas qualidades: o modo como sabia desenhar e pintar crianças – sempre crianças em seus retratos e nunca adultos miniaturizados – e a originalidade e diversidade da composição de suas telas.
A imagem acima é o retrato de Lady Caroline Howard, aos 7 anos. Seu pai descrevia a filha como uma pequena determinada, independente, necessitando da disciplina que ele procurava impor, mas que confessava fazer com relutância. Escreveu para Reynolds: “ela sempre foi minha favorita, sua personalidade, seu espírito vivo, tornam sua desobediência tolerável”. Reynolds capturou a expressão séria e intensa da garota, o modo como ela desviava os olhos do pintor e mostrou, na mãozinha com o punho fechado, a tensão pela qual ela estava passando, ter que posar e ficar quieta por algum tempo.
Acervo National Gallery of Art, Washington D.C.
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