ZERO HORA -10/01
Amplia-se a cada ano o descompasso entre as demandas da população e do setor produtivo e a capacidade de prestar bons serviços das concessionárias de energia elétrica. É uma desconexão que chegou ao limite, com aumento dos cortes no fornecimento no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com prejuízos generalizados. No Rio Grande, a situação chegou ao ponto de a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (Agergs) decidir cobrar explicações das principais distribuidoras, em decorrência de uma vulnerabilidade que se acentua anualmente. Em Santa Catarina, os transtornos também provocam prejuízos em todas as áreas, mas afetam em especial o turismo, na época em que o Estado mais atrai visitantes.
Os diagnósticos apontam que a prioridade é o investimento em redes de distribuição e não fazem distinção entre serviços privados e estatais. Avaliações de especialistas apenas referendam os fortes indícios de que uma área que depende essencialmente de planejamento de longo prazo subestimou as mudanças na economia brasileira nos últimos anos. Mesmo que o setor produtivo evolua num ritmo acanhado, o Brasil chegou ao estágio do pleno emprego, com a consequente melhoria de renda da população. A ascensão social de milhões de famílias provocou aumento da aquisição de aparelhos domésticos e melhoria da qualidade de vida. As concessionárias certamente subestimaram esse cenário.
Sem condições de corresponder a esse consumo, as empresas acabam por prejudicar outros serviços básicos. A falta de energia significa, mais adiante, também cortes no fornecimento de água. É assim nos dois Estados, com a repetição de problemas que deveriam estar resolvidos há décadas. Nada sustenta desculpas absurdas, apresentadas com naturalidade por dirigentes de concessionárias gaúchas, como as de que as altas temperaturas precarizam os serviços. Claro que o verão terá sempre temperaturas elevadas, e os picos registrados não significam mais nenhuma surpresa. Equivale a falar de temperaturas extremamente baixas no inverno, para reforçar as mesmas explicações.
A população e as empresas em geral não merecem a desconsideração das explicações simplórias. Também o governo precisa cumprir com suas atribuições, que não são poucas, nessa área. Cabe à União, como orientadora das políticas de investimento em infraestrutura, tornar claras as regras para quem presta serviços na área de energia, para que os investimentos se viabilizem com segurança. Cabe também às agências reguladoras cobrar resultados das concessionárias, para que performances abaixo do esperado não se tornem a regra. O Brasil tem uma das tarifas de energia mais caras do mundo. O serviço prestado terá de corresponder a esse custo. Concessionárias e governo devem aos consumidores, mais do que explicações, a resposta concreta dos investimentos e do fim dos apagões.
Amplia-se a cada ano o descompasso entre as demandas da população e do setor produtivo e a capacidade de prestar bons serviços das concessionárias de energia elétrica. É uma desconexão que chegou ao limite, com aumento dos cortes no fornecimento no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com prejuízos generalizados. No Rio Grande, a situação chegou ao ponto de a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (Agergs) decidir cobrar explicações das principais distribuidoras, em decorrência de uma vulnerabilidade que se acentua anualmente. Em Santa Catarina, os transtornos também provocam prejuízos em todas as áreas, mas afetam em especial o turismo, na época em que o Estado mais atrai visitantes.
Os diagnósticos apontam que a prioridade é o investimento em redes de distribuição e não fazem distinção entre serviços privados e estatais. Avaliações de especialistas apenas referendam os fortes indícios de que uma área que depende essencialmente de planejamento de longo prazo subestimou as mudanças na economia brasileira nos últimos anos. Mesmo que o setor produtivo evolua num ritmo acanhado, o Brasil chegou ao estágio do pleno emprego, com a consequente melhoria de renda da população. A ascensão social de milhões de famílias provocou aumento da aquisição de aparelhos domésticos e melhoria da qualidade de vida. As concessionárias certamente subestimaram esse cenário.
Sem condições de corresponder a esse consumo, as empresas acabam por prejudicar outros serviços básicos. A falta de energia significa, mais adiante, também cortes no fornecimento de água. É assim nos dois Estados, com a repetição de problemas que deveriam estar resolvidos há décadas. Nada sustenta desculpas absurdas, apresentadas com naturalidade por dirigentes de concessionárias gaúchas, como as de que as altas temperaturas precarizam os serviços. Claro que o verão terá sempre temperaturas elevadas, e os picos registrados não significam mais nenhuma surpresa. Equivale a falar de temperaturas extremamente baixas no inverno, para reforçar as mesmas explicações.
A população e as empresas em geral não merecem a desconsideração das explicações simplórias. Também o governo precisa cumprir com suas atribuições, que não são poucas, nessa área. Cabe à União, como orientadora das políticas de investimento em infraestrutura, tornar claras as regras para quem presta serviços na área de energia, para que os investimentos se viabilizem com segurança. Cabe também às agências reguladoras cobrar resultados das concessionárias, para que performances abaixo do esperado não se tornem a regra. O Brasil tem uma das tarifas de energia mais caras do mundo. O serviço prestado terá de corresponder a esse custo. Concessionárias e governo devem aos consumidores, mais do que explicações, a resposta concreta dos investimentos e do fim dos apagões.
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