quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Eles são diferentes, por Miriam Leitão



Miriam Leitão, O Globo
Os cidadãos da economia mais forte do planeta escolheram entre duas propostas bem diferentes, ainda que os partidos às vezes pareçam semelhantes.
Obama prometeu elevar os impostos das grandes empresas e continuar ampliando a rede de proteção social. Romney prometeu cortar, no primeiro dia, 25% de impostos das empresas e iniciar uma guerra comercial com a China.
Em um documento chamado “Primeira tarefa do primeiro dia”, o governador Mitt Romney prometeu expedir uma “ordem do executivo” considerando a China um país “manipulador de moeda” para, em seguida, colocar sobretaxas sobre as importações chinesas e iniciar sanções contra o país por “práticas desleais de comércio”.
Difícil, num cenário assim, é não ferir os interesses das próprias empresas americanas que têm no comércio com a China um grande negócio, de meio trilhão de dólares.
A chave do programa proposto pelo presidente Barack Obama é continuar reduzindo o desemprego. Para grande parte do eleitorado americano essa redução está indo devagar demais. O desemprego está em 7,9%. Tinha subido para 10% no começo do governo, por causa da crise herdada que destruiu US$ 17 trilhões de riqueza dos americanos.
A promessa dele foi a de continuar criando emprego através dos incentivos que tem dado. Romney prometeu criar vagas através da proibição da “exportação de emprego”, o que ele defendeu que era possível com sanções comerciais contra a China, por exemplo.
Os dois lados têm mantido a defesa do produto “made in America”, mas o projeto é mais ameaçador na proposta republicana.
O governo americano está com seu déficit em níveis historicamente altos, como se sabe, já tendo batido no teto em 2011. Obama teve muito o que explicar sobre isso durante o seu governo e campanha.
É fácil entender que ele é resultado da herança deixada por George Bush. Uma das propostas que fez durante a campanha foi congelar gastos governamentais, reduzir gastos militares num plano que, se mantido, reduziria a dívida em US$ 4 trilhões em 10 anos.
Romney fez uma contabilidade estranha: ele prometeu a redução imediata de 25% dos impostos das empresas, a elevação do gasto em defesa, e garantiu que equilibraria as contas do país porque entende disso, é empresário.
Internamente, Obama aprovou um sistema de saúde com cobertura para doenças pré-existentes, impedindo os planos de cancelar a cobertura quando a pessoa adoece, e determinando a contratação do seguro.
Romney fez algo parecido em Massachusetts, mas disse que não poderia ser aplicado ao país. Prometeu revogar o “Obamacare” no primeiro dia.
Na mudança climática, Romney tem a mesma posição do Bush pai na Rio 92: disse que é assunto controverso e precisa ser mais bem estudado, defende abertamente o uso do carvão e propôs a política do “sem arrependimento” nas emissões dos gases de efeito estufa.
Obama disse que a mudança climática é o maior desafio do século XXI e tem subsidiado novas energias renováveis. Na ciência, Romney propôs aumentar investimentos em pesquisas com fins militares; Obama, o oposto: cortou na pesquisa e desenvolvimento para a defesa e aumentou na área não militar.
Em relação às guerras, Obama retirou as tropas do Iraque e está reduzindo as do Afeganistão. Romney defende que a permanência no Iraque era a melhor opção.
Obama produziu avanços e desarmou várias bombas que recebeu. Seu programa é mais atualizado. Romney apresentou um programa em muitos pontos inviável e desestabilizador. O eleitorado viu propostas polarizadas e fez sua escolha.

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